Mayara mantinha sua expressão compassiva.- Não pretendi dizer mais nada, Sra. Julieta, por favor, não se aborreça.- Srta. Mayara, você se preocupa demais. - Ditas essas palavras, Julieta se virou e deixou a sala reservada.No exato momento em que a porta se fechou, ela observou Francisco passando um lenço para Mayara.Mayara não o aceitou.Ele, resignado, utilizou o lenço para enxugar as lágrimas dela.- Já é adulta, por que ainda chora tanto?- Eu realmente não queria.- É muito feio.Ao dizer que era feio, o sorriso em seu rosto não se esvaiu.Julieta segurava a maçaneta com firmeza, seus nós dos dedos embranqueceram.Justamente na véspera, Francisco lhe disse com extrema seriedade: “Chorar é inútil. Não espere que o choro amoleça meu coração.”.Julieta sempre pensou que o coração desse homem fosse de pedra.Ao longo dos anos, perante ela, ele certamente podia ser considerado um ser com o coração petrificado.Seu coração não se amolecia com suas lágrimas. Tampouco recuava com seus
Julieta pendurou sua bolsa no cabide e trocou os sapatos.- Fui passear no mercado noturno.- Acompanhada de quem?Julieta hesitou, mas optou por não ocultar a verdade.Diante da postura de Francisco, era provável que ele já suspeitasse de algo.- Sozinha. Apenas encontrei o advogado Heitor no caminho de volta e ele me ofereceu uma carona até em casa.Francisco a observou do sofá.- Um encontro por acaso?- Sim, por acaso.- Que coincidência.Ele soltou uma risada sarcástica e bateu no espaço ao seu lado no sofá.- Vem, senta aqui e conta mais sobre essa coincidência.Julieta sentiu a tensão no ar.A irritação de Francisco era palpável.Começou a explicar, com um tom amargo na voz:- Estava esperando um carro na rua quando ele passou e me ofereceu uma carona. Sr. Francisco, não sou tão encantadora a ponto de ter alguém à minha disposição com um simples telefonema.A expressão de Francisco escureceu, como se tinta preta a cobrisse.Ele riu de forma gelada:- Sra. Julieta, seria prudente
Francisco conhecia tão bem o corpo dela.Em pouco tempo, ele a deixava completamente fraca com seus beijos.Ela, instintivamente, abriu os dentes, permitindo uma invasão ainda mais profunda.Na escuridão, seus corpos se uniam como os de todos os amantes do mundo, íntimos e inseparáveis.Francisco parecia mais descontrolado do que na noite anterior.Era tanto uma punição quanto um desabafo, mas sem carinho algum.Ele sempre foi dominante na cama, um homem que gostava de controlar, e aquela noite não foi exceção.Mas, naquela noite, ele a segurava pela cintura, fazendo ela se sentar sobre ele.Com suas mãos grandes acariciando sua cintura por um momento, se sentou e mordeu o lóbulo de sua orelha.Julieta, subconscientemente, o abraçou mais forte.Foi então que o celular dela tocou, de repente.Julieta, com a mente turva pelo desejo, observava enquanto Francisco pegava o telefone e atendia.A voz de Heitor veio do outro lado.- Julieta, você tem um tempo amanhã? Preciso que veja alguns do
Julieta voltou a si, sacudiu o corpo e retornou ao quarto.O celular de Francisco estava tocando incessantemente.As mensagens não paravam de chegar, sem que ele soubesse quem as enviava.Francisco olhou para o aparelho com impaciência, então decidiu fazer uma ligação.- Você só precisa levá-la de volta.Do outro lado da linha, a voz de Gustavo soava incerta:- Francisco, Mayara bebeu demais e está chamando seu nome, dizendo que você não gosta mais dela. Vocês brigaram?Francisco acendeu um cigarro e deu uma tragada profunda.- Não.Mayara, caprichosa e temperamental, frequentemente fazia birras.Ela gostava de ser mimada, por isso, muitas vezes, criava pequenos dramas intencionalmente.Como naquele dia.Quando ele voltou, Mayara não estava muito receptiva, mas ele insistiu em ir para casa.- Então, venha buscá-la logo.Francisco franzia a testa.- Se você não puder levá-la, ligue para a casa dela e peça que mandem um motorista.Gustavo estava confuso.- Francisco, o que você está faze
Portanto, no final, ele não insistiu mais e permitiu que Julieta fosse.Deixou ela fazer o que bem entendesse.Contanto que ela não violasse as condições do contrato, ele não se importaria.Francisco segurava um cigarro entre os dedos, não aceso, com uma expressão enigmática no rosto, ignorando Gustavo e também não dando atenção a Mayara.Na sala, um olhar trocado entre eles revelava mais do que palavras.Era evidente que haviam discutido mais uma vez.Desta vez, Mayara estava visivelmente triste, se levantou e se afastou.Vendo isso, Gustavo agiu rapidamente, puxando ela de volta e empurrando ela na direção de Francisco.Mayara estava abalada.- Você está chateado comigo por tê-la feito beber? - Perguntou ela.Francisco ergueu os olhos para encontrá-los com os dela:- Já que você imagina que isso me chatearia, evite fazer algo assim da próxima vez.Mayara fez um beicinho:- Não tive segundas intenções, só queria me desculpar por ter atrapalhado o trabalho.Francisco concordou. Não con
Julieta foi pega de surpresa pelas palavras de Olívia.Ela sorriu, sem palavras:- Como poderia ser?Quem já viu Francisco e Mayara juntos dificilmente diria algo assim.Provavelmente, Mayara era a única pessoa que ele não conseguiria esquecer. Sua gentileza sempre foi direcionada exclusivamente a ela.- Por que não seria possível? - Insistiu Olívia.Julieta não respondeu, desviando rapidamente o assunto.- Faz tempo que não saímos para comer. O que você gostaria? Eu pago.Como previsto, ao mencionar comida, Olívia esqueceu o assunto anterior.- Me deixe pensar...No fim, Olívia escolheu um restaurante que estava em alta na internet.As duas entraram no restaurante rindo, mas não esperavam encontrar Gustavo lá.Ele estava acompanhado de uma mulher.Ao ver Julieta, o olhar de Gustavo vacilou por um instante.Julieta, ignorando Gustavo, guiou Olívia para o interior do restaurante, em direção oposta à dele.Depois de se sentarem, Olívia foi ao banheiro.Aproveitando sua ausência, Gustavo
Julieta segurava o cardápio com as mãos cada vez mais firmes:- É mesmo? Se eu determinar o preço, você teria coragem de desejar alguém que pertence ao Sr. Francisco?Gustavo sorriu com uma desinibição crescente.- Não se preocupe, Sra. Julieta. O Sr. Francisco mencionou que, se eu conseguisse fazer uma oferta que a levasse a sair comigo, então você estaria livre para ser minha.O cérebro de Julieta zumbia, seu rosto empalideceu instantaneamente.Ela suprimia a dor tumultuosa em seu coração e forçava um sorriso.- Quando ele disse isso?Pensava se teria sido durante alguma recente discussão com Francisco.Francisco, embora frio e distante, exercia um controle muito firme.Dizer que ela queria deixá-lo certamente o desagradaria.Quando irritado, fazer tal declaração era típico dele.Assim como naquela vez no clube, ele mencionou que, se ela quisesse, poderia ir com Gustavo.Mas, no instante seguinte, Gustavo destruiu sua última esperança.- Foi há alguns dias, quando mencionei a ele que
Olívia ficou estupefata por um momento.Quando Julieta insistiu no aborto do bebê, ela disse que queria terminar com Francisco.Mas, depois que a criança não foi abortada, talvez pelo bebê, essa decisão foi postergada.Durante esse período, ela quase não mencionou Francisco.Por que, então, ela trouxe isso à tona?- O que esse desgraçado do Francisco fez desta vez para ser tão cruel? - Olívia a encarou. - É por causa da Mayara?Julieta balançou a cabeça:- Essa ideia sempre esteve aqui.Apenas... Por várias razões, ela nunca conseguiu deixá-lo.Seja por causa de Dario, as despesas médicas de sua mãe, ou agora... O bebê em seu ventre.Todos esses eram seus motivos de preocupação.Ela realmente conseguiu economizar para as despesas médicas de sua mãe por alguns meses.Mas, com o bebê, ela não podia garantir que conseguiria trabalhar, logo após se afastar de Francisco.Além disso, após o nascimento do bebê, os custos de criação e cuidado serão altos. Sem economias suficientes, se tornará