Patrícia estava começando a se acostumar com os dias sem memória, embora seu coração se sentisse frequentemente vazio, e, às vezes, ela se pegava olhando fixamente para algum lugar, perdida em pensamentos. Teófilo, por outro lado, amava ela profundamente, provando que o amor poderia derreter qualquer barreira. Patrícia contava os dias até a viagem ao exterior com Teófilo, se lembrando de que costumava viajar pelo mundo durante as férias. Ela havia visitado muitos lugares, mas, infelizmente, agora não se lembrava de nada.Ela estava ansiosa pela vida no exterior, parecia que seu verdadeiro desejo não era permanecer naquela cidade. Antes de partir, quis prestar homenagem aos seus entes queridos, sem saber quando poderia voltar. A cidade A, ao entrar no inverno, estava quase totalmente coberta de neve, o clima era frio e as estradas, muito escorregadias. Envolta em um casaco grosso, Patrícia estava protegida contra o frio. As montanhas eram difíceis de escalar e Teófilo estendeu a m
O homem que antes era tão paciente com ela agora parecia não querer se demorar, apressando ela, ele disse:- É apenas o túmulo de outra pessoa, não há nada para ver. Vamos embora.Patrícia pensou que não era correto falar assim, mas mesmo assim, olhou mais um pouco.- É estranho, se ela não se chamasse Isabela, eu poderia pensar que era uma parente dos Amaral. - Patrícia repetiu para si mesma. - Isabela, por que esse nome me soa tão familiar? Teófilo, eu a conhecia antes?Este túmulo foi restaurado para Isabela depois que confirmaram que Rafaela não estava morta. Todas as informações foram alteradas para Isabela. Patrícia não imaginava que sua obsessão fosse tão profunda.Teófilo, tentando manter a calma, respondeu vagamente:- Não, você não a conhece.Patrícia olhou mais algumas vezes antes de desviar o olhar:- Devo estar pensando demais, é normal haver pessoas parecidas no mundo. Vamos embora.Teófilo pegou o casaco e o colocou sobre ela, com um olhar cheio de ternura:- Sim, a nev
Patrícia não sabia quais eram os planos de Teófilo, apenas deixou que lhe aplicassem diferentes tipos de maquiagem no rosto. De vez em quando, ainda se ouviam elogios:- Nossa, a pele da senhorita é tão delicada, dá para ver que foi muito bem cuidada pelo presidente Teófilo.- Não só a pele, esses traços faciais... vocês encontram algum defeito? Na minha opinião, já maquiei muitos artistas, e sejam eles naturalmente belos ou não, é difícil encontrar alguém tão perfeito.Patrícia, um pouco atordoada com os elogios, perguntou timidamente:- Então, para onde exatamente vou me vestir assim?O maquiador pareceu surpreso:- O presidente Teófilo não te disse? Melhor nós não falarmos muito para não estragar a surpresa dele.Gabriel já havia instruído a todos para não falarem demais. Os maquiadores, não sabendo o que poderiam ou não dizer, fecharam a boca e continuaram a embelezar Patrícia em silêncio.De repente, uma voz estridente ecoou do lado de fora:- Eu peguei um avião especialmente par
Patrícia não percebeu sequer uma onda de emoção nos olhos dele. Refletindo sobre a arrogância daquela mulher, entendeu que ela também não deveria ser uma pessoa fácil de lidar.Teófilo, percebendo que ela poderia estar pensando demais, fez algo raro, ele quase nunca se explicava. Se agachou diante dela, segurando suas mãos nas dele, num gesto de proximidade e cumplicidade. Mesmo agachado, seu porte ainda a sobrepunha, mesmo com Patrícia sentada.No entanto, Teófilo não se importava, ele ergueu seu queixo, com uma expressão séria e concentrada:- Paty, quando eu era pequeno, morei na casa da minha tia. Luana e a família Soares eram muito próximas e nos encontrávamos durante as festas, só isso.Vendo o quanto ele estava sério, Patrícia se sentiu até um pouco constrangida:- Eu nunca duvidei de você, Teófilo.Ele segurou a mão dela com firmeza, garantindo:- Não quero que você se sinta incomodada por pessoas que não têm importância. Se isso acontecer, você precisa me contar.Essa garan
Ela não era tola, apenas tinha perdido a memória temporariamente. Como poderiam jornalistas aparecer de repente em um corredor que havia sido cuidadosamente inspecionado antes? E aquela mulher, com maquiagem impecável e vestido elegante, como poderia tropeçar tão facilmente de salto alto? Evidentemente, tudo havia sido cuidadosamente arranjado por ela.Embora o plano fosse simplório, se mostrava eficaz. No entanto, Patrícia não conseguia entender por que alguém utilizaria tal estratagema contra Teófilo, que, apesar de sua nobre linhagem, era apenas um alto executivo."Como ele reagiria ao gesto da mulher se jogando em seus braços?" Patrícia descobriu que não estava tão perturbada quanto esperava, na verdade, permanecia bastante calma, aguardando a resposta de Teófilo.Quando uma mulher delicada tropeça, qualquer pessoa, especialmente um homem, teria o instinto de ampará-la. Teófilo, contudo, estava ao telefone quando tudo ocorreu, sua alta estatura se destacando contra a luz, se m
A mão que Luana estendeu era extremamente branca, porém, marcada visivelmente pelas vicissitudes da vida, não podia ser considerada bonita. Se diz que as mãos são o segundo rosto de uma mulher.Pelas mãos, se podia deduzir que Teófilo também não a tratava tão bem, aquelas mãos, calejadas, certamente não eram estranhas ao trabalho pesado.Em contraste, Luana estendia sua própria mão, mimada desde a infância e sempre cuidada com tratamentos semanais de corpo inteiro, fazendo suas mãos parecerem extremamente atraentes. Os dedos eram longos e proporcionais, as palmas, brancas e macias, e até as unhas estavam impecavelmente cuidadas.O glitter das unhas brilhava, como um item de luxo em uma vitrine. Ao fazer essa comparação, um forte senso de superioridade surgiu em Luana. Ela estava certa de que venceria essa disputa.- Obrigada. - Luana aceitou a gentileza de Patrícia sem hesitação, e ao tocarem as mãos, fez questão de mostrar a disparidade entre elas. Afinal, como dama de uma nobre f
O ambiente estava visivelmente constrangedor. Luana, respirando fundo, tomou a iniciativa:- Você disse que queria se casar comigo, não esperava que se casasse tão rapidamente com outra pessoa. Quando foi o casamento? Você nem me avisou.Essa declaração saiu com uma força tão intimidadora que Patrícia se virou, buscando uma explicação de Teófilo. O olhar dele, frio como gelo, se fixava em Luana de maneira implacável:- Eu e a Srta. Luana não somos amigos nem familiares, por isso, não vejo razão para te informar. Quanto à sua alegação de que eu queria me casar com você, não passou de uma brincadeira infantil que você levou a sério demais. Foi reclamar com os adultos quando eu disse não?Essas palavras deixaram Luana constrangida, e ela mal podia acreditar que Teófilo, depois de tantos anos sem se verem, se tornaria uma pessoa tão distante.Recordando o que Diana tinha lhe dito, que Teófilo também agia assim com ela, Luana encontrou algum consolo. Parece que ele é assim com todos, por
Depois de falar, Teófilo segurou Patrícia pela mão e saiu, deixando para trás uma Luana furiosa.Esse homem, ainda mais insensível do que quando era criança, lembrava uma imensa pedra dura e fria, impermeável a qualquer emoção.Vendo os dois de mãos dadas se afastarem, Luana quase triturou os dentes, consumida pela raiva.Um sorriso frio surgiu no canto de sua boca, como o de uma serpente à espreita nas sombras, seus olhos emitiram um brilho verde sinistro enquanto ela sibilava friamente.Ao lado, Patrícia olhou para Teófilo, que percebeu seu olhar e abaixou a cabeça:- O que foi? Se tiver algo a dizer, fale diretamente, não fique apenas pensando.Patrícia arqueou as sobrancelhas:- Na verdade, tenho uma dúvida. Você realmente pensou em matar a família dela?- Sim, pensei. - Teófilo não hesitou. - Minha mãe tinha problemas de saúde mental e raramente cuidava de mim quando eu era pequeno. Naquele ano, minha tia me levou para fortalecer os laços familiares, e foi então que conheci Luana,