POR LENISSYAA batalha feroz parecia favorável a nós; os poucos guerreiros que ainda restavam fora das naves, não derrotados pelos escolhidos, tentavam fugir de volta, sem sucesso. Embora muitos dos nossos começassem a comemorar, eu sabia que algo ruim estava por vir.— Precisamos reerguer o escudo! — alertei Lunester e Miridar, elevando minhas mãos para reiniciar a magia. A marca em minha mão voltou a vibrar de forma estranha, como se fosse outro pressentimento.Logo depois, o guerreiro "insano" mencionado por Zuldrax se teletransportou para perto de nós. Um arrepio percorreu meu corpo diante da aura aterrorizante dele. Era de um roxo intenso, a mais calculista que eu já havia visto em toda a minha vida. Seus olhos, de íris avermelhada, fixaram-se na marca em minha mão com desconfiança. A tensão foi quebrada quando a atenção se desviou para os recém-chegados.— Alissya... — Miridar fraquejou no momento em que Lincy apareceu perto de nós, trazendo os demais visitantes por teletranspor
POR ALISSYATecnologia primordial: apesar da mínima noção que eu tinha a respeito, era assustador vê-la em ação. Em questão de meio minuto, toda a frota targariana foi completamente varrida. Havia uma forte vibração no ar, como um canto. Era como se a tecnologia tivesse sido incorporada às cordas vocais dos interdimensionais, e sua força ressoasse através das vibrações sonoras.A marca na minha mão começou a brilhar de forma mais suave, e a vibração se acalmou. O chamado que emiti pela marca perdeu força, puxando todos os interdimensionais de volta à sétima dimensão. Agora eu sobrevoava sozinha, encarando os arredores com um vazio no coração. A vitória era nossa, mas o que eu faria da minha vida a partir de agora?Eu tinha um plano inicial. Quando a missão acabasse, eu voltaria para o meu lar na Terra, continuaria exercendo minha profissão de advogada e, quem sabe, voltaria para a casa dos meus pais. Porém, Lincy desapareceu, e meus pais não reconheceriam esse meu novo rosto, tampouco
POR ALISSYAApós Alister, outros vieram até mim, e senti-me muito feliz por saber que eu era reconhecida e querida. A multidão se dissipou rapidamente devido à pressa e ansiedade de todos em voltar para casa. Por algum motivo, a tropa zafisiana permaneceu, e mais tarde compreendi o motivo:— Vão todos voltar conosco? — perguntou Lenissya, provavelmente calculando se teria energia suficiente para manter o portal aberto por tanto tempo.— Zadiel só me deu três dias, então tenho pressa — disse Deliot.— O que estão tramando? — perguntou Henry.— É importante, por isso pedi para que viessem conosco também. — Zuldrax não se referia apenas a Henry, mas ao irmão de Lenissya também. O quão sério era o assunto para pedir pela presença real dos demais reinos?Lenissya acatou Zuldrax, e uma longa fila iniciou a passagem através do portal. Jeradar entrou quase junto de Alister, e aguardei mais um tempo, até finalmente vislumbrar Lunester. Ele era o último da fila, atrás de Miridar. Eles não atrav
POR LENISSYAAcordei com os dedos do meu marido roçando de leve minhas bochechas, causando uma leve cócega. Quando abri os olhos, percebi que Lincy ainda estava mergulhada no mundo dos sonhos, algo evidente pela serenidade de sua aura. Sua nova aparência parecia mais frágil, mas o espírito continuava forte, renovando minha esperança de que ela superaria mais esse obstáculo.— Ei... — sussurrei, aproximando meus lábios dos de Zuldrax enquanto passava os braços ao redor de seu pescoço. Ele me envolveu, ajudando-me a levantar, enquanto respondia aos meus beijos com intensidade.— Está com fome? — perguntou ele. — Já está tarde, e você precisa se alimentar bem.Ele deslizou a mão pela minha barriga enquanto dizia isso. Seus olhos encontraram os meus, transbordando amor e ternura, enquanto seus lábios se curvavam em um daqueles sorrisos que eu tanto amo.— Eu te amo, Zuldrax! — declarei, aproximando novamente meus lábios dos dele para um beijo ardente.— Vão mesmo ficar de melação na minha
POR LENISSYAA convocação extraordináriaA multidão reunida era tão grande que muitos se posicionaram sobre as árvores para conseguir enxergar melhor. A tão aguardada reunião ocorreria na saída da cidade, em um dos poucos campos abertos do território. Deliot estava ao lado de Zuldrax e Lizbeth, enquanto eu permaneci um pouco mais atrás, entre Henry e meu irmão. Lincy pousou em um dos galhos, preferindo observar o acontecimento de uma posição mais distante da aglomeração.— Meu caro povo, temos um convidado muito importante em nosso meio hoje. Quero que o escutem com atenção.Zuldrax parecia tenso, o que era típico quando precisava lidar com multidões. Eu nunca o tinha visto falar mais do que um parágrafo na frente de seu próprio povo; todas as explicações acabavam ficando por conta de Drakhan.Deliot ergueu a mão direita, exibindo a marca, enquanto a águia em seu ombro alçou voo por sobre a multidão, provocando grande euforia em suas auras. Ele iniciou seu discurso falando sobre os ac
POR ALISSYANem acredito que me meti em mais um rolo. Definitivamente, sou muito mole! A reunião particular com Deliot e Zuldrax envolvia um pedido extremamente desafiador. Eu tinha o poder agora e sabia como realizá-lo, mas isso não significava que seria fácil.— Alissya, podemos conversar? — Era a voz de Jeradar, interceptando-me no caminho de volta ao quarto onde estou hospedada.— Claro — respondi. — O que gostaria de me dizer?— Podemos conversar em um lugar mais calmo? — perguntou ele.Observei a movimentação pelos corredores com atenção antes de assentir. Jeradar tomou a dianteira, e eu o segui até o jardim. Quando se virou para mim, havia um leve nervosismo em sua expressão, um contraste curioso com o brilho sereno que emanava de seus olhos.— Sou tão grato por ter feito parte disso, porque, neste mundo, recuperei tudo o que perdi — disse ele, fazendo uma pausa.— Está falando da sua audição? — perguntei.— Não só isso. — Ele ergueu os olhos para o céu escuro, e um sorriso sua
POR LENISSYAEu me sentia tão amada, não apenas pelos braços quentes do meu marido, mas também pela forma terna com que Lizbeth afagava meu cabelo. Noturno lambia os dedos dos meus pés, como se quisesse participar do momento, e, graças a isso, minhas lágrimas finalmente cessaram. Por mais que me dissessem que tudo ficaria bem, eu sabia que não era verdade. Não só se despediriam de seu povo, mas também de todos os amigos com quem haviam compartilhado tantos momentos aqui.— Três dias, e ele nem deu as caras — comentou Deliot ao meu marido mais tarde, enquanto nos aguardava no saguão de entrada do palácio. — Vocês não vão levar nada?— Nós não vamos — respondeu Lizbeth. Ela tinha ouvido a conversa que tivemos com Lin e disse que jamais viveria longe do filho e do neto.— Por quê? — perguntou ele, confuso.— Mais especificamente, apenas nós três não vamos — explicou Zuldrax. — Zadiel apareceu e nos informou que Zafis é perigoso para minha esposa. Pelo bem dela, preciso ficar.— Zadiel di
POR LENISSYAAlguns dias se passaram enquanto nos despedíamos sem pressa de todos aqueles que estimávamos e organizávamos nossa mudança. Abracei meu irmão com força e, por mais durão que ele fingisse ser, acabou chorando.— Irmã, cuide-se! Sei que nossa mãe teria orgulho da mulher incrível e bondosa que te tornaste. Eu te amo!— Irmão, nunca vou esquecê-lo! Sei que conduzirá nosso povo a um futuro brilhante. Eu também te amo!— Que fofos! — comentou Lin, sentada em cima de um dos baús que meu marido iria levar. — Merece até um abraço depois dessa.— Então vem cá! — Meu irmão abriu os braços ao máximo, acatando a sugestão. Ela franziu o nariz e se fez de desentendida.— Não disse que seria eu a dar. Pede pro teu cunhado!— Só dessa vez — disse Zuldrax, aproximando-se de Alister e, pela primeira vez, o abraçando.— Cuide da minha irmã e a proteja! — pediu Alister, com um tom entristecido. — Faça-a feliz, ou darei um jeito de ir para a Terra só para te dar uma surra.— Não vai precisar!