04 - Alex Spanos

Alex Spanos

Assim que chegamos a sala de reuniões, a assistente da supervisora começou a organizar na mesa algumas das peças que havíamos doado para ser usado no leilão.

Decidimos como família em dividir essa parte da história que tínhamos em nossa posse, o valor do leilão será para salvar o próprio Museu que vem passando por dificuldade financeiras.

Mas quando decidirmos doar as peças exigimos que o uso do valor arrecadado fosse divulgado, porque tenho certeza que estava tendo um desvio de verbas, por isso o nosso museu estava se afundando.

De repente uma mulher ruiva e muito linda, com uma camisa branca, saia um pouco abaixo do joelho que mostrava todas as suas curvas e com um salto enorme vermelho se aproximou do meu pai com tamanha intimidade, o que me impressionou ainda mais foi falar de mim como se me conhecesse.

Nossa reunião durou horas, a senhorita Dimou estava indignada em ter que realizar esse leilão para salvar o museu e dava para ver o quanto ela ama esse lugar, precisou escolher peças que estava em exposição pública para entrar no leilão.

— Eu também não gosto dessa situação que estamos passando, não pelo fato de que estamos doando, e sim porque sei o valor que o museu recebe para se manter e pagar os funcionários, então essa conta não está fechando. — Digo a ela, existe um grande desvio aí, e descobrirei.

Vejo seus olhos brilhando, não entendo o porquê!

— Espero que você realmente descubra, o emprego de várias pessoas está em risco devido essa situação da má administração que temos. — Ela sorriu com timidez e voltou a olhar a mesa.

Ouço a porta sendo aberta, um velho começa a gritar com a senhorita Dimou, não gosto de como ele a tratou, a diminuindo, mal conheço essa mulher, mas a única coisa que ela não pode ser, é diminuída.

— Você está insinuando o que mulherzinha burra? — Me meti no meio deles dois e intimidei esse senhor.

— Acho melhor o senhor baixar o tom de voz agora e pedir desculpas, a senhorita está apenas fazendo o serviço dela. — Digo a ele, que se encolhe vendo a minha postura. — Outra coisa mandará investigar a situação financeira do museu, saiba que estará encabeçando a lista dos investigados, porque jamais que o valor das peças que estamos doando irá para o seu bolso, talvez você não saiba quem sou, mas pode ter certeza que farei sua vida um inferno a partir de hoje. — Ainda ouvi aquela mulher se defender, achei lindo a postura e como se portou.

— Me respeite, você não conhece minha índole e jamais lhe faltei com respeito e se não percebeu estou em reunião com o dono do acervo particular. — Ela o peitou, sem perder a compostura, então o homem à nossa frente entendeu quem eu era, seu rosto ficou pálido, começou a gaguejar, conseguiu melhorar a sua postura.

— Me perdoe Sr. Spanos, mas estamos tendo alguns conflitos internos e simplesmente deixei extravasar a raiva que estou sentindo por ser acusado de algo que não fiz. — O velho tentava se justificar, reviro os meus olhos.

— Até onde conversei com a senhorita ela não tocou em seu nome, e se você não sabe, levantar falso testemunho é cabível a processo, então espero que você saia agora desta sala e feche a porta por que minha reunião com a senhorita ainda não acabou. — Vejo-o bufar de raiva ao sair e termina batendo a porta.

Aquela linda mulher se deixa cair sentada, na poltrona ao seu lado e começa a chorar, me assusto e começo a me aproximar sentando na cadeira ao seu lado, passo a mão por sua costa para lhe acalmar, olho para o David que é meu advogado há muitos anos que também se preocupou com os ânimos da mulher na nossa frente.

— Procurarei a assistente dela e pedir para trazer algo para que ela consiga se acalmar. — Meu advogado fala mostrando a sua preocupação.

— Ei, posso lhe chamar de Bonnie? — Pergunto a ela!

— Pode, aliás, obrigada por me defender dele, hoje já tivemos uma discussão devido à má gestão dele, tenho certeza que parte do dinheiro desse leilão irá sumir para algum lugar, o que o governo envia para os gastos são, mas que suficiente, não entendo onde está esse furo. — Ela enxuga as suas lágrimas com o dorso da sua mão, lhe entrego o lenço que tinha no bolso do meu terno.

— Bonnie, usarei a minha influência para descobrir como mudar essa situação. — Imagino que por ela conhecer meu pai conheça a fama que nosso nome possui.

— Sei que esse não era o motivo de sua vinda, mas serei eternamente grata, se você conseguir descobrir o que está havendo, talvez assim consigamos trocar de diretor, desejo concorrer a vaga. — Um brilho diferente surge em seus olhos, que me deixa encantado, me dando a sensação que a conheço.

Olho para ela intrigado, a mulher é extremamente inteligente e conhece muito bem com o que trabalha e nunca ofereceram a diretoria para ela, por quê?

— Porque você ainda não é a diretora daqui, pelo que pude ver hoje, você é extremamente inteligente e sabe conduzir com perfeição uma negociação. — Ela me dá um sorriso encantador e sinto meu coração errar uma batida.

— Porque a Coordenação de Artes “EXIGE” que eu seja casada e tenha família para poder concorrer a vaga. — Começo a rir.

— São parentes dos meus pais? — Continuo rindo. — Desculpa, mas não faz sentido, que diferença faria se você tivesse marido e filhos? — Ela rir e dá de ombros também sem entender essa justificativa que dão para ela.

— Desculpa, o senhor Marius ainda insiste que você seja casado para assumir o comando da empresa? — Pelo visto, ela conhece muito a minha família, enquanto eu infelizmente mal a conheço.

— Infelizmente, apenas cuido dos negócios, não das obrigações familiares e continuarei assim até me casar. — Respondo a ela que estava começando a se sentir melhor.

Olho em seus olhos, vejo que ela está tão confusa quanto estou, enxugo uma lágrima que escorre por seu rosto e ela põe a mão sobre a minha, vejo-a fechando seus olhos, sua respiração está acelerada, seu peito começa subir e descer rápido, quando vou me aproximar e lhe beijar.

Ouvimos a porta se abrir num rompante que nos assustamos, recomponho minha postura e ela também, é a sua assistente que lhe entrega uma xícara de chá, me ergo e deixo que as duas continue na sua interação e fico observando de longe.

Percebo a secretária pedindo desculpa por interromper o que estava acontecendo, a Bonnie apenas sacode a cabeça e lhe dá um pequeno sorriso.

Seguimos com a reunião, definimos os valores de cada peça, o que seria proposto para o marketing e principalmente o leiloeiro.

Antes de sairmos fico resolvendo em chamá-la para sair, mas a secretária dela disse que um tal de John estava aguardando ela para poderem ter uma reunião, estava aguardando, então decidi não chamar até por que em algum momento iremos nos encontrar, se não for durante o leilão será através de nossos pais.

Chego perto dela e tomo suas mãos e beijo outra vez, percebo que ela se arrepiou e sorriu dando uma piscada, fazendo ela ficar linda quando surge um rubor em suas bochechas, combina com a cor se seus cabelos.

Saio do museu e vou direto para a casa e já dou de cara com meu amigo e minha irmã, eles haviam chegado da lua de mel fazia alguns dias, mas Selma estava organizando a casa deles, ainda não havia conseguido vir, deixando a nossa mãe cada dia mais, ansiosa.

— Finalmente você chegou, Alex, nos conte como ela é? — Minha irmã me pergunta.

Fico confuso e não entendo o que ela estava me perguntando e já vai me puxando para a sala onde estava nossos pais, Demétrius ri parecendo uma hiena e até agora não entendi o que estava acontecendo.

— O que está acontecendo, porque estão todos me olhando dessa forma. — Olho por todos na sala, sinto que sou o centro das atenções.

— Diga o que você achou da pequena Bonnie. — Meu pai me pergunta, só então entendo por que estou sendo surpreendido.

— Eu não tenho que achar nada, ela mostrou que sabe fazer muito bem o trabalho dela. — Meu pai estreita os olhos para mim e apenas solta uma risada e se levanta.

— Será ótimo assistir isso, vou ligar para o Murilo, temos uma aposta para fazer, quer entrar no bolão Demétrius? — Aposta, vão apostar o quê?

— Do que vocês estão falando? — Pergunto sem entender muita coisa.

— Nada, meu filho, agora me diga acertou tudo com a Bonnie? — Meu pai me pergunta segurando o celular nas mãos.

— Sim, pai, acertei tudo, mas o senhor não vai acreditar… — Conto tudo para ele sobre o que aconteceu e o que suspeitamos, vejo meu pai ligar para alguns amigos e pedir que investiguem aquele idiota.

Nunca deixaria aquele velho asqueroso falar daquele jeito com a ruivinha, farei tudo o que eu puder para que ela tenha aquela cadeira de diretora.

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