Capítulo 2

Marina

Dias atuais...

-Marina me fala porque não quer fazer festa?

-Mãe eu não quero festa de 15 anos, apenas isso.

-É por que seu pai não vem?

-Podemos tentar falar com ele novamente...

-Não é por isso mãe apenas não quero, por favor respeita?

-Filha daqui dois meses você faz 15 anos vai passar pela transformação virar uma mulher e...

-Mãe eu vou pro meu quarto com licença.

Quando estava subindo as escadas com lágrimas nos olhos me bati com Henrique.

-Nina o que foi?

-Nada, pode ficar tranquilo Rique...

Ele me segura pelas mãos, e me faz parar olhando nos meus olhos.

-Você está prestes a chorar, e você sabe que eu não consigo te ver assim.

-Você não consegue, porque Henrique, porque não consegue?

Nesse momento as lágrimas rolam tenho segurado sentimentos demais e eu simplesmente estou prestes a enlouquecer, não aguento mais tudo isso...

E ele me abraça depois de eu gritar o porque mas não me responde, e quando responde me quebra de vez...

-Você é minha... irmãzinha, vou sempre te proteger.

-Vai falar com sua namorada e me esquece também Henrique!

Subo rapidamente pro meu quarto e choro tudo que tava engasgado quebro algumas bailarinas de vidro que ganhei do meu pai quando comecei no ballet, meu pai nesses dez anos veio me ver apenas uma vez, ele alega ser falta de dinheiro mas eu sei que não é, no fundo é porque ele não quer, ele casou teve mais uma filha e sua mulher está gravida de novo, ele sempre alega que nossa distancia é culpa da minha mãe, que veio pra cá, é fácil esquecer tudo que fez, tenho certeza que minha mãe não esqueceu o que viveu com ele...

Meu celular toca e vejo no visor era Celina minha amiga, mas não quero falar com ela nem com ninguém.

O rosto do Henrique me vem na cabeça e decido sair pego meu caderno minha bolsa e vou pro Central Parque.

Chegando lá vou pro meu lugar de paz, o mesmo lugar da minha infância aqui, sempre foi meu lugar favorito no mundo.

Me sento e começo a escrever no meu caderno mas hoje a escrita toma algo diferente...

"Já faz algum tempo que algo em mim mudou, não sei exatamente quanto tempo, mas sei que dentro de mim você tem seu lugar, começou pequeno e sem pedir licença foi me tomando, e mesmo que eu não tivesse permitido isso me tomou por completo, e hoje, bom hoje eu sinto que não me pertenço mais, e tudo que há em mim pertence a você."

Meu Deus eu descrevi o que sinto mas isso nunca chegará até ele mas e se...

Continuo a escrever e se torna uma carta, uma carta para Henrique...

Termino vou até a livraria do central parque e compro alguns envelopes me sento na cafeteria e coloco a carta dentro, dou mais algumas olhadas e assino o envelope...

"Sua admiradora secreta"

Assim que chego em casa, coloco na caixa do correio, é sempre o Rique quem pega a correspondência então ele vai ver em breve...

-Nina tudo bem?

Estava no balanço do Jardim quando Felipe chegou.

-Oi maninho estou bem...

-Mamãe continua tentando te fazer a festa?

Amo o fato do Felipe ser meu irmão ele precisava de uma mãe, e minha mãe o ama muito, ama os dois claro, mas o Felipe quis ser filho dela tanto quanto ela quis ser sua mãe, Henrique por ser mais velho não aceitou ela como mãe mesmo ficando feliz com a felicidade do Robert, ele ainda tinha sua mãe viva na sua memória...

Minha mãe sempre quis ter mais filhos mas graças a uma das muitas coisas que meu pai fez a ela é uma possibilidade mínima de isso acontecer, e em dez anos isso infelizmente não aconteceu...

E minha mãe é uma mulher tão forte, tão fod@, que nem assim fala mal do meu pai pra mim, ou impede nosso contato e olha que motivos pra isso a lista é extensa eu não aguentaria um terço das coisas que lembro nos flashes de memória que tenho deles juntos, vejo ela e Robert desde sempre tão felizes, ele é extremamente cuidadoso, amoroso com ela, e isso é algo que me deixa tão feliz ela merecia isso, ela merecia esse amor.

-Sim ela insiste nisso não quero festa, não tenho motivos pra fazer essa festa...

-E se fizer a festa só porque ela quer tanto comemorar, você é sua única menininha...

-Não devo, vou fazer algo que eu não quero?

-Nina pense bem, a mamãe vai ficar feliz com isso.

-Está bem Felipe vou pensar ok, e o seu aniversário no fim de semana vamos fazer o que?

-Pensei em irmos acampar o que acha?

-Amei, quem tanto vai chamar?

-Bom você, a Celina, Henrique a nojinho da Leticia se não o Henrique não vai, o Tomás a Roberta e o Sam.

-Sério que temos que convidar a Letícia?

-Infelizmente se quisermos que o Henrique vá...

Nesse momento Henrique chega suado da academia e fico olhando sem nem lembrar do que estava falando, e esquecendo que o Felipe estava na minha frente.

-E aí...

Ele cumprimenta entrando em casa com as correspondências que pegou, fico imaginando ele lendo a carta o que será que ele vai pensar?

Henrique

Ver a Nina nervosa chorando sempre me deixa mal, desde a primeira vez a anos atrás, a nossa convivência está difícil, eu não sei mais exatamente como agir com ela.

E se tento cuidar ela fica brava, e meu coração se quebra.

E desde que comecei a namorar a Letícia ficou ainda pior, e confesso que estou com Letícia para lutar contra sentimentos que eu não devo ter, essa luta interna estava acabando comigo, Nina é tão doce, delicada, tão decidida e forte, eu fico encantado com ela mas é maia forte que um sentimento de irmão e não posso sentir isso...

Me sento na cama estou esperando minha carta para a universidade então começo a separar a correspondência as minhas deixo na cama e as outras levo pra cozinha deixando na bancada, estou suado vou tomar um banho antes de abrir as minhas cartas.

Meu celular toca era a Letícia me enrolo na toalha e vou atender ela fica uma fera quando não atendo e para evitar o stress melhor atender logo...

Pego o celular e estava voltando pro banheiro quando Nina se depara comigo ali só de toalha meu corpo arrepia com o olhar dela sobre mim, me sinto mal e entro no banheiro tranco a porta e atendo ofegante...

-Oi leticia o que quer?