UM ANO DEPOIS ..FELIPE ..Acordei devagar, o quarto ainda escuro, mas já iluminado pela luz suave do amanhecer. Ao meu lado, Nicole dormia serenamente, a respiração tranquila e o rosto relaxado. Eu observei cada detalhe dela, a beleza tranquila de quem, por um segundo, parecia ser feita de sonhos. Não resisti e deixei meus dedos percorrerem a linha do seu ombro até a cintura, sentindo a suavidade de sua pele sob o tecido fino do short de seda que ela vestia. Ela se mexeu um pouco, mas não acordou.Minha mão desceu um pouco mais, e eu meti minha mão dentro do short dela, e comecei a masturbá-la, até sentir seu corpo responder ao meu toque. Ela abriu os olhos devagar, e a vi sorrir preguiçosamente, embora com um brilho de ironia.— Felipe, você é um tarado. Ela murmurou, enquanto se esticou levemente. — Mal abri os olhos e você já está me invadindo.— Preciso disso pra conseguir trabalhar, amor. Passo o dia inteiro pensando em você.Respondi, subindo em cima dela e retirando sua
NICOLE ..Um ano. Exatamente um ano desde que tudo virou de cabeça para baixo. Se eu pudesse voltar atrás, claro, evitaria algumas dores. Mas olhando para onde estav, para tudo que conquistei... talvez não mudasse nada.Depois que Renata partiu, voltei a morar no apartamento que Felipe havia me dado. No início, parecia um refúgio, uma maneira de me reorganizar. Era um espaço só meu, onde eu podia me reinventar em silêncio, onde eu não era mais só “a ex-garota de programa perseguida”, mas alguém que tinha planos, ambições, sonhos.Voltei à faculdade, ainda faltavam dois anos até me formar. Coloquei tudo em ordem e organizei meu tempo como se cada segundo fosse precioso. Estudar de manhã, me dedicar à empresa à tarde, e à noite, Felipe. Ah, Felipe. Ele foi meu pilar em tudo, meu incentivo, meu maior apoio. Mesmo nos dias em que minhas inseguranças voltavam a bater, ele sempre sabia o que dizer.Peguei todo o dinheiro que juntei na época em que trabalhava como acompanhante e investi
FELIPE . . Grávida. Aquela palavra ecoou na minha mente como uma onda que se espalha e cresce, até que uma lágrima escapou dos meus olhos. Eu sentia um peso leve, uma mistura de incredulidade e felicidade que me tirava o chão. Olhei para Nicole, esperando mais uma confirmação. — Tem certeza disso? Perguntei, tentando conter a explosão de alegria que ameaçava vir à tona. Nicole sorriu, mas me pediu calma. Ela disse que ainda precisava fazer um teste para ter certeza e que eu não deveria me decepcionar caso não fosse o que esperávamos. Eu sabia que deveria manter meus pés no chão, mas o que ela acabara de dizer acendeu uma esperança que há tempos eu achava apagada. A ideia de ter um filho, ainda mais com a mulher que eu amava, trazia uma sensação de plenitude que eu não conseguia controlar. Em um impulso, a peguei no colo, a levando pra cama com cuidado, como se ela fosse algo precioso. Ela riu e disse que eu não precisava exagerar, já que ainda não havia confirmação.
NICOLE..De frente pro espelho, vestida de noiva, eu me sentia estranhamente calma. O vestido branco abraçava meu corpo de uma forma que parecia simbolizar mais do que um casamento: Era a prova de que eu tinha vencido. Passei a mão pela barriga, ainda discreta, mas já carregando o maior amor que eu poderia sentir. Fechei os olhos e deixei que uma lágrima solitária escorresse pelo meu rosto enquanto memórias invadiam minha mente.Vi flashes de quem eu era e do caminho que percorri para chegar até aquele momento.O cheiro do lugar onde trabalhei como prostituta parecia ainda estar impregnado na minha memória, um lugar onde os risos forçados mascaravam a dor de muitas mulheres, inclusive a minha. Foi lá que vi Felipe pela primeira vez. Ele era diferente. Não apenas pelo terno caro ou pelo sorriso confiante, mas pela maneira como olhou para mim naquela noite, como se enxergasse algo além da minha máscara.Lembrei do dia em que fui expulsa de casa pelos meus pais. Minhas escolhas, por ma
FELIPE ..Lembranças tomaram conta de mim.Me lembrei de quando os convites do casamento finalmente haviam ficado prontos. Tínhamos discutido cada detalhe, desde o papel até a caligrafia, e eu sabia que Nicole confiava em mim para cuidar dessa parte. O cheiro de papel novo e tinta fresca preenchia o escritório, e enquanto eu revisava os envelopes, uma ideia começou a tomar forma na minha mente.Ela não sabia disso, mas eu tinha mandado fazer dois convites a mais. Para o pai e a mãe dela. Mesmo depois de tudo, algo dentro de mim dizia que já era hora de tentar reconstruir essa ponte que o orgulho e a dor tinham destruído.Me sentei à mesa com um envelope em branco e um bloco de papel. Peguei minha caneta preferida, uma que Nicole havia me dado no nosso primeiro Natal juntos, e comecei a escrever. As palavras vieram com dificuldade no início, mas depois fluíram com o peso sincero do que eu sentia:"Queridos sogros,Já se passaram longos meses, quase um ano, desde que as coisas muda
NICOLE ..Eu não conseguia parar de olhar para meu pai enquanto ele dava um passo hesitante em minha direção. Era como se o tempo tivesse congelado, e todos os momentos de dor e mágoa que vivi desde a nossa última conversa voltassem como um filme, mas desta vez com uma nova perspectiva. Seus olhos estavam marejados, e ele parecia menor, mais frágil do que eu me lembrava.— Minha filha…Ele começou, a voz rouca e trêmula. — Eu… eu não sei por onde começar.Sua hesitação me atingiu em cheio. Durante tantos meses, sonhei com esse momento, imaginei o que ele diria, o que eu diria, mas diante dele, eu só conseguia ficar em silêncio, tentando absorver tudo.Ele respirou fundo, como se precisasse reunir todas as forças que tinha.— Eu errei com você, Nicole. Errei de tantas maneiras que nem sei se tenho o direito de pedir perdão.As lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos, silenciosas, mas pesadas. Ele continuou:— Eu cresci em uma família dura, filha. Me ensinaram que o mundo é pre
NICOLE ..Eu nunca imaginei que esse momento fosse possível. Estar ao lado do meu pai, prestes a entrar no jardim onde Felipe me esperava, parecia um sonho distante, um daqueles que você quase desiste de sonhar, por medo de se frustrar. Durante meses, adiei o casamento. Encontrei desculpas, mudei datas, aleguei querer mais tempo para organizar tudo. Mas a verdade é que eu estava dando tempo para que meu pai e eu nos entendêssemos.E, nos últimos minutos do segundo tempo, aconteceu.Minha maquiagem precisou ser completamente retocada, mas nem isso conseguiu apagar a vermelhidão nos meus olhos. A emoção ainda estava estampada no meu rosto. Olhei para meu pai ao meu lado. Ele parecia tão nervoso quanto eu, ajustando o terno a cada minuto, incapaz de esconder o brilho úmido nos olhos.— Está pronta, minha filha?Ele perguntou, com a voz rouca e carregada de sentimentos.Eu respirei fundo, segurando o braço dele.— Nunca estive tão pronta.O som suave de violinos preenchia o ar enquanto
FELIPE . . Eu achava que estava preparado. Ensaiava esse momento na minha mente há semanas, mas nada, absolutamente nada, poderia ter me preparado para o que senti quando a vi. Ali estava ela. Nicole. Minha Nicole. Ela vinha de braços dados com o pai, e por um instante o mundo ao meu redor deixou de existir. Meu coração parecia bater fora do ritmo, e o ar no jardim parecia ter ficado mais leve, quase etéreo. O vestido branco a envolvia de maneira tão perfeita que parecia feito para ela, como se cada detalhe tivesse sido moldado para refletir quem ela era: Uma mistura de força e delicadeza. O sorriso no rosto dela, aberto e genuíno, tinha algo que eu não via há muito tempo: Completude. Nicole estava inteira. Não era apenas uma mulher linda vestida de noiva, era uma mulher que tinha superado cada obstáculo, cada mágoa, e agora caminhava em minha direção como se fosse o destino dela desde o início. E, naquele momento, eu soube. Senti no fundo da alma que tinha feito