Capítulo 04

Maya

Estar no terceiro ano de medicina, não era nada fácil. Ainda mais quando você trabalhava à noite. Estava trabalhando mais do que nunca e estudando loucamente para os exames finais que me libertariam para mais um verão. Andava vivendo em uma contagem regressiva para ir para casa e ver os meus pais que passavam por mais uma fase difícil na vida. A minha mãe encontrava-se doente outra vez. Agora, o câncer era bem mais complicado do que o anterior.

Finalmente as provas acabaram e decidi dar um tempo com o professor de cálculo. O sexo com ele era legal, mas nada que me surpreendesse ou que me desse a aventura que esperava viver com um cara mais velho. Quanto ao Mark, após ter agido como um homem das cavernas, há algumas noites, ele nem mesmo tentou desculpar-se. O que provou que era mais idiota do que eu imaginava.

Era sábado à noite e eu estava de folga devido ao movimento fraco no bar, devido às férias que começavam. Penny me convidou para ir a uma festa na casa de um amigo que eu não conhecia. Ela disse que talvez eu pudesse encontrar a aventura que estava procurando e isso foi o que me convenceu. Sem nada melhor para fazer, eu pensei: por que não?

Arrumamo-nos e ela mandou que eu usasse um dos seus vestidos curtos e decotados. Escolheu para mim um vermelho de alças finas e justo ao corpo, que combinei com lindas sandálias pretas de tiras. Penny também estava muito bonita em um vestido dourado e sandálias brancas que combinaram perfeitamente com brincos reluzentes de diamantes que se destacavam nos seus longos cabelos loiros e bem arrumados em ondas soltas.

O táxi chegou e nós descemos prontas para a noite. Não demorou muito e logo chegamos ao nosso destino. Subimos os degraus até à porta de entrada da bela mansão, onde uma mulher recepcionava todos os convidados que formavam uma fila organizada para entrar.

Observei os convidados que chegavam depois de nós e fiquei impressionada ao ver os carros que estacionavam; todos de luxo que custavam alguns milhares de dólares. Homens desciam acompanhados de lindas garotas, que mais se pareciam com modelos de passarela internacional.

Penny passou o seu braço no meu e arrastou-me para dentro da mansão. Admirei tudo com um olhar atento e encantada com a riqueza de cada detalhe na decoração e na arquitetura moderna do lugar.

— Rick! — Penny chamou um homem que conversava com outros à nossa frente. Ele devia ter trinta e poucos anos e era muito bonito.

— Lola! — disse ele surpreso e, aparentemente, feliz em vê-la.

Ele pediu licença aos homens e veio até nós segurando Penny pela cintura e a puxando para ele. Ela selou os seus lábios com um beijo rápido e passou os seus braços por seu pescoço se dependurando nele. Eu os observei curiosa, imaginando o porquê do apelido.

— Senti a sua falta — disse ela com a voz manhosa, alisando o peitoral do homem. — Você não me ligou. — Fez um biquinho.

— Desculpe-me, querida. Estive viajando, mas te ligarei esta semana — explicou ele, acariciando os seus cabelos.

— Você promete? — perguntou baixo, aproximando os seus rostos.

— Eu prometo — prometeu e lhe deu um beijo no rosto. — Quem é a sua amiga? — perguntou com um olhar curioso para mim.

— Ah... — Penny virou e olhou-me assustada. — Essa é... Valentina, minha amiga.

Olhei para ela com estranheza, sem saber o que estava acontecendo. Por que não me apresentar por meu nome? Por que inventar este?

— Muito prazer, Valentina — disse ele, estendendo-me a sua mão. — Eu sou Rick Carter — apresentou-se levando a minha mão até os seus lábios e depositando um leve beijo no dorso.

— O prazer é meu — respondi com um sorriso simpático, que logo desfiz ao encarar Penny. Ela sorriu para mim e deu-me uma piscada como se me dissesse: “Entre na brincadeira”.

— Venham. Vamos apresentar a sua amiga aos outros — disse Rick a Penny.

Ele passou o seu braço esquerdo ao direito da Penny e ofereceu o seu outro para mim. Eu aceitei e seguimos adiante desfilando em meio aos convidados. Rick nos levou até uma roda de homens que conversavam animadamente e apresentou-me a cada um deles.

Logo conheci um homem que chamou a minha atenção. O seu nome era Evan Johnnes. Alto, branco, cabelos castanho-claros e bem cortados em um corte social que combinava com a sua postura elegante. Os seus olhos eram de um castanho-escuro e o sorriso tão marcante quanto o resto da sua beleza jovem que transpirava sensualidade. Senti-me muito atraída por ele.

— Lola, você nunca trouxe uma amiga antes. Ela é deslumbrante! — Um homem de aparência latina elogiou-me indiretamente. A curiosidade do porquê todos a tratavam por “Lola” só aumentava.

— Valentina é uma amiga querida, e estava sem compromisso para esta noite — respondeu Penny, olhando-me com um sorriso largo. — Mas nem pense nisso, Carlos! — repreendeu o homem de maneira humorada, mas com uma feição séria. — Ela não é o que você espera.

O homem gargalhou e deu mais um gole no seu drinque.

— É o que todas dizem no início — zombou ele, antes de gargalhar na companhia dos demais ao seu redor. Aquilo deixou-me confusa e desconfortável. Senti que estava sendo a piada ali.

Lola? — chamei-a pronunciando o seu apelido com sarcasmo. — Vamos pegar uma bebida no bar? — convidei-a com um sorriso falso nos lábios.

— Está bem. Com licença, rapazes — pediu antes de se afastar comigo, em direção ao comprido balcão de metal dourado e de vidro.

— Que merda é essa de Lola? De primeira, até achei que fosse um apelido ou uma brincadeirinha interna entre você e o seu amiguinho Rick, mas já notei que me enganei — sussurrei enraivecida.

— Acalme-se, Maya — pediu-me, apoiando a sua mão esquerda delicadamente sobre o meu ombro.

— O que estamos fazendo aqui? Estou desconfortável neste lugar, olha só para essas pessoas — disse olhando para os lados. — Não somos como elas, ao menos, eu não sou!

— Não é você quem queria dar um tempo de tudo e viver coisas novas? Eu só quis te ajudar a se divertir. Relaxa. Aproveita a festa que ainda mal começou.

— Por que dos nomes? Valentina? Sério? O que tem de errado com o meu nome? — Observei-a ficar tensa e engolir em seco. — Por que, Penny? — perguntei brava.

— Porque eles não precisam saber os nossos nomes — respondeu entregando o seu nervosismo na voz.

— Estamos até parecendo garotas de programa com os seus pseudônimos — disse antes de levar a taça de Martini à boca.

Penny ficou em silêncio e imóvel, encarando-me com os olhos assustados segurando a sua taça de champanhe com as duas mãos próximas ao peito. Foi então que comecei a entender tudo.

— Ah, meu Deus... Penny! — chamei o seu nome com repreensão. — Por favor... não me diga que é isso que estamos fazendo aqui.

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