Capítulo 7.
O começo do fim da humanidade.
03 de outubro, 2017.
Até meu décimo oitavo aniversário, nunca pensei em quando ou como morreria, afinal mal tinha começado a viver a minha vida adulta. Contudo, repentinamente vi, enfrentei e quase tive minha existência ceifada de forma tão abrupta por um adolescente morto vivo da minha idade. Se yo fechasse os olhos e me concentrasse um pouco mais, conseguiria sentir o peso do seu corpo forte sobre o meu, os braços fraquejando com os meus últimos resquícios de força, e o cheiro da morte vindo da sua boca aberta e mortal pronta para arrancar um pedaço meu.
Ele era um zumbie.
No fim, os supostos vídeos eram reais. As pessoas estavam virando zombies e cometendo canibalismo sem a menor explicação, de fato. E eu e as minhas
Capítulo 8.O meio do fim.09 de novembro, 2017.10:30.Yo poderia contar nos dedos de uma única mão as vezes em que tive medo, ou senti qualquer outra sensação que chegasse perto desse sentimento ruim que pudesse transparecer para quem estive ao meu redor. Sempre fui uma alma velha e ranzinza presa em um corpo de uma adolescente, como minha abuela gostava de afirmar com um sorriso debochado nos lábios pintados de carmesim. Quase, continuamente, conseguia manter as próprias minhas emoções sob o meu controle de ferro e longe da percepção alheia. Talvez, por essa razão, eram as raríssimas ocasiões em que temi por alguma coisa, desde a minha família até a mim mesma, e alguém percebeu.Contudo, a vida tinha me dado um
Capítulo 9.O fim – part. 1.07 de novembro, 2017.Era como se yo estivesse deixando pedaços meus para trás, sobrando apenas uma profunda e dolorosa amargura no meu interior. A cada centímetro em que os pneus da picape da minha madre avançavam na pista molhada pela recente chuva, um bolo crescia na minha garganta. Sentia uma enorme vontade de me debulhar em lágrimas na tentativa de aliviar um pouco o peso melancólico que pairava sobre meus ombros desde o dia anterior. Contudo, não conseguia demostrar nenhum sentimento, ou emoção.Me sentia tão confusa, completamente perdida em mim mesma.Em passo contrário ao imenso peso confuso e controverso de sentimentos no meu amago, era como se um vazio desesperador e angustiante crescesse demasiadamente rápido no meu pe
Capítulo 9.O fim – part. 2.07 de novembro, 2017.Franzi o cenho e encarei Laura com assombro. Vi, perplexa e confusa, a minha madre puxar uma pistola do cós da sua calça jeans e colocar um silenciador na ponta em seguida. Ela engatilhou-a e postou a arma preta na sua frente, segurando-a com ambas as mãos com uma segurança invejável, ao mesmo tempo em que começou a subir os poucos degraus da escada. De repente, ela parou na varanda e virou-se na nossa direção, pedindo silêncio com um dedo contra os lábios antes de voltar a avançar.Por um instante, fiquei sem reação alguma além de encarar as costas tensas de minha progenitora. Acordei do meu torpor com o toque suave de Elena sobre a minha mão, que permanecia no seu braço, fazendo-me olhá-la em segui
Capítulo 9.O fim – part. 3.As grossas e dolorosas lágrimas escorriam pelas minhas bochechas em silêncio.— Vovó! — O grito rasgou do fundo meu peito, enquanto eu me arrastava na direção delas. — Abuela, isso...isso...Yo não aceito isso! — Fechei os olhos com força, socando o chão gélido e áspero com os meus punhos fechados. — Yo não posso te perder! — Afirmei, desesperada e devastada, ao fitar a sua expressão serena. Em nenhum momento, a chuva dava alguma trégua.— Por fav...or, cálma...te, m...mi ángel. — Mi abuela pediu, carinhosa. Ela esticou um braço e a sua mão, tatuada e levemente enrugada, cobriu as minhas sujas com alguns resquícios de sangue que a chuva ainda não havia lavad
Capítulo 11.A peregrina.03 de janeiro, 2020.O crepúsculo já dava o seu ar da graça quando consegui, após três dias cansativos e muito desgastantes, encontrar uma minúscula cidadezinha perdida em algum lugar no estado do Colorado. O céu, antes azulado e com poucas nuvens, agora dava espaço para um lindo tom de amarelo-alaranjado, ao mesmo tempo em que o fraco sol se escondia em meio as altas copas das árvores e montanhas ao longe de onde yo me encontrava. Aos poucos, a noite ia caindo e o frio tornando-se mais intenso na mesma medida.Entrei no primeiro bairro que encontrei ao virar à esquerda três vezes, após contornar uns cinco zombeis que perambulavam inertes e sem rumo pelos caminhos tomados de lixo, folhas secas e histórias perdidas ao longo dos últimos dois ano
Capítulo 11.Uma mão estendida.04 de janeiro, 2020.I Atualmente IO ar saia em um ritmo rápido e pesado por entre os meus lábios ressecados, demonstrando o quão cansada e ofegante me encontrava, após me lançar em uma luta que não me pertencia. Contudo, nenhum pingo de arrependimento ou culpa percorria pelas minhas veias. Pelo contrário, yo me sentia aliviada e satisfeita por ter conseguido salvar e poupar a vida daquela menina tão jovem das garras daqueles monstros.Há tempos, tinha prometido a mim mesma que jamais me meteria em assuntos que não me envolvessem, afinal apenas os mais fortes e espertos sobreviviam ao fim do mundo. A única pessoa que lutaria pela minha existência e salvação, era apenas eu mesma e mais ninguém. No entanto, o sarcasmo e senso de ironi
Capítulo 12.Controvérsias.05 de janeiro, 2020.A única luz que iluminava o quarto, quase tomado por completo pela escuridão da noite, vinha justamente de uma vela que eu havia encontrado em uma gaveta qualquer da casa. Após os meus olhos se acostumarem com a falta de iluminação, acabei me sentando em uma velha e mofada poltrona no canto mais escondido do cômodo, esperando que a garota despertasse do seu sono profundo. Já havia se passado boas horas desde que desmaiou, então, talvez, não fosse demorar muito para acordar.A pistola recém carregada permanecia descansando sobre a minha perna direita, estando a centímetros de minha mão, e pronta para ser utilizada.De novo, pisquei algumas vezes na quase débil tentativa de espantar o sono por completo, contudo sentia a exaust&atild
Capítulo 13.Questionamentos internos.Honestamente, yo não sabia o que estava havendo comigo nas últimas horas, uma vez que a garota ainda permanecia sob os meus cuidados. Ela havia conseguido, após tanto tempo, despertar um forte sentimento de empatia em mim. Se eu fechasse os olhos, conseguiria ouvir com tanta clareza o seu choro desesperado, o pedido suplicado de piedade enquanto era subjugada e maltrata pelos bandoleiros. Ou pior, até mesmo reviver com riquezas de detalhes, na minha mente, a cena horrenda que a cercava e a plena convicção tive de qual seria o fim que a sua vida teria nas mãos daqueles monstros.Meu sangue ainda fervia do mais puros, crus e brutais dos ódios.Não me arrependia nenhum pouco de tê-la salvado e dado um fim nas vidas miseráveis daqueles imundos. Pelo contrário, pod