Francisco, ao vê-la chorar, hesitou por um instante.— O que aconteceu? Teve um pesadelo?Ele levantou a mão para enxugar a lágrima dela.Julieta voltou a si de repente, esquivando-se instintivamente dele.Ela mesma secou as lágrimas.— Já está tarde, é melhor você ir descansar.Dizendo isso, ela colocou o computador de lado e levantou-se em direção ao banheiro.Lavou o rosto, que ainda estava um pouco vermelho nos cantos dos olhos.Mas o sentimento de estar à beira da morte que teve ao acordar já havia desaparecido.Ela baixou os olhos e viu as marcas das unhas na palma da mão, respirou fundo após um momento e virou-se para sair.De fato, essa sensação vinha ocorrendo desde aquele episódio de ter caído no mar.Aquela sensação de estar à beira da morte e desamparo parecia um pesadelo do qual ela não conseguia se livrar.Durante todo esse tempo, ela pensou que já tinha se acostumado.Mas hoje, ao abrir os olhos e ver Francisco, ela quase não conseguiu distinguir entre sonho e realidade.
Francisco deu uma tragada no cigarro, inclinando-se contra a parede. — Carlos, você sabe que agindo assim, vai acabar trazendo problemas para ela. Ou você se impõe e resolve as questões com sua família antes de procurá-la, ou melhor, fica longe dela.Carlos permaneceu em silêncio por um momento. — E sua família, Francisco, aceitaria ela?Francisco hesitou por um instante com o cigarro.Carlos soltou uma risada fria. — Ou será que você nunca pensou em apresentá-la aos seus? Sua persistência é para mantê-la como amante? Já pensou em casar-se com ela, em oferecer-lhe um futuro?Os dedos de Francisco, segurando o cigarro, tensionaram-se levemente. — Carlos, não está se intrometendo demais?Carlos apenas sorriu, sem levar a sério.— Francisco, eu posso me afastar de Juli por ela. E você, consegue?Francisco ficou atônito por um momento. — O que quer dizer? Finalmente decidiu desistir?Carlos, no entanto, não respondeu, apenas se dirigiu para bater na porta de Julieta.Mas apesar de insistir
Francisco soltou um resmungo e a soltou.Julieta o encarou diretamente, — Francisco, você está louco? Invadir o quarto de alguém no meio da noite! Saia daqui e devolva o cartão do quarto!Francisco soltou uma risada. — Você me deu, agora é meu!O homem, então, tirou outro cartão do bolso. — Este é o cartão do meu quarto. Para ser justo, vamos trocar. Se você não conseguir dormir aqui, pode ir checar o meu quarto.Julieta olhou para o cartão que ele colocou diante dela, irritada, e jogou-o na cara dele.— Saia!Francisco também não pretendia ficar mais tempo ali. Ele realmente só queria ver como ela estava.Agora que sabia que ela estava bem, ele se sentia aliviado.Ele a abraçou, dizendo baixinho, — Juli, tenha bons sonhos esta noite.Então, sem esperar que Julieta se debatesse, ele a soltou.Julieta observou-o partir, sem conseguir definir exatamente o que sentia.......Após dois dias de preparativos, a conferência finalmente começou no horário previsto.Julieta circulava entre as pe
Francisco ficou em silêncio por um momento, — Se eu fosse um pouco mais decente, você teria dançado com Carlos?Os lábios de Julieta se contraíram, — Com quem eu danço é da minha conta!Após dizer isso, ela tentou se afastar, mas Francisco manteve firme seu aperto na cintura dela.— Juli, não dance com ele.Havia uma emoção indecifrável nos olhos dele, — Por favor, não dance com ele.Julieta pressionou seus lábios, finalmente dizendo, — Eu danço com quem eu quiser.Depois disso, ela se virou e foi embora.Francisco observou-a se afastar, com uma expressão sombria no rosto.Julieta voltou para junto de Carlos, dizendo com certo arrependimento, — Desculpa.Carlos parecia resignado, mas no final, apenas suspirou.Como uma estrela em ascensão no Ministério das Relações Exteriores, Julieta sempre estava cercada por pessoas brindando com ela.Ela realmente não bebia muito, mas a frequência das abordagens era alta.Em pouco tempo, ela começou a se sentir tonta.Julieta franziu a testa, coloco
Ao ouvir o grito de Julieta, Francisco sentiu uma pontada de dor no braço.Ele segurou o pulso do homem e retirou a faca de sua mão.— Quem te deu a audácia de tocá-la? — A frieza tomou conta do olhar de Francisco.O homem empalideceu. — Francisco, você sabe quem eu sou!Francisco soltou uma risada fria e enfiou a faca na palma da mão do homem, que havia agarrado Julieta.Um grito de dor ecoou pelo banheiro.Até mesmo as pessoas do lado de fora ficaram assustadas com a cena.Jardins, ao lado, empalideceu ainda mais.Francisco então se voltou para Jardins.— Lembro que já te avisei.A voz de Jardins tremia.— Sr. Francisco, você sabe o estado em que a Mayara se encontra agora? Ela está quase enlouquecendo, mas mesmo assim, ela diz que você a protegerá! Sr. Francisco, o que Mayara fez de tão errado para que você a colocasse num hospício? Ela chora até não ter mais lágrimas!Ao mencionar Mayara, a expressão de Francisco ficou visivelmente perturbada.Nesse ponto, ficou claro.A visita de
Gael só se tranquilizou ao ver que ela realmente estava bem, mas logo depois, seu rosto se contorceu de irritação.— Isso é inaceitável, como ousam fazer algo assim aqui!Emanuel falou, — Professor Gael, pode ficar tranquilo, eu não vou tolerar esse tipo de coisa.Dito isso, ele olhou para Benjamin, esperando claramente por uma reação dele.Benjamin também estava visivelmente contrariado, — Realmente não podemos tolerar isso, Emanuel, apenas leve essa pessoa embora.Com isso, Emanuel assentiu.No repouso, Benjamin fez questão de chamar um médico.O médico tratou Francisco e, após algumas recomendações, partiu.Benjamin estava visivelmente abalado.Tanto o incidente com Julieta quanto a ferida de Francisco nunca deveriam ter ocorrido no Ministério das Relações Exteriores.Se isso viesse a público, não seria apenas o Ministério das Relações Exteriores que seria afetado.Ele deu algumas instruções aos presentes e, então, se aproximou de Julieta.— O que aconteceu hoje...Julieta sorriu, —
Francisco sentiu-se desconfortável.— Julieta, é assim que você me vê? Como alguém que não distingue o certo do errado?Julieta sorriu.Ela queria dizer que sim.Mas, no final, engoliu as palavras.Discutir isso agora já não tinha mais sentido.Francisco levantou-se e foi até ela.— Fique tranquila, se foi ela mesmo, não vou encobrir.Julieta não respondeu, e também não alimentou grandes expectativas.Ela já tinha ouvido promessas semelhantes muitas vezes antes.Mas o resultado sempre foi decepcionante.Ela não queria mais descontar sua frustração com Mayara em Francisco.Afinal, a relação entre eles não obrigava Francisco a tomar partido.E, de qualquer forma, ele a havia salvado hoje.— Vamos embora, voltar para o hotel, — disse Julieta, caminhando para fora.Francisco franziu a testa, seguindo-a, querendo dizer algo, mas sem saber o quê.Os dois saíram do Itamaraty, um atrás do outro.Na calma da noite, Francisco sentiu como se houvesse um abismo entre eles.Aquela distância tornou-
Julieta sabia o que ele queria perguntar, ela mordeu o lábio, — Eu apenas... não quero ficar devendo nada a ele.Quando as dívidas se acumulam, torna-se difícil de pagar.E quando chega ao ponto de não poder pagar, talvez a única opção seja recuar.Ela não queria, nem estava disposta, a recuar por causa disso.Emanuel soltou uma risada, — Tudo bem, se precisar de algo, é só me ligar.— Certo.Francisco, parado na porta, escutou sua voz e seu semblante foi escurecendo pouco a pouco.Então, era apenas para não lhe dever nada.Francisco soltou uma risada fria.Tirou o casaco e, segurando seu celular, caminhou até a janela.— Mantenha Mayara sob vigilância 24 horas por dia.Rafael Melo hesitou, — Irmão, o que aconteceu?Francisco murmurou um breve assentimento, mas não ofereceu uma explicação antes de desligar.Depois que o jantar foi entregue no quarto, Francisco olhou para a comida à sua frente sem nenhum apetite.Ele olhou para o celular e ligou para Julieta usando um número recém-adqui