Emily narrando...Quando estava me arrumando para sair com a maluca da minha amiga, meu celular toca, revelando o nome do tio Daniel no visor. Respiro fundo e atendo.— Bom dia, tio.— Bom dia, Emily, a Laura me falou que vocês tiveram um pequeno desentendimento ontem, e você simplesmente fez as malas e foi embora. — Fala ele direto.— Sim, tio, não tinha motivos para ficar na casa de alguém que não deseja minha presença.— Filha, vamos conversar? Preciso de uma conversa franca entre você, o Gabriel e eu. Onde posso te buscar?— Tio, me passa o endereço que encontro vocês.— Posso ir te buscar, filha, não há nenhum problema com isso.— Prefiro te encontrar no local.— Certo, então me encontre em um café próximo ao Central Park, mandarei a localização.Me despeço do tio Daniel e falo para Manu que nossos planos terão que ser adiados, pois terei que sair para resolver o problema do contrato.Horas depois, já pronta, eu caminho até o café indicado pelo tio Daniel. O dia está nublado, típ
Emily narrando... Acordo e olho ao redor tentando assimilar onde estou, só então lembro que estou na casa do tio Daniel e da tia Laura. Pego minha bolsa onde estão meus produtos de higiene pessoal e sigo para o banheiro. Após tomar meu banho, sigo para meu quarto e me arrumo para descer e tomar o café da manhã. Chego na cozinha e todos já estão na mesa e estão conversando, e suponho que seja eu o assunto da conversa. — Bom dia, — falo, chamando a atenção. — Bom dia, minha linda, dormiu bem? — pergunta tia Laura. — Dormi, sim, titia, só achei estranho quando acordei e não estava em minha casa. — Falo tristemente. — Filha, aqui você está em casa. — Oh, minha querida, eu entendo que esteja se sentindo deslocada, mas não se preocupe. Estamos aqui por você. — Tia Laura sorri calorosamente, colocando sua mão sobre a minha. — Obrigada, titia. — respondo, tentando forçar um sorriso enquanto sento à mesa. Minha mente continua distante, mas o carinho dela aquece meu coração. D
Gabriel Narrando Estou com meu pai sentado em um dos cafés mais solicitados de Nova Iorque. O ambiente é sofisticado, mas, para mim, não passa de um palco para um teatro que eu não pedi para participar. Ele fala sobre as cláusulas do contrato, suas expectativas e as oportunidades que isso traria para ambas as partes. Eu balanço a cabeça, fingindo prestar atenção, mas minha mente está a milhão. Então ela entra. Meu coração salta no peito, como se tivesse sido atingido por um raio. Ela está lá, do outro lado do café, com aquela postura firme, mas os olhos entregam uma mistura de nervosismo e orgulho. Lembranças dos nossos momentos pela manhã invadem minha mente — o toque dela, o cheiro do cabelo, a forma como ela sorriu, mesmo que por um instante, como se tudo estivesse bem entre nós. Ela senta-se e minha respiração fica mais pesada. Meu pai continua falando, mas eu não ouço mais nada. Tudo que vejo é ela. Quando nossos olhares finalmente se cruzam, é como se o mundo ao nosso redo
Melina Narrando Melina NarrandoNão consigo parar de andar de um lado para o outro no quarto. Meu coração bate tão rápido que parece que vai explodir. Cada vez que penso nele, com aquela garota, algo dentro de mim se quebra.Eu o esperei. Esperei ele voltar para mim, mas agora… agora ele simplesmente me abandona sem nenhuma explicação. Peguei o celular pela décima vez e disquei o número dele, mas a ligação foi direto para a caixa postal. Joguei o celular na cama com força, mas aquilo não era suficiente para aliviar minha raiva. Eu precisava fazer alguma coisa.Meus olhos caíram sobre a moldura da nossa foto juntos, sorrindo, como se fôssemos invencíveis. Peguei-a e, antes que pudesse pensar, arremessei-a contra a parede. O vidro se estilhaçou, espalhando pedaços brilhantes pelo chão.Ainda não era suficiente. Peguei o abajur e o joguei no chão. O barulho ecoou pelo quarto, mas em vez de me sentir melhor, um nó começou a se formar na minha garganta. Antes que eu pudesse derrubar mais
Gabriel narrando… A notícia da gravidez da Melina me abalou muito, mas não posso deixar de lutar pela mulher que me fez mudar, mesmo sem nada concreto entre nós. Tenho que mostrar para Emily que mudei, que sou um novo homem. Saio de casa sem destino depois dessa notícia e quando vejo estou em frente ao prédio que a Emily está morando. Desço do carro e minhas pernas me levam até a entrada do prédio. Entrei no prédio, minha mente girando como um furacão. O porteiro sequer me questionou. Ele sabia que eu voltaria, talvez porque minha expressão no dia anterior já mostrasse que eu não sabia desistir. Quando cheguei na porta do apartamento, hesitei. Minha mão tremia. Um homem como eu, que sempre soube como agir, agora estava perdido. Tomei fôlego e bati. A porta abriu, revelando Emanuelle. Ela me olhou com uma mistura de surpresa e desconfiança. – Gabriel… o que você está fazendo aqui? – perguntou, cruzando os braços. – Preciso falar com a Emily. Por favor. É importante. Ela hesitou
Emily narrando...O cheiro familiar da fazenda Paraíso me acolhe como um abraço, misturado ao som distante das ondas quebrando e ao canto dos pássaros. Este é o lugar que sempre foi meu refúgio, meu lar. Respiro fundo, sentindo o peso da cidade se dissolver no ar fresco. Após descarregar minhas malas no antigo quarto que já foi meu, decidi caminhar pela propriedade. Os anos passaram, mas cada canto ainda guarda as memórias da infância, como se o tempo tivesse parado por aqui.Os dias seguintes são dedicados a reorganizar a casa e redescobrir a rotina na fazenda. É difícil voltar ao lugar onde meus pais viveram e construíram tanto, sabendo que agora sou a única responsável por mantê-lo. Às vezes, sinto o peso da solidão, mas é reconfortante estar rodeada pelas lembranças.Uma semana após minha chegada, enquanto eu revisava algumas contas na sala, sou interrompida por uma batida na porta. Vou atender e encontro o advogado da família, o Sr. Roberto, com uma pasta volumosa em mãos e uma e
Theo narrando...O som repetitivo do motor do meu carro era a trilha sonora perfeita para meus pensamentos. Era sempre assim: trabalho, trabalho e mais trabalho. Desde que perdi a Ana, mergulhei de cabeça no que sabia fazer de melhor. Não havia espaço para mais nada. Amor? Nem pensar. Esse capítulo da minha vida foi arrancado brutalmente numa noite que deveria ser de felicidade. Perdi minha esposa, meu chão e, junto com ela, qualquer esperança de que o amor pudesse ser um lugar seguro.Parei o carro na entrada da minha propriedade, um terreno simples, mas funcional. Era ali que eu passava os dias, lidando com a terra, os animais e os números que faziam tudo aquilo funcionar. A rotina era uma zona de conforto, quase anestésica, até que o telefone tocou, tirando-me do meu transe.Era Emanuelle, minha prima. Não que ela ligasse com frequência, então, algo me dizia que tinha novidade.– Theo? – sua voz soava alegre, mas com aquele tom de quem estava tramando alguma coisa.– Fala, Manu. O
Emily Narrando...Os dias na fazenda têm sido intensos, sempre há muito para se fazer, nossos dias estão sendo carregados de trabalho, mas também é satisfatório ver o lugar que meus pais deixaram, para mim, voltar a tomar forma. O Theo tem me ajudado muito, e às vezes escuto a voz da minha amiga falando para dar uma chance para o primo dela. Entretanto, ainda penso no Gabriel, mesmo que fale para mim mesma que não adianta, pois enquanto passei anos da minha vida esperando por ele. Ele nem lembrava da minha existência.Depois de um dia exaustivo, com o sol queimando minha pele enquanto eu trabalhava no campo, finalmente decidi que precisava de uma pausa. Theo apareceu com aquele sorriso fácil e um convite que, no fundo, eu já sabia que aceitaria.— Que tal jantar na cidade? — ele perguntou, tirando o chapéu e passando a mão pelos cabelos bagunçados. — Acho que merecemos algo além de pão e café frio, não acha?Hesitei por um instante. Sempre hesito, como se uma parte de mim ainda est