Patrícia não percebeu sequer uma onda de emoção nos olhos dele. Refletindo sobre a arrogância daquela mulher, entendeu que ela também não deveria ser uma pessoa fácil de lidar.Teófilo, percebendo que ela poderia estar pensando demais, fez algo raro, ele quase nunca se explicava. Se agachou diante dela, segurando suas mãos nas dele, num gesto de proximidade e cumplicidade. Mesmo agachado, seu porte ainda a sobrepunha, mesmo com Patrícia sentada.No entanto, Teófilo não se importava, ele ergueu seu queixo, com uma expressão séria e concentrada:- Paty, quando eu era pequeno, morei na casa da minha tia. Luana e a família Soares eram muito próximas e nos encontrávamos durante as festas, só isso.Vendo o quanto ele estava sério, Patrícia se sentiu até um pouco constrangida:- Eu nunca duvidei de você, Teófilo.Ele segurou a mão dela com firmeza, garantindo:- Não quero que você se sinta incomodada por pessoas que não têm importância. Se isso acontecer, você precisa me contar.Essa garan
Ela não era tola, apenas tinha perdido a memória temporariamente. Como poderiam jornalistas aparecer de repente em um corredor que havia sido cuidadosamente inspecionado antes? E aquela mulher, com maquiagem impecável e vestido elegante, como poderia tropeçar tão facilmente de salto alto? Evidentemente, tudo havia sido cuidadosamente arranjado por ela.Embora o plano fosse simplório, se mostrava eficaz. No entanto, Patrícia não conseguia entender por que alguém utilizaria tal estratagema contra Teófilo, que, apesar de sua nobre linhagem, era apenas um alto executivo."Como ele reagiria ao gesto da mulher se jogando em seus braços?" Patrícia descobriu que não estava tão perturbada quanto esperava, na verdade, permanecia bastante calma, aguardando a resposta de Teófilo.Quando uma mulher delicada tropeça, qualquer pessoa, especialmente um homem, teria o instinto de ampará-la. Teófilo, contudo, estava ao telefone quando tudo ocorreu, sua alta estatura se destacando contra a luz, se m
A mão que Luana estendeu era extremamente branca, porém, marcada visivelmente pelas vicissitudes da vida, não podia ser considerada bonita. Se diz que as mãos são o segundo rosto de uma mulher.Pelas mãos, se podia deduzir que Teófilo também não a tratava tão bem, aquelas mãos, calejadas, certamente não eram estranhas ao trabalho pesado.Em contraste, Luana estendia sua própria mão, mimada desde a infância e sempre cuidada com tratamentos semanais de corpo inteiro, fazendo suas mãos parecerem extremamente atraentes. Os dedos eram longos e proporcionais, as palmas, brancas e macias, e até as unhas estavam impecavelmente cuidadas.O glitter das unhas brilhava, como um item de luxo em uma vitrine. Ao fazer essa comparação, um forte senso de superioridade surgiu em Luana. Ela estava certa de que venceria essa disputa.- Obrigada. - Luana aceitou a gentileza de Patrícia sem hesitação, e ao tocarem as mãos, fez questão de mostrar a disparidade entre elas. Afinal, como dama de uma nobre f
O ambiente estava visivelmente constrangedor. Luana, respirando fundo, tomou a iniciativa:- Você disse que queria se casar comigo, não esperava que se casasse tão rapidamente com outra pessoa. Quando foi o casamento? Você nem me avisou.Essa declaração saiu com uma força tão intimidadora que Patrícia se virou, buscando uma explicação de Teófilo. O olhar dele, frio como gelo, se fixava em Luana de maneira implacável:- Eu e a Srta. Luana não somos amigos nem familiares, por isso, não vejo razão para te informar. Quanto à sua alegação de que eu queria me casar com você, não passou de uma brincadeira infantil que você levou a sério demais. Foi reclamar com os adultos quando eu disse não?Essas palavras deixaram Luana constrangida, e ela mal podia acreditar que Teófilo, depois de tantos anos sem se verem, se tornaria uma pessoa tão distante.Recordando o que Diana tinha lhe dito, que Teófilo também agia assim com ela, Luana encontrou algum consolo. Parece que ele é assim com todos, por
Depois de falar, Teófilo segurou Patrícia pela mão e saiu, deixando para trás uma Luana furiosa.Esse homem, ainda mais insensível do que quando era criança, lembrava uma imensa pedra dura e fria, impermeável a qualquer emoção.Vendo os dois de mãos dadas se afastarem, Luana quase triturou os dentes, consumida pela raiva.Um sorriso frio surgiu no canto de sua boca, como o de uma serpente à espreita nas sombras, seus olhos emitiram um brilho verde sinistro enquanto ela sibilava friamente.Ao lado, Patrícia olhou para Teófilo, que percebeu seu olhar e abaixou a cabeça:- O que foi? Se tiver algo a dizer, fale diretamente, não fique apenas pensando.Patrícia arqueou as sobrancelhas:- Na verdade, tenho uma dúvida. Você realmente pensou em matar a família dela?- Sim, pensei. - Teófilo não hesitou. - Minha mãe tinha problemas de saúde mental e raramente cuidava de mim quando eu era pequeno. Naquele ano, minha tia me levou para fortalecer os laços familiares, e foi então que conheci Luana,
Neste corredor, apenas ela e Teófilo estavam presentes. Patrícia já podia ouvir a música barulhenta e a voz do apresentador vindas detrás da cortina, indicando que estavam em algum evento.Ela não entendia por que Teófilo a levou a um evento de forma tão misteriosa. Olhando para Teófilo, ela sussurrou:- Que tipo de evento é este? Você deveria ter me avisado antes para que eu pudesse me preparar mentalmente.Uma luz acima iluminava o rosto bem definido do homem, suavizando suas feições marcantes.- O tipo de evento não importa, o que importa é que estamos participando juntos.Do lado de fora, a voz do apresentador ecoava, e pelos aplausos, Patrícia deduziu que estavam em um jantar de premiação de um festival de cinema.Isso fez Patrícia ficar ainda mais curiosa sobre a identidade de Teófilo. Ele não era o responsável por um grande projeto de construção? Como poderia estar presente em um evento desses?Nos dias após acordar, bastaria a Patrícia fazer uma pesquisa na internet para desc
Patrícia estava com a mente perturbada e o coração acelerado. Parece que esse momento era algo que ela esperava há muito tempo. Ela não disse uma palavra, apenas observou Teófilo, que brilhava intensamente sob tantos olhares. O amor transparece em seu olhar.- Antes, eu amava demais minha esposa, a ponto de escondê-la, ocultando todo o seu brilho. Agora, quero devolver a ela toda a luz que é dela por direito.Teófilo tentou, com todo o seu esforço, escondê-la para protegê-la, mas no final, quem a machucou mais foi ele mesmo. Por isso, ele queria tentar de outra maneira, fosse compensando ou cuidando dela. Se era isso que Patrícia desejava, ele faria de tudo para satisfazê-la.Ele não queria mais esconder Patrícia, ele queria dizer a todos que ela era sua esposa.O microfone amplificava a voz de Teófilo por todos os cantos, e o coração de Patrícia batia tão alto que quase se ouvia. Em meio à confusão dela, Teófilo segurava sua mão gentilmente, ele continuou o discurso:- Hoje, estamo
Após a cerimônia de premiação, Teófilo conduziu Patrícia até seus lugares reservados. Quando as luzes se extinguiram, ela lhe sussurrou no ouvido dele:- Por que você não me avisou antes? Não tive tempo para me preparar e acabei parecendo uma tola no palco.Teófilo, ao ouvir a reclamação, deixou escapar um sorriso indulgente no canto dos lábios.- Queria surpreendê-la.- Isso foi mais assustador do que surpreendente. Estou com as mãos suadas agora. Preciso ir ao banheiro.- Tudo bem.Patrícia se levantou e, sob um olhar atento de Teófilo, Gabriel e seus acompanhantes a seguiram, garantindo sua segurança de forma discreta. Enquanto isso, Teófilo relaxava na cadeira, girando a aliança de casamento nos dedos enquanto um brilho frio surgia em seus olhos.O celular vibrava incessantemente no seu bolso. Após silenciá-lo várias vezes e as chamadas persistirem, ele finalmente se levantou para atender.Patrícia, ainda extasiada com o prêmio, se sentia estranhamente leve, embora seu humor fosse