Um grupo de pessoas caminhava em direção ao elevador. Eduardo, sempre ágil, imediatamente pegou Felipinho no colo, apanhou a bagagem das mãos de Melissa e disse: — Sra. Melissa, vou levá-los até o elevador. — Está bem. — Melissa entendeu o gesto e apressou o passo, deixando espaço para eles. Luiza e Miguel ficaram para trás. Luiza empurrava a cadeira de rodas dele quando Miguel, de repente, levantou a mão e tocou delicadamente na mão dela. Luiza sentiu um calor súbito no dorso da mão, quase a retirando instintivamente. — Quando vocês voltarem, se sentir saudades de mim, pode me ligar. — Miguel sorriu. Luiza se sentiu um pouco desconfortável, acenando levemente com a cabeça. "Como explicar isso? Era como aquela timidez de um primeiro namoro. Talvez pelo fato de estarmos tanto tempo afastados, agora, ao começarmos a conviver, tudo parecia um tanto desajeitado." — Venha cá. — Miguel, de repente, fez um gesto com o dedo para ela. — O que foi? — Luiza abaixou a cabeça,
— Sim! — Respondeu Eduardo, antes de perguntar. — Sr. Miguel, o que o senhor gostaria de jantar? Miguel se virou, pensou por um instante e perguntou: — A Luiza não veio me procurar? — Não. — Eduardo balançou a cabeça. Miguel olhou o relógio. Já passava das sete. O celular estava em completo silêncio, sem nenhuma mensagem. Ele perguntou: — Ela pediu para alguém me trazer o jantar? — Também não. — Eduardo respondeu com honestidade. O bom humor de Miguel foi desaparecendo aos poucos, até ser substituído por um leve aborrecimento. Percebendo isso, Eduardo saiu discretamente e ligou para Luiza. Luiza estava em casa, acompanhando Felipinho enquanto ele desenhava. Ao atender a ligação de Eduardo, ela disse: — Felipinho, continue desenhando. A mamãe vai atender o tio Eduardo rapidinho. Ela largou o pincel e atendeu: — Alô, Eduardo. — Sra. Souza, a senhora não vai ver o Sr. Miguel hoje à noite? — Perguntou Eduardo. — Não, estou em casa com o Felipinho. Por quê? E
Luiza não conseguiu conter o riso: — Cheguei em casa e já fiquei ocupada. O Francisco veio falar sobre o Theo, e nós passamos duas horas conversando no escritório. Ela não precisou dizer mais nada sobre o Theo, pois Miguel já estava ciente da situação. Ele apenas continuou a perguntar: — E depois? — Depois o mordomo nos chamou para jantar. E o Felipinho ficou insistindo que eu o ajudasse a desenhar. Você sabe como é, né? Aquele tempo de qualidade em que não se pode nem mexer no celular. As desculpas dela eram muitas. Miguel ouviu tudo com uma mistura de irritação e frustração. Ele queria ficar bravo, mas não conseguia. Mesmo assim, se sentia desconfortável com a situação. Luiza percebeu que, de fato, havia deixado ele de lado. Desde que chegou em casa, nem sequer mandou uma mensagem para avisar que estava bem. Era natural que ele estivesse aborrecido. Por outro lado, ela ainda não estava acostumada com a dinâmica de um relacionamento. Se nunca enviava mensagens, mandar
Luiza disse de repente: — Na verdade, quando estávamos nas Américas, eu também me apaixonei... Miguel ficou surpreso, olhando para ela com seriedade. — Você se apaixonou? Ela assentiu com a cabeça. — Naquela época, menti para você, e isso me fazia sentir um pouco culpada... Ele ficou em silêncio por um momento. — Eu era meio louco naquela época, não era? — Bem louco. Você amava de forma intensa, e foi assim que percebi que você realmente me amava... — Ao lembrar daquele período, ela suspirou. — Nós dois sempre nos amamos. Ela apenas se decepcionou mais tarde, perdeu a fé no amor, mas sabia que ainda sentia algo por ele. Porque, no fundo, sempre soube que o motivo de não terem ficado juntos não era a falta de amor. Ele acenou com a cabeça, sem dizer mais nada, abaixando os olhos para olhar para ela. Sob a luz, os olhos e o rosto dele pareciam encantadores. Era um olhar mútuo e sutil. Luiza não teve coragem de encará-lo e desviou o olhar. Miguel apertou os o
No dia seguinte, uma notícia bombástica abalou as Américas: "O principal suspeito no caso de tráfico de armas, Theo, havia se suicidado na prisão!" No entanto, o mais estranho era que, naquela mesma noite, houve uma queda de energia na prisão que durou uma hora. Os sistemas de vigilância pararam de funcionar, os guardas, por algum descuido, acabaram adormecendo, e Theo, de alguma forma, encontrou uma corrente de ferro e se enforcou no estrado da cama. Os rumores afirmavam que ele temia ser julgado e, por isso, tirou a própria vida. Mas qualquer pessoa com um pouco de discernimento sabia que essa não era a verdade. Theo havia sido assassinado. Quem estava por trás do assassinato subornou toda a prisão para garantir que ele fosse morto naquela noite. Assim, ele se tornaria o bode expiatório do caso de tráfico de armas, encerrando o caso em silêncio. Quanto ao que realmente aconteceu naquela noite, ninguém sabia... Naquele momento, na mansão da família Amorim, todos estavam
Felipinho olhava para Maria chorando, com os olhos cheios de compaixão, enquanto Luiza o abraçava. Felipinho perguntou: — Mamãe, nós também vamos voltar para as Américas? Luiza estava prestes a responder, mas o celular de Melissa tocou. Do outro lado da linha, o Grupo Santos Internacional informou que Theo havia morrido e que a crise do Grupo Pires também tinha sido resolvida. Era hora de voltar e eliminar os aliados de Theo que ainda permaneciam no Grupo Santos Internacional. Melissa assentiu e, após desligar o telefone, disse à Sra. Dalila: — Acho que também teremos que voltar para as Américas. Maria começou a chorar ainda mais. Seu pai tinha partido, e agora a tia Luiza e o Felipinho também estavam indo embora. No futuro, ela estaria novamente sozinha... A Sra. Dalila não conseguia ficar indiferente diante da cena. Melissa se aproximou e sussurrou algumas palavras no ouvido dela. Os olhos da Sra. Dalila brilharam. Ela se agachou perto da Maria e disse baixinh
Agora que o mal-entendido entre os pais foi resolvido, ninguém mais se opunha a eles. Além disso, aquele lugar também era onde Luiza havia vivido desde pequena, algo que lhe era próximo e familiar. — Por que não vamos morar nas Américas? — Perguntou Luiza. Afinal, ela ainda tinha sua avó por lá. — A segurança nas Américas não é das melhores, você sabe disso, não sabe? Quantos tiroteios em escolas já aconteceram? Eu não me sinto tranquilo em deixar o Felipinho vivendo por lá. — Miguel a olhou, com a voz baixa. — Desde o caso do sequestro no Centro de Desenvolvimento Infantil, comecei a pensar que o mundo lá fora é perigoso demais. É melhor ficarmos em Valenciana do Rio. Primeiro, porque lá sempre será o nosso lar. Segundo, porque a segurança lá é muito melhor. Pelo menos, quando o Felipinho for à escola, não teremos que nos preocupar com terroristas. Nas Américas, não adianta só nos preocuparmos, isso não resolve nada... Miguel não estava errado. Luiza compreendia. Provavelmen
Alice também era da família Nunes. Ela nunca prejudicou diretamente a família, mas cometeu algumas loucuras por amor ao Miguel... Por isso, quando Miguel decidiu demiti-la, foi a Sra. Nunes quem primeiro se opôs. — Se ela continuar no Grupo Sunland, isso vai gerar desconforto entre mim e a Luiza. Ela não deveria permanecer lá. — E a gratidão que você tem por ela? — Questionou a Sra. Nunes. Miguel respondeu com firmeza: — Vovó, toda a gratidão que eu sentia por ela desapareceu no instante em que ela nos enganou. Por outro lado, era bom que Alice tivesse tomado essa atitude, porque, se não tivesse enganado a todos, os laços entre eles nunca teriam sido completamente rompidos. — Ela só cometeu um erro porque te ama. — Insistiu a Sra. Nunes, determinada a defender Alice. A voz de Miguel permaneceu calma, mas firme: — Vovó, amar alguém não é errado, mas isso não dá o direito de prejudicar os outros. Alice é sua neta, então a senhora sempre estará ao lado dela, pensando no