Quando só ficaram os mais próximos, eu pedi que dona Giovanna levasse minha mãe para casa. Ela estava abalada demais para ficar ali. Dona Giovanna concordou, e o único momento em que o vi se afastar de mim foi quando ele foi até os seguranças dar ordens. Vi metade dos seguranças seguindo minha mãe e dona Giovanna no carro e outra metade ficaram ali com ele formando um novo estado de alerta. Eu sabia que aquilo era mais do que necessário. Algumas pessoas tentavam entender o que ele estava falando com o segurança, mas suas ordens eram em alemão e em tom baixo e educado. O mais engraçado é que enquanto eu estava passando pela dor de perder mais uma pessoa importante em minha vida, as pessoas estavam tentando identificar quem era Ary. Vi o olhar desconfiado de alguns quando Ary falou algo em alemão para Adam e o mesmo respondeu.— Precisa de mim? — Adam veio até a mim.— Aonde você vai? — Perguntei.— Vou escoltar dona Giovanna. — Ele falou. — Confiança.— Tudo bem. — Sorri sabendo que el
JASMIMDepois da missa de sétimo dia resolvemos que era hora de voltar para casa. Era o que minha vó queria, que não parássemos nossas vidas, que vivêssemos tudo aquilo que sempre sonhamos. Minha mãe ainda estava se recuperando, e claro que essa dor nunca passaria, mas aos poucos ela entenderia, aos poucos ela se acostumaria com a saudade. Minha mãe sempre foi muito leal a família, motivo pelo qual ela nunca namorou outra vez... E isso a fazia sofrer mais do que tudo ao perder alguém, mas dona Marília sempre foi uma mulher forte, capaz de se reerguer das cinzas. Quando entrei em minha casa de novo pela primeira vez em três meses, eu percebi o quanto sentia falta daquele lugar. Voltamos a nossa rotina, mesmo que agora a dor fizesse parte dela. Assumi o restaurante para que minha mãe ficasse um pouco mais em casa, e a vi cada dia mais focar em coisas que a faziam bem, como um novo curso de gastronomia a distância. Dona Marília também começou a conversar com dona Giovanna por telefone, a
De repente minha vida se tornou um borrão, como aqueles trailers de filme onde tudo que acontece se passa rapidamente sem direito a controle pra pausar. Foi assim que tudo aconteceu. Quando minha mãe voltou de Angra nós conversamos e eu disse que gostaria de voltar para Portugal, onde minha vó paterna morava. No começo ela relutou, mas depois entendeu a situação e concordou que seria o melhor a se fazer. Eu sabia que aquele momento era delicado para minha mãe, mas eu só tinha duas opções e a primeira ela abominou com todas as forças. Então a segunda pareceu mais humana pra ela.Duas semanas mais se passaram em que eu permaneci evitando Ary com todas as minhas forças, determinada a não ter mais contato algum até que eu pudesse refazer minha vida do outro lado do País. Sim. Eu ainda o amava loucamente e ter que mudar toda a minha vida estava me destruindo. Quando eu achava que já tinha dado merda, tinha mais merda ainda pra dar. Liguei para minha vó e ela aceitou que eu fosse morar com
— O que está acontecendo, Adam? — Perguntei quando o encontrei nos fundos do restaurante.— Perdão, Senhor Meyer. Não posso. — Ele falou. Seu rosto estava apreensivo. — Ela me fez prometer que não lhe daria mais notícias há não ser que precisasse.— Você ainda trabalha pra mim. — Falei tentando entender o que de fato estava acontecendo ali.— Por isso estou aqui lhe dando satisfações. Ela está bem. — Ele suspirou desviando o olhar.— Você está mentindo... — Falei o encarando.— Tudo que posso dizer é que ela está planejando ir embora. Mas se for lhe tirar satisfações, ela disse que não vai mais me deixar participar da vida dela. Ou seja, já era segurança. — Ele falou cerrando o maxilar.— Isso não é um pedido, Adam. — Falei sem acreditar.— Com todo respeito, Sr. Meyer... Ela atirou num traficante, o desarmou em questão de segundos. Fez treinamento militar e soube cobrir seus rastros pessoais. Ela te desafiou dentro de um ambiente recheado de homens armados ao seu comando. O Senhor ac
— Eu vou deixar que você, Meyer, escolha quem vai morrer primeiro. — Silva disse agora me encarando.Eu o encarei e voltei a encará-la, como quem entendeu o recado. Ela tossiu, novamente movimentando as mãos. Um sinal rápido e discreto que passaria desapercebido pelo movimento de seu corpo enquanto tossia. Com o dedo indicador girando três vezes, ela sinalizou para que eu enrolasse.— Vamos negociar! — Falei agora encarando o Silva.— Agora você quer negociar? — Ele riu.— Quero. O que você quer? É só dizer... — Falei.— Depois de queimar meu laboratório e matar muitos dos meus homens? — Ele me encarou agora com olhos estreitos.Assenti.— Você é realmente surpreendente. — Ele riu novamente. — Não vamos prolongar isso. — Ele foi agora para frente do Adam. — Você escolhe, quem você quer ver morrer primeiro?Seu olhar me mostrou o erro. Ele estava longe demais. Ela me encarou apontando a corrente discretamente com a sobrancelha e então o encarou.— Tenho uma proposta. — Falei.— Ora ora
JASMIMDeixei meu corpo relaxar quando ele gesticulou para que os soldados montassem guarda ao lado de fora.— Você está bem? — Ele disse agora me encarando.— Oi tio. — Eu sorri, assentindo. — Ai está! — Falei apontando para o corpo morto do Silva.Ele riu.— Me convença. — O general disse observando o corpo.— Um dos maiores fornecedores de Ecstasy do Brasil. Seqüestro de uma militar. O resto o Senhor desenterra. — Eu disse dando dois tapinhas no peito do general.— Por que ele está morto? — Meu tio estreitou os olhos em minha direção.— Cá entre nós... Porque ele me socou. — Dei de ombros cruzando os braços. — Oficialmente... Criminoso resistiu à voz de prisão. Legitima defesa. O que não deixa de ser verdade.— Você não muda... — Ele resmungou. — Devo me preocupar? — Perguntou agora com a expressão ficando séria.— Não. — Falei tentando soar convincente.— Família Meyer? Sério? — Ele me encarou. Sua voz por alguns instantes pareceu estar me advertindo.— Entendi. — Eu assenti. — Q
— Aonde você quer morar? — Ele me perguntou depois de sairmos da consulta.— Eu não sei, acho que seria bom em Portugal, tenho família lá. — Falei sorrindo enquanto entrelaçava seus dedos nos meus. — Então vamos para Portugal. — Ary beijou as costas da minha mão. — Seu pai realmente aceitou? — Perguntei quando entramos no carro preto dirigido por Adam. — Foi um negócio. Ele não tinha muita escolha. — Ele falou sorrindo ao me encarar. — Eu amo você. — Falei animada. — Eu amo vocês! — Ele beijou minha testa.***— Eu sentirei sua falta, meu bem. — Minha mãe falou me abraçando apertado. — É só dizer o dia e a hora e nós mandamos um jatinho pra te pegar, Dona Marília. —Ary falou parado logo atrás de mim. — Se cuide, minha vida. Vamos nos falar todo dia. — Falei pra minha mãe, beijando o topo de sua cabeça. — Pode deixar que eu cuidarei dela aqui. — Dona Giovanna falou ao nosso lado. Ela estava mais animada, dias antes havia me confidenciando que finalmente veria o seu filho longe
— Então estamos nos vendo outra vez... — Cattleya sorriu encarando Jasmim.— Sim, estamos. — Jass respondeu retribuindo o sorriso.— E o que te traz a Portugal? — Cattleya perguntou curiosa.— Eu moro aqui agora. — Ela respondeu encarando o parque á sua frente.— Cansou do Brasil?— Não era um bom lugar pra mim. — A mulher respondeu.— Nunca há um bom lugar para um militar! — Cattleya brincou piscando.— Cabo ribeiro não existe mais. — A mulher respondeu rindo daquela provocação.— Então é só Jass, agora? — Cattleya a encarou arqueando uma das sobrancelhas.— Só Jass. — Jass respondeu encarando o parquinho.Uma menininha pequena aparentando ter pelo menos cinco anos veio correndo e pulou no colo de Cattleya.— Mamãe, estou com fome. — A menina falou.— Já iremos comer, filha. Essa é a Jasmim, uma velha amiga da mamãe.— Olá. Seu nome é igual ao meu. Jasmim. Jasmim Clarice. — A menina falou sorridente.— Olá Jasmim você é linda! — Jasmim falou sorrindo para a criança.— Por que não vol