— Pode passar a toalha? — perguntou ele e olhou para o chão, segui seu olhar e vi a toalha verde a poucos metros de mim, avancei e peguei a toalha, evitando seu olhar e me concentrando em seus pés descalços na água estendi o pano e me virei de costas.
Pude ouvir Lia se levantando do chão, ela passou por mim feito um raio esbarrando propositalmente.
Ouvi o chuveiro ser desligado e quando avancei para a saída fui impedida por uma mão que segurou meu braço.
— Mia?
Me virei para Rick, estava com a toalha na cintura e seu cabelo escuro caía sobre sua fronte, seus olhos verdes me encaravam.
Passado o instante de surpresa por ele me puxar daquela forma eu recuei para longe dele, afinal estávamos sozinhos no banheiro e só uma toalha o cobria.
Não parecia apropriado e nem mesmo certo estar assim aqui com ele.— Foi um acidente, estávamos conversando e ela escorregou e caiu. — Menti e tentei me concentrar em seu rosto, apesar de ser um pouco mais magro que Scott isso não o tornava inferior de maneira alguma, era difícil não olhar para seu físico, sua pele parecia reluzir.
Ele semicerrou os olhos e coçou o queixo.
— Duvido muito. — respondeu cismado.
Encarei-o pensando com cuidado no que dizer a seguir.
— É claro que se a porta estivesse trancada nada disso teria acontecido. — rebati.
Ele ergueu as sobrancelhas parecendo surpreso com minha resposta, mas logo rebateu.
— Mas é meio tarde para vocês estarem aqui, não acha?
Antes que eu pudesse responder ele disparou outra questão.
— E eu me pergunto como Lia tropeçou nesse chão liso?
Tomei a decisão mais sensata possível.
Deixei-o falando sozinho no banheiro e caminhei de volta para o acampamento.Enquanto eu caminhava apressada pela areia macia tentei ver se alcançava Lia, mas nem sinal dela.
Eu só via muito ao longe o brilho da fogueira.— Porque eu tenho a nítida impressão de que você está mentido sobre o que estava fazendo no banheiro? — perguntou Rick me alcançando.
— Não sei do que está falando. — neguei.
— Você não é a sinceridade em pessoa pelo visto. — murmurou ele caminhando ao meu lado, estava de bermuda, com a mochila nas costas e sem camisa, seu cabelo ainda úmido.
Quando olhei para seu rosto a luz da lua deu um tom impactante ao seu olhar verde me fazendo desviar o olhar para o mar.— Ofendi você? — perguntou ele reagindo ao meu súbito interesse pelas ondas escuras.
— Ouça, eu sei que não começamos tão bem quando nos conhecemos, mas somos adultos certo? Podemos acertar isso sabe? — falei.
— Foi só um mal-entendido Mia, nada de mais. — respondeu ele.
Vi naquele momento a oportunidade de tocar no assunto dele ser discreto em relação ao que viu, tentei escolher as palavras certas.
— Foi realmente um mal-entendido Rick, mas de todo caso eu ficaria muito grata se você fosse discreto em relação ao que você viu...
Quando fiz esse pedido imediatamente me senti constrangida, a expressão de Rick mudou, ele pareceu ficar por um momento submerso em pensamentos.
Eu mesma acabei por retornar em pensamentos aquela noite, no momento em que eu o abracei nua, completamente convencida de que se tratava do meu namorado.— Scott é ciumento, é melhor isso ficar só entre nós. — reforcei.
Ele ficou muito sério quando mencionei o irmão, isso era bom.
Mostrava que ele tinha algum respeito por ele.— É com a reação dele que você está preocupada? Fala sério, aquilo foi culpa dele. — rebateu de repente.
— Culpa dele? Culpa sua! Que tipo de pessoa chega no meio da noite?! — exclamei!
— Que tipo de homem não conta que tem um irmão gêmeo? Deve ser o mesmo tipo que nem se quer certifica que tem camisinhas em casa e precisa sair no meio da noite para comprar...
Suas palavras me irritaram profundamente, por um momento eu me vi acertando seu rosto, mas me contive.
— Ele errou, só isso.
— Errou... ele costuma fazer muito isso. — murmurou Rick e seu olhar se firmou no acampamento que estava a poucos metros.
De repente me dei conta que estava retornando sozinha dos banheiros com Rick, o que as pessoas iriam pensar?
Como se ele tivesse lido meus pensamentos pronunciou.
— Diga que precisou ir ao banheiro e eu estava de saída, resolvi acompanhar você, já que é minha cunhada tão querida.
Ele zombou na parte "cunhada querida" mas quando vi Scott correndo em nossa direção aceitei de bom grado sua ajuda.
— Mia! Onde você estava? — Scott me interpelou.
— Eu fui ao banheiro. — respondi.
— Porque não me chamou, e, porque está voltando com ele? — questionou ele.
— Você estava ocupado, e além disso eu estava saindo do banheiro quando ela chegou, resolvi esperar para ela não voltar sozinha. — respondeu Rick.
Scott o olhou desconfiado, Rick sustentou seu olhar, se passaram alguns segundos bastante desconfortáveis, o modo como os dois se encaravam deixava muito claro que estava acontecendo algum conflito silencioso entre eles.
Achei sensato intervir.
— Ok, vamos voltar para a fogueira Scott. — O puxei pela mão o conduzindo de volta a fogueira.
Nós sentamos ao lado de Emily e Peter.
Rick entrou para sua própria barraca sem olhar para trás.
Emily sorriu ao me ver, estava bebendo uma cerveja, mas como sempre ao lado de Peter, Justin estava contando alguma história que poderiam ou não ser de terror, era dizer já que eu não estava prestando atenção a ele.
Peter era mais novo que Justin por um ano, e dos dois irmãos o mais preocupado com Emily, vi seu olhar apreensivo olhando enquanto ela bebia animada.Emily assim que teve oportunidade sussurrou para mim se Rick não iria se juntar a fogueira.
Peter é claro ouviu.
— Acredito que você já bebeu demais...— anunciou ele e simplesmente tomou a lata de cerveja das mãos dela.
— Você não é meu pai! — protestou Emily.
Os dois começaram uma discussão que interrompeu Justin em sua história.
— Calem a boca! Estou na melhor parte! — protestou Justin se levantando.
A discussão continuou, olhei em volta para os jovens ao redor da fogueira, agora ninguém parecia ter interesse na história de Justin e sim na discussão dos irmãos, principalmente Natalie Clint, que viu nisso uma oportunidade para tentar se aproximar de Emily, ela partiu em defesa de Emily, mas de um modo sutil, tentando acalmar os dois, mas seu apoio era claro para Emily.
— Nada como um drama familiar não é? — murmurei para Scort ao meu lado.
Ele me encarou.
— Não quero você sozinha com Rick. — revelou sério.
Olhei para ele procurando algum resquício de humor em sua expressão, não havia nenhum.Ele falava muito sério.— O quê? — perguntei sem entender.
— Preste atenção Mia, tem um motivo para ele morar com meus avós. — sua voz agora não passava de um sussurro ao qual eu tive que me inclinar para entender.
— Qual o motivo? — perguntei apreensiva.
Scott mantinha uma expressão receosa, seu olhar recaiu sobre a barraca onde estava o irmão e depois voltou para mim, seus lábios se entreabriram-se e parecia que iria contar algo, mas um grito feminino histérico nos interrompeu.
Lia veio correndo pela praia aos prantos, seu rosto marcado por lágrimas, sua perna sangrava.— Scott! — gritou ela e quando olhei para o lado ele já não estava mais.Scott a segurou nos braços de modo protetor enquanto ela praticamente desvanecia em seus braços, todos se aproximaram preocupados, se perguntando o que havia acontecido.Um burburinho de vozes se iniciou, todos confusos, a voz de Scott soou alta quando pediu para todos se afastarem, ele ergueu Lia nos braços e revelou a perna de Lia, o rubro do sangue fez com que todos falassem ainda mais alto.— Saiam! Ela foi mordida por uma cobra! Vou levar ela para o hospital! — exclamou Scott passando por todos.— Scott vou com você, espera! — gritei enquanto corria atrás dele pela praia.— Não! Pode ficar, eu a trouxe. Posso cuidar disso. — respondeu.Lia escolheu esse momento para gemer de dor e se agarrou mais a ele, vi a tensão no olhar dele aumentar enquanto caminhava com ela, ele
Rick assentiu ao meu comentário sobre a noite está boa para beber, ele se sentou e me estendeu uma lata de cerveja.Eu a peguei e bebi.— Estão falando de mim lá fora? — perguntei.Rick bebeu sua própria cerveja lentamente antes de me responder.— Isso importa? — me questionou.Olhei para ele, seu rosto estava em uma meia luz e o verde intenso de seus olhos não era muito visível, lamentei um pouco por isso.— Importa. — respondi.Ele assentiu.— Estão, na verdade, Emily queria vir aqui, mas Peter a impediu.— Todos eles sabiam. — constatei ressentida.— Desconfiavam é a palavra mais adequada Mia.Bebi o restante da cerveja e peguei mais uma.— Sei...— Você acredita realmente que seus amigos enganaram você? Até mesmo a Emily? — agora ele estava me pressionando.
Eu estava deitada observando Rick retirar sua camisa, seu peito nu era lindo, seu olhar sobre mim era de um verde intenso.Ele deitou sobre mim, seus beijos começaram pelo meu pescoço e foram gradualmente descendo e no caminho suas mãos me acariciaram, eu comecei a sentir tudo de modo simultâneo.O desejo, a excitação e, no fundo o medo do que viria a seguir.Involuntariamente eu estremeci quando sua boca parou muito perto da abertura da calça.Ele se levantou um pouco e seu olhar se encontrou com o meu.Suas mãos pousaram na abertura da minha calça e seu olhar parecia conter uma pergunta silenciosa, sua mão estava completamente parada.— Pode tirar. — respondi sua pergunta silenciosa.Suas mãos se moveram retirando a calça e revelando minha pele coberta apenas por uma calcinha.Ele me olhou por vários segundos e suas mãos deslizaram por minhas coxas, barriga e por fim meu sexo.Suspirei ao seu toque, isso atraiu seu olhar para o meu rosto nova
— Desgraçado! — esbravejou Scott invadindo a barraca.Tudo aconteceu muito rápido, Rick saiu de cima de mim a tempo de desviar de um soco de Scott, eu me enrolei no lençol e comecei a gritar histérica para Scott sair, mas logo os dois irmãos se envolveram em uma briga muito violenta, onde de início Scott estava ganhando, mas isso não durou muito, Rick conseguiu superar a vantagem do irmão de o ter surpreendido e o jogou com tudo de costas para o chão, já posicionado em cima dele começou a desferir socos contra o rosto de Scott, o sangue começou a se espalhar por seu rosto.Eu gritei para pararem, gritei desesperadamente e me perguntei como ninguém lá fora ouvia isso!Me levantei e sai correndo para fora, gritei desesperada por Peter, Justin e quem mais ouvisse.Peter foi o primeiro a aparecer, ele segurava um lençol enrolado na cintura, junto dele apareceu Natalie completamente nua, somente um fino lençol a cobria.—
Scott limpou o rosto enojado.Me encarou furioso, mas não se moveu.— Como você pode falar essas coisas? — perguntei com a voz embargada.— Eu deveria fazer a mesma pergunta.— rebateu.Eu o encarei sentindo o ódio me consumir, como nesse tempo todo eu não vi isso nele?Como pude acreditar que ele era diferente de alguma maneira?Eu o olhei uma última vez e virei as costas, caminhei depressa de volta para o acampamento sentindo meu coração despedaçado.Me sentindo completamente culpada de ter estado com Rick também, porque para todos agora aquilo parecia uma tola vingança, e eu não sabia se estavam certos sobre os meus motivos.Peguei minha bolsa nos destroços da barraca e avistei as roupas de Rick jogadas, coloquei dentro da minha própria bolsa e segui em direção ao banheiro, enquanto caminhava chorei.Chorei intensamente pensando em todas as noites que fui dormindo sorrindo pensando em Scott, me lembrei dos filmes que assistimos e pens
Meu coração estava despedaçado, eu gritava ajoelhada no chão, o policial chamado Ward se ajoelhou e me envolveu em seus braços tentando me levantar.— Mia? — Justin saiu do carro e veio correndo em minha direção.Todas as pessoas que se encontravam ao redor da casa voltaram seu olhar para mim, eu reconheci o rosto de muitos deles, vizinhos que eram amigos da minha mãe, até mesmo o pai de Scott estava entre eles, sua expressão de profunda tristeza.Ele ultrapassou a Fita de isolamento e tentou vir até mim.— Mia! — gritou meu nome, mas foi rapidamente contido por outro policial que o colocou novamente atrás da fita.Justin Jones se apresentou ao meu policial Ward como sendo meu amigo.Eu reuni forças para me desvencilhar dos braços de Ward que insistia em me segurar.— Me solta! — esbravejei para ele.— Se acalme, vai ficar tudo bem. — anunciou suave, me
O carro parou em frente a casa dos Jones, a Sra. Jones saiu do carro e eu a segui a passos lentos em direção a sua porta, enquanto caminhava senti as primeiras gotas de chuva cair sobre meus ombros, a mulher ao meu lado envolveu seus braços ao meu redor e me guiou gentilmente para o interior de sua casa, já no imóvel foi sugerido que eu me sentasse no sofá.Não havia sinal do senhor Jones na casa, muito provavelmente estava dormindo, já que ele acordava muito cedo, tinha um cargo importante em uma fábrica de sapatos.Olhei para minhas mãos trêmulas em meu colo, só naquele momento me dei conta de que havia deixado minha bolsa com meus pertences no carro de Justin.Fiquei aflita ao pensar nesse fato, mas não era a ausência das roupas que me causaram frustração, e sim o celular.Porque agora gradualmente fui me tornando ciente de que meu pai havia sido levado ao hospital, eu nem mesmo sabia qual.A Sra. Jo
Eu o encarei chocada com sua reação despreocupada com seu próprio irmão, ele me segurava pelo braço ainda e eu o puxei de sua mão.Ele voltou seu olhar para mim interrogativo, parecia não entender minha indignação.— Não preciso da sua ajuda. — rosnei para ele.Caminhei direto para o banco de informações onde a atendente foi muito prestativa, Scott me seguiu enquanto eu dizia o nome do meu pai e entregava minha identidade, Scott seguiu meus passos entregando os documentos, um cartão de identificação foi nos entregue e informado para colar na roupa.Visitantes, informava o papel.Segui para a ala sete no procurando o quarto 445, o estado de saúde do meu pai não me foi totalmente informado pela atendente, Scott seguia caminhando ao meu lado.A ala sete ficava no segundo andar, quando entramos no elevador Scott disse.— A Sra. Jones só foi informada do AVC no