Início / Romance / UMA JANELA PARA O SOL / A BUSCA POR DOUTOR HELIO
A BUSCA POR DOUTOR HELIO

                                     QUARTO CAPITÚLO

Enquanto isto no hospital, Maria após a crise que sofrerá de quase morte, parece estar agora numa situação instável. Seu quadro apresente melhoras, pois mesmo em coma sua fisionomia parece calma, mas tranqüila.

A enfermeira que havia saído de perto respira aliviada, pois havia ficado muito tensa devido à importância dela para Doutor Helio.

E espera ansiosa pela volta dele, enquanto pensa vê os lábios de Maria se mover nitidamente e consegue ler a única palavra que ele pronúncia.

Jhoni, Eva fica perplexa e continua ali, mas algum tempo pensando no que virá, será que estava sonhando, ou será que realmente era real.

Corre até o leito do pequeno que dorme tranqüilamente, mas ao sentir a presença dela abre os olhos vagarosamente e pergunta.

Você encontrou minha mãe?

E a primeira vez que ele fala algo sobre sua vida;

Eva então pergunta?

Onde esta sua mãe?

O garoto recosta sob o travesseiro e de seus olhos escorrem lagrimas sentidas, e responde a enfermeira.

Eu não sei!

Ela simplesmente sumiu:

Eu sinto tanta falta dela, mas não sei como achá-la

Ela me deixou na escola e não voltou mais.

Escola você ia à escola?

Sim todos os dias, minha mãe me deixava lá, depois vinha me pegar, para gente ir para casa.

Eva então pergunta?

Você se lembra do nome da escola!

O garoto pensa, pensa e nada. Não consigo me lembrar, mas acha minha mãe para mim.

Esta bem vou tentar localizar sua mãe.

Como ela é você se lembra?

Sim responde o garoto.

Minha mãe é muito bonita, e muito inteligente.

Não sei por que ela fez isso comigo, minha mãe sempre me amou muito, tenho certeza disso.

E agora se sair daqui vou voltar para aquele lugar horrível.

E chorando continua.

Por favor, tia não deixe me levarem de novo.

Eva acaricia o rosto do menino, depois fala acalmando-o simplesmente diz:

Fique tranqüilo você não vai voltar para lá.

Isto eu te prometo.

Depois de acalmar o garoto, Eva sai rapidamente em busca de noticias de Doutor Helio, ela sabe que ele é o único que vai conseguir desvendar o mistério que envolve aquelas vidas.

Ao passar em frente à sala dos médicos ouve as vozes do Doutor Celso e do Doutor Álvaro seu instinto pede que pare e pergunte se alguém ali tem noticia do Doutor Helio.

Entra na sala amedrontada, com medo de ser expulsa, pois ali só os médicos podiam entrar, mas é recebida carinhosamente por eles.

Entre Dona Eva, por favor, sabemos que quer perguntar alguma coisa, pois não tenha medo, pode falar.

Eva ainda meio tímida pergunta?

Por favor, algum dos senhores tem alguma noticia do Doutor Helio?

Eles se olham e antes de responder fazem uma nova pergunta a Eva.

A senhora tem certeza que ele não voltou para o hospital?

Os olhos de Eva se enchem de lagrimas e acena com a cabeça, pois não consegue falar.

Sai rapidamente do mesmo jeito que entrou, pois tem que fazer alguma coisa, mas o que se pergunta.

Doutor Álvaro á alcança e tenta explicar a ela que irá a policia fazer um boletim de ocorrência para denunciar o desaparecimento do medico, pois encontraram o carro próximo ao local que havia dito que iria, mas nem sombra dele.

Eva então acrescenta em meio a lagrimas, Doutor temos que encontrá-lo, pois os pacientes dele estão numa fase complicada que só ele pode ajudar.

Tranqüilize senhora, vamos cuidar dos pacientes dele com todo carinho também vamos encontrá-lo, acalmando Eva com estas palavras, o medico volta para sua sala. E ao entrar toma uma decisão radical.

Senhores temos que agir rapidamente não podemos perder, mas tempo.

Doutor Celso se levanta e completa a frase dizendo;

Estou pronto, vamos até a delegacia, mas próxima e denunciar o acontecido.

Todos em comum acordo acenam com um sim, esta realmente na hora de fazer algo para desvendar o sumiço de Doutor Helio.

Enquanto isto Doutor Helio que continua preso naquele quartinho escuro, se desespera ao ouvir os gemidos das crianças que feridas não tem quem cuida delas.

De um lado ouve os gemidos, do outro o choro dos menorzinhos que chama pelo nome de Alina e Ana, sem obter respostas.

Ele tenta olhar por uma pequena fresta, para ter a dimensão dos fatos que estão ali, mas é quase impossível, pois não a claridade nenhuma do outro lado.

Então fica inerte pensando em alguma forma de sair dali, ate que depois de algum tempo que tudo esta em silencio, pois já é tarde da noite ouve passos se aproximando da porta, levanta a cabeça para tentar ouvir melhor de quem se trata.

Então de repente ouve uma voz que o chama baixinho.

Doutor Helio, pode me ouvir?

Ele se estica todo ate a porta e responde.

Sim, sim quem esta ai?

Pergunta Doutor Helio?

Então a pequena voz responde.

Sou eu Doutor, Maurinho.

Maurinho como estão os outros pergunta o medico.

Doutor fala o garoto, precisamos de ajuda, Alina e Ana estão muito mal, mas conseguem se movimentar bem devagar, temos que arrumar um jeito de sair daqui.

Acalme-se garoto fala o medico, vamos fazer alguma coisa, preciso sair daqui, preciso pedir ajuda para o hospital, mas como sair se estou preso e amarrado.

Doutor vou ver se acho alguma coisa para ajudar.

Maurinho sai depressa sem fazer barulho, pois ninguém pode perceber que ele esta se movendo dentro do orfanato, pois seria o seu fim.

Vai sorrateiramente ate a cozinha e mesmo no escuro encontra a gaveta onde fica guardado os talheres que nunca são usados, pois fazem as crianças comer com as mãos, para não sujar os talher, bom isto quando tem comida.

Apanha uma pequena faca e volta sorrateiramente ate o local que Doutor Helio esta preso, então bem devagar tenta introduzir a faca por debaixo da porta, para Doutor Helio tentar soltar as amarras e isto com certeza facilitaria sua saída.

O garoto empurra com toda força que tem, mas parece impossível, ate que sem perceber a faca esta lá dentro.

O medico sorri, mesmo em meio a todos os imprevistos que esta passando apanha a faca com a boca e se esforçando o Maximo possível solta às duas mãos, depois os pés e ai então fica livre, vai ate a porta e pede ao garoto que retorne para o quarto, para não ser descoberto.

Maurinho volta para perto de Alina e Ana que continua deitada no chão como se fossem indigentes e pronúncia algumas palavras como:

Não se preocupem vocês vão ficar bem, o Doutor vai conseguir sair e vir ate aqui para cuidar de vocês, deita ao lado delas e fica esperando por um milagre que chama Doutor Helio.

Na escuridão do quarto, Doutor Helio se esforça para conseguir abrir a porta com a pequena faca que Maurinho lhe trouxe.

Sabe que a salvação daquelas crianças depende única e exclusivamente dele, por isto tem que ser persistente, não pode desistir.

Fica ali por muito tempo tentando até que de repente sente que conseguiu, então põe a mão no trinco e vê a porta se abrir.

Sai depressa não pode perder um minuto sequer, vai direto ate onde está às crianças e se desespera ao ver as condições das meninas e do outro garotinho que estava com elas. No salão é um silêncio total, pois as crianças têm medo até de respirar e levar uma surra por causa disto.

Então aproxima das crianças e imediatamente percebe que o estado delas é complicado, pois se encontram bem machucadas e precisam que alguém faça alguma coisa para ajudá-las corre até a outra sala, onde tem um telefone e liga imediatamente para o hospital. Por favor, aqui é o Doutor Helio preciso que alguém venha até aqui, para me ajudar e socorrer algumas crianças que estão feridas

Antes de ouvir a resposta o telefone é tirado de sua mão e novamente ele é agarrado e amordaçado, mas mesmo assim fala; Orfanato Santo Aquino , pelos dois homens enormes que fazem tudo ao comando de Dona Leopoldina.

Doutor Helio tenta gritar, mas sua voz não sai, gesticula com os braços mesmo amarrados fazendo gestos de socorro.

Por favor, as crianças estão feridas, temos que ajudá-las.

Mas qual nada novamente é levado para o quarto escuro e trancafiado lá sem opções de se libertar.

As crianças são aterrorizadas pelos dois homens e a mulher grita o tempo todo se alguém se mexer aqui vamos acabar de matar.

Vocês entenderam o que estou dizendo:

Passa por cima das meninas deitadas no chão e sorri dizendo, em breve estaremos livres destas duas e do garotinho também.

Depois olha para o pequeno Maurinho que finge estar adormecido e dá lhe um ponta pé acrescentando. Quanto a você garoto fique esperto, pois será o próximo a embarcar desta para melhor.

E sorrindo sai daquele lugar pavoroso e mal cheiroso.

No hospital todos entram em pânico, pois ouviram a voz do Doutor Helio pedindo socorro, mas não conseguem entender porque desligou o telefone sem passar o endereço .

A secretária que recebeu a ligação corre ate a sala dos médicos e conta o que ouviu, explica que não ouve tempo de pegar o endereço.

Doutor Álvaro, no entanto pergunta?

Mas ele não disse, mais nada que possa nos ajudar.

A secretária volta a si rapidamente e se lembra das últimas palavras que ouvirá.

Sim ele disse, orfanato Santo Aquino.

Eva que passava por ali no momento, Pará ao ouvir a palavra orfanato Santo Aquino.

Entra na sala e fala, foi o orfanato que ele foi, quando saiu daqui.

E o orfanato é o mesmo que procuramos por ele, ainda hoje, fala Doutor Celso.

Sim, é foi de lá que veio o pequeno Jhoni.

Mais, Doutores exclama Dona Eva juntando os fatos, tudo começa a fazer sentido.

Vamos acionar a policia e voltar lá rapidamente, o diretor do hospital acrescenta, pois na certa há algo muito errado nisto tudo.

Temos que correr contra o tempo.

Seguem rapidamente buscando os meios para ir até o orfanato novamente, Eva, no entanto lembra-se garoto e vai até o quarto para tentar descobrir alguma coisa que possa ajudá-los.

Jhoni esta sentado na cama e silenciosamente escorrem lagrimas de seus olhos, pois sente falta de sua mãe, sente falta de sua vida, quer voltar para casa, quer sua mãe de volta.

Eva abraça o garoto, afagando-o carinhosamente e sente seu rostinho molhado e seu soluço abafado.

Então bem de mansinho o afasta e começa a conversar com ele, Jhoni você lembra-se do nome do orfanato?

O garoto então responde tia eu não sei, nunca prestei atenção, pois vivíamos trancados lá dentro sem poder sequer sair para tomar sol.

Está bem, mas se te disser, será que consegue lembrar-se de alguma coisa.

Eva com toda calma fala, por exemplo, Santo Aquino te lembra alguma coisa.

O garoto pensa, pensa, depois fala;

Tia sei que tinha alguma coisa de Santo, mas não sei o resto.

Esta bem meu amor, não tem importância, qualquer hora dessas você vai se lembrar.

Sai do quarto e vai até a UTI ver Maria que continua lá num estado de total ausência, seus olhos contêm um pequeno brilho que vez enquando tende a desaparecer. Eva sabe que tem que colocar Maria e Jhoni frente, à frente, pois alguma coisa lhe diz que ali esta o fio da meada.

Que toda história se resume em Jhoni que significa o brilho dos olhos de Maria.

Jhoni que já estava bem melhor fora transferido da Utei para o quarto, mas Eva sabe que no momento certo irá colocá-los frente á frente.

Eva volta à sala dos médicos e percebe que todos se foram, pergunta a secretária que informa que saíram em busca de encontrar Doutor Helio.

Eva se acalma e retorna para junto de Maria que mesmo na sua inconsciência percebe que algo está acontecendo, então começa a mover os lábios chamando pelo filho.

Eva, mas uma vez sente em sua alma a dor daquela mulher que mesmo num estado de inconsciência sobrevive devido à esperança que trás dentro de si.

Maria esta muito agitada, Eva resolve aplicar um sedativo para acalmá-la, pois mesmo sem conseguir se mover, seu cérebro trabalha continuamente.

Maria viaja ao passado e suas lembranças a levam a um lugar muito bonito numa fazenda onde foi criada.

Sua memória a leva pelas campinas galopando livremente entre as árvores e os riachos, porém recorda também que sempre que se cansava parava a beira de uma cachoeira, onde deitava sobre as pedras e muitas vezes acabava adormecendo.

Quando acordava tomava um banho nas águas cristalinas que desciam mansamente e formavam um lindo regato. Em seguida pegava seu cavalo e voltava para casa,

Morava na casa principal da fazenda, pois seus País administrava a fazenda e tinham todas as mordomias, como se fossem os donos.

Quando se tornou adolescente foi mandada para fora para estudar, só vinha nas férias visitar os País na fazenda.

Tinha uma vida de princesa, mas de repente tudo mudou, o filho do dono começou a freqüentar a fazenda nas férias também, tinha quase a mesma idade, Maria lembra que se encantou por Josias, pois era um belo rapaz. Alto, cabelos castanhos, olhos esverdeados e porte atlético.

Mas o que mais lhe encantava, era que Josias dizia o tempo todo, o quanto a amava.

Dos olhos de Maria escorre uma pequena lagrima, pois sua dor é grande, tudo que aconteceu marcou sua vida para sempre.

E hoje ali naquelas condições, sem saber o que foi feito de seu filho, sua alma se desespera, precisa voltar daquele coma, tem que buscar sua vida de volta.

Precisa encontrar Jhoni, seu menino, fruto do seu amor, de um sentimento que mudou toda sua vida, deixando apenas dor, pois expulsa de casa com um filho para nascer numa cidade grande e sozinha.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo