- Sou eu. – Disse Fabiano.

- Você bebeu... – Falou Teresa.

- Sim, tomei algumas com amigos. – Admitiu Fabiano.

O som do chuveiro vinha do banheiro e Teresa, com a testa franzida, se virou na cama, dormindo de maneira agitada.

A cama ao seu lado estava afunda.

Uma grande mão pousou em sua cintura, seguindo a curva graciosa para baixo, provocando movimentos inquietos.

- Umm... Esta noite não é possível... – Recusou Teresa, com os olhos fechados. Ela, semiconsciente, impediu ele.

Por instinto, ela estava com medo de que prejudicasse o bebê.

A mão parou de repente, descansando em suas costas.

- Durma bem. – Disse Fabiano.

Teresa, exausta, adormeceu rapidamente.

Na manhã seguinte, quando ela acordou, não havia mais calor ao seu lado.

Apenas os lençóis amassados testemunhavam que alguém esteve lá na noite anterior.

Ela se sentiu um pouco arrependida. Como pôde adormecer assim na noite passada?

Teresa se consolou pensando que poderia abordar o assunto novamente naquele dia.

Depois de se arrumar, Teresa foi até o guarda-roupa e escolheu um terno branco para Fabiano, pensando que a gravidez era uma boa notícia. Ela também pegou uma gravata listrada vermelha, a colocando na ponta da cama.

Fabiano já havia voltado da corrida matinal, vestido com roupas caseiras, sentado no sofá. Ele olhou para Teresa descendo as escadas e colocou de lado os documentos que segurava.

- Vamos comer. – Falou Fabiano.

Após o café da manhã, Teresa respirou fundo, dizendo com um leve sorriso de alegria e expectativa no rosto:

- Fabiano, eu preciso te contar algo.

Se ele soubesse que eles teriam um filho, ficaria feliz, certo?

- Eu também tenho algo para te dizer. – Disse Fabiano, com uma voz firme.

- Então, você primeiro. – Disse Teresa, com um sorriso doce e um toque de timidez.

- Teresa, nós... Deveríamos nos divorciar. – Revelou Fabiano. Ele se levantou, pegou os documentos do sofá e os estendeu para ela. – Aqui está o acordo de divórcio. Dê uma olhada, se houver algum problema, farei o possível para satisfazer suas condições.

O coração de Teresa deu uma pausa por um momento, olhando para Fabiano com perplexidade.

Sua mente ficou vazia por um tempo, como se tivesse ouvido errado.

Depois de um tempo, ela recuperou a voz, os lábios se moveram, repetindo aquela palavra:

- Divórcio?

Ele queria se divorciar dela?

Estava tudo tão bem, por que ele de repente queria o divórcio?

Sem aviso, pegou ela desprevenida.

- Aquela noite, fomos ambos obrigados, nos casamos sem escolha real e mantivemos em segredo. Se é assim, é melhor encerrar cedo. – Falou Fabiano com calma, como se estivesse discutindo algo trivial.

O rosto de Teresa ficou pálido, sentindo um ar gélido ao seu redor. Uma sensação de aperto forte como se uma mão gigante estivesse sufocando ela, tornando difícil respirar.

Não, não poderia ser assim.

Ela amava ele por nove anos.

Desde os dezesseis anos, quando ela entrou para a família Marques, até os vinte e cinco, alcançando o sucesso profissional.

Dos primeiros suspiros de amor até os três anos de casamento, esses anos foram entrelaçados com suas preciosas memórias juvenis.

Ela não foi forçada, ela aceitou de coração aberto.

Mas para ele, era uma questão de necessidade.

Engolindo em seco com força, Teresa respirou fundo, encarando ele, se esforçando para manter a voz estável.

- Nesses três anos, não nos demos bem? Você realmente decidiu? Quer se divorciar de mim?

A palavra “divorciar” saiu com um peso doloroso.

- Decidi.

- E quanto aos seus avós...

- Eu vou explicar.

- E se eu...

“Estiver grávida?”

Ele pareceu impaciente, interrompendo ela.

- Letícia voltou para o país.

A respiração de Teresa parou por um momento, suas palavras penetraram em seu coração como uma faca afiada, fazendo o sangue escorrer.

Mecanicamente, ela pegou o acordo de divórcio e disse de forma monótona:

- Bem, vou dar uma olhada.

Não foi sobre ser forçado ou um casamento por necessidade, isso não importava. O que importava era a última frase.

Letícia Azevedo voltou para o país.