-O que deixou o meu pai Adriana?Estas foram as primeiras palavras de Zack quando chegou a casa e conheceu a sua mãe. Estavam todos na sala de estar a brincar com o bebé, excepto o Sr. Nikola que estava a dormir a sua sesta no seu quarto.Luana franziu o sobrolho enquanto o via caminhar pela sala com um passo determinado, a sua força de vontade impondo-se a cada passo.-De que está a falar? - perguntou ela.-O meu pai, ou melhor, a vontade do meu pai! -Ele deixou algo para Adriana, não deixou?Luana olhou para ele com olhos que transmitiam tranquilidade mas também preocupação. Esteve em silêncio durante alguns momentos, como se estivesse a avaliar a sua resposta, e os seus irmãos sentiram a tensão no ar.-Não me mintas... Eu sei que o pai lhe deixou alguma coisa. O que foi?Finalmente, a sua mãe descascou os seus lábios.-Um fundo fiduciário. Um que ele pode retirar quando fizer 18 anos. Como descobriu?-Porque foi isso que deixou Chiara e Noémi fora de controlo! - respondeu ele, e a
Zack sentiu o seu coração levantar-se na garganta à medida que o carro se aproximava. Era demasiado tarde para parar. Estava demasiado longe para recuperar o atraso.Ele nem sequer conseguia que uma voz gritasse.O carro bateu-lhe com força e ela caiu ao chão. Os gritos soaram e Zack correu na sua direcção. Ele viu-a piscar lentamente, atordoada, mas não a deixou mover-se. Atrás dele alguém chamou uma ambulância e logo a sua mãe estava ao seu lado.-O que aconteceu, Zack?-Não sei, mãe, eu ia procurar a Andriana e de repente... ela não olhou, ela só... não olhou quando atravessou...-Estará ela...? Ela não parece muito magoada", murmurou ele porque ela parecia atordoada mas consciente.-Sim... não sei... mas eles estão a chegar...- Obrigado, Deus...Ela olhou nos olhos assustados do seu filho e pegou-lhe na mão num gesto tranquilizador.-Não é culpa sua. Não é culpa sua. Dá má sorte. Ela vai ficar bem.Zack não disse nada. Ele permaneceu em silêncio quando a ambulância chegou e os pa
Andrea sentiu um formigueiro nas palmas das mãos que a fez tremer. Metade dela queria acreditar nisso, e metade não queria.-Ask me in January", murmurou ela, e Zack franziu o sobrolho.-Em Janeiro? porquê Janeiro? - perguntou ele.-Porque é aí que voltaremos à realidade um do outro, Zack", respondeu ela. O Natal é mágico, mas não dura para sempre, não pode durar mil dias, por isso... em Janeiro, quando voltarmos às nossas vidas, perguntem-me novamente se quero ser vossa namorada.Zack sorriu suavemente para ela. Ela estava muito desconfiada, mas depois de tudo o que tinha acontecido, ele não a podia censurar.-Em Janeiro... -Ele abraçou-a e os seus lábios encontraram-se num beijo cheio de promessa.-Tempo para presentes! -Eles ouviram a sua mãe dizer, e os olhos de Andrea foram-se alargando.-Os presentes dos gémeos estão prontos", disse ela e ambos fugiram.Chiara e Noemi já estavam no céu, vendo que os seus presentes eram os maiores debaixo da árvore.-Espera! -Zack avisou, e entre
Andrea não tinha palavras para descrever esses dias. Eles foram muito a casa, para ver Adriana, mas parecia que o bebé estava encantado pelos pais de Zack. A cabana era perfeita em todos os sentidos, e o que deveria ter sido dois dias esticados em quase uma semana inteira.Todos os dias Zack e Andrea saíam juntos para lugares diferentes para explorar. Falavam do mundo à sua volta, da família, dos seus sonhos e aspirações, de qualquer coisa que não fosse dolorosa, e acima de tudo, tentavam não falar juntos sobre o seu futuro.Todas as noites sentavam-se juntos no terraço e observavam as estrelas, aconchegando-se uns aos outros. Ficariam lá até um deles arrastar o outro para dentro, onde faziam amor tão apaixonadamente como se fosse a primeira vez.Foi nesses momentos que Andrea sentiu que tinha encontrado algo especial. Zack não só a fez sentir-se desejada, como também segura e protegida. Quando estavam juntos, ela não podia deixar de pensar na sorte incrível que teve por ter alguém as
Andrea queria ser engolida pela terra enquanto deixava a sua filhinha no berçário. De lá ela teve de ir ao escritório do Zack e recolher o dinheiro que lhe devia para o contrato de Natal. Ela detestava ter de o fazer, mas naquele momento a primeira coisa que queria fazer era pagar essa dívida ao hospital antes de duplicar.Assim que ela entrou no escritório, ele levantou a cabeça e olhou-a nos olhos. O ambiente parecia pesado, embora ele tentasse sorrir, talvez porque era ela quem se sentia mal por isso.-Hi, Thorcito", murmurou ela, inclinando-se mais e colocando um beijo suave nos seus lábios.-Hi, Cupcake. O bebé? -Pediu Zack, e Andrea sentiu as suas bochechas coradas.-Sim, está tudo bem. Ela tentou manter a sua compostura, mas por dentro estava tão envergonhada. Ela tinha concordado com esse contrato de Natal com Zack, mas agora que eles estavam juntos, muita coisa tinha mudado. Thorcito... Tenho muita vergonha de lhe perguntar isto..." sussurrou ela com os olhos. -Sussurrou, a o
O coração de Andrea bateu como se rebentasse do seu peito.-Como... como é que ela partiu, Ben...? Porquê?Na sua cabeça ela tentou encontrar uma razão, mas parecia impossível. Teria ele saído? Teria ele saído? Como... por... por... por...?- Tem... tem... tem alguma ideia da razão pela qual ela partiu? -Pediu ela enquanto os seus olhos se enchiam de lágrimas e aquele caroço na sua garganta entorpeceu-lhe a voz.Ben franziu o sobrolho em preocupação. Ele teria preferido evitar a questão, mas era inevitável.-Não sei", confessou ele, entrou no avião e saiu. Aconteceu alguma coisa entre vocês os dois?Andrea não conseguia conter as suas lágrimas, pois negava. Sentiu-se desamparada, magoada, desiludida.-Não... Não faço a menor ideia do que.... O que poderia ter acontecido? Eu não pensava que o Zack fosse esse tipo de pessoa.-E ele não é. Ele não me disse nada, mas asseguro-vos que não é má pessoa!Andrea acenou com a cabeça, apesar de estar muito frustrada. Ela não compreendia como uma
Como poderia o Zack magoá-la mais do que a Mason?Enquanto Andrea voltava ao seu apartamento, não parava de pensar no assunto. Mas a verdade era que ela não estava a sofrer por Mason ou Zack, estava a sofrer pela desilusão, pela confiança quebrada, pelo desamparo de não compreender o porquê de serem uns imbecis em letras maiúsculas.Os dois dias seguintes foram uma tortura completa. Andrea procurou desesperadamente um advogado que a pudesse ajudar, mas o Estado não designaria um defensor público para problemas como estes. Ela sabia que não tinha dinheiro para pagar um bom advogado, mas tentou chamar alguns advogados porque sabia que havia sempre aquele que aceitaria um caso de graça. No entanto, a resposta era inútil: pelo menos nessa altura não havia ninguém a aceitar casos de graça.A sua próxima opção foram as fundações de ajuda às mulheres, mas as duas na cidade disseram-lhe a mesma coisa.-Desculpe, podemos ajudá-lo com muito: roupa, comida, trabalho... mas não temos advogados.N
O apartamento estava limpo, muito limpo, mas isso era a única coisa que podia ser dita a seu favor. Quando Andrea abriu a porta, a mulher alta e magra dos seus cinquenta anos de idade, de pé ao seu lado, com o rosto firme e o olhar fixo, fez um gesto momentâneo de surpresa. Ela segurava uma prancheta na mão, e Andrea tremia ao vê-la escrever algo nela.-Pensei que estava aqui para avaliar um apartamento... mas vejo que não há muito a avaliar", disse ela com preocupação.Não havia tapetes, nem mobiliário, nem quadros, nada para suavizar a escuridão da sala. As paredes estavam nuas, as janelas não cortadas, o chão rachado e a luz fraca. Andrea sentiu uma onda de pânico a varrer por cima dela. Ela sabia que era o tipo de lugar onde ninguém iria querer ficar por muito tempo, quanto mais com uma criança.A mulher examinou o apartamento com um olhar crítico, tomando notas à medida que se deslocava. Andrea seguiu-a, o seu coração a bater.-Quanto tempo viveu ela assim? -Pediu ela, circulando