A CEIA DAS SOMBRAS
Quando Silvânia despertou, não havia memória, nem dor, nem resquício da lua cheia que a engolira na véspera. Apenas o eco longínquo de um sabor amargo na boca — um gosto de carne velha, endurecida pelo tempo, como se fosse feita de lembranças mortas.

Ao redor dela, os outros também se remexiam, inquietos, esfregando a língua no céu da boca, tentando identificar aquele ranço que parecia ter grudado na alma. Nenhum deles recordava o que havia acontecido, e talvez fosse melhor assim. No Inferno, o esquecimento é misericórdia — e tudo que vem depois, castigo.

Foi então que uma gargalhada rompeu o silêncio.

As paredes de pedra tremeram. O chão pulsou.

A risada do Diabo era como um trovão oco atravessando o teto de fogo do Abismo.

— Acordaram, minhas feras? — provocou ele, com aquele sorriso moldado em arrogância e cinismo. — Venham olhar o que fizeram.

E com um gesto preguiçoso, como quem muda de canal, ele invocou no ar um imenso telão feito de fumaça e chamas líquidas. O fogo se retorceu
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