Catherine era uma visão maravilhosa. Linda naquelas vestes brancas, que contrastavam com sua pele negra perfeita. Ela sorria em sua direção e seu cabelo pendia sobre os ombros, livres e mais fortes e cheios de vida do que nunca. Era a Cathe que ele conheceu e se apaixonou na época do colegial, e não havia nenhum sinal do câncer que a consumiu.
Toda aquela paz e o cenário branco e imaculado decorado com o céu azul e as plantas de cores vivas e variadas o fizeram pensar se seria um sonho, mas o toque da sua amada em suas mãos o fez repensar.
Ele se lembrava daquele toque e, desde que a doença a levou, ele sonhava em senti-lo novamente, mas ele se lembrava também de estar no cemitério, de ser atacado por cadáveres possuídos e de Raguel e Gabriel, que lutaram co
— Fez muito bem, meu jovem — o pastor respondeu, pegando o notebook das mãos de Gabriel —, eu vou checar agora mesmo, obrigado!Enquanto o pastor se afastava, Gabriel teve a impressão de ver algo estranho com a imagem refletida no vidro espelhado da porta, como se fosse um corpo diferente, mas preferiu ignorar. Desde que despertou seus poderes, ele não usava mais óculos e sua miopia sumia gradativamente, mas poderia estar lhe pregando peças.Algo no modo como Ben disse "meu jovem", também o incomodou. O pastor com certeza estava preocupado com a falta de notícias sobre seu filho, e a batalha no cemitério tinha sido bem intensa e traumática, mas não parecia ser o mesmo senhor Ben que esteve com eles durante esses eventos. — Ela é incrível, não é? — Mikael perguntou ao jovem sentado no banco do carona, enquanto dirigia e observava a garota, que pilotava a sua moto com maestria à sua frente, mantendo a velocidade para não deixá-los para trás.— Você também é — respondeu Will, com dificuldades devido à dor que devia estar sentindo devido aos múltiplos ferimentos que sofreu —, digo, vocês são como super-heróis.— E você? — Mikael perguntou, achando graça no modo como Will falou — Você também foi um herói hoje protegendo ela daqueles caras.— Que nada, cara — Will respondeu meio sem jeito —, eu levei foi uma baita surra, e se não fosse ela, eles teriam me matado. Aproveitando a distração do demônio, ela se lançou para dentro do corpo do pastor e caiu em um lugar totalmente escuro.Caminhando pelo local, imagens em quadros começaram a aparecer nas paredes negras como em uma exposição de arte. Eram cenas tristes e felizes, que ela identificou como sendo as lembranças do pastor.Continuou andando entre as memórias até parar de frente para uma em específico que chamou sua atenção, e estendendo a mão para tocá-la, sentiu que sua superfície não era sólida e tremulou como a água quando é tocada. Levando a mão mais adiante, conseguiu transpassá-la e deduziu que era uma espécie de portal, que decidiu prontamente atravessar, e lançou-se através do mesmo. O que Balthazard havia lhe dito mexeu com sua cabeça, afinal ele pensava ser o único com esse tipo de poder. Todas as vezes que perguntou sobre o assunto, recebeu a mesma resposta do Grão-mestre, que dizia que ele tinha sido escolhido pelo ser resplandecente, para ser o general das hordas e uma liderança dos Cavaleiros da Nova Terra, nos eventos de salvação da humanidade que estavam por vir.Mas sempre se questionou sobre o fato de que ao invés de combater os demônios, estava sendo treinado para usá-los para oprimir os humanos que deveria proteger. Fôra convencido de que tudo fazia parte de um plano maior , e que se os humanos não sofressem antes, nunca saberiam ser gratos quando fossem libertos da opressão.— Você tem certeza do que está me falando, B26 - Mikael
27 - Nick
28 - Uriel
Acordando de sobressalto com o sol batendo em seu rosto, Raphael decidiu tomar um banho demorado e trocar de roupas. Não via a hora de experimentar mais algumas peças do guarda-roupa incrível que o sobrinho do professor possuía.Após se aprontar e se sentir divino, ele resolveu descer até a cozinha, e encontrou o professor preparando o café. Não esperava ter dormido tanto, mas se sentiu renovado e pronto para continuar o trabalho na tradução.— Bom dia, professor — ele disse ao entrar na cozinha —, eu acabei dormindo mais do que queria.— Eu fiquei preocupado com você, mas não quis acordá-lo — o professor disse, servindo-lhe o café. —, você parecia bem cansado.
Enquanto aguardava o retorno deles, ela observava a reação dos dois. Enquanto o pastor estava inquieto como se estivesse em intensa atividade cerebral, a garota que Mikael disse se chamar Nick estava tranquila, respirando compassadamente como se dormisse profundamente um sono sem sonhos.Haviam se passado algumas horas desde que a jovem tinha entrado em espírito no corpo do pastor para ajudá-lo a expulsar o demônio que o possuiu, e a espera era angustiante. Desde que os demônios começaram a cruzar o caminho deles, ela tinha participado ativamente das batalhas, e ficar de fora apenas esperando não a agradou.Tinha muitas perguntas que queria fazer para Nick, desde que a viu nos vídeos do circuito interno do laboratório, enquanto procurava por pistas sobre os desaparecimentos, e mesmo tendo escut
Fazendo força para não desmaiar, e erguendo a cabeça com dificuldade, devido à extensão dos ferimentos, Raphael pode ver o professor caído, com os membros contorcidos e perdendo muito sangue, porém, não conseguia se mexer para ajudá-lo.Quase sem esperanças, ele se lembrou do que lera na placa e pensou na possibilidade de ser um arcanjo. Estar vivo e consciente, mesmo com o tórax aberto e os órgãos expostos, além de um pulmão destruído e, praticamente, sem nenhuma gota de sangue, já era um grande milagre, sem contar o que viu nas imagens do circuito interno do hospital, quando se regenerou após o arrebatamento do professor Thomas.Lembrou-se então do que já ouvira falar sobre o arcanjo Raphael, nas diversas crenças o
Olhando para as mãos, ela as viu sujas de sangue, e ao seu redor uma trilha de corpos seguia pela rua, como se indicassem um caminho que ela deveria seguir.Seguindo os corpos dispostos no chão, observou que todos tinham o mesmo padrão de feridas. Eram grandes queimaduras e alguns ainda queimavam com uma chama parecida com a que viu cobrir o corpo de Mikael no ferro-velho, porém eram de uma cor diferente. Eram alaranjadas enquanto as de Mikael eram púrpura.— Será que essas chamas são minhas? — Ela pensou, olhando para o sangue nas palmas das mãos. — Será que a adaga mudou minha essência e eu matei essas pessoas?Ela caminhou mais alguns metros seguindo aquela trilha de morte, até virar uma esquina e avistar algo terr&iacut