Natália viu Douglas com um sorriso incontrolável no rosto e decidiu provocá-lo:- Eu disse algo errado? Ainda não estamos noivos, por enquanto somos apenas namorados...- Você não disse nada errado. - Douglas a interrompeu rapidamente. - Você já aceitou meu pedido de casamento, então somos noivos.Ele acariciava o anel entre os dedos dela:- Não é permitido voltar atrás.Natália originalmente queria apenas brincar com ele, mas ao ser encarada tão seriamente por Douglas, conscientemente reprimiu o desejo de continuar a brincadeira e desviou o olhar, respondendo suavemente.De vez em quando, alguém se aproximava de Douglas para brindar, e Natália, como sua ex-esposa, agora aparecendo de mãos dadas com ele de maneira ostensiva, claramente indicava que um casamento estava próximo, naturalmente atraía muita atenção. Ela tinha trabalhado o dia todo e agora só queria manter um perfil baixo, comer tranquilamente, mas cada pessoa que vinha brindar inevitavelmente interagia com ela.Natália não
Douglas, segurando aquele dinheiro, sentia como se tivesse com uma bomba-relógio nas mãos, ansioso para se livrar dela o quanto antes:- Não é incômodo.Natália explicou:- Esse dinheiro eu peguei emprestado com você, é natural que eu te devolva.- Não foi um empréstimo, você se casou comigo, então esse dinheiro já é seu.- Eu não estou precisando de dinheiro agora, pode ficar com você.Douglas não concordava, eles estavam prestes a se casar e se um dia Natália se lembrasse dele segurando esses trezentos milhões de reais para ameaçá-la a não se divorciar, seria o fim.Natália disse:- Então troca por ações de alguma empresa, de qualquer forma, deixar comigo seria o mesmo que emprestar ao banco para que outros o usem e se acontecer algum imprevisto, uma grande perda de dinheiro seria um prejuízo enorme.Douglas concordou de imediato:- Certo, amanhã eu mando o Assistente César trazer o contrato para você.Após Isaac sair, segurando um copo de vinho, ele se aproximou de Lourenço:- Por q
Douglas levantou a cabeça, olhando na direção de onde vinha a voz, era Karina.Ela acabara de entrar, ainda vestindo um longo casaco de penas, com protetores de orelha felpudos e luvas.O homem abaixou a mão, balançando a cabeça:- Não precisa, obrigado.Karina olhou para o cigarro ainda aceso em sua mão, falando seriamente:- A professora disse que, na sua condição atual, é melhor você parar de fumar e de beber.- Tudo bem. - Diante do conselho da mulher, Douglas apenas respondeu de maneira fria.Karina abriu a boca, prestes a dizer algo, mas viu o homem, que um segundo antes estava com uma expressão fria, olhar para algum lugar e suavizar os traços do rosto.Ele se despediu educadamente e logo se afastou.Douglas caminhou até Natália, estendendo a mão naturalmente e a puxando para seu abraço:- Por que você saiu?- Eu saí para te procurar, você demorou tanto para voltar, pensei que tivesse caído no banheiro. - Natália brincou, virando a cabeça na direção de Karina, mas ela já havia i
Bar de lanches noturnos.Natália ainda não tinha entrado e já viu Raquel, que estava sentada em um lugar perto da janela, provavelmente entediada de esperar, estava mexendo o café na mesa e desenhando um porco.- Isso é um desenho do Adv. Gustavo?Raquel se assustou, quase derrubando a xícara que estava em sua mão.- Você realmente me assustou. Por que você tem que falar dele, justo num dia feliz como hoje? - Raquel disse, enquanto olhava ao redor para ter certeza de que Gustavo não estava por perto. Só relaxou e se acomodou na cadeira após confirmar que ele não estava lá. - Tenho medo dele ouvir quando falo mal dele. Você sabe que quase toda vez que eu falo mal dele, ele acaba ouvindo? Por favor, não mencione esse nome na minha frente, é como se estivesse o invocando.Natália viu que ela até ao ouvir o nome de Gustavo, mostrava uma tentativa extrema de evitar, e franzindo a testa disse:- Ele te maltratou?Raquel balançou a cabeça:- Não, só fomos jantar juntos no dia que eu encontrei
Raquel ficou em silêncio porque Gustavo colocou um gravador diante dela:- Fala.- O que você quer dizer com isso?- Já que você não pode lidar com isso, só me resta esperar até a próxima vez que eu ver o tio e a tia, para perguntar a eles.Raquel o encarou ferozmente.Desprezível.A mãe dela, apesar de ter uma personalidade despreocupada e parecer um pouco irresponsável, era absolutamente rigorosa quando se tratava de educação familiar. Os descendentes da família Valente não podiam simplesmente começar a falar palavrões como forma de ataque aos outros. Como as outras pessoas veriam a família Valente se soubessem disso? Então, se sua mãe descobrisse, ela certamente não escaparia de uma surra.Gustavo havia agarrado seu ponto fraco, ela não tinha espaço algum para resistir.Com Douglas e Gustavo, esses dois entediantes, além das trivialidades como as três refeições diárias, roupas, moradia, o que mais eles poderiam discutir?Aproveitando uma pausa para ir ao banheiro, Raquel, confusa, p
Raquel mal havia entrado e já foi atacada por um cachorro que correu até ela em alta velocidade, pulando nela enquanto latia e mostrava sua empolgação, nada parecido com o cachorro prestes a morrer de fome e sede, como Gustavo havia descrito.O cachorro, agora bem mais gordo graças aos cuidados de Gustavo, não estava mais magro como antes. Raquel foi empurrada para trás por ele, batendo diretamente nos braços do homem.Com as mãos suspensas, Raquel não sabia onde colocá-las, terminando por deixá-las cair na cabeça do cachorro. Ela mal havia começado a acariciá-lo quando sua mão foi coberta de saliva.- Você deu um nome para ele?Ela se virou e agarrou a roupa de Gustavo, aproveitando para esfregar a saliva dele na roupa cara do homem sem que ele percebesse.O homem baixou os olhos para a mão dela, que estava ocupada esfregando, e seus olhos se estreitaram levemente.Raquel parou com suas ações, sorrindo sem jeito e recolhendo a mão:- Não dá pra ver, mas você é um bom cuidador de cacho
Gustavo baixou a cabeça, se aproximando de Raquel, a distância era tão curta que ela quase pensou que ele a beijaria, mas não o fez. Ele parou a alguns centímetros de distância dos lábios dela.Sua respiração caía sobre a bochecha dela e uma voz baixa soou:- Raquel, você não tem provas.A voz suave e repreensiva chegou aos ouvidos de Raquel, mas ela não sentiu nenhuma emoção de coração batendo mais rápido, primeiro porque sempre sentia que ele estava chamando um cachorro, e segundo por causa do significado por trás das palavras.Raquel ficou sem palavras.Ele estava sendo irracional por não ter razão, não estava? E o pior era que ele ainda tinha a audácia de ser tão confiante.Gustavo examinou cuidadosamente a ferida na língua dela.- Ainda bem, não é grave, não precisa passar remédio por enquanto.Raquel revirou os olhos para ele e o empurrou.- Eu só mordi minha língua sem querer, não é como se eu estivesse tentando cometer suicídio mordendo minha língua. Pode ficar tão grave assim?
Douglas não gostava de discutir assuntos pessoais com pessoas desconhecidas. Ele fechou os olhos, sem dar seguimento à conversa. Karina, com um semblante de desculpas, disse: - Desculpe, eu não estou tentando invadir sua privacidade. Isso é apenas parte do procedimento de exame, procurar um tópico leve ou de interesse do paciente para conversar, ajudando o paciente a relaxar e evitar que o estresse afete a precisão dos resultados do exame. - Tudo bem. - O homem respondeu baixinho, ainda sem intenção de prosseguir com a conversa. Sentindo sua recusa, Karina mudou de assunto: - Na última vez, você me salvou e eu ainda não tive a oportunidade de agradecer formalmente. Se você tiver tempo, gostaria de convidar você para uma refeição, pode ser? Douglas abriu os olhos, seus traços expressavam distância e frieza. - Não precisa, aconteceu de eu encontrar você. Salvar você foi algo que fiz de passagem, qualquer um faria o mesmo, você não precisa se importar com isso. - Eu sei. -