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“Uma perda inesperada”
DAIANA ESTAVA com o sono leve, quase despertando quando ouviu a comissária falando gentilmente ao comunicador:
— Pedimos a gentileza que apertem os cintos, pois iremos aterrissar.
Daiana se ajeitou e percebeu que aquela cochilada a havia revigorado bastante, não imaginava que estivesse tão cansada, geralmente não dormia em viagens de avião, mas da Inglaterra à Austrália eram vinte e uma horas de viagem e por mais que o senhor Harrison tivesse uma conversa agradabilíssima, o que para ela qualquer conversa longe do mundo jurídico já era agradável, ainda teria que descansar um pouquinho
Ela teve um sonho maravilhoso em que estava em uma praia paradisíaca e via um homem tocando lindamente um violino, o que não fazia sentido algum, afinal...
Quem iria tocar violino em uma praia?
Mas ali era um sonho e não importava se parecia algo bobo ou não, ela estava adorando ver aquele homem lindo tocando para ela.
Será que algum dia terei uma bela serenata na porta da minha casa que nem nos filmes antigos?
Se ela tivesse a mesma sorte que teve com seu ex marido, era melhor não, ele era desafinado falando, como se a puberdade jamais o tivesse abandonado, demorou para ela se acostumar àquela voz fina e falhada que ele tinha.
Daiana se espreguiçou do jeito que dava e percebeu que o senhor Harrison estava em um sono profundo.
O bom da idade é que ele parece não ter preocupações, queria dormir assim também...
Mas então ela percebeu que seu sono já estava pesado até demais.
— SENHOR HARRISON... senhor Harrison? Ai meu Deus... ele não está respondendo... Senhor Harrison, pelo amor de Deus, responde, Senhor Harrison...
A aeromoça chegou perto deles e disse:
— O que houve senhora? – Perguntou a aeromoça.
— Meu Deus... O Senhor Harrison, ele... não responde...
— Vou chamar um médico, a senhora é da família dele?
— Não... Apenas uma amiga, conhecemo-nos durante a viagem.
— Claro... entendo perfeitamente, senhora, vou chamar os médicos.
— Oh! Meu Deus, por que? Por que? Esse senhor tão gentil, tão amável.
Poucos minutos depois chegam os médicos.
— Oh! Por favor, ajudai-o, ajudai-o.
— Claro, senhora, pode ficar tranquila que faremos o nosso melhor pelo seu amigo, ok?
Ela assentiu.
— Agora vou pedir a gentileza da senhora aguardar ao lado, precisamos de espaço para poder ver o que há com ele.
Os médicos o examinam.
— Me desculpe, senhora, não podemos fazer mais nada por ele, a senhora é da família, ou conhece-o?
— Não... infelizmente não.
— Tudo bem... Tomaremos as devidas medidas administrativas então, tenho certeza que ele deveria ter parentes, me desculpe, mas a senhora já fez todo o possível por ele, ele ficaria muito grato pela sua preocupação, mas infelizmente não há mais nada o que se fazer.
Ela assentiu solícita.
— Eu sei... Agradeço a vocês em nome da família, que Deus abençoe à cada um de vocês.
— Amém, senhora, deixa-nos por favor.
5“Um doce encontro...”DAIANA PEARSON saiu desolada daquele avião, que tristeza havia se instalado em seu coração, poucas horas atrás, nem sabia que aquele senhor existia, e de repente, está ela ali chorando, como se o conhecesse há décadas, como se fosse da sua própria família.De repente, ela recebe um esbarrão e cai suas coisas no chão— Me desculpe... – disse sem saber se estava certa ou errada, estava tão longe das capitais que provavelmente ela é quem havia se esbarrado e não vice-versa.— Me perdoe – a outra pessoa foi tão sincera quanto ela.Seus olhares se cruzaram, como o sol que se encontra com o céu em todas as manhãs, trazendo vida e um amanhecer mais belo que o entardecer anterior, difícil dizer algo que seu soment
6“Tudo começa no olhar...”— ALÔ! DÊ... é a Dai...— Oi!!! Como foi a viagem? – Disse Denise com voz nitidamente sonolenta.— Foi maravilhosa, muito tranquilo, realmente emocionante, aconteceu de tudo, um homem morreu ao meu lado enquanto dormia... – ela fez uma pausa proposital – conheci uma pessoa que você não vai acreditar... um deus grego.— Sério? Me conta vai!!! Você já o beijou? Como foi?— Nada disso, sua boba, você só pensa em besteiras mesmo, hein? Nunca vi igual, apenas o conheci, parecia uma cena de cinema, ele se esbarrou em mim, mas quando olhei em seus olhos, parecia que estava em um sonho, senti como se a minha vida tivesse dado um giro de 180º, como se tivesse vivido a vida toda para viver aquele momento mágico, aquel
7“Tudo é como deve ser...”DAIANA OUVE alguém bater levemente na porta.— Quem será a esse horário? São seis da manhã.Daiana abre a porta ainda sonolenta e vê uma pessoa com as vestes do hotel.— São para a senhora, uma entrega especial do Sr. Chanieth.Daiana bocejou.— Mas precisava ser entregue a esse horário?— Senhora... São duas horas da tarde.De repente ela realmente acordou abismada com o horário que tinha acordado, nem ela tinha percebido que tinha virado a noite sonhando acordada com Brad e já era quase hora dela voltar a dormir e riu boba consigo mesma.— Poxa vida... É verdade... Me esqueci que estava em outro país, obrigado querido, me perdoe a indelicadeza.— Não foi ind
8“Um convite para o paraíso...”— OH!!! BOB, entre, o que ela respondeu?— Estou certo de que trago boas notícias, senhor.— Fale-me então.— Ela mandou entregar-te este bilhete.Antes mesmo que o rapaz estendesse seus braços pegou o bilhete.— Está bem, Bob, muito obrigado – e entrega uma nota de 50 dólares ao garoto – vejamos o que ela escreveu.Querido Brad...Quão amável é seu conviteQue ninguém falaria nãoSinto-me tão lisonjeada, fruto de AfroditeAmor esse que invade meu coraçãoEspero compreender tudo que existe entre a genteEspero que n&at
9“A batida perfeita de um coração...”— SENHOR CHANIETH... – bate na porta – Senhor Chanieth...Brad abre a porta extremamente ansioso.— Oh! Bob, entre, por favor, fez tudo o que eu te pedi?— Sim senhor, aqui está o vestido que me pediu, e a limusine já está na frente da porta esperando pela senhora Pearson...Brad abre a caixa e analisa detalhadamente sabendo que tudo tinha que estar perfeito para aquela noite.— Acho que ela irá gostar.— Tenho certeza, senhor.Brad sorri para ele satisfeito.— Muito obrigado Bob, leva o vestido para a Sr.ª Pearson junto com este bilhete, eu já estou indo para o teatro fazer a passagem de som, diga a ela que se sente na primeira fileira, o convite é especial, pouquíssimas pessoas o t&e
10“Lugar perfeito, momento perfeito e a pessoa perfeita...”ASSIM QUE BOB saiu do quarto de Brad, acabou cruzando com Daiana no Hall de entrada do hotel.— Senhora Pearson? Aonde a senhora vai?Bob estava parecendo estar sem fôlego.— Irei comprar um vestido, pois hoje à noite irei a um concerto, a convite do Brad e não tenho nada formal para me vestir, por que a pergunta?— Não precisará mais comprar o vestido Sr.ª Pearson, o Sr. Chanieth te mandou este presente, eu mesmo o escolhi, acho que combina perfeitamente com a senhora.Daiana pareceu mais surpreendida do que gostaria de demonstrar.— Vamos até o meu quarto, leve-me o presente, por favor, Bob, vamos ver se tem bom gosto mesmo – e deu um sorriso extremamente agradável e entram no quarto – coloque o presente em
11“Um presente para a vida toda...”DAIANA TERMINOU de se vestir após ter feito a maquiagem e arrumado o cabelo fazendo um elegante coque e se sentia uma princesa, ela, de repente, analisou seu corpo e se sentiu orgulha da beleza que possuía, não era mais uma garotinha de quinze anos de idade, era uma linda mulher entrando na casa dos trinta anos.Diferente do que acontece com muitas mulheres, ter ficado grávida deixou seu corpo na medida certa, deixou-a com cursas sinuosas e sexy.Ela passou a mão por sobre o vestido sentindo as curvas de seu corpo e não culpada Brad por desejá-la, ela realmente estava deslumbrante e se sentia no mesmo nível.Daiana pegou o telefone e ligou para o serviço de quarto.— Alô! Bob? Já estou pronta, estarei esperando no saguão do hotel... – desliga o telefone.
12“Ó Dulcinéia...”COMEÇA O ESPETÁCULO, era uma mistura de concerto com uma ópera, dedicada à obra poética “O amor de Dulcinéia” de Menotti Del Picchia, sobre Dom Quixote, Sancho Pança e Dulcinéia, um espetáculo à parte de tudo que Daiana já tinha visto em toda a sua vida, a poética do espetáculo era algo inigualável.— Senhoras e senhores – anunciou o maestro – com vocês, Bradley Chanieth.Brad foi chamado pelo maestro para fazer o solo, ele entrou e fez a clássica reverência e em nenhum momento olhou para ela, provavelmente ela imaginaria que aquilo era por concentração.O maestro fez o sinal, contou até quatro e começou.Brad tocava divinamente bem, Daiana adorou quando fizeram a &ldq