Lorena
– Você é louco! – Eu digo olhando ainda sem acreditar nas coisas que saem da sua boca.
Vampira. Lobo. Ele com certeza é um pirado, e não posso acreditar no que ele diz, muito menos que sou sua esposa.
Quando ele falou fiquei em estado de choque. Mas não sei quem sou, ou melhor não lembro de nada, além do meu nome, cogitei que ele podia estar falando a verdade quando me tirou do leilão, mas ainda estava incerta, mas seus lábios contra os meus parecem tão certos.
Minha cabeça dói ao tentar pensar em uma forma de lembrar de quem eu era, e como vim parar nesse lugar, mas está tudo em branco.
– Você com certeza precisa dos seus remédios – eu digo e quando vejo ele parando no sinal, e decidi fugir, não penso em nada, antes de abrir a porta do carro e corro para fora o mais longe dele.
A polícia, eles podem me ajudar, alguém tem que saber quem sou, em algum lugar eu tenho que ter uma família me procurando, penso enquanto corro e eu olho para trás e fico feliz quando não o vejo.
Mas algo em mim diz que ele não desistiu, eu xingo quando a merda do salto que estou usando prende no concreto do chão, e eu puxo para desprender e acabei caindo para frente, se não fosse dois braços eu teria se estatelado no chão.
– Cuidado moça. – O homem com bafo de cerveja diz contra meu rosto, eu me soltei dos seus braços e dei um passo para trás, quando vejo a sua intenção nos seus olhos. – Você não deveria andar sozinha, ainda mais nessa hora.
– Não estou sozinha. – Eu falo dando mais um passo para trás quando vejo mais um homem saindo do beco, ele tem um cigarro na boca, e suas calças estão abertas, e meus olhos se arregalaram quando vejo uma mulher atrás dele caindo no chão.
– Você parece sozinha, e bem nova também. Diferente da mercadoria usada que tenho aqui. – O cara que está fumando, a mulher que me olha sem se preocupar com nada além do que está fumando.
– Já disse que não estou sozinha – eu digo se afastando ainda mais dos caras.
– Não estou vendo ninguém por aqui. – Falou, o bêbado. Eu dei mais um passo para trás e acabei encostando em algo peludo. Penso que possa ser um cachorro, mas ele é muito maior que um cachorro, cachorros não atingem os ombros das pessoas, mas não posso olhá-lo para ter certeza, não quero tirar os olhos dos dois homens.
– Sua companhia é um cachorro grande, mas ainda é um cachorro! – o cara que ainda tem o cigarro rir e antes de pegar uma faca de um dos seus bolso.
O cara bêbado se aproxima e a próxima coisa que vejo, é algo preto e peludo, se jogando em cima dele, e o leva ao chão, ele rosna, e eu sei que isso não é um cachorro.
Deus. É um lobo.
O outro cara corre, mas não vai muito longe, já que o lobo dá um curto salto, e cai em cima dele, e sua pata ataca, e eu sinto o medo me consumir.
Não devia ter um lobo aqui na cidade, eles são da floresta, a minha mente deve está pregando uma peça, mas eu sinto que é real, quando ele vira a cabeça na minha direção, e logo está focando em mim.
Eu não penso nem duas vezes, eu corro de volta do caminho que vim, e quando encontro o carro aberto, eu corro e me fecho nele, e fico olhando abismada, o lobo se aproxima, e eu engulo em seco quando ele dá a volta no carro e vai para porta do motorista que está aberta e eu me movo rápido para fechar, mas o lobo é mais rápido e entra.
Quero fugir novamente, mas ele coloca uma pata no meu colo e mostra seus dentes que podem me rasgar ao meio, e eu sinto minha garganta começar a fechar. Só metade do corpo dentro do carro.
Eu encaro o lobo sem saber o que fazer, ele é enorme, não tem como confundi-lo com um cachorro. Ele não tem nada de calmo e amoroso, ele é um predador pronto para matar.
– Você é um bom menino. – Eu sussurro engolindo em seco ainda o olhando. Ele mexe a cabeça peluda na minha direção, como se estivesse me analisando.
– Não sou comida. Não tenho um gosto bom. – Eu falo para ele, pensando que assim poderia distraí-lo e fugir. Mas sei que será impossível, ele é um predador natural. E eu fecho os olhos e respiro fundo. – Só faça rápido.
– Pelo o gosto que tive de você. A única coisa que posso pensar é a perfeição, – Derek diz, e eu abro meus olhos e o encontro nu no lugar que devia está o lobo. – e não vai ser rápido gatinha.
– Onde está o lobo? – eu perguntei olhando para sua mão que está na minha perna.
– Dentro de mim. – Ele diz e para provar seu ponto, ele leva a outra mão até meu queixo e me faz olhar em seus olhos e eu vejo muda de azuis para amarelados.
– Você é um lobo. – eu digo assustada. É tudo que posso sentir.
– Foi o que disse, Lorena. – Ele fala sorrindo, e beijou meus lábios antes de voltar a sua atenção para ligar o carro e dar partida.
– Você matou aquelas caras.
– Matei e queria matar novamente, eles queriam fazer coisas horríveis com você – ele fala irritado aumentando a velocidade do carro.
– Você os matou. Você é um lobo. – Eu falo parecendo um disco arranhado.
– Você já disse isso. – Ele diz sorrindo e eu não sei o que sentir. Essa noite foi tão louca. Isso é real. Não pode ser.
Eu o olho ainda sem acreditar que ele pode virar um lobo, mas eu vi com os meus olhos. E isso não pode ser mentira, a não ser que eu esteja em outra dimensão, ou pior morta. Só isso explicaria o que está acontecendo.
– Estou morta? Em coma? Drogada? – Eu me perguntei baixinho.
– Nenhuma das opções. Você só está em choque. – Ele diz sorrindo e eu mexo a cabeça.
– Pra onde está me levando? – eu me foco a coisas normais.
– Para casa. – Ele responde.
– Isso não significa nada para mim. – Eu comento.
– Mas vai significar. – Ele fala irritado.
Eu não falo nada e olho para fora da janela, e tento me localizar pelos os prédios que vejo, mas nada vem à minha mente.
Nada. Nadinha mesmo, não sei quem sou além de Lorena.
Mantenho meu foco na janela, pois não quero voltar a minha atenção para ele e olhar seu corpo nu, ele é tão bonito parece um modelo, todo músculos. Mas é um conjunto que o faz ser um Deus grego.
– Como fui parar naquele lugar? – Eu falo depois de vários minutos em silêncio, estava tentando colocar as coisas em ordem na minha cabeça.
– Você foi sequestrada. – Ele diz irritado como se só de lembrar disso o fizesse perder a cabeça.
– Por que alguém iria me sequestrar? – Eu falei confusa.
– Porque você era uma vampira, e eles queriam fazer experiências com você. E eles de alguma forma conseguiram transformar você em humana. – Ele diz. E eu luto para acreditar no que ele estava dizendo. Mas fica mais fácil quando o vi na sua forma loba.
– Como queria me lembrar. – Digo com melancolia.
– Você vai. Se não lembrar, vamos construir novas memórias para você. Juntos. – Ele diz levando uma mão até minha perna e aperta de leve. E depois começa a se vestir, fico triste por ele cobrir seu corpo. Mas mudando o foco da minha mente, tento conversar.
– Vampiros e lobos não deviam ser inimigos ou algo assim. – Eu brinco olhando para sua mão. Ele riu.
– Mas houve um tempo que foram. Hoje vivemos em paz. – Derek fala ainda rindo e eu percebo que começo a gostar de sua risada. Ele sempre pareceu tão sério. Até mesmo quando estava me beijando.
– Como nos conhecemos? – Perguntei.
– No trabalho, eu estava disfarçado em missão, quando senti seu cheiro e soube que era minha. É minha. – Ele explica sorrindo e eu vejo seus olhos mudarem quando ele diz a última parte e depois volta sua atenção para a estrada.
– Como terminamos casados? Não sei como agir com esse seu modo de homem das cavernas. – Eu admito.
– Não nos casamos. Mas vamos. – Derek falou olhando pelo espelho retrovisor e xingou.
– Mas você disse que você era meu marido. – Lembro a ele confusa.
– Não sou ainda, mas vou ser. Mentir para te tirar de lá. – Ele admite aumentando a velocidade do carro.
– Você mentiu. – Eu repito o que ele disse e tento entender o que meu coração está sentindo com ele não sendo meu marido.
– Odiei fazer isso. Mas saiba que nós vamos nos casar. Não precisa ficar triste, gatinha. – Ele diz virando o carro na curva, e eu me assusto.
– Eu não estou triste! Não vou me casar com você! – Eu digo irritado com toda sua ousadia.
–Vai. Nem que esteja amarrada no altar. – Ele diz olhando para mim com os olhos semicerrados.
– Seu louco. – Eu grito quando ele freia e depois pega a arma que está no chão do carro e sai.
Eu estou pronta para sair atrás dele, mas olho para o espelho retrovisor e vejo ele para no meio da estrada e mira, e é então que notei um motoqueiro vindo atrás de nós.
Com um tiro certeiro o Derek acaba eliminando ele, e vejo sua moto cair junto com ele parando alguns sentimentos de Derek, e ainda está com arma em punho mirando em dois carros pretos vindo em sua direção.
O pavor toma conta de mim, ele pode ser atropelado. E como na outra vez ele atira, e estoura um dos pneus da frente e o carro para. E outro bate. E Derek volta para o nosso carro e dá partida.
Eu abro a boca para discutir com seu modo imprudente, mas algo bate no carro e tudo fica escuro.
LorenaAí. Aí. É tudo que posso pensar.Minha cabeça dói, como meu braço direto, e eu abro meus olhos e tento me localizar, e acabo percebendo que estou em uma van, minhas mãos estão amarradas com algemas.Eu olho para frente e meu olhar cai em Derek, ele está desacordado e seu rosto está machucado, e sangrando muito, posso notar apesar de toda escuridão aqui dentro.Meu coração dói só de vê-lo assim tão machucado. E eu seguro o choro, isso não vai ajudar em nada.– Derek. – Eu sussurro sabendo que ele vai me escutar, mas não falo muito alto para o motorista ouvir. – Por favor, acorda.
DerekO meu sangue está fervendo e tudo que quero é matar, mas isso pode ficar para outra hora, tenho que tirar minha companheira daqui. E mantê-la em segurança, até poder nos tirar do país sem chamar atenção para nós, e eu sei que isso vai ser difícil.Eles não vão parar de procurá-la, não quando acham que é um milagre, isso me irritava ainda mais. Eu giro e rosno alto quando a percebo caída no chão da van, desacordada, e o maldito motorista apontando a arma para mim, e eu sorriu.Ele atira na minha direção com determinação no rosto, mas quando eu começo a desviar dos seus tiros com muita facilidade ele se assusta, e quando a sua munição acabou, eu pego a merda de um pneu
LorenaEu estava ansiosa e preocupada, não sabia o que ia acontecer quando estivesse em terra firme. Não sabia nada sobre mim além do meu nome e isso ainda me deixa transtornada.O que sei sobre mim nem dá uma grande lista. Lorena. Ok. Fui uma vampira. Ok. Sou loira. Ok. Meus olhos são azuis. Ok.
LorenaTudo que quero é sair daqui, e fugir.Não quero ser pega novamente, e muito menos que Derek também seja pego, isso não pode acontecer, ele pode ser grosso e extremamente frio e quente ao mesmo tempo, mas gosto dele e não quero vê-lo machucado.– Oi, bom dia. Vocês chegaram bem cedo – falou uma mulher de jaleco branco e um sorriso tão grande que posso ver todos seus dentes, e isso incomoda, pessoas que riem assim são psicopatas.– Nós... – Eu começo a dizer, mas sou interrompida por ela.– Eu sei, entrem. O processo é totalmente gratuito como diz no panfleto e só queremos ajudar famílias que querem ter f
Lorena Eu me sentia segura com Derek ao meu lado, e agora o medo, a insegurança e a incerteza estão comprando o preço na minha mente. Tenho medo por ele, se algo der errado, ele pode se machucar e só esse pensamento está sendo agonizante, eu sei que não vou ficar bem, enquanto não o ver ao meu lado.Não tenho certeza de nada na minha vida, a única é ele, pois eu acreditei no que ele disse que sou dele, e só de pensar que isso pode ser mentira me machucar de uma forma extremamente nova. Mas parar para analisar, tudo é novo.Minha mente está um caos, girando e girando em turbilhão de pensamentos sobre coisas que não posso controlar e odeio não poder fazer nada, isso chegar
LorenaChegamos à cidade um pouco depois do meio dia, mas não presto atenção no que está à minha volta. Meu foco está em Derek e onde ele pode está, eu estou tão preocupada que está difícil de respirar.Eu saí do carro quando ele parou, e olhei em volta, e vejo algumas pessoas nos olhando, mas depois seguiu seu caminho. Sigo os pais de Derek até um restaurante no outro lado da rua, e quando sinto o cheiro de comida, tenho o desejo de comer, é uma fome tão forte, que era como se não tivesse comido há muito tempo.Quando entro, o local está tão cheio que chega a ser sufocante e é como se todos estivessem olhando para nós, é um pouco desconfortável. E fui até um canto do rest
LorenaEstava saindo do prédio dois minutos exatos depois da ligação, nem sei como me vestir, só queria saber de Derek, e salvá-lo, e tirá-lo do perigo. Meu coração está na boca, e o medo está me consumindo, unido com a preocupação que aumenta cada passo que dou. Não devia ter relaxado, devia estar em alerta. Mas mesmo assim não sabia o que fazer, pois não sabia onde o Derek podia estar, e assim não tinha como ajudá-lo.Eu devia ter insistido e ter ficado com ele, e não deixar ele sair do meu campo de visão. Fui burra, mas se Deus deixar esse homem vivo e ao meu lado, não vou mais perdê-lo de vista. Se for para morrermos, estaremos juntos, ou nada feito.Eu olho para os dois lados e não
LorenaEu sabia que ele estava atrás de mim antes de olhar para trás, seu uivo era alto e raivoso, como estivesse pronto para me fazer pagar pela afronta que fiz ao fugir dele, mas continuou correndo sem olhar para trás, sei que tenho que para, e tentar fazer algo, para trazê-lo de volta, mas não faço a mínima ideia de como.Também não posso simplesmente ficar nua e a espera por ele, não é nada agradável, se... São tantos “se” que não sei por onde começar.Eu olho para trás esperando ver um grande lobo, mas não encontro nada, e acho estranho, ele devia está aqui, atrás de mim, longe dos seus amigos, onde não podem mais feri-los.– E