Capítulo 4

Bom, é meu aniversário de 18 anos. E o mais lindo é que a casa está toda livre para mim. Minha mãe foi para o trabalho, e hoje é sábado, melhor dia para fazer nada, minha casa já está toda limpa então resolvo ir para meu quarto. Terminei de ler o livro, tomei um banho gostoso e vesti um moletom perfeito que comprei com a minha mãe há algum tempo, fiz um café gostoso e fui paro meu quarto. Quando comecei a ler Igor me liga, juro que pensei em não atender, mas era o Igor, então se eu não o atender iria me odiar, essa ideia ficou na cabeça. Gostei.

“Oi Clara.”

“Oi Igor.”

“Parabéns!”

“Obrigada.” fiquei meio sem jeito, sem nenhum grito de felicidade nem nada, muito suspeito, queria perguntar, contudo, queria voltar a ler, ele sabe que odeio ser interrompida.

“Vai sair hoje à noite?”

“Não Maninho, vou ficar em casa mesmo lendo. Não tem coisa melhor que isso”. Sabia que ele estava aprontando algo viu. Conheço ele há muito tempo, já era algo de se esperar.

“Então faz assim lá para às oito da noite passo aí e te pego para nós ir para algum restaurante e comemora. Pode ser?” ele estava empolgado.

“E minha mãe? Ela vai querer ir também”.

“Isso é o menor dos problemas. Então fechou, as 8 te pego. Beijos Clara." até minha mãe estava medita nisso, meu deus.

“Beijos Igor.”             

Então, não tenho muita coisa para fazer, bem minha casa é espaçosa. Meu quarto é enorme então resolvo deitar no chão para ler, começo a ler e acabo dormindo. Meu sono é pesado então nem ouço nada.

Enquanto durmo tenho um sonho diferente. Já tive vários tipos de sonhos, o que é natural, porém nunca sonhei com algo assim, já li livros e mais livros e ainda não entra na minha cabeça essa cena linda…

Estou eu em um jardim maravilhoso com um rapaz que fala português engraçado, mas parece que eu o conheço há muito tempo. Isso é estranho. Ele conversa comigo com naturalidade, como se nos conhecemos há muito tempo. Tento olhar para ele. Ele não é nenhum modelo, mas é bonito, têm cabelos lisos, ombros largos, moreno claro, olhos castanhos, sua voz é uma doçura de ouvir, ela transmite paz, tranquilidade. Enquanto eu o admiro ele pega minha mão e fala.

— Clara você é tão bonita, como você se julga não encaixar em lugar nenhum aqui. Olhe só onde você está, está ao meu lado, onde eu sempre quis que você estivesse.

— Eu nunca vou me encaixar em lugar nenhum, pois sinto que não sou daqui. Sempre me senti de outro lugar, porém não sei que lugar é esse, por isso fico no meu canto sempre.

— Sei por que se sente assim! Mas estou aqui para te mostrar onde é o seu lugar — ele diz com sorriso.

Quando abro a boca para perguntar seu nome, de onde ele era, sou acordada pela minha mãe e acordo chorando, não acreditando ser só um sonho. Parecia muito real, sabe aquele sonho que parece que você está realmente vivendo aquilo? Foi desse jeito, não queria ter acordado.

Minha mãe me olha preocupada.

— Clara, fala comigo, o que houve? Minha filha fala!

— Foi um sonho bom, só isso. Quero que seja realizado, — começo a chorar sem parar.

Minha mãe me abraça para tentar me acalmar, e pede para que eu me apronte para sair. Como vou me arrumar para sair após ter um sonho desse? Não tenho condições, mas sabia que explicar tudo isso para minha mãe seria totalmente inútil.

Escuto uns barulhos vindos lá de baixo. Fico muito assustada. Minha mãe disse ir sair para compra algo. Meu pai ainda está no serviço, hoje ele disse que passaria aqui depois do serviço. Ouço barulhos pela casa, mas como estou atônita, pensando no meu sonho lindo que tive, nem dou muita moral, e curto meu banho tranquilamente. Estava precisando de um banho assim, confesso.

Depois de um banho demorado faço uma maquiagem perfeita. Olho todo preto esfumado e uma boca vermelha, contorno, cílios e blush. Lindo. Meu cabelo, bem, ele está cacheado naturalmente, e uso um vestido preto e uma botinha linda. Eu me olho no espelho e me admiro. Minha mãe me grita da sala e eu digo que já vou. Quando chego no corredor vejo todos os meus amigos lá para me ver, e vejo Igor, meu irmão, meu melhor amigo com um buquê de flores nos braços. Falo mentalmente não chora, não chora e mesmo assim acabo chorando. Ele me entrega e diz:

— Parabéns Clara, — eu já toda borrada e ele chorando. — Você está linda, não vamos para restaurante nenhum, a festa será aqui, sua mãe me ajudou em tudo. — não consigo acreditar, uma festa surpresa.

Meus amigos, que não são muitos vieram, a Ângela me deu um lindo colar que logico que já coloquei na hora mesmo!

— Parabéns Clara, estou tão feliz por você. — ela era das amigas de poucas palavras, mas que sempre que eu precisasse estaria por perto, tipo o Igor, acredito que eles dariam bem juntos. — Mas aí, o Lucas te mandou mensagem, fiquei sabendo que ele queria vir, mas como sua mãe não conhece ele, ela não o deixou entrar, — ela começou a rir tão alto por causa disso, e eu também, confesso.

— De verdade, ainda bem, não estou com cabeça de me preocupar com menino, hoje só quero curtir, até porque eu mereço. Já te contei que ele faz curso comigo.

— Mentira, que bosta em, pensei ter se livrado dele.

— Eu também pensei isso, mas aí ele pega e aparece lá, e veio com o tal de ‘senti sua falta’, me poupe né amiga? — ela me olhou de uma forma que eu já sabia o que virá, um comentário típico da Ângela.

— Amiga, me diz que você deu uma boa resposta para ele né? Tipo, ‘quando sumiu nas festas de fim de ano não sentiu minha falta né?’ ou ‘sei que sou uma pessoa maravilhosa e fácil de causar saudades, mas sabe não senti o mesmo por você, sorry’. — me olhou com tanta expectativa, com toda certeza que ela já estava pensando em um milhão de possibilidades.

— Não amiga, só deixei ele falando sozinho, até parece que não me conhece — juro que se ela pudesse, estaria me estrangulando, só porque não dei uma resposta à altura.

Ela saiu bufando e ficou perto da minha mãe. Nunca fui de dar resposta grossas, deixo isso para ela. Curti minha festa, dancei muito, ganhei muitos livros e roupas. Após tanto rir com meus amigos eles resolveram ir embora mega tarde da noite. Só ficou Ângela e Igor, para me ajudar a arrumar a casa.

Quando olho no relógio já são 03h56min da manhã de domingo. Nossa está explicado por que tanto sono! Pego meu celular tem umas vinte mensagens de parabéns, repondo todo mundo com a mesma mensagem um obrigado e já está ótimo. Fico feliz. Tomo banho demorado, e fico pensando, quem era aquele rapaz do meu sonho, nunca li sobre alguém assim. Ou devo ter lido e não lembro, essa possibilidade existe, já li tantos livros. Mas ele é bonito. Por ele eu me apaixonaria sem nenhum problema, penso.

Após tanto pensar acabo dormindo. Acho melhor descansar.

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