~~CAPÍTULO 6~~

BAILEY ROSS

Eu estava tão chateada com a palavra vaca que não percebi que realmente ela estava indo sem mim. Chloe tirou a mochila do Lucas das mãos do papai e foi até o carro da Emily.

— Sua vadia rancorosa.

Eu gritei para ela, Chloe baixou o vidro e me mostrou o dedo do meio deixando-me em choque.

— É só o que faltava, eu ficando sozinha o dia todo em pleno sábado.

Eu bati o pé morrendo de raiva.

— Nós estamos de saída.

Olhei para eles e revirei os olhos.

— Vão me deixar em casa em pleno final de semana?

Eu reclamei.

— Você acabou de perder a chance de se divertir, filha, conosco você não vai.

Mais que droga, mamãe entrou no carro do papai, ela deu um leve aceno de mão antes de fechar a porta do carro.

— Até mais tarde ou amanhã.

Papai disse despedindo-se.

— Tchau.

Eles entraram no carro e eu olhei para casa de 3 andares, hoje é você e eu. Quando entrei, liguei a TV, fui até a cozinha preparar pipocas e chocolate.

— Tudo bem senhorita?

Matteo questionou, era tarde da noite, mamãe ligou avisando que não voltariam hoje, pediu para cuidarmos do Lucas, bom Chloe ainda não voltou, não telefonou e nenhuma emergência surgiu. Significa que está tudo bem. Menos o tedio que estou sentindo.

— Eu queria tanto descansar, agora não quero mais ficar sozinha.

Abro a geleira, tiro ovos, queijo e folhas de alface, Matteo permaneceu onde ele estava parado encarando-me, a casa estava vazia e a maioria dos seguranças não estavam em casa. Avô Victor e avó Michi saíram, é final de semana, ninguém fica em casa.

— É estranho.

Matteo comentou colocando as mãos nos bolsos da sua calça, segurei pão nas mãos e dividi por dois, rapidamente montei dois sanduiches, abro a geladeira novamente e tiro um jarro de suco de abacaxi.

— E você? Nunca fala sobre você.

Ele comentou, acenei para ele sentar na cadeira e dividir o lanche da noite comigo.

— Meu trabalho exige total descrição.

Disse Matteo, sentando-se, enchi seu copo de suco e adicionei mais salada no seu prato, quando o peito de frango frito ficou pronto, finalizei com mortadela.

— Como foi escolhido para trabalhar diretamente para meu irmão?

Questionei, ele é muito jovem para fazer parte da equipe dele.

— Meu pai trabalha para meu Capo desde que eles saíram da Itália, quando nascemos nesse meio, recebemos cargos herdados, meu pai cuida da senhorita Fiorelle, antes ele estava na locomotiva de segurança do Capo.

Ele encolheu os ombros e concluiu.

— Somos criados a receber ordens dos nossos superiores.

— Foi treinando?

— Sim, na Itália.

— Porque todos os homens são iniciados?

Dei um gole no meu suco, não sei como funciona o recrutamento dos homens do papai, o pouco que ele deixa transparecer, está seguindo o exemplo da máfia italiana, nossa família está crescendo, ele teme que caso aconteça algo com ele nossa família seja caçada, e dizimada. A melhor forma de evitar isso é, tendo herdeiros treinados para o substituir quando ele se aposentar.

— Poder, quanto mais forte e famoso um homem se torna, mais respeitado e cargo ele ganha.

Ele não está ganhando nenhum prestigio cuidando de uma jovem mulher, muito distante de casa.

— Assim que está aqui cuidando de mim..

Comecei a falar.

— É uma honra cuidar da senhorita, fui confiado pelo meu Capo, seu irmão que seria capaz de a proteger.

Eu assenti.

— Não deixou uma namorada em Nova Iorque?

Questionei sem pensar, ele encarou-me rapidamente antes de voltar para comida no seu prato.

— Não senhorita, conhece as regras, nós nos casamos apenas com mulheres do nosso mundo.

— Sim, eu conheço.

Eu sei melhor que ninguém, apesar de nunca terem mencionado que apenas homens do nosso ciclo social da máfia, acho que eles não se importam muito com isso. Bom por enquanto.

— Ela não é uma maldição, vocês possuem mais liberdades que muitas mulheres, até podem escolher seus futuros maridos, elas não escolhem, casam com desconhecidos.

Que horrível, eu não me casaria com um desconhecido, nunca.

— Pensando desse jeito, eu sou sortuda.

Comentei.

— Sim senhorita, você é sortuda.

Sorri, nós abordamos diversos assuntos enquanto comíamos.

— Não vai falar comigo?

Questionei a Chloe, eles passaram o final de semana todo fora, voltaram ontem de noite, se não fosse pelo Matteo que me fez companhia o dia todo, estaria em total solidão nesta casa enorme.

— Não tenho a obrigação de falar.

Chloe respondeu olhando para sua comida.

— Você passou o final de semana com sua amiga e o Lucas.

Todos eles passaram o final de semana fora.

— Você dormiu em casa da Emily? O que Lucas comeu? Como cuidou do Lucas sozinha?

— Sim, para sua primeira pergunta, sim para segunda, e sim para a terceira, tenho 14 anos mãe, apta para cuidar do meu irmão sem precisar de alguém por perto, ele está bem, comeu, trocou de roupas, tomou banho, dormiu, brincou e nós voltamos para casa, salvos, saudáveis e bem.

— Eu vou ligar para mãe da sua amiga.

Mamãe disse rapidamente.

— Qual é mãe? Lilian dorme aqui, nunca vi sua mãe ligar para você achando que ela foi envenenada.

Emily passa mais que um final de semana aqui, e nunca ninguém ligou para perguntar se estava tudo bem.

— Pensando assim, tem razão, vou ligar mais tarde para disfarçar a vergonha de você levar o Lucas para casa dos outros.

— Com quem ele ficaria?

Comigo, ajudo a cuidar do meu irmão com muito gosto.

— Com sua irmã.

Mamãe respondeu rapidamente.

— Ela disse que estava cansada. Descansou?

— Sim, obrigada por perguntar.

Respondo em tom de deboche.

— Imagine querida, é um prazer.

Ela debochou em resposta. Nós ficamos em silencio irritante.

— Qual é Chloe, não seja má comigo, eu senti muito a vossa falta.

Fiz bico, ela não precisa ficar tão irritada comigo, somos irmãs.

— Eu não acredito, vou pedir para os rapazes me levarem à escola.

Disse ficando de pé, segurou pão recheado e deu uma mordida rápida.

— Eu posso te dar carona.

Sugeri.

— Não quero.

Eu suspirei, Chloe saiu em direção ao jardim e desapareceu do meu campo de visão, olhei para mamãe.

— Me ajude mãe.

— Não posso ajudar Bailey, estarei favorecendo uma sem a intenção e nós conhecemos Chloe, ela fará uma greve de silencio por dias se eu falar com ela sobre isso.

Não tenham irmãos adolescente, é horrível.

— Ela está muito chateada comigo.

— Peça desculpas.

— Eu pedi.

— Tente mais tarde, acho que ela estará aberta para conversar.

— Está bem.

Encolhi os ombros.

— Que horas chega o arquiteto, querido?

Mamãe questionou, o arquiteto é para construir a casa de arvore da Chloe, acho que ele levará mais ou menos semana para ser concluída. Assim minha mãe ficará tranquila em relação a Chloe estar pendurada em uma arvore a todo o momento.

— 8H da manhã.

Mamãe assentiu, quando terminamos de comer, eu fui até meu carro, estava distraída, olhos atentos ao ecra do meu celular, meu irmão Marcos mandou uma mensagem de bom dia pelo w******p e enviou a foto do Salvatore, ele está em pé dando seus primeiros passos.

Ele é tão fofo, seus pequenos dois dentes exibidos no seu sorriso despreocupado, porque as crianças crescem tão rápido, não posso acreditar que em breve ele fará seu primeiro aninho de vida.

— Bom dia senhorita.

Disse Matteo, tirando minha atenção do celular, levantei para encará-lo e me deparei com seu rosto incrivelmente lindo, porque eu fui prestar atenção nele?

— Bom dia Matteo.

Respondo com um sorriso animado no rosto, ele juntou suas sobrancelhas e levantou-as em um belo ponto de interrogação, quando eu mostrei a ele a foto do Salvatore.

— Ele cresceu tanto.

Comentei empolgada.

— Sim.

Fechei o ecrã do meu telefone e destravei as portas do meu carro, eu olhei para ele uma última vez, isso é loucura, porque o coração é tão idiota? Claro que é loucura, eu tinha que estar a gostar de um problema.

— Sua irmã ainda está chateada?

Matteo questionou me surpreendendo com a questão, levantei os olhos para o encarrar novamente antes de desviar os olhos para o chão, Chloe é uma menina teimosa, é muito difícil lidar com ela pois não sei o que se passa na sua cabeça temperamental. E mesmo assim, nós tentamos nos adaptar as suas mudanças, eu não sou uma péssima irmã, as vezes, não consigo acompanhar o ritmo da Chloe. Isso é uma merda para todos.

— Infelizmente sim.

Respondo.

— Sua irmã é uma boa garota, independente do seu temperamental, ela te ama muito.

Levantei o rosto novamente, ele notou, claro que notaria, homens como ele, notam tudo.

— Ela vai te perdoar.

É como se sua mão acariciasse meu rosto com suas palavras tranquilizadoras, fechei os olhos por um breve momento e me deleitei a sensação de paz em minha alma. Mamãe sempre disse que, quando formos a nos apaixonar, nós saberíamos no primeiro momento, é fogo, desejo incontrolável, e uma necessidade de ter em seus braços, nunca deixar ir, nunca.

Acho que finalmente, encontrei meu feliz para sempre.