Bar de lanches noturnos.Natália ainda não tinha entrado e já viu Raquel, que estava sentada em um lugar perto da janela, provavelmente entediada de esperar, estava mexendo o café na mesa e desenhando um porco.- Isso é um desenho do Adv. Gustavo?Raquel se assustou, quase derrubando a xícara que estava em sua mão.- Você realmente me assustou. Por que você tem que falar dele, justo num dia feliz como hoje? - Raquel disse, enquanto olhava ao redor para ter certeza de que Gustavo não estava por perto. Só relaxou e se acomodou na cadeira após confirmar que ele não estava lá. - Tenho medo dele ouvir quando falo mal dele. Você sabe que quase toda vez que eu falo mal dele, ele acaba ouvindo? Por favor, não mencione esse nome na minha frente, é como se estivesse o invocando.Natália viu que ela até ao ouvir o nome de Gustavo, mostrava uma tentativa extrema de evitar, e franzindo a testa disse:- Ele te maltratou?Raquel balançou a cabeça:- Não, só fomos jantar juntos no dia que eu encontrei
Raquel ficou em silêncio porque Gustavo colocou um gravador diante dela:- Fala.- O que você quer dizer com isso?- Já que você não pode lidar com isso, só me resta esperar até a próxima vez que eu ver o tio e a tia, para perguntar a eles.Raquel o encarou ferozmente.Desprezível.A mãe dela, apesar de ter uma personalidade despreocupada e parecer um pouco irresponsável, era absolutamente rigorosa quando se tratava de educação familiar. Os descendentes da família Valente não podiam simplesmente começar a falar palavrões como forma de ataque aos outros. Como as outras pessoas veriam a família Valente se soubessem disso? Então, se sua mãe descobrisse, ela certamente não escaparia de uma surra.Gustavo havia agarrado seu ponto fraco, ela não tinha espaço algum para resistir.Com Douglas e Gustavo, esses dois entediantes, além das trivialidades como as três refeições diárias, roupas, moradia, o que mais eles poderiam discutir?Aproveitando uma pausa para ir ao banheiro, Raquel, confusa, p
Raquel mal havia entrado e já foi atacada por um cachorro que correu até ela em alta velocidade, pulando nela enquanto latia e mostrava sua empolgação, nada parecido com o cachorro prestes a morrer de fome e sede, como Gustavo havia descrito.O cachorro, agora bem mais gordo graças aos cuidados de Gustavo, não estava mais magro como antes. Raquel foi empurrada para trás por ele, batendo diretamente nos braços do homem.Com as mãos suspensas, Raquel não sabia onde colocá-las, terminando por deixá-las cair na cabeça do cachorro. Ela mal havia começado a acariciá-lo quando sua mão foi coberta de saliva.- Você deu um nome para ele?Ela se virou e agarrou a roupa de Gustavo, aproveitando para esfregar a saliva dele na roupa cara do homem sem que ele percebesse.O homem baixou os olhos para a mão dela, que estava ocupada esfregando, e seus olhos se estreitaram levemente.Raquel parou com suas ações, sorrindo sem jeito e recolhendo a mão:- Não dá pra ver, mas você é um bom cuidador de cacho
Gustavo baixou a cabeça, se aproximando de Raquel, a distância era tão curta que ela quase pensou que ele a beijaria, mas não o fez. Ele parou a alguns centímetros de distância dos lábios dela.Sua respiração caía sobre a bochecha dela e uma voz baixa soou:- Raquel, você não tem provas.A voz suave e repreensiva chegou aos ouvidos de Raquel, mas ela não sentiu nenhuma emoção de coração batendo mais rápido, primeiro porque sempre sentia que ele estava chamando um cachorro, e segundo por causa do significado por trás das palavras.Raquel ficou sem palavras.Ele estava sendo irracional por não ter razão, não estava? E o pior era que ele ainda tinha a audácia de ser tão confiante.Gustavo examinou cuidadosamente a ferida na língua dela.- Ainda bem, não é grave, não precisa passar remédio por enquanto.Raquel revirou os olhos para ele e o empurrou.- Eu só mordi minha língua sem querer, não é como se eu estivesse tentando cometer suicídio mordendo minha língua. Pode ficar tão grave assim?
Douglas não gostava de discutir assuntos pessoais com pessoas desconhecidas. Ele fechou os olhos, sem dar seguimento à conversa. Karina, com um semblante de desculpas, disse: - Desculpe, eu não estou tentando invadir sua privacidade. Isso é apenas parte do procedimento de exame, procurar um tópico leve ou de interesse do paciente para conversar, ajudando o paciente a relaxar e evitar que o estresse afete a precisão dos resultados do exame. - Tudo bem. - O homem respondeu baixinho, ainda sem intenção de prosseguir com a conversa. Sentindo sua recusa, Karina mudou de assunto: - Na última vez, você me salvou e eu ainda não tive a oportunidade de agradecer formalmente. Se você tiver tempo, gostaria de convidar você para uma refeição, pode ser? Douglas abriu os olhos, seus traços expressavam distância e frieza. - Não precisa, aconteceu de eu encontrar você. Salvar você foi algo que fiz de passagem, qualquer um faria o mesmo, você não precisa se importar com isso. - Eu sei. -
A pessoa parada do lado de fora era Karina, que estava olhando fixamente para as curvas na tela. Ao perceber o olhar de Isaac, ela sorriu, virou a cabeça em sua direção, acenou com a cabeça e se afastou.O corpo tenso de Isaac relaxou novamente, ele se recostou no sofá e olhou para o relógio, já eram mais de seis horas. Vendo que Douglas ainda não havia acordado e nenhum médico havia entrado, ele pegou o celular se preparando para enviar uma mensagem para Natália. Ele digitou até a metade da mensagem, mas de repente percebeu algo inapropriado na situação.Se era para ser uma reunião de cooperação entre as duas empresas, como ele poderia estar enviando uma mensagem enquanto o celular de Douglas estava desligado? Se não fosse esse o caso, de qualquer forma, não caberia a ele e Natália discutirem isso.Depois de pensar cuidadosamente, Isaac concluiu que o mais apropriado seria informar através da assistente. Ele pensou, com alguém mesquinho como Douglas, que até em conversas normais com
A mão de Natália pressionava contra o peito dele:- Tenho algo para te dizer.A respiração de Douglas era rápida e desordenada, seus olhos levemente avermelhados, dificuldade em controlar os hormônios masculinos que, junto com um certo impulso, disparavam diretamente para o topo de sua cabeça, e nas veias pulsantes, era como se faíscas estivessem se espalhando e colidindo.Embora Natália estivesse usando alguma força contra a mão dele, se Douglas realmente quisesse forçar a situação, aquela pequena força não o deteria, mas ele não fez isso.Ele disse com uma voz rouca:- Você tem certeza que quer falar sobre isso agora? - Douglas agarrou a mão de Natália, movendo ela para uma posição abaixo de seu abdômen.- Os participantes da competição foram decididos, eu estou entre eles.- É possível não ir? - Douglas sabia que não era possível, ele também não teria coragem de fazer Natália desistir de seu sonho por causa dele, nem de cortar suas asas para mantê-la como um pássaro em uma gaiola, e
- Eu fiquei assustado. - Douglas com uma expressão calma. - Na frente da pessoa que você gosta, é claro que você deve prestar atenção à sua imagem. E se você me visse nesse estado lamentável e se arrependesse de ter concordado em se casar comigo?Natália ficou sem palavras.Ele falava sério, mas ela ainda sentia que algo estava errado. Contudo, Douglas parecia completamente normal, até o suor fino em sua testa já tinha secado.Natália estendeu a mão instintivamente para segurar a de Douglas, mas ele evitou.Desde que se abriram um para o outro sinceramente, essa foi a primeira vez que Douglas evitou o toque dela deliberadamente.Natália olhou para ele surpresa, e Douglas abriu as mãos diante dela, explicando:- Estão sujas de óleo.Douglas se virou para lavar as mãos, não se esquecendo de continuar advertindo:- Não entre.Depois de lavar as mãos, ele começou a limpar os cacos e o suco derramado no chão, jogando tudo no lixo e passando pano. Após terminar, ele finalmente estendeu a mão