Capítulo 12.
Controvérsias.
05 de janeiro, 2020.
A única luz que iluminava o quarto, quase tomado por completo pela escuridão da noite, vinha justamente de uma vela que eu havia encontrado em uma gaveta qualquer da casa. Após os meus olhos se acostumarem com a falta de iluminação, acabei me sentando em uma velha e mofada poltrona no canto mais escondido do cômodo, esperando que a garota despertasse do seu sono profundo. Já havia se passado boas horas desde que desmaiou, então, talvez, não fosse demorar muito para acordar.
A pistola recém carregada permanecia descansando sobre a minha perna direita, estando a centímetros de minha mão, e pronta para ser utilizada.
De novo, pisquei algumas vezes na quase débil tentativa de espantar o sono por completo, contudo sentia a exaust&atild
Capítulo 13.Questionamentos internos.Honestamente, yo não sabia o que estava havendo comigo nas últimas horas, uma vez que a garota ainda permanecia sob os meus cuidados. Ela havia conseguido, após tanto tempo, despertar um forte sentimento de empatia em mim. Se eu fechasse os olhos, conseguiria ouvir com tanta clareza o seu choro desesperado, o pedido suplicado de piedade enquanto era subjugada e maltrata pelos bandoleiros. Ou pior, até mesmo reviver com riquezas de detalhes, na minha mente, a cena horrenda que a cercava e a plena convicção tive de qual seria o fim que a sua vida teria nas mãos daqueles monstros.Meu sangue ainda fervia do mais puros, crus e brutais dos ódios.Não me arrependia nenhum pouco de tê-la salvado e dado um fim nas vidas miseráveis daqueles imundos. Pelo contrário, pod
Capítulo 14.A lei dos mais fortes.Em um mundo caótico e tomado pelo apocalipse zumbi, apenas os mais fortes sobrevivem, enquanto os mais fracos perecem sem piedade alguma. Agora, essa era a lei mais absoluta e incontestável que moviam os poucos humanos que ainda permaneciam erguido sobre as próprias pernas no que sobrou do planeta. Já não havia mais empatia, respeito e compaixão ao seu semelhante, não quando era apenas a sua vida em jogo.Era eliminar o mal e o inimigo para continuar existindo.— Ei, cara! — Chamou o que parecia mais relaxado, já que estava jogado em uma posição muito confortável sobre o sofá perto da escada. — Por que você não sobe e procura um quarto para dormir um pouco? Você está muito bêbado. — Riu, divertido. — Só toma cui
Capítulo 15.O que restou dos sentimentos bons.07 de janeiro, 2020.I Atualmente IO morto vivo arrastava-se de forma lenta e desengonçada, pelo chão de terra coberto pelas folhas e galhos secos das árvores da floresta, na direção do nosso pequeno acampamento improvisado. Quando estava há uns vinte metros de distância, soltou um grunhido rouco e esticou o único braço na nossa direção. Soltei um suspiro cansado e me ergui sobre as minhas pernas doloridas, deixando o cobertor quente de lado e puxando a katana da sua bainha em seguida.— Lorena? — O sussurro, confuso e sonolento, de Melly me fez voltar a minha atenção na sua direção. — O que você está fazendo? — Inquiriu no mesmo tom.Desviei o olhar do seu rosto
Capítulo 16.Algo a mais.A chuva fria e pesada caia sem parar, ao mesmo tempo em que inúmeros e belos relâmpagos iluminavam o céu tomado por um tom de cinza mórbido e doentio, e os trovões rugiam como reis absolutos e impiedosos sobre as nossas cabeças sem quase nenhum intervalo de tempo entre de um para o outro. Yo não conseguia ter uma noção certa de qual hora seria, contudo ainda perceptível o quão tarde já era e o tempo escuro apenas aumentava a minha urgência de escapar com vida do meio da floresta.Mais um, menos uma.A mulher morta vinha na minha direção, após eu conseguir derrubar mais um zombie com a minha katana. Ela arrastava-se pelas folhas e galhos úmidos e soltava gemidos em forma de grunhidos. Não havia mais nenhum resto de
Capítulo 17.Entre sonhos perdidos e laços criados.01 de julho, 2020.O leve crepitar da pequena fogueira era quase como o único som presente entre nós duas, porém era acompanhado pelo chirriar alto e agudo de alguma coruja de tempo em tempo, em meio a escuridão densa da floresta que nos cercava. Se fosse antes, quando yo ainda era apenas uma peregrina vagando por entre os que ainda permaneciam pé e os que voltavam como mortos vivos, iria me sentir tensa e preparada para eliminar a existência viva, ou não, de quem ousasse tentar algo contra mim em um momento similar.Contudo, agora, eu já conseguia fechar os olhos e ter algumas boas horas de sono sem ter o medo de ser pega de guarda baixa. O temor ainda existia no meu ser. Na verdade, jamais iria embora por completo, no entanto tinha a presença dela ao
Capítulo 18.Quase sem luz.05 de outubro, 2020.Se não estivéssemos enfiadas ainda mais na mierda e com quase sem nada de recursos básicos ainda existentes em um mundo pós apocalipse zumbi em nossas mochilas, yo já teria pegado a mão de Melissa e a arrastado para bem longe dali. Honestamente, eu nem queria ter que entrar na casa que se erguia, assim como inúmeras outras da mesma cidadezinha litorânea, abandonada e caindo aos pedaços. No entanto, a nossa busca por qualquer coisa útil estava sendo, até então, inútil e completamente desanimadora para a minha imensa preocupação e frustração, o que apenas nos restava a opção de adentrar naquela residência digna de cenas de filmes de terror.Puta mierda!Localizada e
Capítulo 19.Mi luz.05 de outubro, 2020.A mudez que nos cercava, após dois barulhos desconhecidos vindo do segundo, era perturbador demais, quase mortalmente angustiante, nos instantes que se seguiram. Cada degrau vencido pelos nossos tênis velhos e gastos, cada passo dado em direção ao topo da escada, sem produzir um ruído mais audível, era como se estivéssemos indo de encontro ao nosso prelúdio mais amargo e tolo das nossas existências.O frenesi de fugir dali com Melly apenas aumentava como gasolina sendo despejada em um incêndio dentro do meu peito.A luminosidade na escadaria era precária demais, o que deixava o espaço bastante apertado, por ser paredes em ambos lados, ainda mais sufocante e assustador a cada degrau que deixávamos para trás. Em qu
Capítulo 20.Histórias não contadas.04 de outubro, 2020.I Na noite anterior I— Obrigada. — Melly soltou, repentina, com a voz não passando de um sussurro delicado e calmo, rompendo o tranquilo silêncio entre nós duas.Ainda encarando o teto na semi escuridão, enruguei as sobrancelhas em confusão.— Pelo que? — Questionei, em seguida, com a minha voz saindo mais rouca que o normal.— Por ter me dado a chance de realizar um sonho tão bobo, mas que tinha um peso enorme para mim. — Esclareceu e, em um toque mais íntimo, entrelaçou as pontas dos seus dedos aos meus. — Boa noite, Lorena. — Desejou, por fim.De um jeito até bom, a noite estava sendo mais quente que as anteriores, o que nos permitiu vestir roupas mais leves e menos sujas das nos