— Você é solteira, Alexandria Tapper — ela se virou para ela, os centímetros a mais pareciam muita coisa agora que sua voz soava mais alta que o normal — Tem vinte e quatro anos e é gata pra caralho. Quantos caras você beijou na vida? Três?— Quatro — ela corrigiu, como se fosse muita coisa.— Eu não conto — Keegan falou e a fotógrafa rolou os olhos. Cole se virou para eles. O cenho franzido do ruivo fez Alex levar a mão ao rosto, tímida. — É sério, Alex. Você tem que aproveitar a juventude. Ir a encontros, beijar, fazer sexo… Foda-se o Christian, se ele não quer nada sério, você não tem que ser leal a ele. — Eu não estava contando você. — Ela resmungou, deixando claro que ele era o número cinco, bastante orgulhosa da reação de surpresa que deixara nos olhos escuros do espanhol.— O carinha da escola primária, o seu ex babaca, o Chris, eu — ele contou nos dedos, encarando a melhor amiga — Quem foi o quinto, Tapper? Cole coçou a nuca, visivelmente envergonhado. Agarrou suas coisas e
Christian estava absolutamente puto. Não existia outra palavra que melhor definisse o equatoriano enquanto ele praguejava palavras em espanhol, baixo o suficiente para que Lukas Haus, há poucos metros de si, não o ouvisse, mas alto o bastante para ver Andrew rolando os olhos ao seu lado. Alex e Lukas iam sair juntos na porra de um encontro e isso estava o corroendo por dentro. Tinha ouvido o belga falar com Afonso e Thomas, empolgado sobre levá-la a um parque de diversões naquela noite, e ele não podia pensar em algo mais brega e ridículo que aquilo. Quantos anos ele tinha? Os parques eram infantis e ele gostava de pensar que Alexandria iria odiar a ideia. Christian já tinha usado a tática de malhar para esquecer a raiva, mas ali, na academia, bem em frente ao belga, não importava o peso que pusesse no supino, nada era o bastante para aliviar a vontade de socar aquela maçã protuberante na bochecha de Lukas. Tinha acabado de largar a barra em um dos suportes quando viu Alex passand
Alexandria passou a maior parte da sua tarde preparando posts para o Instagram dos KRS, apesar de ter deixado o CT mais cedo do que deveria. Havia passado na cafeteria para se reabastecer e tinha encontrado Lauren trabalhando em novos desenhos de croquis para a própria marca. Frank Hummel era dono de uma grande marca londrina de ternos e roupas sociais femininas, que gostava de se passar por feminista, mas nas horas vagas gastava toda sua energia tentando convencer sua própria filha de que mulheres não deveriam estar à frente de grandes nomes, afinal, não tinham a capacitação para gerir uma empresa.Perto das sete da noite, Alex finalizava a edição das fotos de Lukas quando seu telefone tocou. Ela se levantou em sobressalto, achou que tinha perdido o horário marcado com o jogador, mas quando viu o nome de Keegan no seu visor, suspirou aliviada. — O Christian deu um puta soco na parede de fora da academia — ignorou os bons modos, indo direto para o real objetivo da ligação. Ela não
Os olhos de Lukas brilharam quando Alexandria passou pela porta da casa dos Tapper. Ela era extremamente atraente, e ele não conseguia parar de encará-la com uma feição boba no rosto. Alex estava deslumbrante ao seu ver. Vestia um vestido preto de botões por toda a extensão, até pouco abaixo dos joelhos, a parte de cima dos cabelos escuros presos em duas tranças embutidas com a parte pintada caindo solta na altura da nuca. Na mão, ela carregava uma bolsa preta consideravelmente grande com detalhes geométricos em costura. Lukas sorriu, podia ver o tirante da câmera caindo ao lado da corrente tingida de preto que decorava a bolsa. Uma jaqueta de couro branca estava dobrada sobre o antebraço, provavelmente para combinar com a botinha de salto da mesma cor que usava. Alex olhou fixamente para ele e os olhos azuis reluziram sob a luz amarelada do poste vitoriano acima deles. — Você… — suspirou, incapaz de terminar a frase, sentindo uma vontade quase incontrolável de beijar a garota em
Pelos próximos vinte minutos que se seguiram, Lukas e Alexandria cantaram duetos, que eram originalmente cantados por uma só pessoa, vindos da conta do Spotify do jogador, trocaram indicações de livros e compartilharam suas polêmicas opiniões sobre o Oscar de 1999. Lukas acabara de parar o carro em um estacionamento gigantesco. Outras dezenas de carros parados ao seu lado e à frente. Estavam na segunda fileira de carros quando Alex percebeu a enorme estrutura montada com um telão em seu centro. Estavam em um drive-in, que ela sequer sabia da existência.— Eu tinha pensado em te levar pra um parque, mas… — ele passou os olhos pela roupa da fotógrafa — Você tá bonita demais para terminar a noite suja de ferrugem e graxa. — Lukas sorriu e Alex não conseguiu deixar de dar uma leve mordida na parte interna da bochecha para controlar o próprio sorriso ao ver o dele — Tive sorte do Afonso ser praticamente um guia turístico de Londres. — É estranho como ele parece conhecer cada rua e comé
Alexandria sentiu seu estômago revirar, a sensação era estranha, não sabia que isso era possível, mas sentia como se borboletas batessem asas em seu estômago enquanto encarava, pelo retrovisor, Lukas andar displicente. Não demorou mais do que cinco minutos e o belga estava de volta com uma bandeja equilibrada nas mãos e um sorriso amarelo de quem está preocupado em derrubar tudo. Alex se esticou, abrindo a porta para ele, que sorriu, dessa vez verdadeiramente, em agradecimento. — Acho que eles juntaram todos os brindes de combos que não venderam nos últimos… — ele pareceu considerar antes de continuar — provavelmente uns oito anos.Os olhos azuis da fotógrafa se arregalaram com a quantidade de comida e brindes antigos sobre a bandeja bege. Um balde de pipoca exibia a moto futurística de “Tron: O Legado” em toda sua extensão, dois copos de refrigerante eram marcados por um Nicolas Cage desgrenhado em “O Aprendiz de Feiticeiro”. Um pote enorme de nachos competia espaço com a tigela,
(27/12/2022)Ficar sozinho é uma merda e você só percebe isso quando não tem com quem compartilhar o maldito sofá, uma tela que passa um filme de qualidade duvidosa ou um vaso de pipoca às oito horas da noite de um sábado frio.A solidão podia parecer atrativa, opcional, no fim das contas, Andrew só não queria ter que sair em um jantar com Jay e a namorada dele, não queria ser a vela. Mas ser a vela ainda assim era solitário. Um lembrete gritando para si mesmo que nem uma companhia conseguia arranjar, mesmo que só por uma noite. E foi isso que levou Andrew a tomar a decisão que ele julgaria como "a pior da sua vida" por um bom tempo: solidão. Um filme de terror de baixo orçamento passava na tela do notebook e ele não dava a mínima atenção, intercalando seu foco entre fanfics que levavam seu nome no Wattpad e abrir e reabrir o aplicativo de mensagens vazio, numa falsa esperança de um convite que o tirasse daquela cena decadente. Andrew clicou na loja de aplicativos do smartphone em
(04/01/2023)— Andrew — Jay estalou os dedos a poucos centímetros do rosto do amigo sentado nas banquetas do vestiário, focado demais no próprio telefone para prestar atenção em uma palavra dita por ele. Jaden esticou o pescoço para olhar a tela, mas Drew bloqueou o telefone e o enfiou em uma necessaire de couro marrom. Estavam apenas esperando Teddy Tapper descer de uma, segundo ouviram Keegan sussurrar, reunião acalorada com a equipe.Drew percebeu que Jay parecia irritado durante o treino inteiro, como quem não quisesse estar ali. Os olhos escuros se moviam entre as outras duplas, insatisfeito. Passaram-se entre Thomas e Afonso, que tinham sorrisos no rosto enquanto trocavam passes desviando de pequenos cones azuis. Lado a lado em bicicletas ergométricas, Christian e Lukas trocavam uma palavra ou outra, apesar do descontentamento escapar às vezes nas feições do equatoriano. Carlos e Andrew cabeceavam, um de cada vez, uma bola sobre uma mesinha alta no meio do espaço escuro, parece