— Como assim foi a Ada quem te trouxe? — pergunto lambendo o dedo depois de passar manteiga na torrada.Pedi um café da manhã reforçado pra repor as energias depois de tanto trepar.— Isso mesmo. Ela bateu na minha porta e dizer que eu fiquei surpresa seria um eufemismo.Esperava que tivesse sido a minha mãe, talvez até mesmo o meu pai. Mas jamais esperaria que a Ada fizesse isso.— Isso é estranho. — falo com os lábios franzidos.— Ela parecia... sei lá, diferente. Não que eu a conheça muito bem, mas não acho que aquele seja o comportamento normal dela.— E não é. — tomo um pouco de café e ela sorri ao ver, pois sabe que essa não é minha bebida favorita — Deve ser por causa dos hormônios.Levanto os olhos pra ela e a vejo de cabeça baixa, mordendo os lábios. Não é preciso ser gênio pra saber no que ela está pensando.— Ellen? — pego sua mão e ela olha pra mim — Está tudo bem entre nós?— Está.Ela fala com um sorriso lindo, mas não me convence. Acho que não convence nem a ela mesma.
— Dizer palavras bonitas não vai trazê-lo de volta. — digo amargo e me arrependo na hora porque não é nela que eu tenho que derramar minha frustração.— Nem agir como um cretino. — ela começa a andar de volta ao quarto onde passamos a noite e parte da manhã — Mas você não parece se importar com isso.— Ellen.Chamo, mas ela não volta nem para. Levanto-me e vou atrás dela. Em três passos largos eu a alcanço e a faço se virar pra me olhar.— Amor, não faz assim.— Não, não faz assim você. — ela empurra meu peito pra eu largá-la.Eu a aperto contra meu peito contra sua vontade, mas logo ela cede e me abraça.— Você é um idiota, Nicholas Hoffman. Acabou de dizer que eu tenho que aturar sua noiva...— Ex-noiva.—... e ainda falou essas coisas sobre o seu avô. Eu amava o Oliver, tá. Não estou fazendo discursos bonitos, estou dizendo a verdade, o que eu sinto.— Eu sei, eu sei, desculpa. — peço beijando seus cabelos — Eu sei que o que eu disse foi de mau gosto e o que eu estou pedindo em rel
ELLENQuando eu tive a ideia de convencer o Nick a fazer reabilitação, em nenhum momento eu achei que seria tão difícil pra mim. Um mês sem vê-lo é demais. Foi horrível cada momento. Claro que eu fui à clínica todos os sábados desde que ele se internou, mas o horário de visitas era apenas do meio dia às três, porque o método usado é o de abstinência total e isso inclui as pessoas, então tive que me esforçar para não tirá-lo de lá e trazê-lo pra perto de mim. E pela cara que ele fazia toda vez que chegava a hora de ir embora, eu vi que ele também não estava gostando nada daquilo.O lado bom disso tudo foi ter tempo – muito tempo mesmo – pra colocar as coisas em ordem aqui em Miami. Eu fui à Universidade, mesmo com os protestos da Cami e da Loren, e tranquei minha matrícula no curso de veterinária. Estudar é um coisa que eu não tinha mais em mente desde que terminei o segundo grau, mas gostei muito de ter voltado, então não foi fácil abrir mão disso. Embora, pelo Nick, eu consiga fazer
— Por falar em mais tarde, a que horas vocês pretendem voltar? — sua pergunta não é direcionada a mim, pois ele já entendeu que são elas quem sabem sobre nossa farra.— Sei lá. Talvez lá pelas seis ou sete horas da manhã. — Loren responde.— Nós vamos encher a cara. — Cami completa — Uma noitada só de garotas. — ela enfatiza.Antes que Melissa fale mais algum complemento sobre a noite que teremos, Nick já está balançando a cabeça, discordando dos planos delas em me manter afastada por toda a noite.— Não mesmo. Vocês não podem manter a Ellen longe de mim por tanto tempo.— Mas é só uma noite. — Melissa diz baixinho.— Eu passei vinte e oito dias sem ela.— Você esteve com ela no fim de semana passado. — Cami diz em contrapartida.— Não do jeito que eu queria. Deixo ela com vocês até no máximo meia noite, nem um minuto a mais.Não é preciso falar mais nada. Todas sabem do que ele está falando e ele não tem a menor vergonha de exigir seus direitos de homem das cavernas.— Ellen, — Loren
NICHOLASO primeiro dia de trabalho depois de sair da clínica de reabilitação em Miami é bem movimentado. Logo de manhã, tenho duas reuniões que não podiam mais ser adiadas. Uma com o Harold e o meu vice Dominic sobre o andamento das coisas na torre solar em Manhattan e outra com o diretor financeiro sobre os novos ativos que a HHE adquiriu na minha ausência. Só posso dizer que fico soltando risos até pelas orelhas quando o Richard me mostra a planilha com exatamente aquilo que eu queria ver. Mike, você não deveria ter mexido comigo.— Então já está certo, Richard? Eu já tenho a maioria acionária?— Sim, senhor Hoffman. Não houve resistência por parte dos outros acionistas, mas não abordamos ainda os senhores e a senhorita McAllister para os quarenta e sete por cento restantes das ações.— Eu cuidarei pessoalmente da aquisição dessas ações. — digo com um sorriso enorme — Obrigado, Rich.— Devo dizer que a HHE ficou muito bem assistida com o senhor Domimik e a senhorita Hitchcock. Eles
— Estou totalmente por dentro da sua contribuição, Molly. — dou a volta na mesa, dando entender a ela que estou de saída.— E então? Quando vai passar as ações para mim?Por pouco não solto una gargalhada. Oh querida, você está com ideias erradas.— Passar pra você? Não sei do que você está falando.— Não faça joguinhos comigo, Nicholas. — ela diz bem séria, depois pisca o olho e acrescenta com um sorriso malicioso — Ah, já entendi. Ainda falta uma última parte do nosso acordo, não é? Você quer me comer por trás aqui na sua mesa ou quer que eu me ajoelhe e te chupe? Ou quer os dois?Suas palavras me embrulham o estômago, me causando enjoo. Como uma coisa que antes me agradava pode agora me fazer sentir isso? Tudo pelo fato de agora eu ter de volta uma razão pra viver puro. Puro com a Ellen.— Pode parar com isso. — digo sério, impedindo-a de se abaixar — Eu não darei ação nenhuma a você. E eu estou atrasado. Se não se importa, eu preciso ir.— Espera aí Nicholas. — ela põe a mão no me
ELLENNão sabia que iríamos à exposição de limusine. O Nick não é adepto de motoristas, mas não tenho do que reclamar quando saímos no belo veículo branco. Muito menos quando ele aciona a divisória entre nós e o motorista e a fecha, nos mantendo em privacidade. Só posso dizer que me aproveito o máximo que posso do seu corpo gostoso, porque caramba, ele de smoking é uma delícia. Mas não posso me esbanjar, pois a viagem dura poucos minutos e quando chegamos ao salão do hotel onde tudo acontece e ele sai do carro, posso ouvir os gritos das mulheres ensandecidas lá fora, então me apresso em segui-lo pra mostrar a elas que esse homem já tem uma dona.Um número absurdo de fotógrafos está à postos, direcionando suas câmeras para nós e quando ele envolve minha cintura com um dos braços, posso vê-los entrando em parafuso por conseguirem imagens de uma cena tão importante no momento atual da vida de Nicholas Hoffman. Alguns fazem perguntas sobre seu sumiço da cidade por um mês inteiro. Outros p
— Amor, está tudo bem? — ele pergunta preocupado.— Está. — minto, mas tenho certeza que a minha voz me denuncia.— Meus pais se comportaram? Ou melhor, meu pai se comportou?— Aham. — minto novamente, mas ao ver que a ruga na testa dele não perguntando, mas dizendo que não acredita, eu resolvo falar. — Ele me odeia, Nick.Ele fecha a cara completamente. O Nick doce e preocupado se vai e dá lugar a um Nick inexpressivo. Eu sempre costumava saber o que se passava na sua cabeça, mas desde o que aconteceu conosco e com o avô dele, eu não consigo mais.— Vamos, está na hora do discurso.Não falo nada, apenas aceno com a cabeça como uma ovelhinha obediente. Ele enlaça o braço com o meu, me conduzindo por entre as pessoas e me deixa a meros dois metros do palanque. Quando ele sobe, eu imediatamente me sinto desconfortável. Algumas pessoas me olham, eu sei, mas mantenho meus olhos nos do Nick.— Boa noite a todos. — ele saúda bem sério e o burburinho no local cessa.Nick esquadrinha um papel