Florence ficou chocada com a atitude do homem, mas o que veio em seguida a deixou ainda mais atônita. — O filho foi embora, e daí? Nada nesse mundo é mais importante para mim do que você. — Disse o homem, enquanto segurava o rosto de Daphne com as mãos. Ele passou os dedos pelos cantos dos olhos dela, limpando qualquer resquício de lágrimas, e, sem aviso, a beijou. Daphne ficou paralisada por um momento, mas logo empurrou o homem para longe. — Você está louco? Isso aqui é um hospital! E se alguém nos vir? — Você não gosta? — A voz do homem mudou para um tom debochado e provocador. Ele não soltou o rosto de Daphne, ignorando completamente o tom irritado dela. Com um gesto autoritário, ele voltou a beijá-la, sem dar espaço para recusa. No início, Daphne tentou se desvencilhar, mas, após alguns segundos, ela cedeu. Suas mãos subiram e envolveram o homem, e os dois começaram a se beijar com uma intensidade crescente, ao ponto de os ruídos dos beijos ecoarem no ar. Florence fi
Por causa da pressa e do nervosismo, Florence pisou em falso no gramado macio e acabou torcendo o tornozelo. O celular escorregou de sua mão, deslizou pelo declive e caiu direto no lago artificial. Ela nem se preocupou em tentar recuperar o celular. Com o coração disparado, Florence rapidamente se escondeu novamente entre os arbustos. Do outro lado, o homem demorou alguns segundos para chegar até os arbustos, já que estava protegendo Daphne, mas logo apareceu. De repente, um pequeno gato pulou do mato, parou para lamber as patas e soltou um miado leve. O homem deu de ombros, segurou Daphne pela cintura e tentou retomar o que estavam fazendo. — É só um gato. — Disse ele, despreocupado. Quando ele se aproximou de Daphne, no entanto, foi empurrado por ela com um gesto de irritação. — Para com isso. Eu já disse que não estou me sentindo bem. O homem, ao ouvir isso, imediatamente tirou sua jaqueta de couro e a colocou sobre o casaco de Daphne, cobrindo-a com cuidado. Daphn
Florence não pôde permanecer ali por muito tempo. Após garantir que ninguém estava por perto, ela saiu rapidamente do esconderijo. Tentou correr, mas uma pontada aguda de dor no tornozelo a fez parar. Ela mordeu os lábios, suportando a dor, e foi mancando até a beira do lago artificial. Ao avistar o celular, Florence se deitou no chão, inclinando o corpo quase completamente para alcançar o aparelho. Com muito esforço, conseguiu pegar o celular, mas, devido ao tempo que ele passou submerso, ele já não ligava mais. Florence se levantou, segurando o celular na mão, e tentou encontrar um equilíbrio. Ela precisava urgentemente de um lugar para consertá-lo. No entanto, ao dar o primeiro passo, sentiu uma dor tão intensa no tornozelo que se viu obrigada a se agachar novamente. Ao levantar a barra da calça, Florence percebeu o estado do tornozelo. Depois de torcê-lo antes, ela ainda usou uma postura desconfortável enquanto estava escondida no mato, o que piorou a situação. Agora ele es
O motorista deu uma olhada no celular e disse:— Posso cortar caminho por uma rua menor, mas mesmo pulando alguns sinais, não consigo garantir que a gente chegue em meia hora.— Vamos tentar. — Florence sabia que não tinha uma opção melhor.O motorista foi eficiente e, em meia hora, deixou Florence na esquina próxima ao ateliê.Assim que desceu, Florence olhou para o tornozelo inchado e avermelhado e franziu a testa. Ela não podia arriscar Daphne tirar conclusões ao ver aquele machucado, então precisava de uma desculpa convincente para o ferimento.Enquanto pensava nisso, Florence avistou um canteiro de cimento ali perto. Sem hesitar, ela arrastou o tornozelo machucado pela borda áspera do canteiro. A dor aguda fez com que ela se sentasse no chão, suando frio.Ela cerrou os punhos, respirou fundo para conter o sofrimento e discou o número de Rosana no celular.Agora, ela precisava de uma testemunha.Florence tinha certeza de que Rosana era quem repassava tudo para Daphne, então ninguém
Dentro do carro, Daphne já tinha notado Florence do lado de fora e, de propósito, aproveitou a ocasião para se inclinar e tentar beijar Lucian, bem na frente de Florence.Ela queria que Florence entendesse de uma vez: dormir com Lucian não queria dizer nada, porque, no fim das contas, era ela, Daphne, quem Lucian escolhia.Mas, antes que o beijo de Daphne chegasse ao rosto de Lucian, ele ergueu o braço e bloqueou o avanço dela, afastando-a com um gesto sutil.Daphne ficou alguns segundos paralisada, depois deixou escapar um olhar magoado:— Lucian, o que foi?Lucian puxou um lenço de papel, limpou o local da manga onde ela encostou e falou com um tom despreocupado:— Essa cor de batom não combina com você.Na mesma hora, Daphne empalideceu, levou a mão aos lábios e apertou forte o tecido do vestido, tentando disfarçar o incômodo.Lucian lançou um olhar de lado:— Tá nervosa por quê?Daphne se forçou a relaxar, mesmo estando visivelmente abalada:— Não é nada, acho que exagerei no café
O motorista parou o carro imediatamente no acostamento, mantendo o olhar fixo na estrada, sem desviar nem por um segundo.Lucian soltou uma fumaça fina entre os lábios e disse, com indiferença:— Eu já te avisei para não passar dos limites. O que você queria, já conseguiu. Pode descer. O seu motorista também veio atrás o tempo todo.As palavras de Lucian pegaram Daphne completamente desprevenida. Ela tinha contado para ele que o motorista dela tinha tido um problema, só para convencê-lo a buscá-la pessoalmente.Ser desmascarada assim foi como levar dois tapas secos na cara. O rosto dela queimava de vergonha, mas, só de pensar em sair do carro daquele jeito, ela não conseguia aceitar aquilo.Ela se recusava a acreditar que Lucian não sentia nada por ela. Mesmo que não fosse amor, pelo menos desejo, não? O que é que Florence tinha que ela não tinha?Com o coração acelerado, Daphne se jogou sobre Lucian, abraçando-o com força, quase chorando, e se aninhou no colo dele, sem se importar com
Florence usou o celular para chamar um Uber, mas, como mais cedo ela tinha colocado o ponto de encontro na esquina, acabou se esquecendo de mudar o endereço. Quando percebeu o erro, o motorista já tinha aceitado a corrida, então ela só podia aguentar a dor e ir mancando até o local combinado.Foi um trajeto curto, mas para ela parecia uma eternidade.No caminho, Florence viu Rosana saindo do ateliê e chamou:— Rosana, você… Pode me ajudar a andar?No dia a dia, Rosana adorava bancar a melhor amiga. Florence pensou que era a hora de aproveitar isso, mas nem terminou de falar.Rosana já olhava fixamente para o tornozelo dela e cortou:— Desculpa, Flor, minha mãe acabou de me ligar dizendo que machucou as costas no trabalho, preciso ir pro hospital agora, não tem como te ajudar. Preciso correr.No rosto de Rosana havia uma expressão de preocupação, mas nos olhos um brilho de diversão. Se Florence se esborrachasse ali mesmo, seria hilário. Ela até já estava abrindo a câmera do celular para
Fernando continuava igual ao de sempre. Apesar de ser médico, ele falava como se estivesse no palco de stand up, com o tom animado e a voz sempre cheia de energia e esperança. Era impossível não notar o contraste entre esse jeito leve e a loucura que ele mostrava ao se beijar com Daphne.Se Florence não tivesse enxergado através da máscara dele, teria achado, como quase todo mundo, que ser amigo de Fernando devia ser uma alegria constante.Ela própria já pensou, em outra vida, que talvez todos os pecados de Fernando tivessem sido culpa de Lucian. Mas agora via com clareza: Fernando fazia de caso pensado. Quando ele operou Estela, já não pretendia deixá-la viva.Naquele tempo, o último elo entre Florence e Lucian era a criança. Por causa do filho, Lucian jamais abandonaria a esposa e a filha. Ele só podia sentir pena de Daphne e do filho dela, que nunca seriam reconhecidos, e, ao mesmo tempo, tramava para sumir com mãe e filha.Com Fernando e Daphne tramando juntos, Florence e Estela nu