ELLENNão sabia que iríamos à exposição de limusine. O Nick não é adepto de motoristas, mas não tenho do que reclamar quando saímos no belo veículo branco. Muito menos quando ele aciona a divisória entre nós e o motorista e a fecha, nos mantendo em privacidade. Só posso dizer que me aproveito o máximo que posso do seu corpo gostoso, porque caramba, ele de smoking é uma delícia. Mas não posso me esbanjar, pois a viagem dura poucos minutos e quando chegamos ao salão do hotel onde tudo acontece e ele sai do carro, posso ouvir os gritos das mulheres ensandecidas lá fora, então me apresso em segui-lo pra mostrar a elas que esse homem já tem uma dona.Um número absurdo de fotógrafos está à postos, direcionando suas câmeras para nós e quando ele envolve minha cintura com um dos braços, posso vê-los entrando em parafuso por conseguirem imagens de uma cena tão importante no momento atual da vida de Nicholas Hoffman. Alguns fazem perguntas sobre seu sumiço da cidade por um mês inteiro. Outros p
— Amor, está tudo bem? — ele pergunta preocupado.— Está. — minto, mas tenho certeza que a minha voz me denuncia.— Meus pais se comportaram? Ou melhor, meu pai se comportou?— Aham. — minto novamente, mas ao ver que a ruga na testa dele não perguntando, mas dizendo que não acredita, eu resolvo falar. — Ele me odeia, Nick.Ele fecha a cara completamente. O Nick doce e preocupado se vai e dá lugar a um Nick inexpressivo. Eu sempre costumava saber o que se passava na sua cabeça, mas desde o que aconteceu conosco e com o avô dele, eu não consigo mais.— Vamos, está na hora do discurso.Não falo nada, apenas aceno com a cabeça como uma ovelhinha obediente. Ele enlaça o braço com o meu, me conduzindo por entre as pessoas e me deixa a meros dois metros do palanque. Quando ele sobe, eu imediatamente me sinto desconfortável. Algumas pessoas me olham, eu sei, mas mantenho meus olhos nos do Nick.— Boa noite a todos. — ele saúda bem sério e o burburinho no local cessa.Nick esquadrinha um papel
NICHOLASAcordo sob os cuidados da boca e mãos habilidosas da Ellen. Eu sei que ela está fazendo isso não só porque tem vontade de transar de manhã cedo, mas também porque quer garantir que eu tenha o seu cheiro impregnado em mim pelo resto do dia e que por isso não deixarei os recentes problemas me incomodarem tanto. Atencioso da parte dela, mas eu gostaria que ela parasse de se sentir culpada pelos acontecimentos. Se existe alguém que merece toda a culpa, esse alguém sou eu.Logo depois dos seus cuidados matinais e um longo café da manhã com a minha mãe – que me surpreendeu chegando ao nosso apartamento às sete da manhã – vou à empresa para uma conferência com o James Hoyt. Depois de quase um mês de tempestades em torno da minha vida pessoal e de ainda não ter saído da mídia como o maior exemplo de canalha cafajeste da América, ele quer uma reunião exclusiva comigo hoje. Harold já pulou do barco. Aparentemente ele ficou muito chateado com o meu discurso e me disse pessoalmente que n
— O senhor quer que... que eu faça a reunião?— Acho que a senhorita é bastante capaz.Embaixo da casca de timidez, eu posso ver o orgulho do trabalho bem feito brilhando em seus olhos. Nada que não seja merecido.— Obrigada pela confiança, senhor Hoffman. Eu cuidarei imediatamente disso.Ela se levanta e se prepara pra sair, mas eu a paro pra pedir uma última coisa.— Preciso que me ponha em contato com o empresário da One Republic. Ou mesmo o Ryan, o vocalista. Eles estarão fazendo um show hoje no Central Park.— Claro. Algo para adiantar no assunto a tratar?— Não, Amber. Eu mesmo quero discutir isso com ele.— Sim senhor. — ela sorri e vai pra porta, mas novamente eu interrompo sua saída.— E senhorita Hitchcock?— Sim?— Me lembre de te dar um aumento.Convido a Ada pra almoçar, depois de resolver uma boa parte dos meus problemas, para colocar em prática a ideia da minha assistente. Durante o caminho pra o restaurante, ligo pra Ellen e falo com ela sobre isso. Dizer que ela relut
ELLENNão imaginei que o Central Park estaria tão lotado hoje, mas mal há espaço para se mexer no meio da multidão. Ao redor do grande palco, as pessoas se acotovelam pra conseguir um lugar melhor e ter mais acesso aos músicos que estão por vir. Por sorte o Nick conseguiu dois ingressos na área vip e aqui é mais espaçoso. Um pouco.— E então? — ele pergunta ao enrolar os braços na minha cintura enquanto aguardamos o início do show — O que acha?— Está tudo muito lindo. Acho bom você ter conseguido os ingressos dessa vez porque se tivesse sido como da outra, nós dois estaríamos bem ali no meio. — aponto para a multidão à nossa volta — Recebendo cotoveladas.Ele sorri em meus cabelos. Eu deixo meu corpo se encaixar nos braços dele e aproveito nossa proximidade tão rara agora. Embora o Nick tenha dedicado boa parte do seu tempo a mim recentemente, preocupado com a minha reação sobre as coisas que têm saído sobre nós na mídia, eu sinto sua falta. É impossível não sentir. Eu o amo tanto q
Minha pele se arrepia inteira com as primeiras estrofes da canção, mas não só por saber que essa música é a trilha sonora do meu relacionamento com o Nick, mas também por saber que a voz não é a do Ryan Tedder. É dele. Do meu namorado incrível e surpreendente.Um grande holofote é aceso no meio da multidão, bem perto de onde eu estou e a figura solitária do Nick com um microfone na mão, aparece. Ele está cantando. Cantando pra mim. Eu não consigo esconder a emoção e deixo que flua dos meus olhos uma enxurrada de lágrimas. Desde quando ele canta? E qual o propósito disso? Mas as perguntas se perdem dentro de mim quando ele começa a cantar o refrão.I can feel your halo, halo, haloI can see your halo, halo, haloQuando começa a segunda parte da música, ele se cala e é inacreditável ver o Ryan como back vocal do meu namorado. Nick se aproxima ainda mais de mim. Ele também está com algumas lágrimas nos olhos, mas algo mais. Uma caixinha vermelha de veludo na outra mão. Oh meu Deus.— Ain
ADA[...] Cheguei ao apartamento do Nick na Quinta Avenida por volta das duas da tarde. Já eram quase onze da noite e os pais dele ou os meus ainda não tinham nos incomodado nenhuma vez. Então é claro que nós aproveitamos a tarde e parte da noite do jeito que queríamos. Como dois coelhos no cio. Não sei de onde ele consegue tanta energia, mas tenho certeza que ele acabou comigo por várias horas, fazendo uma pequena pausa só pra voltar com força máxima depois.— Você já falou pra eles que você fez as provas em Miami e que passou? — perguntei fazendo círculos pelo seu peito, logo após curtir nosso barato pós-orgasmo, pós-baseado.— Já. — ele respondeu triste. Sabia que no fundo ele não queria sair dali. Nossa casa e nossos amigos estavam ali. — Eles acham que eu estou brincando.— Talvez você possa ficar, Nick. Pode fazer a maldita faculdade de administração só pra sossegar o seu pai e depois você faz essa outra.— Não, Ada. Não posso. Se eu não sair daqui agora, nunca vou sair e eles s
ADA[...] — E então, você conseguiu ou não? — perguntei ao Julian quando entrei em sua sala na HHE.Ele sorriu ao me ver e se levantou para me dar um abraço. A ideia dele de construir uma família era imoral, mas tinha que funcionar. E é claro que eu estava mais do que disposta a tentar.— Uma prostituta em Miami recolheu o material e o levou para a clínica especializada que eu pedi há alguns dias. Ele já está vindo pra cá e em breve você poderá começar a fazer as tentativas. Por sorte meu filho é um homem viril e a quantidade de sêmen conseguido é suficiente para várias. Mas eu ainda tenho uma dúvida.— E qual é?— Meu filho odeia você agora, Ada. Como vai conseguir ir pra cama com ele ou forjar a transa? Porque mesmo que a inseminação in vitro dê certo e criança tenha o DNA Hoffman, eu não acho que ele assumirá se não tiver ao menos um indício de que vocês...— Eu sei. Farei o que puder desde que você faça sua parte.— Se o meu pai ficasse conosco seria uma batalha ganha, afinal par