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Aqueles ladrões nos amarraram em seus cavalos e levaram até um acampamento no meio do deserto, haviam vários homens lá alem dos que já estavam com eles. A todo momento ficava abraçada com Maria e Jasmine, tinha um péssimo pressentimento do que poderia acontecer comigo e com as outras.

– Olhem bem, meus amigos! Essas mulheres pertencem à mim, Marcado e Mudo ninguém deve tocá-las além de nós!

– Maria, o que ele está dizendo? É sua língua, vimos quando conversava com eles no deserto.

Sussurrei no ouvido de Maria para que apenas ela ouvisse, Jasmine está apavorada  eu também estou mas preciso ficar firme.

– Senhora, receio não ter boas notícias! Esses homens são saqueadores do deserto, o loiro é o chefe deles seguido pelo homem da cicatriz e o outro que não fala. Eles decidiram nos tornar suas escravas, para serviços domésticos e também para deitarmos com eles. Tentei levá-los à razão, senhora Hana mas não me ouvirão. Sinto muito!

Maria havia se arriscado muito por nós, além de serva fiel é uma boa amiga. Naquele momento notei a forma que o tal Mudo olhava pra Jasmine, ainda estávamos com o rosto coberto pelo véu mas nossos olhos estavam visíveis.

– Já quer brincar com sua escrava, não é mesmo, Mudo? Pode levá-la para sua tenda mas tente ser carinhoso com a menina, ela não é uma prostituta como aquela de Damasco que você espancou!

Por Alá, isso não podia estar acontecendo! Eles realmente vão fazer o que disseram, isso só pode ser um pesadelo terrível.

– Maria, traduza o que vou dizer à eles, por favor!

– O que a senhora está pensando em fazer?

Era a única maneira de proteger Jasmine, ela é só uma menina, não vai suportar ter que servir esse homem que parece ser muito violento.

– Quero ficar no lugar dela! Jasmine só é uma menina e não vai saber agradar o homem, vou no lugar dela! Traduza, Maria!!

– Não faça isso, Hana! Não entregue sua pureza assim por minha causa. Vou aguentar qualquer coisa que vir desse homem!

Maria ficou nos olhando esperando alguma mudança na minha decisão mas não iria mudar. Nossas vidas estavam arruinadas, como eles não nos mataram no deserto e nem nos deixaram morrer lá deram a sentença final para o resto de nossas vidas.

– Diga logo, Maria!

Minha serva se aproximou dos homens e traduziu tudo que eu dizia, mas antes de voltar ela foi segurada pelo braço pelo homem com a cicatriz.

– Quero ver toda essa coragem e postura quando estivermos lá na nossa tenda, mulher!

Minha serva apenas abaixou a cabeça sabendo qual era seu destino mas eu esperava que o líder desses ladrões do deserto decidisse o meu destino. Foi quando o homem começou a falar e Maria traduziu tudo.

– É muito nobre da sua parte tentar proteger sua amiga mas lamento informar que Mudo gostou muito do olhar dela além disso não abro mão de ter você comigo essa noite. Não haverá troca!

Olhei com ódio para aquele maldito homem que estava destruindo nossas vidas, ele não tinha noção do que estava trazendo para sua vida e de seus homens.

– Maldito seja por isso! Tomara que Alá cobre de você todo mal que está fazendo! Maldito  seja mil vezes!

Paulina

Acordo suada e totalmente desesperada parecia ser tão real como das outras vezes mas dessa vez senti muito mais do que da últimas vezes. Tenho que parar de ter esses sonhos estranhos, parece que sou atormentada por eles como se quisesse falar algo pra mim, só não entendia o que era.

Já tinha uma semana que não via e nem sabia nada de Augusto, penso que Deus ouviu minhas preces tirando aquele cara do meu pé. Liliane continua lá na lanchonete, seu Geraldo gostou muito dela apesar de que percebo sua tristeza por ter que conviver com o maldito que violentou ela, o tal Estêvão vai na casa dela todos os dias, leva presentes pra Isabela e sempre dá um jeito de ficar mais do que deve. Sei que Lili não está aguentando mais a convivência mas está apenas suportando pois o idiota resolveu contar que é pai de Isabela sem a permissão dela, agora a menina fica falando do pai toda hora.

– Bom dia, Lili! Como está?

– Estou levando! Você não imagina qual foi a última de Estêvão.

Estávamos limpando as mesas, a lanchonete ainda não estava aberta portanto podíamos conversar enquanto arrumávamos as mesas.

– Sendo amigo daquele escroto posso imaginar que boa coisa não é!

– Ele quer que eu saia da Luxus, diz que por ser mãe da filha dele não preciso trabalhar além disso o bonito quer comprar um apartamento pra mim, nas palavras dele preciso ter uma casa própria em um lugar confortável para que Isabela possa ter qualidade de vida por causa da asma. O pior de tudo é que o infeliz tem razão! No final, ele ainda mencionou que senão aceitar vai pensar seriamente em tirar a guarda da Isabela de mim, agora é assim se não faço o que ele quer fica me ameaçando. Estou exausta além disso minha filha não para de falar do pai, meu papai Estêvão pra lá, quando meu papai vem, quando você vai casar com o papai! Não está sendo fácil! Mas e você? Como estão as coisas?

Minha situação não chegava nem no dedo mindinho do pé dela mas é bom ter alguém pra conversar. Sizia sumiu, Cláudio está à dias tentando falar com ela mas sem sucesso, para não me deixar preocupada mandou uma mensagem dizendo que estava bem e atendendo um cliente muito especial, não sei quem é mas para fazer minha amiga sumir assim deve ser alguém realmente especial.

– Minha mãe está cada dia mais afundada na depressão, aquela casa é minúscula e bem apertada mas tem uma coisa boa nisso tudo o infeliz do play boy sumiu, ele desistiu de mim. É pra glorificar de pé, igreja!

Comecei a levantar as mãos em comemoração, se livrar de um embuste daquele é algo pra glorificar.

– Só você mesmo para me fazer rir, Lina! Isso é ótimo pelo menos alguém aqui está tendo paz. Mas agora vamos trabalhar porque à noite ainda tem a Luxus.

Ficamos a manhã até tarde, entre um atendimento e outro rindo das bobagens da vida e esquecendo um pouco dos nossos problemas. O sumiço de Augusto é um excelente sinal só espero que nunca mais encha as minhas paciências.

Augusto

– Quero que conheça Isabela, Augusto! Vivo falando de você e de Fabrício para minha menina, ela também não para de perguntar sobre vocês. Ela me puxou no quesito boa memória, ela não esquece de nada que digo e adora repetir as palavras para aprender coisas novas. Estou pensando em matriculá-la em uma escolinha, sei que ainda é nova mas essa idade é a melhor para aprender coisas novas!

Estêvão se tornou um paizão em menos de uma semana, sempre preocupado com o bem estar da criança até mesmo querendo colocá-la em uma boa escola, isso é ótimo tem exatamente uma semana que ele não usa drogas também, e tenho certeza que é por causa da filha.

– Seria interessante conhecer sua filha, quero saber se é tão parecida com você como tanto fala!

Estava tentando distrair minha cabeça com trabalho e mais trabalho para tentar esquecer aquela mulher maldita que me rejeitou. Ela não apareceu rastejando como imaginei mas o pior foi que não consigo tirá-la da cabeça, além dos sonhos que não paro de ter, preciso daquela mulher para poder entender o que está acontecendo.

– Na hora que quiser! Liliane não está em casa agora, mas sim a senhorinha que cuida de Isabela podemos ir lá buscar minha filha e darmos um passeio no parque. O que acha?

Estava realmente precisando sair para respirar um ar, esquecer um pouco daquela vagabunda que não consigo tira da cabeça.

– Boa ideia! Estou tranquilo aqui no escritório, então podemos ir.

Estêvão estava animado, sorridente e muito diferente do meu amigo de algum tempo atrás realmente descobrir que tem uma filha trouxe o ânimo que ele precisava.

– Augusto, Isabela é minha razão de viver! Mas assim que conhecer minha menininha você vai entender, estou limpo por ela e estou pensando seriamente em voltar para o grupo de ajuda. Ainda sinto vontade de usar mas é só pensar que minha filha não merece um pai drogado já desisto da ideia.

– Isso é muito bom, Estêvão! Conte comigo para o que precisar mas e a mãe da menina. Está causando problemas?

Percebi um brilho diferente no olhar dele quando perguntei da mãe de Isabela, será que meu amigo está apaixonado por ela?

– Liliane não esconde a repulsa que sente por mim mas disfarça muito bem na frente de nossa filha além do fato dela se mostrar arredia com as mudanças que quero trazer para vida dela e da minha filha. Quero tirá-la daquele bairro e daquela casa minúscula que vivi, Isabela merece o melhor e do que adianta eu ser rico se não posso dar à ela o que merece? Liliane vai aceitar mais cedo ou mais tarde, pedi para sair da Luxus também, não quero ver a mãe da minha filha rebolando pra meia dúzia de machos. Já falei para sair de lá e se caso não fizer, vou entrar na justiça pela guarda de Isabela, Liliane precisa entender que quero apenas que seja mãe de nossa filha, agora que sei da existência dela nada mais justo do que ajudá-la.

– Porque tenho a suave impressão de que não é só isso. Conheço você desde de quando éramos pequenos, está gostando da mãe da sua filha, não é mesmo?

Estêvão deu um sorriso de canto de boca dando a entender que estou certo no meu palpite.

– Estou sim interessado nela! A mulher é linda além de ser mãe da minha filha, acho que o fato dela resistir tanto a minha aproximação me leva à querer ela mais ainda. Mas Liliane nunca daria moral pra mim é só uma apaixonite boba da minha parte! Mas toda vez que vejo aquele motoqueiro dos infernos cheio de charme pra cima dela, tenho vontade de socar aquela cara de merda dele!

– Marque sua presença na vida dela! Faça que entenda de uma vez que não vai sair da vida dela tão cedo e melhor que aceite o fato de que mais cedo ou mais tarde terá que ceder. Sua filha também pode ajudá-lo com isso, incentive a menina que diga à mãe para ficar com você!

Estêvão gostou da ideia pela sua expressão, ela não terá opções há não ser ficar com ele.

– Isabela já faz isso sem eu ter pedido, vive perguntando pra mãe quando vamos nos casar e dar irmãos pra ela, se depender da minha filha, Liliane logo será minha!

Pelo menos pra alguém aqui está se dando bem, já faz um tempo que Fabrício sumiu, parece que está em algum congresso de medicina. Mas contei pra ele sobre Estêvão e como já é de costume o mesmo não concordou com a forma que Estêvão está agido, ele pensa que o nosso poder aquisitivo não deve ser usado da maneira que estamos fazendo. Ele é cheio de morais e condutas que pra mim são totalmente inúteis, no final o dinheiro e o poder é o que importa.

Quando chegamos no bairro que a mãe de Isabela mora percebi porque meu amigo quer tanto tirar a menina de lá, realmente não é um ambiente apropriado para filha de um empresário como Estêvão viver.

– Entende agora que preciso tirar Isabela desse lugar! Liliane tem que aceitar o apartamento que comprei pra ela, é ao lado do meu assim ficará bem mais fácil de visitar minha filha e ver Liliane também!

– Realmente esse lugar não é ambiente apropriado para sua filha viver, tenho certeza que com incentivo certo a mãe da criança vai aceitar o apartamento!

Batemos no portão da casa da mulher que cuida da menina, na primeira batida a mulher apareceu assustada com a nossa presença e com a expressão de desdém.

– Boa tarde, Dona das Dores. Vim buscar Isabela para passearmos!

– Boa tarde! Você avisou Liliane? Não penso ser certo levar a menina sem avisar a mãe antes!

Não via necessidade nenhuma de Estêvão avisar a mãe que iria sair com a menina, ele é pai e tem direitos como a mãe.

– Por qual motivo não posso pegar minha filha? Não avisei Liliane porque não vi necessidade nisso mas se quiser ligo pra ela agora e aviso!

– Não vai ligar! Tem o mesmo direito que Liliane como pai da menina. Sou advogado dele, é  melhor a senhora entregar a criança!

A senhora fechou a cara com o que falei mas é óbvio que meu amigo tem o mesmo direito ou até mais direito que Liliane.

– O senhor não manda na minha casa, tem alguma intimação ou algo do gênero? Caso contrário, só vou entregar a menina com a autorização da mãe!

A mulher fechou a porta na nossa cara como se não fôssemos ninguém.

– Velha abusada! Quem ela pensa que é?

– Ela considera Liliane como filha, ela sabe sobre o que aconteceu e me odeia!

Mesmo assim essa velha não tem direito de impedir meu amigo de ver a filha, Estêvão está sendo muito compreensivo com essas faveladas.

– Sabe que se fosse você já teria tomado providências contra essas mulheres! Você é muito pacífico, Estêvão! O que pretende fazer agora?

– Vou pessoalmente no lugar que Liliane trabalha, isso não vai ficar assim!

A lanchonete ficava próxima da casa que ela mora, foi um caminho rápido até lá quando entramos percebemos como o lugar estava relativamente cheio mas algo que vi ali foi uma grande surpresa. Paulina estava servindo uma mesa enquanto sorria para o homem que falava algo à ela, acendeu em mim uma grande ira e também outro sentimento que não conseguia compreender. Fui até a mesa como um furacão deixando Estêvão pra trás quando Lina notou minha presença.

– Não sabia que fazia programa em outros estabelecimentos também?

Ela arregalou os olhos em total surpresa, Lina pediu licença pra o rapaz que até o momento estava flertando e saiu andando me deixando pra trás. Puxei seu braço fazendo ela me encarar de frente, ninguém vira as costas pra mim.

– O que quer? Se não percebeu, estou trabalhando!

– Trabalhando? Estava quase dando para aquele homem em cima da mesa! Vagabunda a noite e vagabunda também de dia? Onde está morando? Debaixo do viaduto ou na casa de algum cliente seu.

Ela respirou fundo com os olhos cheio de lágrimas parece que estava à ponto de explodir mas era isso que eu realmente queria, ela ia me pagar pelos dias que fiquei sem vê-la, pelos malditos sonhos e principalmente por não aceitar minha oferta.

– Augusto, preciso desse emprego! Por favor, me deixe em paz, entenda que não quero nada com você!

Todos dentro da lanchonete ficaram olhando pra nós e nossa discussão realmente queria chamar atenção, naquele momento não poderia perder a oportunidade de tirar algo que para ela é importante, o seu emprego. Ao longe, Estêvão também discutia com Liliane, meu amigo precisava impor suas vontades senão essa mulher vai atrapalhar a relação dele com a filha.

– O seu trabalho de garota de programa? Nem se eu quisesse poderia atrapalhar o seu “trabalho”, Lina. Agora fico pensando se o dono daqui sabe da sua “carreira de piranha profissional”.

– Augusto, saia daqui! Realmente preciso desse emprego está atrapalhando meu trabalho.

Um homem mais velho e um pouco forte apareceu com a cara fechada, com certeza era o dono dessa espelunca.

– O que está acontecendo aqui?

– Nada! Esses senhores já estão indo embora, foi só um mal entendido!

Esse era o meu momento para mostrar que não estou para brincadeira.

– Penso que o senhor não conhece suas funcionárias, essas duas estão enganando o senhor e é minha obrigação contar a verdade.

– O que vocês estão escondendo de mim, Lina?

Ainda segurava o braço dela com bastante força, depois disso Paulina não terá outra opção à não ser aceitar minha oferta.

– Senhor Geraldo, por favor! Preciso desse emprego, o senhor conheceu meu pai sabe como ele foi honesto pela memória dele não me obrigue à dizer nada!

– Diga logo!

Liliane foi até a amiga tentando soltá-la do meu aperto mas sem sucesso. Mas ela não teve coragem de falar como imaginei.

– Suas funcionárias são duas garotas de programa trabalham em um puteiro de luxo! Imagino que um estabelecimento familiar como esse não deva ter esse tipo de funcionárias.

O tal Geraldo ficou visivelmente assustado com a revelação, havia conseguido o que queria!

– Não posso permitir que trabalhem aqui, sei de tudo que passa Paulina mas não contar sobre essa segunda função foi errado. Sinto muito, meninas! Mas não podem ficar aqui!

O velho saiu andando enquanto todo restaurante ficou olhando toda aquela situação.

– Agora pode aceitar o apartamento que comprei pra você, Liliane! Não negue, logo vai entender que o melhor é deixar que eu cuide de você e Isabella.

Liliane abaixou a cabeça com vergonha por todos estarem olhando pra ela, agora seria uma questão de tempo para mulher aceitar.

– Satisfeito? Perdi meu emprego por sua culpa! Odeio você com todas as forças desse mundo, maldito seja!

Ouvi-la dizer que me odeia trouxe um sentimento ruim dentro de mim como se ouvir aquilo machucasse e a dor da sua rejeição causasse uma grande mágoa em mim.

– Odeio quando toca em mim, bandido do deserto!

Soltei o braço dela vendo outra mulher, não era Paulina. E sim a mulher dos sonhos, com os cabelos negros longos e os olhos verdes olhando com grande ódio pra mim como se fossem à mesma pessoa. Sai de dentro da lanchonete totalmente perturbado, o que está acontecendo comigo?

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