ELLENPouco tempo depois de o Nick sair pra confrontar seus pais sobre sua mais recente decepção em relação a eles, a assistente dele, Amber, me liga e diz que tem uma coisa urgente que eu preciso ver. Parece que trata-se de um vídeo ainda melhor que o que achamos ontem. O que é ótimo, já que com aquele, dificilmente conseguiremos alguma coisa a favor do Nick. Mas antes que eu possa sair de casa, Paul me diz que o detetive que veio aqui ontem está novamente na recepção.Sem ter muito o que fazer, e não querendo que ele ache que eu tenho alguma coisa a esconder por não vê-lo, peço que o mande subir. Gostaria que o meu advogado estivesse aqui ou pelo menos o Nick, mas como nenhum dos dois está disponível no momento, resolvo encarar essa sozinha. Quando ele chega à minha porta, eu o mando entrar e lhe ofereço algo para tomar.— Obrigado, senhora Hoffman, mas eu não pretendo demorar muito.Mesmo assim eu vou à cozinha pegar uma garrafa de chá gelado pra mim enquanto ele fica na sala. Eu q
— Quem é Ian? — eu pergunto enquanto tomo um gole de chá pra tentar fazer descer o pedaço de torta que fica preso na minha garganta com o tom que ele acabou de usar para falar desse Ian.— É o chefe de segurança da empresa. Ele pediu uma folga em cima da hora, sabe. Mas cá pra nós, parece até que ele está fugindo de alguém. Não atende o telefone, não foi ao rh para arrumar os papéis da dispensa, não pediu nem mesmo o dinheiro que a empresa lhe deve por tempo de serviço prestado.Huum. Interessante isso. Então esse Ian, chefe de segurança, sumiu logo depois da morte do Mike? E mais ainda, a fita de vídeo da câmera que gravou o assassinato dele sumiu também? Talvez se eu fosse a Ellen antes do Nick, ingênua e crédula na bondade das pessoas, eu poderia até acreditar que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas agora eu sou uma nova Ellen. Não tem como você passar tanto tempo com alguém tão desconfiado e não acabar aprendendo uma coisa ou duas.Mas se esse tal Ian estiver envolvido c
Quando desligo o celular, sinto um mau estar de repente, e eu sei que não é por causa da gravidez, – mesmo eu tendo enjoado bastante nas últimas semanas – mas sim por ter um mau pressentimento sobre o Nick. Ligo então para o lugar onde ele disse que iria, mas o telefone do apartamento dos pais dele apenas chama e ninguém atende. Resolvo ir até lá.— O senhor e a senhora Hoffman não estão. — a ex-babá do Nick me diz quando eu entro — Saíram minutos depois que o senhor Nicholas foi embora.— E que a que horas foi isso, Maggie?— Ele não demorou muito. Chegou era quase oito e meia e não ficou mais do que quinze minutos.Então o Nick saiu daqui não eram nem nove horas e ainda não deu o ar de sua graça? Onde ele está e o que está fazendo que não respondeu minhas mensagens ou atendeu minhas ligações? Meu Deus, com o que eu sei agora sobre o assassinato do Mike, começo a suar frio ao imaginar o Asher pegando o Nick para resolver suas diferenças com ele da mesma forma que fez com seu chefe ma
ASHEREu sabia no dia que aceitei o maldito acordo com o Mike que seria o pior erro da minha vida. Minha vida não estava muito bem, é claro, com uma mãe sendo consumida pelo câncer e um monte de dívidas médicas acumuladas, mas pelo menos eu ainda era eu. Agora, minha mãe morreu, eu me apaixonei pela mulher errada e perdi contato com o cara que eu costumava ser. E boa parte da culpa de tudo isso é dele: Nicholas Hoffman. Ele conseguiu um grande inimigo ao quebrar a cara do Mike anos atrás e graças a isso, eu fui trazido pra toda essa merda. Se ele não fosse o homem odioso que é, o Mike não teria tanta vontade de se vingar dele e eu não estaria nessa situação. Portanto, se eu tiver uma boa pitada de sorte hoje, conseguirei matá-lo e se não conseguir voltar a ser quem eu era, ao menos terei um pouco de paz de espírito.Com uma rápida ligação para acertar tudo com a Molly, a única pessoa que tem me ajudado com minha vingança, pego a minivan que aluguei exclusivamente pra isso ontem e vou
ASHEREu não raciocinei na época, mas depois percebi o interesse da Molly nisso tudo. Sempre fez parte dos seus planos se livrar do irmão, mas não queria sujar as mãos então usou o Nicholas pra fazer com que ele saísse da empresa da família. Quando o Nicholas não fez o que prometeu, ela quis se vingar. Então ao me contar o plano do Mike, me fez matá-lo, jogar a culpa no Nicholas pra que ele fosse preso e assim, se livraria de dois coelhos com um único golpe. Não ficaria surpreso se ela tentasse me matar depois disso, então cuidei do meu plano de contingência. Coloquei todas as provas que a ligam ao crime em uma caixa postal que é renovada mensalmente. Caso algo me aconteça, o serviço será cancelado por falta de pagamento e todo o conteúdo será entregue à polícia, revelando sua participação em tudo. Eu tenho algo para me manter a salvo, mas nada pode garantir que a Ellen fique bem, então não me importa se ela é diabólica ou implacável, eu tenho que ter um blefe convincente.— O mesmo a
MOLLYAbaixo a arma com um sorriso.— Sabia que podíamos entrar em consenso. — digo de forma falsamente meiga.— Eu preciso das mãos livres. — ele diz.— Eu vou soltar você, mas se tentar uma única gracinha que seja, a próxima bala vai na cabeça dela.Com um canivete, corto as cordas que o prendem e lhe entrego o laptop. A minha arma fica o tempo todo apontada para a cabeça da assistente e meus olhos revezam entre ela e a esposa do Nicholas. A vadia ainda está tonta pelo clorofórmio pelo que eu posso ver, mas todo cuidado é pouco. Se eu der mole, posso acabar na berlinda, pois eu – apesar de rápida e inteligente – sou só uma e eles são três.— E quanto a você? — pergunto à garota ferida — Onde está a cópia do vídeo?— Eu não fiz cópia alguma. — ela responde aos soluços.— Não me venha com essa. Você queria impressionar Nicholas e sua esposa, então não deixaria que a liberdade do seu patrão ficasse nas mãos apenas de uma pessoa. Eu sei que você recebeu um pen drive com uma cópia e eu a
NICHOLASA extração da bala no meu ombro não demora muito. Não mais que duas horas. O médico foi razoavelmente rápido já que a minha situação não é tão grave, já a do Robert... mas mesmo assim, sinto como se tivesse ficado o dia todo de molho. Minha Ellen foi levada de mim hoje de manhã e coitado do homem que fez isso quando eu colocar as minhas mãos nele. Sei que foi o Asher – porque francamente quem mais teria motivo pra sequestrá-la? – e isso é apenas mais um incentivo pra mim. Nós temos mesmo alguns assuntos pendentes.Ainda no quarto, esperando o médico voltar com os analgésicos que eu pedi, os detetives Wilson e Phelps entram e me interrogam a respeito do episódio no aeroporto. Conto a eles como as coisas aconteceram e peço-lhes um relatório do andamento de tudo. Com certa hostilidade, o detetive Wilson diz que não tinham um ponto de partida a não ser os depoimentos de algumas pessoas no local, portanto não têm nada. Phelps, por outro lado, não é hostil, mas não me passa a confi
— Ele tentou me matar hoje e falhou. Ele deve ter vindo terminar o trabalho.Se ele não tem a intenção de matar a Ellen, ele só pode tê-la sequestrado para ficar com ela. Até porque se Ele a quisesse morta, ele a teria matado ou pelo menos tentado lá no aeroporto. Ele deve saber que eu o procuraria até no inferno pra tê-la de volta, então me matar é a única saída pra ter paz, por assim dizer.— Que bom que ele veio a nós. Vamos pegá-lo, senhor Hoffman. — Martin diz com um sorriso.— Vamos sim. Mas antes eu quero que um dos seus homens leve a minha mãe pra casa.— O quê? — ela fica indignada — Não mesmo. Eu não vou deixar você lidar sozinho com isso. Martin, não se atreva.— Me desculpe, senhor Hoffman, mas foi a senhora Hoffman quem me contratou, então...— Eu pago o dobro que ela te pagou, mas mande um dos seus homens a levar pra casa em segurança.Martin olha pra minha mãe como se tivesse pedindo permissão. Ela me encara com as mãos nos quadris, claramente me desafiando a fazê-la m