O mundo emocional de Patrícia desabou completamente. O nascimento das crianças foi a última gota que derrubou sua resistência.Ela tinha tantas expectativas para o nascimento dos filhos e agora estava profundamente desolada.Lágrimas e sangue caíam juntos enquanto Patrícia se encolhia na cama, agarrando os cabelos com força. - Teófilo, você não deveria ter me salvado, viver é tão doloroso!Ela não conseguia encontrar um motivo para continuar vivendo.Sua existência era como uma estrela de má sorte, ela só trazia infelicidade para aqueles ao seu redor.Teófilo a abraçou novamente:.- Você quer saber por que eu te salvei? Pois bem, vou te contar agora.Enquanto falava, ele se agachou para calçar os sapatos e as meias de Patrícia e depois a levantou em seus braços.- Para onde você está me levando?- Você saberá em breve.Teófilo a carregou até um dos quartos do hospital, um quarto para três pessoas, onde todos estavam enfaixados, alguns com gessos.Fernando, que provavelmente queria ir
No terceiro subsolo.A porta do elevador se abriu, trazendo uma lufada de ar frio.Teófilo tirou o casaco e cobriu Patrícia com ele, já que lá não era tão quente quanto na superfície.Era a primeira vez que Patrícia entrava em um lugar assim, diferente das cenas que ela tinha visto em filmes e séries.A luz do corredor era muito brilhante, mas o excesso de claridade dos holofotes brancos nas paredes só tornava o ambiente mais desolador.Na entrada do necrotério, um idoso aguardava por ordem superior a chegada de Patrícia:- Presidente Teófilo, Senhora, embora o corpo tenha sido preparado esteticamente, ainda é um cadáver e pode ser perturbador, se preparem mentalmente.A voz de Patrícia estava rouca: - Abra a porta.Quando a porta se abriu, Patrícia viu um corpo coberto por um lençol branco.Teófilo explicou: - Eu bloqueei as informações por enquanto e ainda não notifiquei a família dela.Patrícia caminhou lentamente em direção ao corpo, ela tinha estado inconsciente por três dias.P
Havia muitas emoções negativas acumuladas em seu coração e, mesmo sabendo que Patrícia ainda estava muito frágil neste momento, incapaz de lidar com grandes tristezas ou alegrias, sem suportar qualquer estímulo, Teófilo temia que reprimir essas emoções pudesse ser ainda mais prejudicial. Assim, ele simplesmente permitiu que ela desabafasse completamente.Patrícia chorou por muito tempo, até que sua voz ficou rouca, até que suas lágrimas secaram e ela não conseguia mais produzir nenhuma lágrima, seus joelhos perderam a sensação de tanto ficar de joelhos. Ela soluçava baixinho nos braços de Teófilo, que não falava nada, apenas continuava a acariciar gentilmente suas costas com extrema ternura.Não se sabe quanto tempo se passou, mas quando Teófilo percebeu que ela estava gradualmente se acalmando, ele a ajudou a se levantar.Patrícia transformou sua tristeza e raiva em força. Teófilo estava certo, ela não deveria buscar a morte. Isso apenas deixaria o manipulador por trás de tudo iss
Quando Patrícia despertou novamente, já era noite, e ela conseguia ouvir sons de choro vindos do corredor. Ela abriu os olhos lentamente, confusa, sem se mover, apenas fixando o olhar vazio no teto. Tudo lhe parecia um sonho, tudo parecia tão irreal. Teófilo a observava com os olhos avermelhados, sua voz rouca e baixa disse: - Patrícia, você acordou. Ao ver o rosto exausto de Teófilo, Patrícia percebeu que ele tinha passado dias e noites em claro, vigiando. Durante esse período, ela foi sustentada somente por soro, sem se alimentar, umedecendo apenas os lábios secos com um cotonete. Ao despertar, ela mal conseguia abrir a boca, seus olhos se moviam lentamente.- O que você deseja? Se estiver com sede ou fome, pode me dizer.- Estou com sede.Ao ouvir Patrícia expressar um desejo, Teófilo imediatamente se animou e se levantou rapidamente. No entanto, ele também estava debilitado, pois não havia descansado nem se alimentado adequadamente nos últimos dias. Ao se levantar rapidame
Patrícia não queria aceitar os fatos, mas era obrigada a fazê-lo, o que estava feito, estava feito, e não existia remédio para arrependimento no mundo. A vida dela tinha sido comprada com o sangue de muitos, e a partir de agora ela viveria não só por si mesma.- Não precisa se preocupar que eu vá fazer outra besteira. Vá tomar um banho e descanse um pouco, pode ficar tranquilo que eu não vou fugir mais.Teófilo ficou surpreso ao ouvi-la dizer isso. Era como se Patrícia tivesse se transformado em outra pessoa ao acordar. Se antes ela era como uma magnólia, ereta e graciosa, elegante e nobre, mas sem qualquer capacidade de ferir, agora Patrícia era como uma rosa com espinhos, bela e fria, mas capaz de ferir profundamente aqueles que se aproximassem.- Patrícia, eu não estou cansado. - Ele não estava seguro sobre o estado atual de Patrícia e queria ficar ao lado dela para ver como as coisas iriam evoluir.Patrícia não explicou mais nada, apenas olhou para a porta fechada.- Eu ouço alg
A visão de Patrícia comovia apenas ao olhar para ela, Cecília não iniciaria uma discussão.Ela sabia que Patrícia tinha perdido a mãe cedo e seu pai tinha entrado em estado vegetativo, com seu casamento também infeliz.Ao ver Patrícia ajoelhada diante dela, uma pessoa fundamentalmente bondosa, ela imediatamente ficou perturbada.- Srta. Patrícia, você está frágil, o chão está frio, por favor, se levante."Ela já está nessa idade, não vendo o ventre inchado de Patrícia, deve ter sido um parto prematuro."Acontecia que não era apenas Patrícia que estava ferida.Fernando, apoiado em uma muleta e mancando, se aproximou: - Tia, Suzana estava protegendo a senhora voluntariamente, não tem nada a ver com ela, a culpa é toda minha, não consegui proteger ela. Eu devo ser punido pela vida dela.Fernando havia visitado o hospital para ver Dimitri, embora tenha sido apenas uma vez, ele deixou uma impressão profunda, obviamente era um bom homem, era notável apenas olhando para ele. - Meu rapaz, su
Patrícia levantou os olhos para ver um jovem alto e magro mancando em sua direção, com traços notavelmente semelhantes aos de Suzana.Naquela face similar, um era vivo e alegre, enquanto o outro carregava um semblante sombrio e frio.Notando o olhar de Patrícia, Dimitri acenou para ela:- Srta. Patrícia, peço desculpas, minha mãe não estava ciente da situação e a perturbou.Gabriel já havia explicado tudo a ele, ele conhecia toda a história e a havia ocultado para poupar o sofrimento de sua mãe, sem esperar que Cecília viesse.Patrícia olhou para ele e disse gentilmente:- Você deve ser o Dimitri, ouvi sua irmã falar de você.Os olhos do belo jovem estavam tingidos de vermelho, seu rosto abatido, e sua perna ainda não curada, fazendo ele mancar enquanto se aproximava.Antes que Patrícia pudesse se recompor, Dimitri se ajoelhou duramente diante dela.Com a cabeça baixa, ele confessou como um pecador: - Eu sei de tudo o que aconteceu, é tudo minha culpa, eu arrastei minha irmã comigo e
Teófilo tomou um banho e trocou de roupas, chegando ao hospital revigorado.Antes de entrar, perguntou: - Como ela está?Lucas respondeu ocupado: - É estranho, a senhora não está fazendo alarde, até pediu refeições extras por conta própria.- Ela disse alguma coisa?- Ela perguntou sobre as lesões dos irmãos e quis saber quantas pessoas foram capturadas, se havia alguma notícia de Antônio, e coisas assim. A senhora estava muito calma durante todo o tempo.- O que você disse a ela?- Respondi com a verdade, disse que Antônio tinha escapado, e os demais estavam detidos e passando por interrogatórios severos. A Senhora não disse muito, apenas mencionou que estava cansada e queria descansar.Lucas coçou a cabeça. - Presidente Teófilo, o que realmente está acontecendo com a senhora? Ela estar tão calma é meio aterrorizante, dá um arrepio na espinha.- Parece que ela não estava mentindo para mim.Teófilo estava preocupado que Patrícia estivesse tentando se livrar dele para possivelmente b