- É tudo culpa sua, desgraçada! Você arruinou a vida da minha filha, eu vou lutar com você! Por quê? Por que não pode perdoar a minha filha? Ela ainda é uma criança!A voz do homem transbordava de fúria.Julieta, contudo, mal conseguia ouvir com clareza.Tudo o que ela podia sentir era dor.Dores agudas no ventre, tão intensas que mal conseguia respirar.- Julieta? - Francisco rapidamente se aproximou, observando o rosto pálido de Julieta, e imediatamente franziu a testa. - Como você está?Julieta segurou a mão de Francisco.- Dói... Meu ventre... Precisamos ir ao hospital... Agora!Francisco estreitou os olhos levemente, ergueu ela nos braços e se apressou para fora.Enquanto se movia, ainda lançou um olhar para trás, na direção do homem.- Atacar alguém em frente a uma delegacia? Espero que isso seja investigado a sério.Os funcionários da delegacia imediatamente sentiram um frio na espinha, concordando rapidamente:- Sr. Francisco, pode ficar tranquilo, vamos cuidar disso.Dito isso
Mesmo naquele momento, ele ainda se recusava a oferecer qualquer esperança a ela.Não desejava o filho.Desde o começo, sua postura nunca se alterou, nem por um instante.Uma resposta simples e resoluta, como uma espada afiada, ceifou todas as esperanças dela.Julieta soltou lentamente a mão que agarrava a de Francisco com firmeza.- Desculpe. - Sussurrou ela, baixinho.Não sabia a quem se dirigia.Talvez fosse para Francisco.Talvez para o filho que carregava no ventre.Ou, quem sabe... Para si mesma.“Desculpe...”Fechou os olhos, enquanto uma lágrima deslizava silenciosamente pelo canto do olho.Já não podia discernir se a dor física superava a dor emocional.Apenas sentia um frio tomando conta de seu ser, ao passo que um fluxo morno descia da parte inferior de seu corpo.Os lábios de Julieta empalideceram levemente.Como se algo estivesse se esvaindo, em silêncio.Francisco segurava o volante com uma das mãos com firmeza.Com a outra, sentiu a mão dela se afastar da sua.Pela prime
- Desde o início, ela sabia que eu não queria esse filho, não deveria ter escondido. - Francisco pronunciou essas palavras e saiu.Rafael o seguiu de perto.- Irmão, o que realmente pensa? A Julieta esteve ao seu lado por três anos, você realmente não sente nada por ela? Se não sente, por que insiste em mantê-la por perto? Seria melhor deixá-la ir, assim, você poderia ficar bem com a Mayara.Francisco parou bruscamente, olhando para Rafael com os olhos semicerrados.- Rafael, não pense que, por ser meu irmão, pode se meter nos meus assuntos pessoais!Rafael engoliu em seco.- Irmão, não é isso que estou tentando dizer, é só que... Deixa pra lá, vou ser honesto com você. No fundo, eu a considerava minha cunhada. De qualquer forma, acho que ela é melhor que a Mayara.Francisco olhou para ele, seus lábios se moveram ligeiramente, mas, no fim, não disse nada.Fora da sala de emergência, Olívia chegou correndo.Ao ver Francisco, correu direto para ele.- O que aconteceu? Como ela pode ter p
O choro no quarto prosseguiu incessantemente.Francisco permaneceu junto à porta, imóvel.Não se podia determinar quanto tempo se passou, mas quando o choro finalmente cessou, ele observou o cigarro em sua mão.Ergueu a mão e descartou o cigarro amassado na lixeira, pegou outro novo e se dirigiu à área destinada aos fumantes.Olívia chegou após o trabalho.Julieta se encontrava sozinha na cama do hospital, seus olhos ainda reluziam com o brilho das lágrimas recém-derramadas.Olívia esboçou um sorriso constrangido.- Na verdade, talvez seja melhor assim. Caso contrário... Você teria que cuidar da tia e do bebê sozinha, o que seria exaustivo.Julieta precisou de um esforço imenso para conter as lágrimas.Ela concordou com a cabeça.- Eu sei.Como poderia não estar ciente de sua própria situação?Talvez, de fato, fosse melhor que o bebê não tivesse nascido.Caso contrário, ele também padeceria junto a ela.Contudo, seu coração permanecia insuportavelmente aflito.Percebendo seu estado, Ol
Ao ajudar Julieta a se sentar, ele em seguida passou a tigela de canja para as mãos dela. Talvez por fraqueza, ao receber a tigela, ela quase não conseguiu segurá-la com firmeza. Francisco, rápido, segurou a tigela, seus olhos refletiam um quê de resignação.- Como não consegue segurar nem uma tigela? - Disse ele, levantando uma sobrancelha. - Quer que eu te alimente?- Não é necessário, eu consigo sozinha.Julieta tentou pegar a tigela novamente, mas Francisco não a soltou. Ele se sentou ao lado da cama, olhando para Julieta com um olhar tão complexo que se tornava indecifrável. Julieta desviou o olhar.- Manter o bebê foi minha escolha. Não conseguir salvá-lo... Eu não culpo ninguém, então você não precisa se sentir em dívida comigo.Francisco colocou a tigela de lado e limpou as mãos. Com um ar sério, jogou o lenço no lixo antes de falar.- Julieta, nosso acordo sempre foi uma troca justa. De fato, eu não te devo nada. Pelo contrário, você, ao esconder a gravidez, violou nosso
Francisco não levou a sério as palavras dela.Falou de maneira calma:- Julieta, você deveria saber que não tem o direito de dizer que acabou. Você escondeu a gravidez e eu posso deixar isso de lado, mas agora também não pode usar o aborto como desculpa para nos separarmos.A voz do homem estava desprovida de emoção.Julieta esboçou um sorriso amargo.Sim, ela realmente não tinha esse direito.O acordo que haviam assinado nunca foi justo com ela.Na presença dele, sempre foi desprovida de direitos.Sem direito a se irritar, sem direito a caprichos, até mesmo sem o direito de dizer que queria terminar.- Se sentindo injustiçada? - Perguntou Francisco.Julieta riu levemente.- Não.Não havia histeria, apenas uma tristeza suave.Uma tristeza que, de certa forma, sufocava.Francisco sentiu um aperto no coração.Virou Julieta para que ficasse de frente para ele e disse:- Julieta, desde que decidiu manter esse filho, deveria estar preparada para enfrentar todas as consequências. Agora, esse
Na calada da noite, um carro deixou o hospital e estacionou do lado de fora de uma fábrica abandonada nos subúrbios.Francisco chutou a porta de uma oficina e, imediatamente, se ouviu xingamentos vindos de dentro.- Maldita! Ela arruinou minha filha e ainda quer me arruinar? Vocês estão conluiados, governo e empresários, eu quero que ela pague caro! Quando eu sair, vou matá-la!Francisco moveu os pulsos, um pouco rígidos, apanhou um bastão do chão e o avaliou em sua mão.Sem esperar por uma reação, acertou a perna do homem com o bastão.O som de ossos quebrando ecoou, junto com gritos, pelo galpão abandonado.Francisco descartou o bastão, acendeu um cigarro e perguntou:- Quem te mandou fazer isso?O homem, pálido de dor, olhou para Francisco com olhos repletos de terror.- Foi ela que arruinou minha filha! Claramente, foi ela que arruinou minha filha! Por que eu não poderia empurrá-la?Sr. Otávio, ao lado, suava frio, preocupado com as consequências de ferir seriamente alguém.- Sr. F
Francisco a carregava para fora, enquanto as pessoas que transitavam pelo hospital observavam.Julieta se sentia desconfortável sob tantos olhares.- Eu posso andar sozinha.Francisco olhou para ela:- Tem certeza de que consegue?- Tenho.Francisco a observou, mas não demonstrou intenção de colocá-la no chão.Quando a porta do elevador se abriu e estavam prestes a entrar, Francisco hesitou.Julieta olhou para trás e viu Mayara e Gustavo dentro do elevador.Mayara também tinha uma faixa no braço.A testa de Francisco se franziu imediatamente.- O que aconteceu?Mayara virou a cabeça para o lado:- Não é nada.Gustavo sorriu:- Francisco, Mayara te ligou ontem à noite. Por que você não atendeu? Ela se machucou ontem, fomos nós que a levamos ao hospital.O olhar de Francisco caiu na faixa do braço de Mayara.- Como se machucou?Os olhos de Mayara começaram a se encher de lágrimas.- Você se importa?Francisco deu uma risada leve:- Se você não quer falar, então não insistirei.- Como pod