Nas profundezas do obscuro e assustador inferno, inúmeras almas perambulavam sem rumo e sem esperanças. Outras apenas ficavam estáticas somente observando ao movimento de vaivém de andarilhos das trevas. Muitos ficavam indecisos entre o ir e o ficar. Ir para onde? Ficar para quê? Nada fazia sentido naquele martírio em que se encontravam.
Somente algumas sensações eram as mesmas para todos; dor, angústia e sofrimento. Muitos lamentavam-se constantemente, outros sabiam que apenas estavam colhendo o que plantaram e sofriam calados. Alguns simplesmente já tinham acostumado-se ao seu flagelo e o transformaram em seu companheiro.
Justine fazia parte do grupo daqueles que andava e andava, também não lamentava-se mais há um bom tempo, já havia familiarizado-se ao padecimento. Para ela o drama f
Maiityh tornou-se uma criatura perturbada. Não sabia ao certo o que estava acontecendo com ela. Não conhecia relatos de seres mundanos que enamoravam-se por humanos. Gostar de alguém era um bom sentimento, isso não combinava com um demônio. Torcia para que não fosse afeição e sim apenas um desejo descomunal.Ia e voltava de seu lar constantemente. Não queria ficar entre os humanos, sentia enorme asco por todos após sua confusão mental e ao mesmo tempo não queria sair de perto do seu humano preferido.Começou a sofrer agigantada perseguição de sua irmã, pois era notória sua mudança. Merônia passou a ameaçá-la com frequência. Sua intenção era trancafiar Maiityh definitivamente no inferno juntamente com a ajuda de outros d
Ernesto caminhava apático dentro do submundo detentor das almas corrompidas. Olhava para um lado e outro, não conseguia pensar em nada além de sua esposa, Catarina. Lamentava-se o fato de não de ter dado à ela um tratamento mais digno e menos egoísta. Ainda sentia dores físicas, no entanto não importava-se com as mesmas, sabia que era merecedor de tal sina.Olhava em todas as direções e a mesma tórrida cena repetia-se, choro, lamentos e sofrimento. Contudo algo chamou sua atenção. Arnaldo! Ele também está aqui. Exclamou em pensamentos. Arnaldo tinha um aspecto lamentável, junto a ele inúmeras almas arrastavam-se como ímãs. Ele empurrava, acotovelava e dava pontapés naquelas que abeiravam-se demais a ele.Ernesto parou por algu
Era um belo final de tarde de um final de semana enfadonho. Kátia e Pilar decidiram por saírem juntas para tomarem um sorvete. A jovem oriental não pensou duas vezes em convidar Ciro para compartilharem o momento.Escolheram uma mesinha ao lado de fora, onde o sol ainda podia tocar-lhes. Kátia e Pilar serviram-se de uma porção pequena de sorvete cada uma, enquanto Ciro escolheu o especial da casa. Era uma porção enorme, com muita cobertura, confetes e granulados, uma verdadeira explosão de açúcar.— Ciro, como você consegue comer tudo isso? — Pilar ergueu suas sobrancelhas, admirada.— Isso não é nada para mim. — Seus olhos brilhavam ao fitar aquela iguaria.A conversa fluía de forma alegre e descontraíd
Padre Roberto e Ciro estavam no templo confabulando sobre o dia que seria definitivo para eles. Não iam mais esperar para agir, já haviam perdido tempo demais. Rose e Romualdo também estavam presentes, afinal a professora seria peça importante no plano deles.Enquanto conversavam, os pais de Rodolfo adentraram ao santuário. Tinham cada qual, um semblante entristecido e preocupado.Ciro já tinha alertado ao sacerdote sobre o ocorrido em relação a Rodolfo na sorveteria, no dia anterior.A aproximação do casal fez com que eles interrompessem o colóquio. Ao notar a feição de ambos, o pároco já imaginava o porquê deles estarem ali.— Bom dia, reverendo. Perdoe-nos estarmos aqui tão cedo, mas precisamos muito de sua ajud
Akemi, com o auxílio de Kátia, terminava de preparar o café da manhã de ambos. Pilar também participaria do desjejum. Ela fora convidada por seu Alcebíades e prontamente aceitara ao convite.O pai de Kátia e Akemi gostava muito da garota e estava muito feliz pelo auxílio da mesma para sua filha. Pilar ficava o máximo de tempo possível ao lado da amiga. Em agradecimento, o senhor Alcebíades decidiu por prepararem um super café da manhã naquele dia em homenagem a Pilar.Muitas iguarias estavam dispostas naquela mesa, além do café tradicional havia também achocolatado e suco de frutas. Pães, bolos, biscoitos, queijos e geleia. Frutas frescas e doce de goiaba. Parecia dia de comemorações, estavam muito felizes.Não demorou mu
Ciro e o sacerdote ao lado do casal Romualdo e Rose estavam quase no topo da montanha. Os três homens pararam um pouco antes de aproximarem-se do cume e esconderam-se. Rose prosseguiu o restante do caminho sozinha. Ela estava visivelmente temerosa.A professora parou e esquadrinhou toda a sua volta, olhou ainda fixamente para toda a cidade. Respirou profundamente e enviou fortes vibrações para Maiityh e Merônia.— Venham, demônios! Preciso de vocês! — Com um tom de voz firme, ela iniciou sua evocação. — Maiityh! Merônia! — Porém nada aconteceu.Rose calou-se por alguns instantes e tentou aumentar sua concentração. Os outros olhavam apoquentados. O sacerdote temia que estivessem começando a perder um tempo precioso de forma errada.
— Ei, olhe para mim! — Rodolfo acariciava o rosto de Kátia que esquivava-se a todo tempo. — Olhe para mim...— Me deixe em paz, Rodolfo. — Ela respondia com sua voz alquebrada.— Já disse para olhar para mim! — Rodolfo apoiou o queixo dela em sua mão direita e o ergueu de forma enérgica.Kátia, tomada de ira, mordeu a mão dele. Revoltado com a atitude da moça, ele reagiu dando-lhe um tapa em seu rosto com certa violência. A moça desabou ao chão no mesmo instante. Chorava abundantemente.— Perdoe-me, querida. Eu não queria fazer isso, mas você me obrigou. — Ele olhava para ela como se não houvesse agido de forma incoerente para com a garota.— Eu odeio você, Rodo
— Liberte esse jovem! — Morian fora contundente com o demônio.— Não. Ele quis assim. Ninguém poderá mudar isso! — A criatura retrucava sem medo. Sua coragem era maior que a de sua irmã, pois não queria abandonar Rodolfo.— Me deixe em paz, Maiityh... — Rodolfo estava tão atordoado que não queria mais aquele ser junto a si. — Vá embora, eu te liberto de nosso acordo.— Não é tão simples assim, meu querido. Não irei sair de perto de você, nunca mais. Entenda isso.— Argh... me deixe-o rapaz debatia-se freneticamente.Ambos observavam perplexos aquela cena. Morian aproximou-se do jovem e postou firmemente suas mãos sobre a cabeça dele te