5. Eu nunca vou te pertencer em sentimentos

LAYLA

Ele lentamente se aproxima de mim e ficamos sobre a cama, seus olhos finalmente, mostram algo mais do que frieza me dando uma pequena indicação de que essa fera tem coração.

Seu olhar se move lentamente sobre mim enquanto seus lábios sorriem. É inevitável que a proximidade dele cause mil estragos em todo o meu corpo, meu coração quer explodir e meus pensamentos são um redemoinho.

Estou queimando. Suas palavras ecoam e a tentação que ver seu corpo me causa me confunde. Estou brincando com fogo e talvez queira queimar.

— Eu... — Sussurro, pegando sua mão e colocando suavemente contra seu peito — Eu nunca vou te pertencer.

Reuni coragem de onde quer que tivesse e minha voz saiu mais forte do que eu pensava. O sorriso que decorava seu rosto perfeito desapareceu e seus olhos se concentram em mim com óbvio aborrecimento.

Faço uma tentativa de me afastar, mas ele me agarra pela com força e fica a centímetros do meu rosto. Sua mandíbula está tensa, a veia do pescoço se destaca e seus olhos exalam fogo.

— Vamos confirmar isso. — Ele tenta se aproximar dos meus lábios mas viro o rosto com todas as forças e seus lábios encontram minha bochecha.

Fico ali, com a pulsação acelerada e a pele queimando. Tenho certeza de que isso custou mais para mim do que para ele. E caramba, eu não entendo essa merda.

— É melhor você se acostumar com essa vida, pequena. Não esqueça que seu pai te vendeu e adivinhe a quem você pertence agora? – Ele aspira meu cheiro e sua voz é rude.

Machuca. Dói muito, porque ele está certo. E eu o odiei com todas as forças da minha alma, tudo nele, mas odeio mais que ele tenha razão, em tudo. Me obrigo a ficar calma, não vou chorar, pelo menos não vou dar a ele o prazer de me ver quebrada.

— Que foi? Dói em você saber que eu estou certo? — Ele sussurra, pressionando meu pescoço como se estivesse lendo meus pensamentos — Sabe o que me machuca? Saber que ninguém nessa porra de mundo, daria mais do que eu dei por você e não estou lucrando em nada. Você vai me dar o que eu quiser está entendendo? — Grita severamente.

Filho de...

Sinto um nó na garganta me impedindo de respirar normalmente, suas palavras apunham meu peito e meus olhos ardem. Ele move meu rosto bruscamente e me força a encará-lo. Assim que nossos olhos se encontram, vejo que sua expressão é severa e ele aperta a mandíbula.

— Responda. Só há uma única porra de coisa tem que está clara para você, Layla. Aqui você não é ninguém, na minha vida você não é ninguém, nesse maldito mundo você não é ninguém, e se você está aqui é porque eu quero que você esteja

- ele afirma - Não me importa o que você quer, o que você pensa ou deseja, você pertence a mim, foi por isso que eu comprei você — Fala com os dentes cerrados.

Meu coração se parte e uma lágrima, tímida e fria, escorre pelo meu rosto. Por que as palavras de um cara como ele me afetam?

— Tudo está perfeitamente claro. — Eu aceno lentamente, dando-lhe um sorriso triste. Ele me solta com força e passa por mim direto para o banheiro.

Fecho os olhos com força e solto todo o ar. Meu peito ainda está queimando. É minha culpa, é minha culpa por acreditar por um breve segundo que uma fera como ele tinha algo mais do que um pedaço de pedra no lugar do coração.

Minha alma cai aos meus pés e imploro ao mundo, ao céu, a todos os deuses e até ao universo que me ajudem a sair daqui. Não suportarei esse inferno, prefiro a morte a viver um único dia com aquele maldito demônio arrogante, troglodita e grosseiro.

Me encolho, deixando as pernas no peito. Respiro fundo mil vezes e escondo a dor em cada parte do meu ser, não quero chorar, não até que ele vá embora e me deixe sozinha novamente. Quero ficar sozinha, preciso pensar, preciso chorar à vontade, e não vou dar a ele o prazer de ver como suas palavras estão tatuadas em minha alma.

Ele sai do banheiro alguns minutos depois do que pareceu uma eternidade. Fico tensa imediatamente e não olho para ele em nenhum momento. Minhas mãos tremem e o medo está de volta, tão pulsante quanto intenso.

— Posso ligar para minha irmãzinha e dizer que estou bem? — Não olho para ele em nenhum momento e minha voz é apenas um sussurro. O medo dele recusar se torna real quando seus lábios se abrem.

— Você vai falar com ela quando eu quiser. — ele diz e eu fecho os olhos com força. Acho que tinha que tentar.

Suspiro pesadamente e viro o rosto para não notar sua presença, mesmo que seja inútil.

Escuto a porta bater e olha para ela. Respiro fundo quando percebo que ele finalmente se foi. Então, ali, no meio de uma cama estupidamente enorme e macia, iluminada por uma pequena lâmpada, gentilmente deixou meu corpo cair enquanto ainda me abraçava pelos joelhos.

Permito que a raiva, a dor, a frustração e aquelas lembranças amargas saiam pelas gotas salgadas que emanam dos meus olhos. Em menos de duas semanas minha vida mudou. Posso não ter tido uma vida perfeita ou feliz, mas era a minha vida, era o que eu tinha e fazia o que queria, não tinha um maldito demônio arrogante atrás de mim me lembrando o quão pouco valho nesse maldito mundo.

Meu peito queima e minha cabeça fica pesada. Eu me sinto tão vazia, tão sozinha e tão machucada, eu gostaria de ser livre, gostaria de nunca ter feito nada para meu pai, nada para fazê-lo me odiar daquele jeito.

Porque é isso, é a única verdade, meu pai me odeia por ter tirado a vida da minha mãe, tirei a felicidade dele, o amor, uma família e a oportunidade de uma vida plena, tirei a mulher que ele amava no momento que decidi entrar nas drogas nojentas, se naquela noite não houvesse saído, se ela não tivesse ido me procurar, tudo seria tão diferente agora, porque ela deu a vida por mim.

Agarro o travesseiro e abafou um grito cheio de sofrimento e culpa

De repente, a porta se abre me fazendo sentar com medo. Minha visão está embaçada e meu peito não para de doer. Uma mulher branca e lindos olhos verdes me olha suavemente e um sorriso triste está em seus lábios.

Lembro-me dela por um breve segundo, era a Amélia, ela está com uma bandeja de comida, viro o rosto e choro de novo sem conseguir parar.

— Venha linda. Coma um pouco — sinto a cama afundar, ela acaricia minhas costas e por algum motivo, seu toque me conforta um pouco.

Lentamente me levantou da cama, seu sorriso se alargando e suas rugas se tornando ainda mais visíveis. Ela cheira bem, como flores e biscoitos, ela se parece tanto com a minha mãe que me dá vontade de chorar ainda mais.

-Você está bem? Alguma coisa está doendo, querida? - Gentilmente enxuga minhas lágrimas, mas isso as aumenta.

— Estou bem. — Minto e dou-lhe um sorriso. Ela me olha com curiosidade e balança a cabeça lentamente.

Coloca a comida no meu colo e eu olho para ela. Não tenho apetite, tenho certeza que tantos aborrecimentos fecharam completamente meu estômago.

— Querida, você tem que comer. Você não come nada há dias, pode ficar doente e acredite, essa não é a solução — Ela pega minhas mãos — Você sabe o que vejo quando olho para você? Você é muito corajosa, muito valiosa e forte, tenho certeza que meu menino Bas vai ver isso e se arrependerá de ter causado lágrimas. Não desista agora — ela sorri e seus olhos sob aquelas rugas me olham com doçura.

Respiro fundo, pego os talheres e termino k pequeno café da manhã que ela me trouxe. Suas palavras me tocaram profundamente. Não porque eu queira que Sebastian me veja como ela, mas porque ela acabou de dizer uma coisa muito verdadeira, ele vai se arrepender, e eu cuidarei disso pessoalmente.

Ele quer guerra? Quer medir quem é mais forte? Eu mesma farei com que ele perca o controle. Ele só conhece a Layla quebrada e danificada.

Você morrerá em vida Sebastian Messina do mesmo jeito que acabou de me matar.

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