O dia amanhece na capital angolana e o sol não tem preguiça em iluminar e aquecer o povo batalhador, que acorda cedo, sai para trabalhar e logo na primeira hora do dia, busca melhorar a vida. Vendedores ambulantes das ruas e vendedores das praias começam a chegar a seus postos. Os trabalhadores das empresas entram nos ônibus lotados e apertados, enquanto outros correm atrás das lotações e dos mototáxis. É a baía de Luanda que ganha vida depois de uma noite de descanso. No porto de Luanda, enquanto carregadores e operadores de máquinas trocam o turno da madrugada, mudando o comando dos guindastes; os comandantes de navios discutem documentos com os fiscais e suas pranchetas, conferindo containers e caixotes que não param de ser carregados nos navios que entram e saem dali. O cais do porto de Luanda é um local onde se embarca e desembarca cargas para todo canto do mundo. Como todo porto, ali exis
No centro empresarial Luanda Tower a movimentação já começou. A Mercedes Bens preta, da presidência do grupo empresarial Souza, se aproxima da portaria do imponente prédio espelhado. Apressado, Arnold Capacho está descendo de seu carro e avista o veículo da presidência se aproximando. Ele se desespera. A última coisa que precisa naquele momento é dar de encontro com a presidente da empresa, na posse de uma maleta com trinta mil dólares dentro. Arnold sai em disparada, cumprimenta afobado os seguranças do edifício e passa apressadamente pelas catracas de acesso aos elevadores comuns, para evitar o encontro com Suellen. A Mercedes Bens já estacionou na portaria do edifício. O motorista circula o carro e abre a porta. A empoderada presidente da sucursal desce, trajando um modelito Pierre Zartan na cor vermelho sangue, com missangas adornando as alças, e vestindo um salto
Suellen Souza está encerrando a reunião com as secretárias. Ela dispensa todas de volta para suas mesas e pede que Arnold Capacho permaneça na sala, para lhe passar a agenda de compromissos do dia. Suellen está ansiosa para confirmar seu compromisso principal, o único que se lembra sem precisar de ajuda. Ela questiona Arnold:— Arnold, você marcou a visita ao campo de testes para hoje, com lhe pedi?Arnold confirma com a cabeça, enquanto consulta sua agenda digital para relatar o expediente da presidente naquela sexta feira.— Sim, senhora. Teremos duas visitas de fornecedores, do gerente de compras para discutir assuntos sobre a compra de processadores e do gerente de logística para relatar o andamento de alguns setores da empresa. Depois está agendada sua ida ao campo de testes, no final da tarde. Inclusive, me informei no campo de testes,
A tarde de sexta feira enfeita os corredores do Shopping Rio Mar. Pessoas ricas e de sucesso, vestidas na última moda, desfilam deslumbrantes pelos corredores e lojas de grife e alto padrão de consumo. Sacolas de marcas renomadas carregadas nas mãos é o símbolo da ostentação das mulheres empoderadas da elite fortalezense. Os homens, por sua vez, desfilam com seus relógios e acessórios importados, trajados em estilosos ternos executivos ou em trajes esportes das marcas mais caras e refinadas, afinal, é sexta feira, e o começo de tarde dos executivos já mistura trabalho com happy hour, anunciando que o fim de semana se aproxima. As tardes de sexta feira do Shopping Rio Mar é aquele tipo de ambiente cobiçado, onde todos gostariam de estar, mas somente poucos conseguem. O Cabriolet conversível Azul da empoderada Edilene Souza acessa o estacionamento VIP do Shopping Rio Mar. Ela desce
Na mesma tarde de sexta feira, em Luanda, no Centro Empresarial Luanda Tower, Suellen Souza está terminando a reunião às portas fechadas com os diretores da sucursal e as cobranças são grandes. Os custos e gastos estão descontrolados e a sucursal beirou ao prejuízo no último balanço. Suellen Souza impõe de forma rígida as mudanças que deverão ocorrer na administração. Arnold Capacho escuta tudo com muita preocupação. Suellen profere várias recomendações ao diretor de compras.— Senhor Wayne Gordon, eu quero que cada peça comprada tenha o mais rígido controle e os relatórios de saída e entrada de estoque devem estar semanalmente na minha mesa. Parece que este lugar estava sem dono. É inadmissível tamanha falta de dados e descontrole de material.Wayne Gordon
O telefone fixo da residência dos Souza toca. Rosalba deixa seus afazeres e se apressa em atender ao chamado. É Doutor Rocha quem está na linha.— Alô residência dos Souza.— Alô? Boa tarde, aqui é o Doutor Rocha. Por favor, gostaria de falar com o Senhor Souza.— Bom dia, Doutor Rocha. É Rosalba quem fala. O senhor Souza ainda não retornou da empresa, mas a senhora Souza está aqui. Um momento que vou chamá-la.— Me faça essa gentileza, Rosalba. Muito obrigado.Rosalba atravessa a ampla sala do duplex de luxo da família Souza e se depara com a senhora Souza vindo em sua direção. Rosalba a avisa:— É o Doutor Rocha ao telefone. Ele deseja falar com o senhor Souza.Senhora Souz
O final da tarde se aproxima e anuncia o término do expediente nos escritórios na semana. O início de mais um final de semana na capital fortalezense se anuncia. As ruas se aceleram com a volta das pessoas para a casa, os barzinhos e restaurantes da orla da praia começam a lotar e as pessoas começam a relaxar e descontrair, saboreando petiscos, bebidas e boa música. Mas nem para todo mundo aquele fim de tarde é diversão e ostentação na orla da praia ou no centro movimentado da badalada capital. A fachada do Hospital Central está acesa, à espera do poderoso chefe das organizações Souza. Doutor Rocha, seu médico exclusivo, está de plantão junto com sua equipe. Doutor Rocha espera o amigo e paciente na portaria do hospital. Em um bairro nobre de Fortaleza a BMW preta da presidência do Grupo Souza deixa a garagem e está a caminho do hospital. Rosalba est&aa
O jipe Land Rover marrom de Jason Fields adentra na rua do Edifício Miramar Residence Garden. Suellen abre sua bolsa e pega a chave do controle remoto do portão. Ela começa a sorrir deliciosamente, recordando da última vez que Jason Fields esteve com ela naquele local. Ela provoca o amante. — E então? Será que vamos ver um passarinho verde hoje? Jason sorri e responde com outra pergunta. — E você, está com vontade de comer uma pizza? Ambos dão gargalhadas relembrando a última vez que se encontraram. Jason que está preparado para todas as circunstâncias e retira do quebra sol do Jipe um cardápio de pizza com alguns dizeres. Suellen reage imediatamente. — Não acredito! Você guardou o cardápio da pizzaria. Jason lembra do pacto do último encontro e reafirma seus termos. — Não se recorda meu amor? Um sinal da última vez que nos
Doutor Rocha desliga o equipamento e direciona Senhor Souza para o quarto particular do Hospital. — Pois bem, Senhor Souza. Realizei a contraprova para esclarecer minha suspeita. Realmente há algo que teremos que observar com mais atenção. Vou pedir ao senhor que acompanhe a enfermeira até o quarto, onde o senhor poderá se acomodar. Vai ficar internado até que eu realize os exames complementares. A notícia enfurece senhor Souza, mas o semblante do Doutor Rocha o deixa apreensivo. — Mas será o Benedito Doutor Rocha? Vou ter que ficar aqui durante o fim de semana? — Infelizmente sim. Questões de ordem médica não permitem feriados nem finais de semana. Iremos começar imediatamente. Senhor Souza acompanha a enfermeira para o quarto. Doutor Rocha volta para a recepção e chama senhora Souza para conversar. — Senhora Souza, minhas suspeitas se conf