Por Lilian Alcântara.
Após daquele fatídico encontro com Kevin no restaurante, não tive mais sossego o dia todo. Ele simplesmente não saá dos meus pensamentos. Oh, Deus, não foi fácil ter que olhar naqueles olhos, que antes eram carinhosos e cheios de amor e que agora carregavam frieza e ódio. Respirei profundamente quando me lembrei do seu hálito quente, batendo em meu ouvido, que me causou terríveis arrepios na coluna... Droga! Droga! Droga! Mil vezes droga! Grito internamente. Algumas batidas na porta do meu quarto me arrancando dos meus pensamentos, que inundam ultimamente a minha cabeça, e mamãe entra logo em seguida, abrindo um lindo sorriso em seu rosto.
_ Oi, meu amor! Só vim avisar que teremos um jantar na casa dos Lacerda essa noite. Célia nos convidou... _ Ela começa a falar e falar e eu só consigo pensar em, como farei para escapar desse jantar? _ Contei para ela que estava aqui de férias e como você e Karina são super amigas..._ Ãh... não sei vou poder ir a esse jantar mamãe. _ interrompo a conversa e ela parece se surpreender com o que acabei de falar, então, ela se senta ao meu lado na cama._ Porque não pode, querida? Olha se for pelo Kevin, não se preocupe, Célia me garantiu que ele só costuma ir visitá-los nas sextas. Eu não entendi bem, mas acredito ser devido ao trabalho. _ Olho para mamãe intrigada._ Por que pensa que tem a ver com o Kevin?_ Procuro saber._ Bom, porque vocês morriam de amores um pelo outro, e de repente tudo acabou e até hoje eu ainda não entendi o porquê de vocês acabarem um relacionamento tão lindo como aquele. Ah, filha, vocês eram tão perfeitos juntos! _ diz com uma voz arrastada e sonhadora. _ Acredita que eu cheguei a sonhar com o casamento de vocês?_ Eu também. Pensei desanimada. Afasto-me da cama e vou até uma janela, e olho para fora, tentando pensar em alguma desculpa plausível. Então volto o meu olhar para a minha mãe, que espera por minha resposta com um sorriso esperançoso nos lábios._ Não tem nada a ver com Kevin mamãe. Eu só não sei se quero ir a esse jantar, só isso. Mas se você faz tanta questão, por mim tudo bem! _ Forço um sorriso e dou de ombros. _ Pode confirmar minha presença.
_ Hum! Obrigada, filha linda! _ cantarola revelando uma felicidade que me arranca um sorriso maior, então ela me abraça e vai para fora do quarto. _ Vou avisar a Célia agora mesmo.
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A noite estou pronta para o tal jantar. Optei por uma calça pantalona vermelha e uma blusa delicada de renda branca. Pus os saltos altos de bico fino e para acompanhar esse look, escolhi um conjunto de brinco e pulceira com minusculas pedrinhas da cor da calça. Fiz um coque em meus cabelose uma maquiagem simples e assim que desci as escadas, encontrei todos na sala a minha espera. No caminho não converso com ninguém, pois minha mente estava fervilhando em pensamentos. Faz muito tempo que não vejo Karina e que não nos falamos. Qual será sua reação ao me ver na mansão, visto que ela é a única pessoa de fato que sabe o que realmente aconteceu? Sim, fomos grandes amigas, daquelas de contar confidências uma para a outra, porém, nossa amizade ficou bastante abalada com o término violento do nosso namoro. Sinto meu estômago embrulhar só de saber que estou indo aquela casa de novo, e sei que lá as lembranças serão mais vividas do que em minha própria casa.
Somos recebidos por dona Célia Lacerda, Karina e pelo senhor Álvaro Lacerda. Logo na entrada, sou abraçada com muito carinho pelo casal, mas abraço que Karina me deu foi muito esquisito e por incrível que pareça, eu entendo o seu receio e o tempo todo, Karina parecia sem graça e desconfortável com a minha presença ali. Não me surpreende, depois que tudo aconteceu, eu me afastei completamente dela e, do dia para noite, inventei um intercâmbio e saí do país sem ao menos me despedir, e desde então, não a procurei mais. A conversa na sala está bem animada, quando a campainha da casa começa a tocar e dona Célia vai atender, ela volta segundos depois segurando a mão do seu filho. Nossos olhos se encontram, ou melhor, os deles digladiam com os meus e a noite para mim, acabou! Se já estava difícil aguentar os olhares acusatórios da Karina em cima de mim, imagine como ficou sufocante agora com ele bem ali na minha frente. Desvio os meus olhos do par de olhos gélidos, quando ele começa a cumprimentar todos no cômodo, e conto os minutos para que essa noite termine. Na mesa a senhora Lacerta tenta manter um assunto animado e me fazem perguntas sobre NY e sobre o meu trabalho, isso manteve a minha mente distante do meu desconforto.
_ Então você trabalha como psicóloga? Imagino que deve ter muito trabalho por lá, aquela cidade é uma loucura! _ Senhor Álvaro comenta, me fazendo sorrir.
_ Não é tão trabalhoso assim, seu Álvaro. _ Começo a falar, quando o meu celular vibrar no bolso da minha calça. Olho paridamente a tela e vejo que Cris, minha amiga de trabalho. _ Desculpe, eu preciso atender _ peço, me levantando, e sem graça me afasto da mesa e vou direto para o jardim da casa. _ Oi, Cris! _ sibilo entusiasmada com sua ligação._ Alguém está muito ocupada aí no Brasil, tanto que se esqueceu até dos amigos aqui em NY! _ Ri do seu comentário. _ Como estão as coisas por aí amiga? _ Suspirei audível._ Difíceis _ confesso desanimada. _ Estou na casa dos pais dele._ O quê? _ indaga quase aos gritos. _ Como assim está na casa dos Lacerda... Ai, meu Deus, vocês voltaram?! Me diga que conversaram, ou algo do tipo? _ Sua empolgação é frustrante._ Só que não. _ retruco desanimada. _ Minha mãe teve a brilhante ideia de me trazer para um jantar na casa deles e, aí já viu, né? Depois eu te ligo, Cris, preciso voltar para mesa._ Tá bem, mas quero saber de todos detalhes, viu? Te amo amiga linda, se cuida!_ Ount! Também te amo e estou morrendo de saudades de você!_ Está nada, não seja falsa! Já faz uma semana que está aí, e nem sequer me ligou!_ Não fala isso, você sabe o quanto amo você! Depois a gente se fala, beijos. _ Encerro a ligação, olho para a garagem e penso em nosso cantinho, aqui mesmo nesse jardim, bem perto de um pequeno lago, e sem pensar duas vezes, desço os três degraus e sigo para o nosso cantinho, e mais uma vez esbarro em uma parede de músculos na minha frente. Seguro firme em seus ombros e falo em um fio de voz:_ Desculpe! _ Suas mãos quentes seguram firme a minha cintura, queimando a minha pele por cima do tecido, fazendo meu coração bater acelerado no peito. Seu rosto está tão próximo do meu, que... _O que estava fazendo aqui? _ Caio na real e pergunto quando percebo que ele estava perto demais de onde eu conversava com minha amiga. Ele não estava ouvindo a minha conversa, não é? Claro que não, isso é loucura, a final, o cara é casado!_Eu estava tomando um ar _ diz se afastando. _ Estava quente lá dentro. _ Ele me solta aos poucos e parece sem graça. Respiro fundo e me recomponho. _ Estava indo embora sem se despedir? _ acusa. _ Minha mãe ficaria desapontada, ela gosta muito de você _ diz, olhando para os lados, menos para mim._ Não estava indo embora... eu só, ia dá uma volta._ Faço um gesto com as mãos, indicando o jardim. Kevin me olha nos olhos e depois para minha boca, porém, eu me afasto um pouco constrangida. _ Vou voltar para mesa. _ aviso, apontando para a porta e me viro para deixá-lo no jardim, sem esperar que diga algo. Enquanto caminho pelo saguão, puxo a respiração várias vezes, tentando acalmar o meu corpo e quando chego a mesa, peço desculpas por ter que atender o telefone. Eles apenas me sorri e eu me sento em minha cadeira sobre o olhar especulativo de Karina, desvio o meu olhar do dela e tento me concentrar na conversa, que agora, é sobre a nossa infância. Kevin entra na sala de jantar minutos depois e se acomoda em seu lugar. Ele olha para a sua irmã e depois para mim e baixa sua cabeça. Quando o jantar termina, vamos todos para a sala de estar e uma empregada da casa nos serve um café, que eu dispenso e todos voltam com a conversa animada ainda sobre a nossa infância. Noto um resquício de um sorriso no canto da boca de Kevin, por conta de um comentário de meu irmão e me pego admirada com aquele minusculo sorriso. O primeiro desde que o vi mais cedo. Às onze, finalmente entramos no carro e confesso que me sinto aliviada de poder sair da mansão. Papai e mamãe se demoram um pouco com as despedidas, e quando entram no carro, soltam uma bomba que eu não esperava._ Convidei os Lacerda para nosso aniversário de casamento nesse sábado. _ Porra, quanto mais eu corro, mais perto ele está de mim! Bufo. Vão ser as férias mais cansativas que eu já tive na vida! Penso._ Que bom, mamãe! _ digo, porque não sei exatamente o que dizer disso tudo._ Não é filha?Por Lilian Alcântara.Mamãe hoje está muito feliz e particularmente eufórica também. É o dia do aniversário de casamento e ela resolveu me puxar para um dia de beleza. Papai saiu com o Luís e com Marcos para um dia só dos homens _ como se ele precisasse de uma despedida de solteiro! _ E para um dia só de mulheres, não podia faltar minha cunhada e sua amiga Mônica._ Você está diferente, cunhada! _ Ana comenta, me deixando confusa, mas ela continua._ Eu sei que quando te conheci não tivemos muito tempo juntas, mas você era uma garota especialmente alegre e mais extrovertida também. A sua alegria era do tipo contagiante._ As pessoas mudam, Ana!_ falo, enquanto Mário lava meus cabelos, passando as pontas dos dedos de modo carinhoso, espalhando toda a espuma._ Acreditava que as mudanças eram para melhor! _ ralha. _ Desculpe, não estou querendo me meter em sua vida, mas ele deve ser uma pessoa muito especial.__ Comenta._
Por kevin Lacerda.Ver Lilian entrar passar por aquelas portas, vestindo um longo vermelho, com um decote frontal, me arrebatou. Ela estava linda e sexy pra caralho! E não vou mentir, sua visão mexeu com minha estrutura física e emocional. Respirei fundo e tentei ficar em Alessandra, que está tão linda quanto, e seguro sua mão, para leva-la até uma mesa, para nos acomodarmos. Meus familiares parecem bem empolgados com essa festa, pois falam o tempo todo sobre a organização e o quanto tudo está lindo.Inevitavelmente a observo dá uma volta pelo salão e o meu amigo se aproximar dela. Sinto-me incomodado quando começam a conversar e ela sorrir de algo que ele diz. Meu coração acelera, quando ele toca sua mão e a olha com desejo. Imediatamente meu corpo inrigece e meu maxilar trava, pego meu copo de uísque e bebo o líquido de uma vez só. Minutos depois eles vão para a pista de dança e eu meneio a cabeça de forma negativa. Ela não muda mesmo, penso sentindo uma rai
Por kevin Lacerda.Chego a boate com Alessandra agarrada ao meu braço. A garota jáestá toda empolgada para dançar, mas a levo para uma mesa em um canto reservado e peço uma bebida para nós dois. Enquanto aguardamos, fazemos algumas trocas de carinho e ela ama sussurrar palavras indecorosas no meu ouvido. Algo que me estimula e que me deixa aceso também. Com o passar das horas, vejo Lilian entrar no clube. E enquanto Alê passa sua boca atrevida na lateral do meu pescoço, meus olhos percorrem ávidos o corpo da loira do outro lado do salão. O vestido negro e ressalta suas coxas praticamente expostas e os saltos, a deixa sensual. Observo que enquanto anda pela danceteria, alguns homens a devoram com os olhos. Isso me faz fechar as mãos em punho e trincar os dentes. Merda, o que eu tenho a ver com isso? Lilian se acomoda no bando do bar e pede sua bebida favorita. Ela fica horas sentada ali, ent
Setenta e duas horas depois...Depois da conversa com Lilian em meu apartamento, passei horas remoendo cada palavra que jogou na minha cara. Fiz tudo no automático; fui para a empresa e participei de algumas reuniões, mas a minha mente não estava realmente ali, estava no meio de uma conversa completamente sem nexo com ela. Após de dois anos, me senti inseguro quanto a decisão que tomei no passado._ Preciso sair _ aviso de repente para o meu sócio e peço que tome a frente de tudo. Entro no meu carro e dirijo sem uma direção certa por longos minutos, e quando dou por mim, estou entrando na mata que me levará ao lugar que resolvi enterrar por anos. Uma pequena caverna que conhecemos em uma excursão, fazendo trilhas. Foi lá que fazemos amor pela primeira vez e que Lilian se entregou para mim sem reservas. Assim chego a gruta, me deparo com a visão que me tirou o fôlego. Lilian estava praticamente deitada sobre uma rocha, próximo ao pe
Por kevin Lacerda.Enquanto meu sócio dirige, eu olho as ruas movimentadas da grande Rio, em pleno final de tarde, através da janela do carro. Dentro de minha cabeça, as palavras de Douglas ecoavam, me martirizando, apunhalando as minhas entranhas e amargamente sentia-me culpado por causar-lhe tamanho sofrimento."Ela chorava, como se sentisse uma grande dor"A mesma dor que senti naquele dia, quando achava estar sendo traído por ela. Fecho meus os olhose penso o quanto fui injusto com ela e agora eu sei que sofreu por causa da minha injustiça. Oh, Deus, todas as palavras de humilhação que desferi contra ela, todo o meu desprezo. Agoniado, passo as mãos pelo meu rosto, tentando aliviar essa tensão e o desespero que há dentro de mim._ Calma, Kevin, vai dá tudo certo, cara!_ Ricardo tenta me acalmar._ Não sei não, Ricardo, a Lilian q
Por Lilian Alcântara.Após vê-lo sair da biblioteca daquele jeito, transtornado, desespero, fiquei inquieta e preocupada, ali mesmo me deixei levar pelas lágrimas, eu não podia mais continuar, não depois de tudo o que eu já passei, o medo de me envolver de novo era maior que os sentimentos que eu sentia por ele, seco minhas lágrimas com as costas das minhas mãos, saio da biblioteca e corro para o meu quarto, meus pais ficam na sala sem entender nada, abro o meuclosete tiro tudo de dentro jogando na mala que qualquer jeito, arrumo minhanecessere vou tomar um banho, quando termino, coloco um jeans surrado, uma camiseta preta, faço um coque alto no cabelo, coloco um tênis, faço uma maquiagem para esconder o rosto inchado do choro, puxo minha mala até o alto da escada, minha mãe aparece na sala e fica surpresa._ Mas o que é
Por kevin Lacerda.Após sair da casa dos meus pais totalmente sem esperanças, passei a viver em um inferno só meu. Hoje faz uma semana que ela se foi, e eu simplesmente não tenho forças para mais nada. Estou trancado em meu quarto, e em meu celular tem dezenas de chamadas e de mensagens dos meus pais, de Karina, de Ricardo e até de Alê. Não quero falar com ninguém e não quero ouvir o som da voz deles, me dizendo que vai ficar tudo bem, porque eu sei que não vai. Eu só queria que ela estivesseaqui comigo.Já não tenho mais lágrimas para derramar, estou seco por dentro. Sim, chorei por ela, por mim, por estragar tudo que havia entre nós dois. Sento-me na cama, abro uma gaveta no criado mudo e tiro de lá uma caixinha vermelha, em forma de coração. A abro e fito por longos minutos a aliança que comprei a dois anos atr&aacut
Por Lilian Alcântara.Acordo com o som do meu despertador tocando a músicaAcidental LT in love,no meu criado mudo. São seis da manhã, e depois de soltar um suspiro baixinho, me viro na cama para ter certeza de que ontem a noite não foi apenas mais um sonho e sorri satisfeita, quando vi Kevin dormindo lindo e completamente nú ao meu lado, na minha cama. O lençol cobre apenas parte da sua bunda redonda e firme. Passo meu indicador, desenhando seu lábio inferior e ele se mexe no colchão, resmungando algo que eu não entendo, me fazendo ri outra vez. Pressiono os lábios, olhando o seu rosto sereno e solto mais um suspiro, dessa vez desanimada, porque preciso ir trabalhar e deixa- lo ali.Mexo-me devagar para sair da cama e tomar um banho e estou quase conseguindo, quando sou su