Walter não explicou. Ele nunca explicava nada para ninguém. Ele ficou de pé no corrimão do segundo andar, olhando para baixo. Seu olhar se estendia para além da porta aberta, perdido na escuridão da noite.A noite já estava muito avançada.Walter se virou e disse:- Você deveria ir descansar. A família Lima preparou um quarto para você. - E você? – Perguntou Sarah, instintivamente. Walter piscou os olhos brevemente. Por mais que não demonstrasse qualquer sinal de irritação, ela sabia que ele não gostava de ser questionado. Ela apertou os lábios. – Quero dizer, amanhã de manhã, quando a Sra. Lima perceber que você não está aqui, ela vai me perguntar onde você está. Como devo responder? - Você dá um jeito. – Walter deu dois passos para sair, mas então se virou novamente. – A Sra. Sandra está instável emocionalmente e pode não conseguir explicar claramente. Amanhã, você conta para a Sra. Lima quem é o verdadeiro culpado, como Larissa descobriu.Sarah piscou de leve e murmurou:- O ver
Walter olhou friamente para ela.- Você não disse que ia me pagar pela carona?Larissa apertou os dentes, e Walter não diminuiu a velocidade dessa vez. Ele acelerou diretamente, fazendo uma curva na montanha sem aviso prévio, pegando Larissa desprevenida. Seu corpo bateu na porta do carro e foi puxado de volta para o assento pelo cinto de segurança.Embora não tivesse doído muito, ela se sentiu humilhada. Algumas veias vermelhas apareceram nos brancos dos olhos, enquanto ela olhou com raiva para o homem.Walter apertou o volante com mais força, diminuindo um pouco a velocidade do carro. Sua voz também não estava muito boa: - Por que nunca percebi que você tem esse temperamento? Não posso te agradar e não posso te contrariar.Essas palavras, se ditas por outra pessoa, poderiam transmitir um tom de mimar, como “não sei o que fazer com você”, “como devo lidar com você” ou “você me deixa sem opções”. Mas, vindo de Walter, soou apenas como impaciência para Larissa.O temperamento de Laris
Quem estava irritando quem afinal?E só porque ela irritou ele, ele podia fazer o que quissse? Quem estabeleceu essas regras? Ele mesmo, não é?Ele estava no comando de tudo!Larissa estava tão irritada que mal conseguia falar. Walter esfregou o canto da boca, que estava sangrando. Essa mulher era como um gato selvagem, ela mordeu ele diretamente.Ele engoliu em seco e disse:- Se sente direito, não bate de novo e me encare. Afinal, a estrada de montanha tinha muitas curvas.Larissa reprimiu sua raiva e voltou para o banco, segurando firme na alça.Walter engatou a marcha, soltou o freio e desceu a ladeira com o carro.Walter não perguntou onde ela morava, e Larissa não disse nada, sabia que ele sabia.Ela pensou que estava fora do alcance dele, mas na verdade cada movimento dela ainda estava sendo observado por ele.Finalmente, o carro chegou ao pé da montanha e entrou na estrada principal, iluminada por postes de luz. Agora, Walter finalmente pôde desviar o olhar para a mulher no b
Larissa dormiu profundamente e acordou por volta das sete da manhã do dia seguinte.Ela estava em um quarto de hospital compartilhado, separado por uma cortina da cama ao lado, onde podia ouvir os familiares do paciente preocupados. Do seu lado, tudo estava tranquilo.Walter já tinha ido embora.Não sabia quando ele saiu, provavelmente foi na noite anterior.Larissa nem ousou imaginar que Walter teria se dignado a ficar no hospital.O inverno na Cidade X era frio e claro. A janela estava aberta uma fresta, deixando a brisa da manhã entrar. Sua cama estava perto da janela, um pouco fria, então ela se encolheu sob o cobertor.Larissa ainda se sentia um pouco tonta e seus músculos doíam após a febre alta ter passado.Ela calculou o horário e imaginou que Murilo já estaria acordado, então pegou o celular e ligou para ele.Ele atendeu rapidamente.Larissa tossiu e disse: - Sr. Murilo, resolvi os assuntos da família Lima ontem à noite.- Entendi, o que aconteceu? – Perguntou Murilo.Larissa
Do outro lado, na Mansão da Família Lima, também estavam tomando café da manhã.A Sra. Lima levantou a cabeça ao ouvir vozes e viu Sarah acompanhando a Sra. Sandra, descendo as escadas com risos e conversas.As duas estavam muito próximas, exatamente como Larissa pensou em seu coração na noite anterior. Em um piscar de olhos, passaram de recém-conhecidas para melhores amigas.A testa da Sra. Lima franzia de leve, mas logo ela se recompôs e disse com naturalidade: - Obrigada, Srta. Sarah, por cuidar da Sandra e das duas crianças ontem à noite.Sarah puxou uma cadeira para que a Sra. Sandra se sentasse e respondeu com um sorriso:- Sra. Lima, você é muito gentil. Walter respeita você muito, e eu considero você como minha própria avó. O que fiz ontem à noite foi o mínimo que eu poderia fazer.A Sra. Sandra ficou muito comovida e segurou sua mão enquanto se sentavam juntas.A Sra. Lima sorriu de leve e perguntou: - Ouvi dizer que Walter saiu ontem à noite. Algum problema urgente? - Era
Larissa terminou a infusão por volta das oito da manhã e, se sentindo desarrumada sozinha no hospital, decidiu sair e voltar ao hotel para se recuperar até a tarde, quando iria para a empresa.Mal abriu o cobertor, ouviu uma voz arrogante e despreocupada chamando “Honey” com uma entonação exagerada.Larissa piscou os olhos, se sentindo desconfortável. Quando olhou para fora da cortina, confirmou suas suspeitas: era Luiz!Luiz também a viu e sorriu ainda mais.- Secretária Larissa, você já está acordada? Ótimo, trouxe café da manhã para você. Aproveite enquanto está quente. – Com as mãos cheias de sacolas, Luiz as colocou todas sobre a mesa, acrescentando. – Não sabia do que você gosta, então comprei um pouco de tudo. Escolha o que quiser.Larissa encarou ele com frieza, achava que algo não estava certo e perguntou:- Sr. Luiz, como você sabia que eu estava no hospital? Murilo contou a ele? Ela não disse a Murilo em qual hospital ou qual quarto estava, como ele poderia ter encontrado e
Mal as palavras caíram, Luiz teve seu ombro agarrado por alguém e foi arremessado para fora antes que pudesse virar para ver quem era!Desprevenido, ele deu passos vacilantes e o leite que segurava acabou se derramando sobre si mesmo.Embora estivesse protegido por várias camadas de roupa e não tivesse sido queimado, a cena era verdadeiramente desastrosa.Luiz pressionou a língua contra a bochecha, ergueu a cabeça e viu que era Walter quem havia agido, com um sorriso frio nos lábios.- Sr. Walter, por que a violência? – Disse Luiz com uma mistura de indignação e brincadeira.- Sr. Luiz, você sabe se comportar? – Questionou Walter, olhando para ele.- Claro que sei, por que não saberia? – Luiz tirou o paletó, amassando ele e jogando ele no lixo sem pestanejar, mesmo sendo um terno feito sob medida que custava dezenas de milhares. Ele disse com um sorriso. – Ouvi dizer que ontem à noite foi você quem trouxe a secretária Larissa para o hospital. Obrigado. Da próxima vez, é só me ligar, af
Quando Walter mencionou o incidente no Monte Serenidade, Larissa sentiu uma sensação gelada invadir seus ossos, como se uma rajada de vento gelado tivesse entrado pela janela. Foi mais uma vez que ela experimentou o desprezo e crueldade de Walter, e depois disso, ela até teve um pesadelo. Sonhou que Walter estava cobrando por ter ludibriado ela, exigindo que ela tirasse a roupa... Ela acordou assustada, eram apenas três da manhã, mas não conseguiu mais dormir, sentindo uma dor no peito.Dessa vez, sua doença repentina não era apenas devido à indisposição física ou ao estresse do trabalho, mas também por causa de uma angústia excessiva.Com a garganta ainda dolorida, ela disse com dificuldade: - Essas duas coisas podem ser comparadas? Walter notou que ela estava ainda mais pálida do que na noite anterior, mas não disse nada.Larissa prendeu a respiração e digitou o restante do código, transferindo os quarenta mil reais. Ela engoliu em seco e disse com a voz rouca:- Sr. Walter, por f