05 - Bonnie Dimou

Bonnie Dimou

Volto para minha sala completamente atordoada.

O que foi aquilo que aconteceu lá, estava quase beijando o Alex, isso é perigoso, mas não consegui resistir, tinha uma tensão entre nós que estava quase explodindo, me sentia extremamente excitada, estava molhada, somente na expectativa de que ele me beijasse, entro na minha sala e desabo em minha cadeira, me lembro que o John estava aqui na sala me esperando para a tal reunião.

— O homem é tão gostoso assim para destruir sua postura? — Ele começa a rir da minha cara e apenas me abano fazendo teatro.

— Conheço a família dele, mas não me recordo de já ter o conhecido, sim, ele é um gato, quase nos beijamos e antes disse ele me defendeu do idiota do Pappas, mas me diga o que você precisa de mim? — Ele se ajeita no sofá, demonstra suas preocupações.

— Na próxima semana teremos a reunião com os responsáveis pelo acervo da ala egípcia, quero saber o que devo fazer, sei que você não é a diretora do museu, mas você é a pessoa que todos nos preferimos pedir conselhos antes de ir ao Pappas. — Tento recuperar a minha postura, porque ir enfrentar aquele velho depois do que ele fez será difícil.

— John vou primeiro... — Respiro fundo, porque vai ser difícil. — Vou ter que ir enfrentar aquele velho, tentarei descobrir o que ele tem planejado para o ala egípcia, porque se dependesse de mim, usaria apenas o valor do leilão das peças do acervo particular, manteria a nossa peça, estou achando um absurdo ter que nos desfazer da Máscara de Agamenon.

— Bonnie, por que você não conversa lá com o dono do acervo e pede dele para arrematar a peça e a mantenha na nossa coleção? — Talvez seja uma ideia a se pensar, não sei se devo me aproximar do Alex.

Fico pensativa porque tenho uma leve ideia, não tenho certeza sobre os negócios que a família do Alex trabalha.

— Ora, mulher, deixa de ser boba, vai curtir com o bonitão, vou indo e depois você me avisa o que ele te contou, outra coisa, o que você acha de ir naquela baladinha e beber um pouco para se distrair? — Ir me divertir não seria nada ruim, ainda mais depois de hoje.

— Por mim tudo bem, chamarei a Sílvia para me fazer companhia, vai que achamos algum carinha para podermos nos divertir.

Começamos a rir e vejo que meu amigo está um pouco desconfortável, sei que ele quer me contar alguma coisa, mas o esperarei se sentir confortável.

Me concentro na tela do computador e começo a organizar as planilhas dos pagamentos de alguns materiais que precisaremos para o leilão.

— Bonnie... é..., na verdade, quero te contar algo, sei que talvez você possa desconfiar, mas quero que você ouça por mim, porque amo você como minha irmã, conheci uma pessoa e quero apresentar você a ele, o nome dele é Marcos.

E fico olhando para ele feliz, sempre desconfiei, mas não queria ser invasiva e perguntar, agora estou feliz porque meu amigo se aceitou.

— Sim, Bonnie sou gay, gostaria que você soubesse antes de todos por que você é muito especial para mim. — O seu rosto tinha um sorriso envergonhado, sei que ele tem medo de não ser aceito.

Me levanto e vou até onde ele está sentado, ele se levanta e nos abraçamos, fico tão feliz que consigo transmitir isso para ele.

— Estou tão feliz por você John, desejo apenas felicidades a vocês dois, agora mais que nunca irei nessa baladinha, tenho que conhecer esse homem que te trouxe a felicidade. — É possível constatar o alívio em seu rosto, o que me deixa muito feliz.

— Posso chamar a Sílvia mesmo, ou você prefere que sejamos só a gente? — Pergunto para ter certeza.

— Não tem problema, vocês são minhas amigas e quero que ela conheça o Marcos também, chame-a aqui. — Pego o telefone da minha mesa e peço que Silvia venha até a minha sala.

— Silvia, você poderia vir até aqui a minha sala, por favor! — A chamo.

— Sim, estou indo só um minuto. — Ela me responde e posso ouvi-la pegando alguns papéis, sua mesa é colada com a divisória da minha sala.

Enquanto, esperamos a Sílvia terminar o que estava fazendo, o John me conta um pouco mais sobre como se conheceram e o quanto estão envolvidos, minha assistente entra na minha sala.

— Pronto, o que vocês precisam de mim? — Ela estava com o seu tablet na mão.

— Vim convidar vocês para conhecerem meu namorado naquela balada que já fomos, você topa? — A Sílvia ficou euforia, o abraçava com muita ternura.

— Aí meu amigo, estou tão feliz por que você realmente achou alguém que você goste, desejo felicidades a vocês, por mim tudo bem, vamos lá conhecer o dono de seu coração.

Enquanto os dois estão entusiasmados e já programando uma viagem para o feriado que terá na próxima semana, termino de fazer minhas planilhas e perguntar para a secretária do Pappas se ele pode me atender agora, que era urgência.

— Pessoal vou lá enfrentar o velho Pappas e já volto, descobrirei sobre o que ele tem em mente sobre a sua dúvida John. — Eles dois me olham um pouco preocupados, porque hoje o meu dia com meu chefe foi bem difícil.

— Tudo bem, Bonnie, esperarei aqui para descobrir também, porque estou muito curioso. — Saiu rindo e vou até a sala daquele idiota.

— Bonnie, ele está soltando fogo, pelo nariz está muito nervoso, tem certeza que quer entrar nessa sala, eu desmarco aqui. — Ela também estava preocupada, o que esse velho pode fazer?

— Para de bobeira, Carla, cão que muito ladra não morde, vou lá enfrentar esse velho.

Arrumo minhas roupas e alguns fios do meu cabelo, puxo o ar e entro daquela sala, aquele velho estava sentado como o todo-poderoso naquela cadeira, atrás dessa mesa do século XVI, que é linda por sinal, um dia sento nesse lugar, nem que seja preciso mudar de nome.

— O que a senhorita deseja, não está satisfeita que eu tenha sido humilhado pelo Senhor Spanos? — Ainda foi pouco.

— Para ser sincera, o que ele fez com você foi pouco pelo que o senhor fez comigo, se dependesse de mim eu teria lhe tirado o pescoço, mas não é sobre isso que vim falar. — Me aproximei da cadeira em frente a mesa e me sentei.

— Não lembro de ter lhe dado permissão para se sentar. — Idiota, xingo mentalmente.

— O senhor é muito prepotente, sabia senhor Pappas, acho que precisa aprender a tratar melhor os funcionários do Museu, caso não queira sofre um processo, continuarei sentada até por que preciso saber o que irá acontecer com a ala egípcia, alguns dos fornecedores me pediram algumas informações e não soube dar.

— Por que estão pedindo informações para você que é apenas uma supervisora? — Ele me pergunta se inclinando na mesa.

— Talvez todos o odeiam, sempre que pedem alguma informação ao Senhor, são maltratados e temem perder seus empregos, será que vai me dizer ou terei que recorrer a outra forma para conseguir as informações? — Olho para ele desafiando, espero que ele caia no meu blefe, mas se for preciso que eu tenha que pedir ajuda ao meu pai, pedirei sem pensar duas vezes.

— Tudo bem, senhorita Dimou, pode dizer aos responsáveis que mantenham a ala funcionante e que farei meu melhor para que tudo permaneça da mesma forma. — Quando faço a menção de levantar, ele me desafia.

— Senhorita, da próxima vez que eu for humilhado por sua causa, tenha a certeza que farei tudo que tiver ao meu alcance para que você nunca mais trabalhe no que ama, então estamos entendidos?

Me levanto e caminho até a porta e quando pego na maçaneta me viro para ele, entregando meu melhor sorriso.

— Acho que aqui, Senhor Pappas, você não tem culhões para me ameaçar, espero não ter que vir aqui outra vez e ter que fazer a mesma ameaça que você acabou de fazer para mim, lembre-se por mais que já trabalhe aqui há quase cinco anos aqui você não me conhece, agora senhor, boa noite.

Saio da sala sem olhar para trás.

Anne Vaz

Deixem seus comentários, vamos lá nós conhecer.

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