Douglas, com o cigarro já queimando até o fim, sentiu as faíscas tocando suas pontas dos dedos e, naturalmente, esmagou a bituca no cinzeiro.- Eu sei.Natália olhou para ele com resignação, sem desmascarar sua mentira, mas com um sarcasmo evidente.O jantar terminou nesse clima sutilmente constrangedor.Após a refeição, o tio deles os convidou para sua casa.Natália recusou, dizendo:- Passei o dia inteiro na estrada, prefiro voltar para o hotel e descansar. Depois que eu prestar homenagem ao meu avô amanhã, visitarei você e a tia.Verónica, no entanto, não estava disposta a deixar Natália escapar. Ela não tinha certeza se Natália ainda visitaria sua casa após prestar homenagem ao avô. Se Natália decidisse voltar diretamente para a Cidade K, seria um problema.Era uma questão relacionada ao trabalho do seu filho, então era melhor manter Natália por perto.Ela imediatamente agarrou o braço de Natália, puxando-a para o carro, fingindo repreendê-la:- Somos uma família, como podemos deix
Douglas saiu do banho e, ao ver a pessoa deitada na cama, seu rosto mudou instantaneamente.- O que você está fazendo aqui?Isaac, que havia tirado um livro do nada para ler, nem levantou a cabeça ao ouvir a pergunta.- Ela não quer morar com você.- Eu também não quero morar com você, então se insistir em dormir aqui, vá dormir no chão.Isaac finalmente se dignou a desviar o olhar do livro, olhou para Douglas e, na sua frente, deitou-se, fechou os olhos e dormiu.Mas Douglas estava com insônia naquela noite. Sentou-se no sofá da varanda, olhando silenciosamente para a paisagem noturna enquanto fumava.O inverno na Cidade Y, embora mais quente que na Cidade K, era úmido e frio, com ventos cortantes.A varanda e o quarto eram separados por uma porta de correr, que estava fechada naquele momento, impedindo que o calor do ar-condicionado chegasse até lá. A mão que segurava o cigarro já estava congelada.Após terminar o cigarro, Douglas o apagou e entrou no quarto.Ao passar pela penteadei
Natália mordia os dentes com força, se não estivesse sentindo tanta dor, ela desejaria pular e rasgar a boca dele!A enfermeira não estava disposta a tolerá-lo. Já era suficientemente irritante trabalhar no plantão noturno da emergência, e ainda tinha que lidar com um familiar irracional que ela nem conhecia. Qualquer um que ousasse questionar seu trabalho não receberia um bom tratamento.- Como eu vou saber se ela está com dor de estômago ou dor abdominal, se é apendicite ou dor na vesícula biliar?Diante disso, Douglas permaneceu em silêncio.A enfermeira lhe entregou uma plaqueta com número.- Vá para a sala sete.Ao ver Douglas sendo rebatido, o humor de Natália de repente melhorou. Ela se levantou, planejando ir sozinha, mas o homem ao seu lado já se curvava naturalmente e a levantava nos braços.- Você está feliz?Natália não queria responder a tal pergunta, virando a cabeça.- Não.- Então, recolha esse canto de boca que quase chega às orelhas. - Ele fez uma pausa e continuou. -
À medida que o tempo passava, a atmosfera tornava-se cada vez mais tensa. Natália, olhando para as duas pessoas, disse com resignação:- Vocês não veem a fumaça, nem sentem o calor? Além disso, estou apenas com dor de estômago, não fiquei incapacitada a ponto de precisar de alguém para me cuidar...Ela olhou para a mesa de cabeceira e ordenou:- Coloque a comida aqui.Ela estava realmente muito irritada.Víctor olhou desconfiado para Douglas e depois para Isaac. Como um homem de gosto estético comum, ele não entendia por que esses dois homens, claramente não carentes de atenção feminina, gostariam de sua irmã. Seria por causa dos diferentes gostos de cada um?Depois de perguntar ao médico quando poderia receber alta, Natália mandou todos embora, inclusive Douglas, que havia passado a noite inteira ali. Ela fechou os olhos novamente, mas o quarto do hospital já começava a ficar barulhento, com sons de conversas, refeições e passos de médicos, enfermeiros e familiares dos pacientes. Todo
- Já que não posso decidir, vamos ver o que o tio acha. - Natália olhou para seu tio, que estava agachado perto dela, arrancando ervas daninhas, tentando minimizar sua presença. - Pergunte a ele se ele quer que o túmulo do pai dele fique neste lugar isolado.Sob o olhar de vários olhos, o tio de Natália não conseguiu mais fingir ignorância.- Natália, é melhor ouvir a sua tia nesta questão...Natália, desapontada, desviou o olhar e começou a limpar o túmulo de seu avô materno.Verónica, vendo que ela cedeu, preparou-se para dizer algo agradável para suavizar a relação.Ela gostava de ofender as pessoas e depois consolá-las. Ela estava prestes a se sentar ao lado de Natália, mas antes que pudesse falar, Natália disse:- Avô, fique aqui mais alguns dias. Quando eu encontrar um bom lugar, transferirei seu túmulo.Verónica abriu os olhos, chocada.- Você não disse que tudo dependia da decisão do seu tio? Ele disse para você me ouvir, e nós não concordamos com isso.Natália se levantou e re
Verónica ainda estava furiosamente brigando com Natália. Dias atrás, ela era uma parente carinhosa e preocupada com Natália, mas agora, sua atitude mudou completamente. O tio de Natália observava o rosto de Douglas, carregado de uma atmosfera sombria e depressiva, sentindo um medo profundo. Ele advertiu Verónica: - Chega, não fale mais disso. - Como você pode ser tão covarde? - Verónica se irritou ao ver a atitude covarde do marido, afastando sua mão com um gesto brusco. - Você não sabe que exumar um túmulo traz má sorte? Ao ouvir isso, Douglas encontrou um alvo para sua raiva acumulada. - Se você me desagradar, posso fazer com que a má sorte os atinja agora mesmo. Sua voz calma escondia uma ameaça terrível. Verónica, que estava emocionada, subitamente se acalmou como se tivesse sido banhada em água gelada. - Papai viveu aqui por dois anos, com certeza já se acostumou. Talvez até ache tranquilo sem ninguém para incomodar. Se mudarmos seu túmulo agora, isso pode irritá-lo. Ela
Rodrigo estava extremamente exaltado, encarando-a furiosamente, seu rosto quase se contorcendo de raiva. Natália se assustou com sua reação, mas logo se acalmou.- Eu só estava perguntando, não precisa se exaltar assim. - Disse ela.As sobrancelhas de Rodrigo estavam franzidas em preocupação.- Foi sua tia que falou algo para você? Você sabe como ela é, capaz de qualquer coisa por dinheiro.Os dedos de Natália, apoiados no braço do sofá, se contraíram nervosamente.- Se é assim, então me dê alguns fios do seu cabelo. Vou fazer um teste e calar a boca daqueles que estão espalhando mentiras.Rodrigo tremia, seja de raiva ou nervosismo.- Você prefere acreditar nas palavras venenosas da sua tia a acreditar em mim?Natália não disse nada, sua postura deixava claro que queria seu cabelo. Após cerca de cinco minutos de tensão, Rodrigo não aguentou mais aquela atmosfera e, apontando para a porta, gritou:- Saia! Saia agora mesmo daqui!Natália baixou os olhos, toda a energia que a sustentava
O motorista do carro atrás provavelmente tinha ido ver o que estava acontecendo e não reagiu a tempo, colidindo com o carro de Douglas.- Como é que você dirige, cara? Freou tão de repente, eu não consegui reagir! - O motorista do carro de trás gritou, esticando a cabeça para fora. - Acha que só porque tem um carro de luxo é melhor que os outros!Douglas não lhe deu atenção e correu em direção à multidão.O motorista pegou seu celular para tirar fotos, zombando:- Não é só que você freou bruscamente, você também está de chinelos.Era um carro de luxo, a responsabilidade total era dele pelo engavetamento, e não seria suficiente para cobrir os custos, ele tinha que se livrar da responsabilidade!Douglas se esforçou para entrar na multidão e chegou na frente, a superfície do lago estava tranquila, não se via ninguém.Ele perguntou a uma senhora ao seu lado, franzindo a testa:- E a pessoa? Já foi resgatada?- Com esse frio, quem se atreveria a entrar na água? A pessoa provavelmente congel