...No dia seguinte, o tempo estava excepcionalmente claro. A chuva torrencial da noite anterior fez o céu da Cidade M ficar ainda mais azul, e o ar ficou mais puro. Rosana acabara de chegar à editora de revistas quando foi puxada por Isabelly para o escritório, que parecia extremamente misteriosa. — O que foi? — Rosana perguntou, sem paciência. — Vai me contar mais fofoca? Isabelly,se lembrando da cena que presenciou na noite anterior, não conseguiu segurar o riso. Ela tapou a boca e riu um pouco, antes de falar: — Você sabe o que o Sr. Manuel fez ontem à noite, não sabe? Uma coisa que me deixou bem feliz. Rosana olhou para ela com uma expressão confusa. Afinal, naquela noite, ela já sabia que Manuel tinha ido encontrar Joyce. O que Manuel poderia ter feito de tão animador? Isabelly então contou tudo o que tinha acontecido na noite anterior. O rosto de Rosana, antes perdido, foi tomado pela surpresa e incredulidade. — O quê? O Sr. Manuel trancou a Joyce na varanda
Rosana falou com a voz embargada:— Desculpe, Natacha, eu te fiz engravidar e ainda te fiz me preocupar com a minha situação. Eu realmente não sou nada... — Rosa, não diga isso. — O tom de Natacha estava cheio de dor, tentando confortá-la. — Somos amigas há tantos anos. Se não me preocupar com você, quem mais vai? Fica em casa esperando, vou passar aí para te pegar depois do trabalho.Rosana fez uma pausa antes de responder:— Tá bom.Após desligar o telefone, Rosana passou a mão sobre a barriga. Mesmo com toda a dor que sentia, ela não podia evitar: amava aquele bebê. Mas, ao mesmo tempo, sabia que não podia deixar que a criança nascesse sem pai, que fosse rejeitada pela sociedade.Rosana cresceu em uma família monoparental, e sabia bem o que era viver sem a presença de um dos pais. A dor de não ter o apoio deles era algo que a marcava profundamente.Apesar de Rosana entender com clareza o que precisava fazer, parecia que o bebê, de algum modo, sentia a angústia da mãe. Ela sentiu um
— Você se atreve a falar assim comigo? Que direito você tem de falar comigo dessa forma? — A Sra. Maria levantou a mão, pronta para dar um tapa em Rosana, querendo ensinar uma lição a ela.No entanto, antes que ela conseguisse atingir o rosto de Rosana, a jovem a agarrou pelo pulso.Rosana, com calma, disse:— Você é a mãe do Manuel, e eu não quero brigar com você. Mas você também é mulher, e ao colocar toda a culpa em outra mulher, você não acha que está falhando como mulher? — Você! — A Sra. Maria estava completamente fora de si, tomada pela raiva. Se virou para os seguranças e ordenou. — Peguem essa amante sem vergonha! Desde que não a matem, eu me responsabilizo por qualquer coisa que aconteça! Batam forte nela, rasguem a boca dela!Ela acreditava que, com o poder do filho, Manuel sempre resolveria suas confusões, desde que não houvesse mortes envolvidas.Rosana, vendo os homens se aproximando, ficou momentaneamente paralisada. Mas, ao perceber a situação, seu instinto de proteção
As palavras de Natacha deixaram a Sra. Maria extremamente irritada, e ela apontou para Natacha, como se fosse começar a insultá-la. No entanto, no instante seguinte, a Sra. Maria desabou no chão, tendo uma convulsão, com espuma saindo de sua boca. Natacha, ao ver a cena, ficou completamente assustada, e não parecia que a Sra. Maria estava fingindo. Rosana, com dificuldades, se agachou e, em um piscar de olhos, conseguiu diagnosticar a condição da Sra. Maria. Ela, com calma, começou a dar ordens a Natacha: — A Sra. Maria está tendo uma convulsão, rápido, ligue para o hospital, e me traga um garfo, não podemos deixar que ela morda a língua. A mente de Rosana estava uma bagunça. Em apenas dez minutos, tantas coisas haviam acontecido, e ela só conseguia seguir as instruções de Natacha, indo rapidamente até a cozinha pegar um garfo. ... No hospital. Quando a Sra. Maria foi levada, ela foi direto para a sala de emergência, puxada pela enfermeira. No caminho, já haviam lig
Joaquim soltou um suspiro e disse:— A mãe dele tem essa doença há muito tempo. A Sra. Maria, às vezes, fica deprimida, outras vezes é extremamente agitada, e já tentou se suicidar duas vezes cortando os pulsos. Felizmente, foi salva a tempo. Vocês não deveriam ter provocado a Sra. Maria.— O que você quer dizer com "provocar" a Sra. Maria? — Natacha, que até então ainda sentia um pouco de compaixão pela Sra. Maria, agora se enfureceu. — Vou te dizer de novo: eu e a Rosa não fizemos nada para provocá-la. Foi a Sra. Maria quem chegou com quatro ou cinco seguranças e mandou que agredissem a Rosa. Você não acha que a Sra. Maria surtou? Senão, como ela poderia fazer uma coisa dessas?Joaquim rapidamente cobriu a boca de Natacha, baixando a voz:— Cala a boca, por favor! Aquela é a mãe do Manuel, temos que respeitá-la. Eu vou te dizer de forma clara: a mãe do Manuel tem uma importância absoluta para ele, ela é insubstituível. O Manuel faria qualquer coisa por ela, até matar alguém. Você rea
Sem mais o que fazer, Natacha não pôde evitar de dizer:— Meu celular vai ficar ligado 24 horas. Se o Manuel te ameaçar de alguma forma, você precisa me avisar imediatamente. Vamos até você e te tiramos de lá....No fim, Rosana decidiu voltar sozinha para casa. Ao chegar, a casa estava completamente escura. Ela acendeu a luz e viu a bagunça que o ataque de sua mãe havia causado. Tudo estava devastado. Rosana, em um estado de paralisia emocional, caminhou até o sofá e, sem forças, se sentou em um canto do estofado.Não sabia quanto tempo havia se passado, mas parecia uma eternidade, até que, quase dormindo, o som da fechadura finalmente interrompeu o silêncio.Rosana levantou os olhos cansados, e Manuel foi lentamente se aproximando dela.Ela perguntou, com calma:— Sua mãe está bem?— Está bem agora.Manuel observava o caos ao seu redor. Ele acreditava nas palavras de Natacha ditas mais cedo no hospital. Mas a raiva de sua mãe contra Rosana não era algo fácil de resolver.Na visão de
Rosana parecia ter percebido o que Manuel estava pensando. Com um sorriso sarcástico, ela disse:— O filho do Sr. Manuel ainda vale dois milhões de reais, não é?Manuel ficou em silêncio por um longo tempo, e depois, com um sorriso frio, respondeu:— Se for possível resolver isso com dinheiro, melhor assim."Assim, também me livro da culpa, me livro da frustração. Agora sei que, na verdade, Rosana não é diferente das outras mulheres lá fora."Rosana respondeu:— Está bem, eu faço o aborto, pego o dinheiro e vou embora para o exterior.Sem expressão no rosto, Manuel tirou um cheque e entregou a ela um cheque no valor de dois milhões de reais. Ele disse:— Espero que você resolva essa questão com o filho em até três dias.Os olhos de Rosana estavam ardendo de tanto chorar.Ela já havia presenciado a frieza de Manuel, e sabia qual seria a resposta dele. Mas, mesmo assim, quando ouviu com seus próprios ouvidos as palavras de Manuel, ainda sentiu o coração ser cortado por uma lâmina afiada.
— Isso não é um absurdo? — Natacha lançou um olhar fulminante para Joaquim. — Além daquele homem irresponsável, você acha que poderia haver mais alguém? Joaquim, um pouco surpreso, perguntou: — O que o Manuel disse sobre isso? — O que o Manuel pode dizer? Ele nem quer o próprio filho, deixou a Rosana sozinha para resolver tudo sozinha. — Natacha balançou a cabeça, exasperada. — Sério, é a primeira vez na vida que vejo um homem ainda mais irresponsável do que você era antes! Joaquim deu um suspiro, surpreso e sem entender, respondeu: — Será que não dá para, toda vez que falamos do Manuel, você não ficar jogando a culpa em mim? Quando você estava grávida, eu disse alguma vez que não queria o nosso filho? Qual pai seria capaz de rejeitar o próprio filho? — É, qual pai faria isso? Só se fosse um homem irresponsável! — Natacha resmungou, já mexendo no celular. Joaquim, sem querer que ela continuasse, tentou impedi-la, perguntando: — O que você está querendo fazer agora? Vai