UMA JANELA PARA O SOL
UMA JANELA PARA O SOL
Por: facebook.com/ritamarilda.paulino
MARIA ATROPELADA

                                          PRIMEIRO CAPITÚLO       

Maria anda pela calçada de uma grande avenida, está apressada, pois seu tempo e curto têm muitos afazeres pela frente, mais precisa pegar o pequeno Jhoni na escola.                                                                                                                                                      

Ela trabalha numa grande empresa de escrituraria com muitas responsabilidades, mas não pode esquecer o horário da escola.

Porque lá está toda sua vida, todos os seus objetivos, todo seu amor.

Seus pensamentos voam longe em busca de um passado que marcou sua juventude para sempre, mas não há tempo para isto. Ela já está atrasada, o sinal está aberto para os carros e não consegue atravessar.

 Meu Deus exclama. O que fazer, não pode chegar atrasada.

E no desespero tenta atravessar em meio aos carros, e desvia aqui, desvia ali e quando acha que conseguiu não percebe que do outro lado vem um carro em alta velocidade e a apanha de cheio.

Maria não vê mais nada após ser atingida. Ela cai no chão toda ensangüentada perdendo totalmente os sentidos e sem saber o que ocorreu e socorrida por pessoas que a encaminham para um hospital.

Muitos dias se passam sem que Maria retorne de seu estado letal de quase morte, pois não sente nada, não ouve nada apenas respira através de aparelhos.

Mais em seu subconsciente às vezes tem reflexos de memória e viaja em sua imaginação.

Corre por uma estrada a beira de um rio rumo a uma cachoeira, sua mente mergulha fundo e sente se mergulhando lá do alto direto para os braços do seu amor.

E como uma fonte de esperança ouve os sussurros do vento que sopra ao seu ouvido.

Amo-te muito e nunca vamos nos separar.

Nosso amor vai durar para sempre

Para sempre pergunta Maria?

Sim responde Josias.

Para sempre vamos ficar sempre juntos

Josias é muito bonito, alto magro, de cabelos castanhos e olhos esverdeados, mas também muito rico filho de uma família aristocrata que achavam que com o dinheiro que tinham podia comandar tudo a sua volta.

E que ali só eles tinham a palavra.

E a palavra para eles era lei e não obedecesse para ver o que acontecia.

Em seus lapsos de memória Maria entra em choque e acaba tendo uma parada cardíaca, mas para sorte dela tinha uma enfermeira ao seu lado que a socorre prontamente conseguindo trazê-la de volta a vida. Maria novamente perde a consciência e sua memória apaga por algum tempo, pois esta muito mal e não tem ninguém para ajudá-la. Doutor Helio todos os dias vai a UTI para examinar Maria, mas a cada dia fica um pouco mais desanimado.

Certo dia, após alguns meses no entra e sai do quarto vê a enfermeira banhando a moça que continua imóvel, ele olha para ela e fica impressionada com a beleza da moça, linda de olhos verdes, cabelos negros encaracolados que bate até a cintura.

O médico fica completamente apaixonado, pois mesmo ali totalmente debilitada sem saber se tinha condições de sobreviver, ela é muito linda, imagina saudável.

Exclama o médico para seu eu.

Desde aquele dia começa a cuidar com muito mais carinho, com mais atenção, não descuidando nem um minuto sequer dela.

A enfermeira uma jovem senhora muito bondosa, mas também muito competente conversando com o médico fala:

-Doutor às vezes tem a impressão de que ela volta por alguns segundos e parece chamar alguém.

Eva o nome da enfermeira.

-O Doutor então pergunta?

-Nunca veio ninguém procurar por ela?

-Desde que chegou aqui Doutor nunca apareceu ninguém.

-Ela não tinha documentos, alguma coisa que pudesse nos direcionar para encontrar algum familiar, amigo ou sei lá.

-Não Doutor. Não encontramos nada que a identificasse ou que pudesse tentar localizar alguém da família. Explica Eva.

-Doutor tem algo que sinto, quando vejo ela se mover rapidamente e seus lábios se mexem dizendo alguma coisa.

O Doutor então fala:

- Tente ler os lábios dela para descobrirmos qual o nome ela fala.

-Quem sabe não teremos algum indício de por onde começar, completa dizendo cuide bem dela, depois sai em seguida.

Doutor Hélio está nervoso inquieto muito preocupado, pois sabe que o estado de Maria ainda é grave, mais tem fé que ela vai se recuperar, pois já passará por várias cirurgias, teve várias paradas cardíacas, mas estava ali se aguentando lutando pala vida.

Doutor Hélio sente que alguma coisa a puxava para a vida, havia algo que a trazia de volta e fazia que não desistisse de viver.

Por isto ele iria ajudá-la de todas as maneiras possíveis e impossíveis e com a ajuda de Deus iria conseguir.

Sim Deus iria ajudá-lo, pois sentia algo estranho na aparência daquela jovem, pois não parecia uma pessoa comum, também não tinha traços de ser uma indigente sem família, sem teto na certa teria alguém por ela.

Por isso iria fazer seu trabalho da melhor maneira possível e tinha fé que Deus não iria desampará-lo.

No entanto o pequeno Jhoni no dia do acidente ao sair da escola não encontra sua mãe e fica totalmente perdido  não havia mais ninguém para se preocupar com ele.

E depois de muito tempo de espera os professores o encaminharam para um orfanato, pois não conseguiram localizar a mãe e ninguém que pudesse se responsabilizar pelo menino.

Jhoni foi levado ao orfanato, um lugar obscuro, cheio de crianças mal educadas que proferiam palavras pesadas o tempo todo dormia todos num único quarto que era tipo um salão enorme cheio de camas de todos os lados.

Mas o que mais o impressionara fora o estado do lugar.

Jhoni estava acostumado com seu quarto limpo e cheiroso, sua cama sempre muito bem arrumada e apesar da pouca idade sentiu a diferença do ambiente.

O lugar cheirava mofo, paredes escuras e limbosas, o chão era apenas ladrilho, porém todo esburacado que se não prestasse atenção tropeçava a todo o momento.

O banheiro era quase impossível de se usar e a comida servia numa grande varanda composta de uma mesa enorme, onde todos se assentavam ao redor esperando pelo alimento.

No entanto quando este chegava tinha que ser esperto para conseguir comer alguma coisa, pois a comida além de não ser grande coisa, ainda era muito pouca pela quantidade de criança que havia no lugar.

Pois ali havia crianças de várias idades, desde criança da idade de Jhoni, que tinha apenas quatro anos e era criado com o maior mimo, até criança de doze anos todas misturada, e o pior é que ninguém se preocupava em separar os menores dos maiores nem mesmo na hora da alimentação. Por isso era difícil para as crianças menores conseguir se alimentar, quando comiam alguma coisa eram os restos que os maiores deixavam.

Jhoni um garoto bonito saudável, bem cuidado de – repente estava só não tinha ninguém para protegê-lo, não tinha ninguém para cuidar dele e no meio daquele ambiente obscuro começou a adoecer, pois sentia muita falta de sua mãe, de sua casa, de sua alimentação bem regrada própria para criança de sua idade e para o seu desenvolvimento.

Começou a emagrecer dia, a dia e depois de algum tempo não saia mais da cama, acabou ficando totalmente debilitado que até suas necessidades fazia ali deitado.

E passava horas sujo e faminto sem água, sem comida, sem remédios sem nenhum atendimento.

Mas como Deus não desampara nenhum filho seu e devido às preces de Maria mesmo inconsciente no seu íntimo pedia o tempo por seu filho.

Jhoni um dia amanheceu pior do que os outros estavam muito pálido e mal conseguia falar.

E como ali havia crianças maiores, tanto meninos, quanto meninas uma garota Alina era o seu nome tinha uns onze anos, mas fora sempre criada sozinha. Primeiro viveu nas ruas e conseguia sobreviver pedindo ou mesmo roubando.

Dormia embaixo de pontilhão para se proteger da chuva do vento, do frio e sabia se defender se fosse preciso.

Pois desde muito pequena fora abandonada pela mãe que além de usar drogas envolvera-se com tipo estranho que lhe disse.

-Marina tem que escolher ou vem comigo, ou fica com esta ai.

-Como assim pergunta Marina?

É assim mesmo só quero você, deixa a pirralha e vem comigo, porque ela só vai atrapalhar.

A mãe então sequer pensará, simplesmente disse a filha.

-Amor da minha vida, te amo muito, mais infelizmente tenho que te deixar, pois você está me atrapalhando , então quero que entenda daqui para frente terá que se virar sozinha.

Alina tinha apenas seis anos, era muito pequena ainda, chorou muito se agarrou a mãe implorando que não á deixasse, mas foi em vão.

Marina a mãe apanhou alguns trocados, algumas peças de roupa numa sacola e uma coberta maltrapilha e suja e entregou a garota e disse.

-Sinto muito, mas daqui para frente terá que se virar sozinha, porque estou indo embora para nunca mais voltar.

-Encontrei alguém que gosta de mim e disse que vai me dar uma casa para morar, um lugar aconchegante, só que não gosta de crianças. Portanto não vou perder isto tudo por causa de você.

-Sei que vai sobreviver.

Falando isto saiu, deixando Alina no meio da rua com uma sacola de roupa e alguns trocados que mal dava para uma refeição.

Alina então teve que aprender as regras das ruas para se manter viva, juntou-se com outras crianças e às vezes pediam comida, outras vezes roubavam dormiam em lugares obscuros e fedorentos, tomavam banho em rios ou em alguma poça de água que encontravam pelas ruas, depois de haver chovido.

Viveu assim por muito tempo fugindo das pessoas que tentavam prende-los e levar para algum abrigo, tinha medo devido às histórias que sempre ouviam contar a respeito dos abrigos e das pessoas que cuidavam das crianças.

Mas certo dia não conseguiu fugir, foram pegos de surpresa, enquanto dormiam embaixo de uma marquise. E os policiais fazendo uma batida conseguiram apanhá-los e lavá-los para um orfanato.

Mas por já ser escolada das ruas sabia se defender ali dentro, então ao ver o estado das crianças e principalmente do pequeno Jhoni se apiedou do garoto e resolveu ajudá-lo.

As condições de Jhoni a fazia se lembrar de quando sua mãe a deixou e foi embora dizendo que iria viver a sua vida. E que ela aprendesse a se virar.

Então resolveu cuidar do menino, ele era ainda pequeno e indefeso diante de tanta maldade que havia ali naquele lugar.

Por isso naquele dia ao acordar e ver o garoto banhado em vômitos sem sequer haver comido qualquer coisa há vários dias, pois a comida ali era escassa. Olhou para ele e aproximando percebeu ao tocá-lo que queimava de febre.

Correu até uma das mulheres que cuidava do lugar e pediu que viesse vê-lo.  A mulher de cara sisuda, já de idade um pouco avançada diz:

-Não quero nem saber e não vou cuidar de criança nenhuma garota. Dona Leopoldina era o nome dela. Uma senhora gorda de olhar carrancudo, cabelos já esbranquiçados pelo tempo e idade, mas de uma arrogância inacreditável.

Alina então olha bem no fundo dos olhos da mulher e fala.

-Está bem a senhora não quer cuidar do menino vou avisar as autoridades que a criança esta morrendo a míngua sem ninguém se preocupar com ele.

-Então a senhora escolhe.

-Vem comigo agora e chama um médico, ou prefere que avise as autoridades responsáveis.

A mulher pensou, por um instante, depois seguiu a garota que saiu rápido, pois estava preocupada com o pequeno Jhoni.

Ao entrarem no quarto a imagem era de desespero, Jhoni havia perdido os sentidos e parecia nem respirar mais, envolto naquela sujeira toda, Alina grita agoniada.

Veja, Veja isto e assim que tratam as crianças que tiram das ruas, deixam morrer abandonadas.

Dona Leopoldina olha o quadro do garoto e entra em pânico, pois sabe que se o garoto morrer aquela garota vai fazer um inferno de sua vida.

Por isto tem que fazer alguma coisa urgente.

Sai correndo do quarto vai até o telefone e liga para a emergência

-Por favor, preciso de socorro urgente, tem que ser rápido.

Está bem senhora. Responde quem está do outro lado da linha, vamos encaminhar uma ambulância.  Passe o endereço.

Dona Leopoldina angustiada passa o endereço, mas pede, por favor, manda um médico junto, ou não sei o que vai acontecer. Enquanto vai correndo ate onde o garoto está, e assiste a garota tentando limpá-lo, aproxima-se e pega a criança nos braços e leva-o até os seus aposentos.

Um quarto nos fundos do orfanato, mas limpo cheiroso, bem cuidado com uma cama limpa e arrumada, onde havia água e comida.

Alina verifica cada centímetro e fica espantada, pois ali tem até uma geladeira abarrotada de coisas boas e gostosas.

Um armário repleto de bolachas, pães e outras coisas mais.

Dona Leopoldina nem percebe a presença da menina, pois sabe que o garoto está muito mal e se o médico chegar e encontrar a criança naquelas condições, a situação dela vai se complicar.

Se Alina não tivesse tomado a frente estaria tudo bem, pois seria só mais uma criança a morrer e ninguém iria saber o motivo.

Mas agora estava perdida, tinha que sanar aquele problema e para isto tinha que causar boa impressão, Dona Leopoldina grita para que os outros membros do orfanato venham ajudá-la, pois tem que agir rápido e não deixar vestígios do desleixo que existe ali.

Enquanto cuida do pequeno Jhoni inspecionada por Alina que não sai dali, analisando o ambiente e o comportamento da mulher.

Pede aos outros que tranquem o outro lado do orfanato, para que o médico que está por vir não visualize a situação do lugar e das crianças que vivem no lugar.

Grita agoniada vão rápido e não deixem que ninguém veja o que se passa por lá.

Alguns segundos depois, o médico chega com a ambulância e é levado rapidamente ate onde se encontra o pequeno doente.

Ao entrar no quarto e aproximar da criança percebe que o estado do menino é muito grave, pois mal consegue respirar, sua aparência e de uma criança anêmica em estado avançado, seus olhos parece ter perdido o brilho e sua voz é apenas um sussurro.

O médico rapidamente entuba o menino, colocando-o numa Maca é apenas diz;

Temos que levá-lo ao hospital, pois seu estado é gravíssimo e vamos precisar de uma UTI.

Sem ouvir comentários sai rapidamente e quando já dentro da ambulância volta-se para a senhora que o acompanha fala:

-Vou cuidar dele, fazer tudo o que é possível, mas voltarei em breve para inspecionar o ambiente.

Fecha a porta atrás de si e vai rumo à esperança que consiga salvar aquela criança.

Alina que assistia tudo olha para Dona Leopoldina e faz um breve comentário.

-Quem sabe agora este lugar toma jeito, e as crianças vão pelo menos ser alimentadas.

Dona Leopoldina vai falar alguma coisa, mas resolve se calar e encaminha se para dentro da casa, acompanhada pela menina que volta ate o quarto da mulher e discretamente apanha alguns pacotes de bolacha e pães e volta para o outro lado do orfanato e começa a distribuir para as crianças.

Que ficam todas alvoroçadas e começam a pular e gritar de tanta alegria.

Pois há muito tempo não sabem o que é comer uma bolacha ou um pão.

Alina sorrindo diz:

-Crianças prestem atenção daqui para frente muita coisa vai mudar, esperem para ver.

As crianças sorriem, enquanto comem e pulando no pescoço de Alina agradecem pela merenda.

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