Encaro-me no espelho pela manhã, mesmo com toda maquiagem não consegui disfarçar minhas olheiras pela noite mal dormida. A imagem de você triste na sala, depois que te deixei sozinho, permaneceu em minha mente. A dúvida de que talvez eu não tinha tomado a decisão certa estava me consumindo desde então, ainda mais quando a lembrança de nossos beijos surgiam em meio aos meus pensamentos conflituosos.
Demorei mais tempo no banheiro, levei mais tempo penteando o cabelo e escolhendo algo para vestir, tudo para evitar cruzar com você pela casa. Era bobo da minha parte agir como uma adolescente, me esconder em vez de enfrentar e resolver a situação a qual eu mesma me coloquei, e arrastei você junto. Como eu disse antes, tenho a tendência a ser covarde, um dos motivos pelo qual não consegui contar toda a verdade sobre minha vida para a única pessoa que precisava saber.
Em um rompante inesperado, você entrou no quarto, se mantendo a certa distância segura da minha pessoa, sentei na ponta da cama a espera do que quer você tivesse para me dizer. Por um tempo apenas olhou para mim parecendo contrariado com a minha decisão. Desejei saber o que se passava em sua mente, apesar de que suas emoções transpareciam em seu olhar. Era cedo, cedo de mais para que eu estivesse sentindo todo aquele sentimento, sem saber meu corpo ansiava pelo seu, de um jeito que me assustava. E uma parte de mim, a razão, me alertava o quanto você se envolver com alguém que mal conhece poderia ser destrutivo.Olhando para trás percebo quanto aquele momento foi decisivo em nossas vidas. Eu deveria ter ido embora, ter tido a coragem de encerrar algo que nunca deveria ter acontecido, ou ao menos te sido sincera, esclarecido os motivos de não poder ficar. Assim você me deixaria ir sem drama, en
Encostei a porta, admirando o escritório, o ambiente aconchegante, e principalmente todos os livros. Durante o ensino médio eu passava muito tempo na biblioteca lendo, navegando pelas histórias, me imaginando no lugar dos personagens. Durante umas das sessões com o aconselhador vocacional da escola, descobri que queria trabalhar com algo que envolvesse livros. Quando decidi que eu iria fazer faculdade, escolhi literatura, pois eu teria muitas opções de carreira para seguir, e depois de muito tempo ainda sou apaixonada pelo mundo da leitura.- Ayla, você está me ouvido? – Despertei ao ouvir sua voz. Você havia dado volta na mesa, sentando na ponta.- Desculpa. Sobre o que você falava? – você sorriu, senti meu coração descompassar, com gesto.- Se você precisa de alguma coisa? – eu deveria parecer uma boba, ali em pé, afetada com sua presen&c
No Closet, vesti uma lingerie vermelha, passei uns vinte minutos para decidir o que vestir, optei por uma blusa de cetim preta com uma saia de cintura alta com flores bordadas, calcei um salto, mesmo contrariando ordens médicas. Procurei uma bolsa pequena para por meu celular, reviro minhas roupas, encontrando uma clutch pérolas perfeita, que ganhei de Mirian no meu último aniversário. Respirei várias vezes para amenizar meu nervosismo, depois de anos, eu estava tendo meu primeiro encontro, com um cara incrível.Acho que nunca contei a você esse pequeno detalhe, pois é, aquela noite em si, acabou se tornando muito importante para mim. Eu não queria parecer boba por estar emocionada por algo tão banal, então guardei toda minha emoção do primeiro encontro apenas para mim.Desci as escadas rapidamente, ainda bem que não caí ou essa noite termina
Você me olhou por alguns segundos desconfiado, esperei por você perguntar sobre o que exatamente eu não queria que ninguém soubesse. Mas surgiu um sorriso contido em seus lábios e não houve qualquer interrogação de sua parte, aliviada, solto um suspiro, acalmando meus batimentos cardíacos.- Você tem algum talento escondido? – mudei de assunto mais uma vez, mantendo o foco em você.- Não diria um talento, mas gosto de cozinhar. Às vezes meu irmão Tom e eu cozinhamos para nossos pais quando os visitamos em feriados importantes. E claro, se você achar que meus passos de danças podem ser incluídos como um talento, e sou muito bom no piano. – você sorriu revelando seus dentes retos, eu queria tocar seu rosto, senti a aspereza de sua barba sobre meus dedos, mas me contive. – Agora me conte seu talento.Pensei se havia a
QUERIDO CHRIS Já faz três semanas que escrevo sem parar para você, e nem ao menos sei se você tem recebido minhas cartas, ou talvez tenha as recebido e as ignorou no fundo de uma gaveta qualquer. Não tenho nenhuma notícia sua, acho que isso seja um indicativo que você tenha me tirado de vez da sua vida, e eu tenha apenas alimentado minhas esperanças que um dia você me perdoe. Vou deixar minhas lamentações de lado e ir direto ao que interessa, espero que esteja preparado, há uma remessa de mentiras para enfim contar a você. Fui despertada na manhã seguinte da melhor forma possível, depois de ter tido uma noite maravilhosa que eu jamais imaginaria que um dia eu teria. Você despertou-me com beijos suaves por todas minhas costas, subindo para meu pescoço, deixando meu corpo todo aceso, me fazendo ter lembranç
Enquanto esperávamos o almoço, Tom iniciou uma conversa sobre a fundação em que trabalhava. Junto com a mãe criaram a Reed Foundation, voltada a cuidar de mulheres que sofreram violência doméstica. As vítimas recebiam uma rede de apoio, principalmente psicológico, um lugar para permanecer enquanto reestruturava sua vida novamente, longe do agressor.- É incrível o que vocês fazem por essas mulheres. Mas por que, especificamente, violência doméstica? – uma dúvida que surgiu em minha mente.- Podemos apenas dizer que é um assunto delicado em nossa família. – Tom respondeu, sendo evasivo.Com sua resposta pude captar que alguém, a mãe ou a irmã, havia passado por isso. Sendo um assunto pessoal, não quis insistir em um assunto que não me desrespeitava.Durante uns longos minutos em silên
Durante as próximas horas os dois iniciaram uma conversa sobre viagens, Tom nos contou suas aventuras em algumas viagens que fez com amigos, viagem de trabalho, arrecadando fundos pra Fundação. Em certo momento eles já estavam falando de aventuras na infância e adolescência, como foi viver em Boston. Eu pude saber mais um pouco de você naquele dia, mais sobre sua família.O dia estava perfeito para passar na beira da piscina. Após o almoço, que devo dizer, estava maravilhoso, nos encaminhamos para o jardim. Enquanto conversávamos na beira da piscina tomando cerveja, eu me sentia parte da sua vida, mesmo que seja só de uma parte minúscula e até mesmo sem muita importância, mas para mim, era muito mais que eu poderia querer, levando em conta que eu não estava sendo sincera sobre a minha vida com você.- Deveríamos jogar flipcup ou beerpong. - Fal
Os dias se seguiriam em uma tranqüilidade desconfiável, ainda assim ignorei meus instintos para aproveitar a felicidade que vivia. Eu passava a maior parte do tempo com você quando estava em casa, precisava estar a cada momento ao seu lado, antes que partisse a trabalho, e tivesse que ir embora. Sempre arranjamos algo para fazer, um filme nas noites frias enrolados em cobertas no sofá da sala, fazia companhia a você quando tinha algum assunto para resolver no escritório, passava meu tempo lendo, quer dizer tentava, pois você sempre surgia do nada no sofá do escritório com massagens que se evoluíam para amasso e por fim transavamos. Eram dias maravilhosos, que jamais sonhei viver, com o passar do tempo meus sentimentos se evoluíam em uma velocidade absurda.Em uma manhã, ao acordar, me deparei com café da manhã na cama com direito a uma rosa vermelha, você gostava de