Jamie Farley Chego em casa por volta das 06h30AM. Depois do que tinha acontecido à noite, a única coisa que esperava é encontrar minha mulher na nossa cama. Estava prestes a subir as escadas, quando alguém me chama. - Jamie. - Olivia aparece na soleira da cozinha. - Podemos conversar? Ela parece exausta e bastante abalada. - Claro.- Por mais cansado que eu estive, o assunto parecia ser sério. Sigo ela até a cozinha e me sirvo com uma caneca de café. - Então, o que quer falar comigo?- Me apoio no balcão e ela se senta na cadeira á minha frente. - É sobre a Amélie. - Ela aparece apreensiva.- Nós estamos juntas. Seus olhos estão em mim, captando cada reação.Franzo o cenho.- Juntas? Eu sei que vocês moram juntas.- Não estava entendo nada.- Não, Jamie… - Ela respira fundo e passa as mãos no cabelo. - Juntas, tipo namorando. Namorando? Ela namora minha filha? Minha filha é namorada dela? Não consigo responder, sinto meu raciocínio lento. Tudo faz sentido, por isso me chamou de s
Jamie Farley Ficamos em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamento. - Eu amo uma garota. - Fala baixinho.- Eu sou uma garota que gosta de garotas. - Sim, você é.- Ela sai dos meus braços e me encara. - Eu sou lésbica.- Dessa vez ela grita. - Pai, eu sou lésbica. Só consigo sorrir, sei que é seu grito de libertação. Ela guardou por tanto tempo, agora precisa colocar pra fora. - Simples assim. - Limpo suas lágrimas.- É tão libertador poder finalmente ser eu mesma, sem medo, sem amarras.- Vejo alívio em seu rosto. - Agora vem se deitar, você precisa se recuperar. Nunca vi esse sorriso no rosto dela, tão verdadeiro, tão alegre. Parece que os acontecimentos da noite passada não existe mais. Ajudo ela a se ajeitar na cama, e dou um beijo em sua cabeça. - Descansa, mais tarde venho vê como você está. - Ela segura meu pulso antes de eu levantar. - Estou feliz pelo senhor, Antonella é uma boa mulher. Me desculpe por aquele dia, eu estava com raiva e falei as coisas sem pe
Jamie Farley Eu estava com um dos braços em volta da Antonella, na outra mão segurava o café que ela havia acabado de me entregar. Para cumprimentá-lo, teria que soltá-la. O detestei, de terno chique e profissional, arrumado. Tirei a mão da cintura dela e o cumprimentei. Apertei firme e tentei não pensar em como eu estava horroroso, como se tivesse caído da cama.- Pensei que fosse seu pai, querida.- Falou Davies, sem ter amor a vida.Definitivamente, vou matar esse desgraçado.Ele chamou minha mulher de querida?- Não, eu sou o cara que dorme com ela todas as noites.- Escuto Antonella se engasgar com o café. - Você está bem, querida? - Devolvi o apelido. Foi o melhor que pude fazer e, para falar a verdade, não dava a mínima se estava sendo rude ou não. Ele era um cara no lugar errado na hora errada e jamais seria um amigo meu. Odiei-o à primeira vista.Os olhos dele me estudaram. Decidi que seria eu quem terminaria aquela disputa de território, porque era isso o que fazíamos ali.
Londres, InglaterraAntonella BelliniMeu expediente havia terminado a alguns minutos e eu caminhava tranquilamente por uma calçada no centro de Londres. Estava bastante pensativa nesta noite. De vez em quando, meu olhar vagava desavisadamente á procura de nada. De repente... Amélie!Me lembrei que hoje seria uma grande noite para uma querida amiga, e por mais cansada que eu estivesse, eu prometi que comparecia para prestigia-lá nesse momento tão especial de sua vida. Amélie me acolheu em seus braços e em sua vida sem ao menos me conhecer direito, sou grata a ela por está sendo minha única família aqui em Londres.Nos conhecemos na minha primeira semana na cidade, recém chegada da Itália, eu me encontrava completamente perdida em meio aos ingleses. Amélie me ensinou tudo que sei hoje, me orientou em como a andar de metrô e até como devo caminhar para não ser arrastada pela multidão em horário de pico no piccadilly. Antes de nos conhecermos eu não tinha ninguém, e com ela foi diferen
Antonella BelliniJamie conduziu-me até o carro com as mãos nas minhas costas. Me ajudou a entrar e deu a volta, entrando no banco do motorista. Olhou-me e inclinou a cabeça.- Onde a bela moça mora?- Nelson Square, em Southwark.Virou o rosto para o trânsito antes de entrar com o carro na pista.- Você é italiana.Ele não gosta de italianos? Não fala mal do meu país senão desço desse carro.- Sim, eu sou. Algum problema? - Ele soltou uma risada.- Nenhum, esquentadinha. Só comentei por achar o seu sotaque… atraente.O comentário incomodou-me. O jeito que ele disse "atraente" fez o meu sangue ferver e ativou todas as minhas fantasias. Eu posso não ter um monte de experiência na cama, mas minha imaginação não sofre nem um pouco com isso.- Conhece Amélie a quanto tempo? - Diminuímos a velocidade para passar num cruzamento e ele olhou-me, os olhos passeando do meu colo para meu rosto.- Faz alguns meses, mas parece anos. Ela me acolheu como família. - Levei a mão á cabeça e massageei a
Antonella BelliniEstava completamente paralisada, completamente embasbacada. Meus olhos estavam focados nos Farley's a minha frente, pai e filha. Pai, meu Deus, Jamie é pai da minha melhor amiga e sinto que vou surta cada vez que olho pra eles. Como não reparei na semelhança, mesmo tom de cabelo, o mesmo tom de azul. Ainda estou esperando Amélie levantar e falar: " te peguei bobinha, tinha que vê sua cara." Mas sinto que isso não vai acontecer.- Ella, está tudo bem? - Olho para Amélie e depois pra Jamie, e sinto que vou vomitar.- Sim, só estou um pouco... surpresa.- Dou um gole de desespero no meu café com leite cheio de açúcar e carboidrato. - Surpresa por que? - Ela me olha com cenho franzido.- Ontem quando estava indo embora, seu pai...- Esbarrei na Senhorita Bellini e sai sem um pedido de desculpas. Espero que me perdoe. - Jamie me olha sério, e não entendo porque mentiu.- É, foi isso...- Desvio o olhar não conseguindo manter o contato com Jamie. - Bom, já que agora está t
Amélie FarleyA cada cinco minutos eu olhava através da janela á espera de Olívia. Não tinha motivos para tamanha demora, era apenas um jantar entre amigas, certo? Espero que sim. Olívia pode ser bem insistente quando quer algo, e acho ótimo ela não querer Antonella.- Ainda acordada, boneca? - Levo um pequeno susto quando Olívia adentra a nossa pequena sala, tirando o seu sobretudo extremamente chamativo.Ela ama ser o centro das atenções!- Estava te esperando.Eu e Olívia nos conhecemos na primeira semana de aula. Começamos dividindo um pequeno quarto no campus, mas concordamos que estávamos ficando sem espaço. Principalmente Olívia, e o seu estoque de laces, roupas e sapatos. As vezes tenho a impressão de que ela é levemente compulsiva. Não sobrevivemos nem metade do primeiro semestre naquele cubículo, então, decidimos alugar um apartamento. Encontramos um edifício de apenas 05 andares, próximo à faculdade. Desde então dividimos às despesas e às vezes a cama.- Não sabia que eu ti
Antonella BelliniMandei uma mensagem para Jamie equanto Owen, noivo de Elsie, olhava alguns desenhos. Ele era um grande entusiastas dos modelos clássicos, fazendo alusão aos anos 30 e 40.- São todos muito lindos. - Elogiou Owen, com um sotaque francês magnífico.- Obrigada, Owen.Como tinha um jantar daqui a pouco, pedi para usar o banheiro. Tentei não me preocupar demais com a aparência, mas o Jamie era tão bonito... Já eu era simplesmente eu. Sabia que tinha um corpo bom, mas não era bonita. Cabelo comprido, castanho-claro, nada especial. Meus olhos eram provavelmente o que havia de mais diferente em mim. A cor era uma mistura de cinza, azul e verde.Estavamos no final da primavera, como era um encontro casual, escolhi roupas simples, que não iam amassar durante o dia: um vestido de alça, e sandalias pretas de tira. Pendurei nos ombros o meu casaquinho branco e fui dar um jeito no resto. Penteei o cabelo e fiz um rabo de cavalo e com uma mecha, enrolei em volta do elástico. Depois