O ar ao redor parecia envolto em uma espessa camada de melancolia.No entanto, a expressão no rosto de Francisco permanecia calma, sem mostrar qualquer alteração. Ele até folheou calmamente o registro de chamadas perdidas em seu telefone. Até que parou bruscamente ao ver a chamada perdida de Julieta.O telefonema de Julieta tinha sido alguns minutos antes daquela foto de Jacó. Isso significava que Julieta tinha tentado ligar para ele antes de ser capturada. A mão que segurava o celular se apertou mais forte, involuntariamente.Nesse momento, seu celular tocou novamente. O homem atendeu o telefone com uma expressão séria.- Irmão Francisco! A Gerente Julieta está em apuros! - A voz quase incontrolável de Rafael tremia ligeiramente.Francisco baixou as pálpebras, escondendo o frio que emergia em seus olhos:- Como estão as coisas agora?Rafael abriu a boca várias vezes, antes de finalmente dizer:- Ainda não sabemos se ela está viva ou morta.- O que você disse? - Em um instante, as sobr
A algumas dezenas de metros de distância, sobre as rochas, uma figura branca.Francisco nadou para aquela direção. Ao chegar mais perto, ele de repente diminuiu a velocidade. Olhando para a mulher deitada à beira das rochas, ele se sentiu quase incapaz de tocá-la.Ela estava bem quando ele partiu na noite anterior, mas agora, jazia ali, como se não tivesse mais vida.Francisco sempre se considerou uma pessoa bastante calma, sem grandes oscilações emocionais. No entanto, naquele momento, sentiu um medo súbito.Suas mãos quase tremiam enquanto seguravam a cintura da mulher, então ele a abraçou fortemente.A fita que estava colada em sua boca provavelmente se soltou com a água do mar e as cordas que amarravam suas mãos também se soltaram. Suas mãos estavam cobertas de feridas de fricção.Foi só quando Francisco a abraçou que sentiu o frio. Não havia mais nenhum calor no corpo dela.Ele baixou os olhos e seu rosto pálido mostrava uma fragilidade nunca vista antes.Os cantos de seus lábios
- Francisco, você não percebeu? Ela não quer que você a toque!Francisco, com o rosto contorcido de raiva, retorquiu:- Carlos, vou dizer mais uma vez, entregue ela para mim!Carlos, por sua vez, não mostrou qualquer intenção de soltá-la.À medida que parecia que os dois estavam prestes a entrar em confronto físico, de repente, Benjamin interveio:- Deixe comigo.Assim que terminou de falar, ele se aproximou, abraçou Julieta e caminhou rapidamente em direção ao carro.Francisco, um pouco atordoado, seguiu-os e entrou no veículo.Carlos, sem hesitar, dirigiu rapidamente em direção ao hospital.Desde o momento em que Carlos a levantou, Julieta caiu novamente em inconsciência. Durante o trajeto, ela não recuperou a consciência.Lágrimas continuavam caindo, mas ela se manteve obstinadamente silenciosa, sem emitir sequer um murmúrio.Francisco, com os dedos tremendo, continuava a enxugar suas lágrimas, uma após a outra.- Passe um cobertor aqui. - Francisco de repente falou.Carlos rapidame
Francisco sabia que pedir desculpas já não tinha mais efeito algum, mas parecia ser a única coisa que ele conseguia dizer.Ninguém sabia que, quando foi levado para a Aldeia de Y, ele já havia enfrentado várias situações de extremo perigo.Nas primeiras vezes, quase fora estrangulado pela própria mãe. Nas seguintes, ele mesmo desejava morrer.Somente após chegar à Aldeia de Y começou a surgir nele um tênue desejo de continuar vivo.Embora os tratamentos subsequentes o fizessem esquecer muitos detalhes desses eventos, o nome "Viviane" permanecia gravado em sua mente como uma marca indelével.Ela era a sua salvação.Naquela circunstância, ele não podia simplesmente deixar Mayara, mas também não antecipou colocar Julieta em tal risco.Francisco segurava a mão de Julieta firmemente, com os olhos fixos em seu rosto pálido e frágil, sentindo uma opressão no peito que o impedia de respirar.Até aquele momento, ainda via Julieta inerte sobre as rochas.O homem fechou os olhos por um instante e
Julieta ainda estava inconsciente e, mesmo que precisasse falar com Francisco, seria impossível contornar a atitude dela.Assim, nada podia ser feito.Mas, se Julieta acordasse e precisasse de ajuda, ele certamente não hesitaria em oferecê-la.Quando Julieta despertou, já havia escurecido. Abrindo os olhos, ela ainda se sentia um pouco atordoada, mas, antes que pudesse se recuperar completamente, ouviu alguém perguntar:- Acordou?Uma voz tão familiar, mas, estranhamente, não provocou nenhum tumulto em seu coração.- Sim. - Respondeu Julieta, baixinho.- Está sentindo algum desconforto? Vou chamar o médico para você.De repente, Julieta percebeu que Francisco segurava sua mão até aquele momento.Ela baixou os cílios, sem mostrar qualquer reação adicional.O médico chegou e a examinou.- Embora esteja acordada, a infecção pulmonar e os ferimentos físicos ainda não se recuperaram completamente, então você precisa continuar repousando.Julieta respondeu:- Tudo bem, obrigada, doutor.Após
A atitude de Francisco era extremamente resoluta.Ele olhava para Julieta com os olhos avermelhados.- Julieta, eu já disse muitas vezes, eu não concordo, você pode esquecer isso! Vou dar uma lição em Jacó, você deve cuidar da sua saúde e parar com essa teimosia.Ao ouvir essas palavras, Julieta sentiu apenas uma amarga desolação em seu coração.Ela se apoiava na beira da cama, como uma boneca que poderia se quebrar ao menor toque.Mas em seus olhos, havia apenas teimosia.- Francisco, eu realmente não quero mais ficar com você. Desde que você me deixou sozinha, quando minha mãe estava à beira da morte, desde que você, sabendo que eu estava em perigo, ainda assim foi procurar Mayara, eu não quero mais ficar com você. Mesmo sem esse sequestro, eu ainda não quero ficar com você! - Depois de falar, os olhos de Julieta ficaram vermelhos.Francisco olhou para a mulher frágil à sua frente e seu coração doeu intensamente.- Isso não depende de você, você deve saber que eu tenho maneiras de fa
Julieta sorriu e acenou com a cabeça. Olívia ajudou ela a colocar as velas no bolo e a acendê-las.- Vamos lá, faça um pedido de paz, para que tudo seja tranquilo daqui em diante, sem mais incidentes como este.Julieta olhou para as velas tremulando à sua frente e pensou consigo mesma: - Espero que eu possa ser livre no futuro.Ela soprou as velas, mas não tinha apetite para comer o bolo. Olívia não insistiu.- O creme não é fácil de digerir. Daqui a pouco trago algo mais leve para você.Julieta baixou os olhos.- Olívia, você pode comprar um celular para mim, pegar um contrato na minha casa e, depois, preparar alguns remédios para mim?As sobrancelhas de Olívia franziram instantaneamente.- Que remédios?- Algo que me faça perder o apetite, que mesmo se eu for forçada a comer, eu vomite imediatamente. - Julieta falou com um sorriso no rosto.Mas Olívia ficou completamente surpresa.- Você está louca? Sabe que seu corpo precisa de nutrientes agora?Julieta deu um sorriso amargo.- N
Mayara ficou paralisada ao ouvir aquelas palavras.Ela não esperava que Julieta dissesse algo assim tão abertamente.Mas rapidamente, seu rosto se tornou sombrio novamente, porque ela percebeu que o rosto de Francisco ficou tão frio quanto gelo depois que Julieta terminou de falar.Francisco não gostou de ouvir Julieta dizer essas coisas.Esse homem não tinha intenção alguma de se separar de Julieta, essa mulher desprezível.- Mayara, volte para quarto. - Ele falou, com sua voz carregada de frieza.O rosto de Mayara ficou terrivelmente pálido.Ela ignorou Francisco e continuou a olhar para Julieta.- Gerente Julieta, eu não quis dizer isso, eu...- Saia daqui! - Julieta realmente não queria ouvir aquele tom fingido dela. Ela levantou os olhos e jogou a ela uma frase. - Ou quer que eu chame a segurança? Srta. Mayara, sendo uma figura pública, se for expulsa não ficará bem vista.Mayara parou, seus olhos se encheram instantaneamente de lágrimas.Ela olhou para Francisco, cheia de mágoa.