Radija - Santa ou Devassa
Radija - Santa ou Devassa
Por: Eugenia Haensel
Capítulo 1

Santa ou Devassa?

Era seu aniversário de quinze anos e Radija estava ansiosa para o momento da valsa, era a hora mais esperada por ela, mas não era só porque iria dançar e se apresentar, era porque o seu príncipe e companheiro de valsa era ele, o menino mais popular da escola, ele era lindo, tinha dezesseis anos. E quando ela o via, saía de seu estado físico e perambulava entre as nuvens.

— Radijaaaaaaaaaaaaaaaaa. — ela ouve um grito vindo da sala. — Vá tomar seu banho querida, daqui a pouco começa a chegar os convidados.

— Já vou mãe. — Radija deu um salto ágil de sua cama e quase deu de cara no chão. Estava muito distraída com a conversa no grupo de amigas, onde falavam sobre a festa, e claro, sobre o príncipe.

Pegou sua toalha e saiu às pressas para seu banheiro particular no quarto. Aquele banheiro grande, com um chuveiro gigante metálico e quadrado com ducha dupla. Ohh! Como se divertia debaixo do chuveiro. Tirou toda sua roupa rapidamente e observou seu corpo em transformação. Entrou em estase, ficando em frente ao espelho algum tempo, admirando seus mamilos de adolescente, durinhos e rosados. Como uma rosa que quer a qualquer momento desabrochar.

Em frente ao espelho ela começa a imaginar, como ele reagiria se a visse daquela forma? Será que ele iria gostar? Será que ficaria excitado ao vê-la assim?

Com esses pensamentos, corria suas mãos pelo seu corpo todo, imaginando que fossem as mãos dele. Começando a ficar com corpo quente, desceu seus dedos até sua flor intima, era a primeira vez que a tocava, no calor de sua excitação e naquele momento de prazer nunca experimentado então teve uma ideia, talvez, não tão boa, mas ela não pensou duas vezes, talvez nem pensasse. Correu até sua cama, nua como estava, pegou seu celular e resolveu fazer uma foto.

Radija era uma “piveta”, tinha vários pensamentos que a levava à loucura, e foi o que aconteceu. Pegou o celular, fez uma pose em frente ao espelho com o braço sobre os seios de uma forma que só cobrisse seus mamilos...

Bom, era para ser só uma foto, porém ela com seus devaneios teve a brilhante ideia de enviar para ele, o seu crush, aquele que fazia seu coraçãozinho bater mais forte.

Seu nome era Alex, diminutivo de Alexandro. Como a cidadezinha de Itajaí não era muito grande, então muitas pessoas, inclusive as amigas de Radija sabiam que ela tinha uma queda por Alex, mas seus pais não aceitava um relacionamento sendo tão jovem, tinha receio que a filha engravidasse e atrapalhasse ela nos estudos para ser veterinária, que era seu grande sonho.

Enfim, ela pegou seu celular e digitou Alex, o primeiro que veio na lista ela enviou a foto, estava ansiosa para saber o que ele iria responder. Logo que enviou, jogou o celular na pia do banheiro e encarou fixamente para o espelho, falava consigo mesma. "Radija, sua maluca, o que deu em você?...”.

Ficou ali, olhando para o espelho e eufórica, com um milhão de pensamentos, e ainda imaginava que Alex mandaria uma foto dele também, talvez por reciprocidade, mas ele nem sabia que Radija tinha esse tipo de amor por ele.

Seu celular vibrou.

Radija se desconcertou totalmente, não sabia se olhava a mensagem ou deixava para depois do banho.

"oh my god" é ele. Abriu a tela do celular ansiosamente e viu uma mensagem, do Alex.

"Radija minha querida, o que é isso? Sua mãe sabe que está enviando nudes?”

Quando caiu em si, ela percebeu que tinha enviado a foto para seu tio, que se chamava Alex, e para completar ele estava na sala junto de sua mãe, nesse momento ela não sabia se chorava, ria, ou se arrancava os cabelos. Suas pernas amoleceram e seu corpo desceu para o chão.

— E agora? Ele vai contar para minha mãe, eu estou definitivamente ferrada. — falou em voz alta e começou a esfregar o rosto. Foi na galeria apagou a foto, apagou a mensagem enviada, porém o estrago já estava feito, era tarde demais.

Seu whatts tocou novamente. Será minha mãe? Será que meu tio falou para ela? Sua cabeça entrou em colapso com tantas tramas possíveis.

Ela não queria olhar a mensagem. Seu tio Alex tinha chegado naquela manhã, de São Paulo. Ela não sabia com que cara ela olharia para ele?

Ela sempre foi uma menina estudiosa, muito inteligente, só tinha elogios na escola, não entrava em grupinhos, e agora? Será que tudo isso estaria destruído? Logo hoje, seu aniversário de debutante?

Radija resolveu olhar a mensagem no seu celular, era ele, o Alex, o tio.

"Minha cara sobrinha, eu não direi a ninguém sobre seu nudes, mas terei uma condição para isso, nos encontraremos depois da festa, a sós, e te direi o que é"

Ela não gostou nada do tom dessa conversa, mas também não queria acabar com sua carreira nem com a confiança de seus pais, então enviou uma resposta curta e temerosa.

"Ok"

Começaram a chegar os convidados e suas primas foram correndo para o quarto de Radija, apressá-la para a festa.

— Radijaaaaaaaaaaaaaaaaaa. — Gritaram em uníssono. — Abra a porta, queremos te ajudar a se arrumar.

Foi um dos piores banhos de Radija, ela sempre se divertia no banho, mas dessa vez foi diferente, tomou o banho chorando sem parar, com o rosto debaixo d'água, enquanto passava o shampoo em seus lindos cabelos pretos e sedosos. Ela entrelaçava os dedos e puxava, com muita força, tentando arrancá-los, porém essa dor nem se comparava aquela que sentia dentro do seu peito, que há poucos segundos palpitava pelo príncipe da festa.

Com muita insistência das primas, ela abriu a porta e deu de cara com três malucas que se lançaram em seu pescoço todas juntas gritando

"Feliz aniversáriooooo!"

Radija continuou imóvel, fechando a porta empurrando com o pé direito.

— Licença meninas, preciso trancar a porta.

Marie, Alice e Jane caíram de bunda na cama sem entender nada. Entreolharam-se e Jane fez gestos com a mão de que não sabia o que estava acontecendo.

Marie era a mais rebelde e a mais alegre da turma, tinha completando dezoito anos no ano anterior. Então se sentia porque era a mais velha da turma e já era maior.

Alice tinha completado quinze anos, era uma menina doce e tímida e filha do tio Alex, e Jane tinha dezessete anos, gostava de uma bagunça, mas sempre com cuidado, pois seus pais sempre davam instruções a ela sobre coisas boas e terríveis da vida.

A sabichona Marie tomou a palavra.

— Xiii, acho que alguém tomou um fora hoje, ou tomou bronca da mamãe hein, esse é o dia mais feliz de sua vida garota, porque essa cara de fome?

As outras primas ficaram em silêncio encarando Radija com olhares de interrogação.

— Vamos garota. Com esses olhos inchados, e a festa para começar, com seus cabelos enrolados em uma toalha. Só pode que algo grave aconteceu, e queremos saber logo, pois a festa já vai começar. — Apelou Jane com ar de preocupação.

A garotinha estudiosa e obediente, não sabia por onde começar. Colocou as mãos no rosto e desabou em lágrimas, não queria fazer barulho, então deixava suas lágrimas escorrerem por entre os dedos sem dar um pio.

Foi aí que as primas perceberam que a coisa era séria, a abraçaram e colocaram-na sentada sobre uma poltrona rosa que tinha ao lado de sua cama, onde Radija sempre sentava para ler seus livros de histórias e estudar.

Todas diziam.

— Calma minha querida, seja o que for, vai se resolver, vai dar tudo certo no final.

— Hoje é seu aniversário de debutante, você precisa se animar amadinha. — Dizia Marie, com intenção de mudar aquele cenário pesado e ruim.

Ouvindo essas palavras Radija começou a soluçar sem parar, como uma criança, pois se lembrou do Alex que iria dançar com ela, da proposta do tio.

— Não! Não dará nada certo, esse é o pior dia da minha vida, não quero festa, só quero sumir. Eu estou completamente ferrada.

Alice a mais calminha, pegou um copo de água num pequeno frigobar do quarto, e levou até sua boca dizendo.

— Toma prima, bebe um pouco de água e conte-nos o que houve, talvez possamos ajudar.

— Vocês não podem me ajudar. — ela abaixa a cabeça e continua seu discurso choroso. — eu fiz a pior merda da minha vida, tudo que construí, tudo que lutei até hoje está destruído.

Entre suas falas, ela soluçava, e as primas ficavam cada vez mais curiosas, olhavam uma para as outras e não sabiam como ajudar.

— Eu tirei uma foto nua no espelho, depois tive a estúpida ideia de enviar para o Alex, aquele menino do terceiro B que eu gosto, vocês sabem. — ela desembucha finalmente e com medo.

Todas ficaram boquiabertas, pois Radija se mostrava uma garota toda santinha, nunca levantou certas suspeitas.

— Aeee garota! É assim que a prima gosta, está demonstrando uma safadinha como a prima. Gostei, o que tem de errado nisso? O Alex é um homão da porra, se ele me desse bola eu pegava sem reclamar.

—Cale a boca Marie, não sabe o que está dizendo. — Radija ficou furiosa. — você só fala merda.

— Ei garota, só falo verdade. Imagina aquele corpinho gostoso, deve ter um "pau" enorme porque o volume que mostra por fora da calça já me deixa toda molhada. — Marie não media palavras, e seu fogo na calcinha não a deixava perceber o sofrimento e angústia de Radija que se jogou no seu tapete felpudo no chão, arrancou a toalha do seu cabelo ainda molhado e mergulhou seu rosto nela, e lamentava.

— Por quê? Porque justo hoje tinha que acontecer tudo isso?

— Radija, eu também já enviei nudes amor, é supernormal, desde que você não tenha mostrado seu rosto. — a sabe-tudo Marie queria de toda forma que Radija aceitasse que era uma coisa normal, foi quando a menina resolveu abrir a boca e desabafar.

— Mandei para o Alex errado porra, mandei para o tio Alex, o pai de Alice.

Alice que estava quietinha na cama de Radija se estremeceu e acabou soltando palavras.

— Puta que o pariu Radija, meu pai porra, caralho, você é louca? — Alice se exaltou como nunca antes, as outras ficaram até espantada com sua vibração.

Houve um minuto de silêncio e Marie, ficou até calminha, espantada com tudo isso, porém quis consolar a aniversariante de outra forma.

— Radija, o tio Alex, é maior tiozão meu, ele não vai contar nada para ninguém. Ele não é louco, fica calma e vamos se arrumar para a festa.

Ela não quis contar sobre a proposta do tio Alex e a forma que ele respondeu a mensagem, só sacudiu os cabelos longos e pretos e disse:

— Então se preparem meninas, quero parecer uma princesa hoje, de preferência sem olheiras.

Então, todas em silêncio começaram a tarefa de embonecar a aniversariante. Enquanto uma fazia maquiagem a outra pegava o sapato e outra o vestido.

— Vamos fazer desse dia inesquecível Radija, você vai ver que tudo que acontece não é por acaso. — Dizia Marie enquanto passava a mão penteando os lindos cabelos de Radija.

Por pelo menos uma hora ficaram todas ali, arrumando a aniversariante.

Marie gritou depois de algumas horas:

— Iuhuuuu, aplausos meninas, vejam se não está parecendo uma princesa. — Todas aplaudiram e concordaram com Marie, um pouco sem graça ainda. Radija deu um leve sorriso, com o coração apertado, mas não poderia demonstrar.

O salão onde seria o buffet era na parte lateral da casa, Radija precisava atravessar a sala para chegar lá. Ela não sabia para onde olhar, só ouviu aplausos, e sua mãe veio em sua direção eufórica.

— Filha, você está maravilhosa, como uma princesa. Vem cá, deixa a mamãe te dar um abraço.

Radija olhou o rosto de sua mãe Sofia, e os olhos dela estavam marejados.

— Ah mãe, para com isso, não vai me fazer chorar, estou rebocada de maquiagem.

Depois de um longo abraço, as primas de Radija a puxou, levando em direção ao salão.

Passando pelo corredor da sala, Radija levantou seus olhos e viu o tio Alex, sentado no braço do sofá grená de sua casa. Ele a olhou e deu um "feliz aniversário sobrinha" seguido de uma piscadinha.

Seu corpo todo estremeceu, seus pés flutuavam, ela estava com medo, o que o tio Alex poderia querer em troca de seu silêncio?

O salão estava lotado, a aniversariante olhava por entre os convidados e não encontrava Alex, seu príncipe, chegou a perguntar suas primas se o tinha visto, mas ninguém viu.

Já se passava das dezoito horas e o príncipe não tinha chegado. Será que ele viria? Será que ele desistiu? Vários pensamentos passavam na cabeça dela, mesmo todos a cumprimentando, ela mal olhava nos rostos, estava aflita, dava um sorriso sem graça para não parecer chata.

Então, resolveu se sentar, chamou Marie para desabafar.

— Prima. Acho que ele não vem, hoje não é meu dia, vai ser mais um vexame.

— Calma garota, está maluca? Lógico que o boy vem, relaxa. Se ele não vier, a gente castra ele.

De repente Radija ficou estática, travou totalmente.

— Radija, você está bem? — Perguntava Marie preocupada, sacudindo a garota.

— É ele.... É ele... — era só o que ela conseguia pronunciar. Seus olhos brilhavam.

Alex tinha acabado de entrar pela porta do salão, com um terno elegante de cor azul marinho, cabelos socialmente arrumados e aqueles óculos que deixava seu rosto mais elegante.

Por onde Alex passava, cumprimentava alguém. Quase todo mundo dali o conhecia, e gostava muito dele, era superinteligente, mexia com manutenção de computadores, seu sonho era cursar ciência da computação, estava sempre disposto quando alguém pedia ajuda para arrumar suas máquinas velhas.

— Princesa, como está tão bela. — Chegou perto de Radija e todo elegante esticou sua mão.

Ela, toda travada de vergonha, medo, excitação, suando sem parar pegou em sua mão e não sabia o que dizer.

— Parabéns pelo seu aniversário! Sinto-me honrado em ser o seu par de valsas. — ele fala e beija a mão de Radija.

— Obrigada, jovem cavalheiro, está muito elegante também. — Mesmo não sabendo o que dizer ela tentou pronunciar alguma coisa.

A festa estava rolando tudo muito bem, às vezes Radija via seu tio olhando para ela e sentia muita vergonha e medo.

Chegou o grande momento, era a hora da valsa, ela finalmente dançaria com seu par, o par perfeito para ela.

— Você está se sentindo bem? Parece nervosa. — Alex a sentiu a tensão de sua parceira, e cochichou em seu ouvido.

— É só timidez mesmo, estou ótima.

A festa acabou, tudo começou a ser arrumado pelos funcionários do buffet contratado, Radija se preparava para ir para seu quarto quando uma mão forte agarrou seu braço e puxou.

Ela levou um enorme susto. Só não gritou. Ao olhar para a pessoa, percebeu que era seu tio e seu susto transformou-se em medo.

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