Ao chegar na sala de seu apartamento, Richard se depara com a sua irmã Elis e seus sobrinhos de um ano, Theodore e Filippe.— Já estão prontos? — Elis pergunta, não deixando de notar o quão próxima Madeline está de Richard.— Sim, o Richard disse que podemos ir.— Preciso que me ajude com os meninos, Richard, pode carregar um deles para mim? — pergunta Elis.— Claro.Richard se afasta de Madeline e pega Filippe no colo, o que deixa Madeline um pouco chateada, pois ela queria ficar mais perto dele.— Não desgrude dele nem por um segundo — diz Elis, pegando o outro gêmeo.Todos saem do apartamento bem arrumados, afinal a ocasião merecia tal feito, pois estavam indo comemorar o aniversário de vinte nove anos de Richard. Atenta àquela comemoração, Madeline, que era a sua melhor amiga desde infância, decidiu preparar um jantar para ele, com a presença de toda a família.Aproveitando que Richard segurava o sobrinho com apenas um braço, Madeline se aproxima para segurar a mão dele que está l
Os cinco chegam ao restaurante escolhido da noite e encontram tudo vazio.— Chegamos muito cedo? — Richard questiona.— Reservei o restaurante apenas para nós — revela Madeline. — Acho que uma data tão especial deveria ser comemorada com mais calma. — Ele sorri, agradecido com a gentileza e atenção dela.Richard conheceu Madeline na escola quando ainda tinha oito anos. Na volta para casa, descobriram morarem na mesma direção, de modo que começaram a ir juntos para casa. Assim, a amizade dos dois nasceu. Richard sempre ia à casa dela e vice-versa, com o tempo, as duas famílias também se tornaram amigas.Ao contrário de Richard, que sempre demonstrou querer cultivar apenas a amizade, Madeline já dava sinais de que sentia algo mais por ele. Com medo de perder a amizade de Richard, ela nunca se declarou, pois sabia que receberia a rejeição. Dessa forma, Madeline optou por manter seu amor oculto, o tratando como um amigo até que um dia ele demonstrasse o desejo de querer algo mais além.—
Richard sabe que Madeline deve estar a par do acordo que fez com o pai, mesmo assim ela finge não saber, desse modo ele também finge que não prometeu nada.— Acredito que se apaixonar não seja uma escolha e sim algo bem natural — ele responde.Embora tenha feito o acordo com o pai, Richard está confiante de que, mesmo quando complete seus trinta anos, Madeline não o aceitará por saber que ele não a ama.— Mas você é um homem que não dá espaços para o amor, Richard — comenta.— Não é bem assim — responde. — Madeline, serei bem sincero com você — diz ele, aproveitando que continuam sozinhos à mesa. — Se eu pudesse escolher por quem me apaixonaria, pode ter certeza de que eu escolheria você, pois pelo tempo que nos conhecemos, sei o quanto você é uma amiga maravilhosa em todos os sentidos, mas não é assim que as coisas funcionam — explica para ela. — Eu queria muito corresponder às suas expectativas, mas não posso, eu não consigo enxergá-la como mulher, me entende?A frase a deixa um tan
Ainda na sala, Richard olha para o teto e pensa se deve ligar de volta para Alice para saber o real motivo de ela ter lhe ligado. Seus pensamentos estão nela desde que chegou ao apartamento e, embora tenha conversado com Madeline por um tempo, não conseguiu prestar a atenção no que a amiga dizia, por estar pensando em Alice.— Só dessa vez, Alice — sussurra.Deixando de lado o orgulho, ele tira o celular do bolso, disposto a ligar e dizer a ela que a quer de volta, caso ela largasse tudo o que está fazendo na Inglaterra e pegasse o primeiro voo para os Estados Unidos.Procurando o nome de Alice em sua agenda, Richard sente uma enorme adrenalina passeando por suas veias. Ele deseja saber qual será a decisão dela. Quando encontra o nome de Alice, disca o seu número e espera que a ligação seja completa. Entretanto, a sua ligação é interrompida, pois o seu celular notifica que irá desligar por estar sem bateria.— Que droga — pragueja, tentando se levantar, mas não consegue por se sentir t
Entrando em seu quarto, Madeline corre para o banheiro e se tranca ali. Ao tirar o lençol que cobria o corpo, fica de frente ao espelho da pia. Ela encara o seu próprio reflexo, notando as marcas das lágrimas que rolaram por seu rosto, depois volta o olhar para o seu dedão do pé e retira o band-aid que havia colocado no dedo de madrugada. Aquele foi o lugar mais fácil e discreto que encontrou para fazer um corte expressivo o bastante para conseguir uma quantidade de sangue suficiente para manchar o lençol.— Meu Deus, me perdoa por isso — sussurra, sentindo culpa pelo que acabou de fazer. Ela se ajoelha nua no banheiro e junta as mãos em sinal de prece. — Jesus, eu sei que o que fiz foi errado, mas o Senhor sabe o quanto gosto do Richard e o quanto espero por ele. Prometo que, se o Senhor fizer ele se casar comigo, me tornarei uma esposa compreensiva e amorosa que fará de tudo por ele. Me perdoa por essa mentira, eu prometo nunca mais mentir, mas para isso, preciso que me ajude a pesa
A frase de Richard soou como música nos ouvidos de Madeline, que paralisou diante daquela confissão.— Você está falando sério? — ela questiona.— Madeline, sei que a religião é muito importante para você, mas isso não é o fim do mundo. No mundo em que vivemos hoje, um cara não faz questão de se casar com uma mulher virgem e isso não a impediria de arranjar alguém — revela.— Sei disso, mas você entende que esse era o meu propósito desde criança? Richard, isso significa muito para mim, queria me casar com o único homem com quem me deitei.— Sei que significa, só estou te explicando que pode encontrar uma pessoa que não se importe com isso — insiste em explicar.— Eu não quero um segundo homem — repete.— Tudo bem, se acha que não pode conviver com isso, irei me responsabilizar pelo que fiz.— Então se casará comigo? — questiona surpresa.Os pensamentos de Richard viajam em direção à Inglaterra, onde Alice devia estar. Ele sabia que, se firmasse aquele compromisso, nunca mais a veria.
— Você está louca? — questiona Alice, percebendo que a sugestão da amiga é totalmente infundada.— Amiga, vai por mim, acho que é isso que o Richard espera de você — confessa. — Se ele vê que você largou tudo para ir atrás dele, poderá perceber o quão reciproco é o sentimento de vocês dois.— Não posso fazer isso — responde. — Não falo mais por mim, falo por ela também — toca a barriga. — Eu aceito a rejeição dele, mas não posso vê-lo rejeitar a própria filha.— Alice, você não ama?— Eu o amo — seu amor é tão grande que chega a sentir uma dor no peito. — E é por esse amor que nunca mais irei lhe procurar. Magoei o Richard uma vez e ele me magoou também. É melhor ficarmos empatados antes que alguém saia mais magoado com esse jogo onde nenhum ganha.Laila sente o quanto a amiga está ressentida com tudo o que aconteceu e, por ela estar grávida, parecia sentir as coisas com mais intensidade. Tudo que queria era ver a amiga feliz, mas sentia que Alice nunca seria se continuasse daquele je
Laila sabe que não pode revelar os segredos de sua melhor amiga, ainda mais por saber o que aquilo significa para Alice, mas ao ver Silvia daquele jeito, pensou que poderia acalmar um pouco do coração dela.— Sobre isso… — Laila pondera.— Querida! — George se aproxima das duas com o rosto vermelho como um pimentão. Ele está nervoso e suas mãos tremem. — A nossa filha foi levada para a sala de cirurgia, disseram que terão de fazer uma Cesária de urgência.— O quê? — Silvia questiona de modo tão surpreso que acaba chamando a atenção de algumas pessoas que estão ali. — Como assim?— Eles informaram que a criança está passando por um sofrimento fetal e, se não for retirada com urgência, não sobreviverá.— Mas a Alice nem completou 26 semanas ainda — Silvia diz desesperada.— Informei a eles, mas os especialistas advertiram que, caso não façam isso, Alice poderá perder a vida.Os dois saem dali desesperados, deixando Laila ainda mais atormentada, pois não sabe o que fazer.— Meu Deus — La