SafiraEstou sentada à mesa com a família da Carmelita em um jantar, suas duas filhas, seus netos e genros, como ela me adotou como mãe, sua família é minha família, do outro lado da mesa está reservada a família de Handu, seu pai e mãe, ele é filho único, serão acertados os últimos arranjos do casamento, como não tenho dote e o Handu não fez questão e disse que me assume assim mesmo será tudo muito simples.Estou vestindo um vestido que minha família me presenteou como manda a tradição e esse é o início de uma das maiores festas cigana que durará por três dias, meu casamento!Esse jantar já faz parte do ritual de casamento, eu sinto dentro de mim como se fosse meu velório, todos os meus irmãos estão em festa em uma celebração digna da realeza.Todos os ciganos já estão reunidos no ambiente principal onde tem uma mesa farta com muitas comidas e bebidas, música não pode faltar.Todos têm que estar trajando suas melhores roupas e se cobrirem de joias para demonstrar a importância e gran
SafiraA cabana é linda, muito mais luxuosa do que imaginei que seria, meus irmãos não economizaram nos detalhes, muito espaçosa, tem duas divisões, na ala principal está uma cama linda forrada com lençol de seda branco, tem um móvel onde está uma enorme jarra de cristal cheia de água e um jogo de copo, uma pequena mesa com várias comidas gostosas e uma garrafa de vinho.Caminho até a outra parte da cabana e encontro um banheiro, simples, porém muito mimoso, o que chama atenção é uma banheira lindíssima e enorme instalada.__ Como isso foi feito?Pergunto admirada, nenhum de nós ciganos nunca tivemos uma banheira antes, levamos uma vida sem luxo algum, sem falar que isso aqui está longe de ser uma simples cabana cigana improvisada, parece mais uma residência fixa.__ Fiz questão do melhor para nossa prime
SAFIRAHandu entregou a prova da minha virgindade na manhã seguinte, no caso da minha falsa virgindade, a mente de Handu era simplesmente doentia e maléfica, a cada segundo que se passava, mas eu tinha a certeza de que o que ele sentia por mim não era amor, era obsessão, uma forte e perigosa obsessão.A festa de casamento continuou por mais uma dia, eu sorria com os meus em comemoração, mas por dentro eu estava destruída, quebrada de uma forma que não havia mais conserto, com um futuro totalmente incerto e tenebroso, não tinha esperança de felicidade, não enquanto eu estivesse ao lado do homem que usou e abusou do meu corpo da forma que bem quis, tomando de mim tudo que eu tinha, menos meus sentimentos, esses ele jamais poderia tomar de mim, pois não me pertenciam, esses eram do meu príncipe Eduardo, o único homem que verdadeiramente amei e o único que vou amar, cigano quando ama é uma vez só e é para toda vida.Passamos mais dez dias na cidade e depois disso o circo baixou a lona e s
SAFIRA__ Eu vou te ajudar irmã, sabe que faço tudo por você? vamos achar algo contra o Handu, não te preocupes!Alba fala, e outra vez sinto algo diferente nela, algo que me causa tremores de calafrios, não sei dizer o que é, mas seu olhar me causa inquietação, não sei explicar bem esses sentimentos sobre Alba, talvez seja um tipo de intuição, e minhas intuições nunca falharam, mas não acho que minha amiga seja capaz de me fazer algum mal intencionalmente, mas ter cautela nunca é demais.__ Obrigada!Agradeço e digo que estou cansada e preciso dormir, passo o dia trancada como sempre desde que me casei, fico me martirizando com a promessa de Handu em que no final da noite me faria dele, só de pensar nisso me sinto enojada!O fim da tarde começa e eu me preparo para ser assistente de Handu, será a primeira vez que ficaremos juntos no picadeiro como uma dupla, depois farei minha apresentação solo de dança do ventre.Me olho no espelho e gosto da minha aparência, uma roupa prateada com
Eduardo Almeida- SepulturaEstou na cobertura de um dos apartamentos mais luxuosos no centro de São Paulo, tomando meu drink que esquenta minha alma já que o meu corpo já está morto.O cheiro putrificado já começa a tomar conta do apartamento o tornando praticamente inabitável.Depósito a copo de bebida em cima de uma mesa luxuosa feita de madeira rústicas e acendo um cigarro, esse é o último do maço o que me obrigará a sair para comprar outros.Olho o corpo sem vida caído no chão, do homem que me tornou quem eu sou hoje, uma máquina de matar!Fazem três dias que ele está morto no chão da sala, eu o matei com minhas próprias mãos, aplicando pelas costas um golpe chamado de Hadakajime (japonês) conhecido no Brasil como: gravata ou mata leão.O desgraçado estava nadando em dinheir
HANDU__ Pala onde tamos indo papai!Ygor ainda sonolento pergunta em meus braços, seus cabelos levemente cacheados despenteados e ele ainda usa seu pijama de ursos, Ygor é meu filho com Safira, meu filho!__ Papai está te levando para aprender a ser um homem!__ Homi?__ Sim filho, ser forte e corajoso igual ao papai!__ Ygor te ser foti igual papai e glande também!Ele abre os braços mostrando como quer ser grande!Todas as manhãs antes de Safira acorda eu pego o Ygor e o trago comigo para um passeio, Safira não quer, ela grita, esperneia, faz escândalo e as vezes até chora quando eu levo o garoto, mas não me importo, continuo a fazer mesmo contra seu desejo, afinal eu sou o pai e faço isso apenas para ver seu desespero.__ Acorda Ygor, chegamos!O garoto voltou a dormir durante o trajeto e o sacolejo um pouco para que acorde, o coloco no chão e ele logo se senta agarrado a sua fralda de pano.__ Segura!Entrego uma das minhas facas em sua mão pequena e gorducha,__ Mamãe falo que Y
Eduardo Almeida__ Maldita, maldita cigana, mil vezes maldita!Mais uma maldita noite que não consigo dormir, se sinto-me sufocado e é como se não conseguisse respirar, a dor é tanta que transpassa minha alma e chega no corpo, se tornando minha companheira inseparável, meu carma.Continuo a desferir socos e mais socos no saco de areia que uso para treinos, estou sem luvas e a cada golpe perco a sensibilidade nas mãos, só paro quando todo meu corpo está dormente tomando pela exaustão, meus punhos estão inchados e eu não me importo, a única coisa que eu queira poder fazer é arrancar essa dor que vem do meu mais profundo ser e não sentir mais nada, caio no chão fisicamente esgotado, minhas mãos latejando, a dor no meu corpo é grande, mas miseravelmente meu tormento interno é maior, estou preso no inferno sem saber onde é sa&iacu
SafiraO ódio que sinto nesse momento por Alba é assassino e me torna uma pessoa que pensei nunca ser, vingativa!A forma como ela se referiu ao meu filho mexeu com todo o meu brilho, invocando o que há de pior em mim, eu a tinha como uma irmã, desgraçada! ela era minha confidente, eu confiava nessa cobra peçonhenta.__ Eu confiava em você Alba! Eu te amava como uma irmã sua vagabunda!Cravo minha unha em sua testa e desço arranhando causando uma vermelhidão em seu rosto, rasgando sua pele com minha unha grande e afiada, que faz um trajeto começando por sua testa, passando por cima do seu olho esquerdo e terminando em seu pescoço onde eu coloco as duas mãos e tento sufocá-la!__ Por que você fez isso Alba? Por quê? Eu não entendo, eu nunca te fiz nada!Olho para seu rosto e ela está espumando de raiva, me olhando com o mesmo ódio que eu a olho,__ Você é uma maldita Safira, sempre teve tudo, sempre foi a mais bonita, todos te amam, sempre foi a preferida da Carmelita e nem cigana você