— Mamãe, quando você vai ver a vovó Lene? — Pedro pergunta, assim que o pego na escola.Eu havia me mudado temporariamente para Belo Horizonte, para acompanhar de perto o ateliê junto com a Ana. Aos poucos, estava me adaptando ao ritmo mais tranquilo da cidade. São Paulo sempre me parecia agitada demais, e, embora eu já tivesse morado lá, a calmaria de Belo Horizonte começava a fazer sentido para mim. Talvez porque, pela primeira vez, eu sentisse que esse era um espaço que eu estava criando para mim e para o Pedro.Essa mudança não tinha nada a ver com o Fernando. Era sobre as minhas escolhas e o bem-estar do meu filho. Aqui, ele podia passar mais tempo com o pai, fazer atividades ao ar livre, ter uma rotina mais leve. E eu? Bom, eu também passava mais tempo com ele do que conseguia antes.— Amor, a mamãe está trabalhando na loja agora, e não sei quando vou poder visitar a vovó Irene — respondi, enquanto dirigia de volta para casa, no condomínio que havia alugado, bem próximo ao ateli
— Já está tudo certo com a mercadoria que saiu daqui da transportadora ontem, Fernando. — Felipe me avisa e eu assinto.Tivemos um desvio na rota e não estávamos conseguindo localizar o caminhão que se desviou do caminho programado. Os pneus do caminhão furaram em uma área de difícil acesso, mas conseguimos localizá-lo e o café chegou ao destino final.— Já podemos encerrar por hoje; era o problema que tínhamos para resolver e os convidados da mãe já estão chegando.De repente, me animo com isso. Será que a Carol estaria aqui? Eu queria pelo menos passar algum tempo em sua presença. Eu havia errado com ela, mas estava disposto a aceitar qualquer coisa que ela me oferecesse — uma conversa, uma troca de olhares ou apenas alguns minutos com ela.— A Carol veio? — Pergunto.— Você nem disfarça o quanto está na merda, não é? — Meu irmão desdenha e eu fico calado.Eu era o responsável pela situação; ela não tinha culpa de nada e havia sido muito compreensiva comigo.— A Carol está aí, seu b
A luz suave da manhã se infiltrava pela janela, criando pequenos feixes de sol que iluminavam o quarto. O som tranquilo da fazenda contrastava com a dor que latejava no meu pé. Pedro se mexia sonolento ao meu lado, seu corpo pequeno ainda enrolado nas cobertas. O efeito do álcool da noite anterior havia passado, mas o desconforto físico permanecia. Eu tentava me levantar, mas ao mover meu pé, a dor voltou de forma aguda, como um lembrete de que o repouso era inevitável. O acidente de carro já havia me forçado a parar antes, e agora a queda do cavalo me colocava novamente numa situação de vulnerabilidade que eu detestava. Suspirei, frustrada com minha própria condição. Eu sempre fui uma pessoa agitada, incapaz de ficar parada. Meu mundo era de movimento constante – sempre criando, desenhando, gerenciando o ateliê. Ficar presa em uma cama era um tormento. Ouvi uma batida suave na porta, interrompendo meus pensamentos. Eu esperava que fosse uma das empregadas da fazenda, mas, ao dar p
O fim de semana chegava ao fim, e a luz do sol se espalhava lentamente pelo horizonte, tingindo o céu de tons quentes. O clima fresco tornava o ambiente acolhedor enquanto eu observava Ana, com Pedro deitado em meu colo, prestes a adormecer. Havia conversado com a minha mãe mais cedo sobre o acidente, e ela prontamente se ofereceu para vir, mas insisti que ficasse em São Paulo, cuidando do ateliê. Não era nada grave, e eu me sentia bem. A Irene e a Mari tinham ido a São Paulo resolver algumas pendências do escritório, e o Felipe e o Fernando ficaram aqui, o que nos deixava sozinhos no casarão, além dos funcionários. — Detesto os finais de domingo — Ana disse, expressando o que eu sentia. Esses momentos eram sempre calmos, quase dolorosos, e estávamos sem saber o que fazer. — Vamos fazer alguma coisa — ela propôs, levantando-se animada. — Ana, não se esqueceu do meu pé? — rebati, apontando para o curativo. — Eu queria sair um pouco, mas não vamos fazer isso. — Ela estava deter
Na manhã seguinte, acordo cedo. A Ana iria para o ateliê em BH, mas concordamos que eu ficaria por aqui. O Pedro ainda estava em período de adaptação na escola nova e não seria bom faltar, então ela levou o Pedro com ela. Eu havia tomado um banho e estava sentada no quarto com um livro na mão, meu pé ainda latejava, e eu não conseguia descer as escadas. — Carol? — Fernando pergunta entrando no quarto, sua voz suave, mas cheia de presença. — Bom dia, Fernando — digo, fechando o livro e o encarando. — Estou indo para a transportadora, quer ir comigo? Podemos tomar café lá — ele sugere, com um sorriso leve. Eu hesito por um momento. Não queria passar o dia sozinha no casarão, e o Felipe também saiu cedo para trabalhar, a Ana falou que ele iria resolver algumas questões da vinícola. Se eu resolvesse ficar, estaria completamente sozinha, exceto pelos funcionários. — Ainda não estou conseguindo andar direito... — murmuro, olhando para meu pé enfaixado. — Não tem problema, vou passar
Pessoal, aos poucos essa história está caminhando ao fim… confesso que está sendo muito difícil para mim desapegar. Quando iniciei essa história, eu sabia que ela teria uma continuação, só não sabia qual personagem iria protagonizar outro livro. O Henrique sempre me pareceu tão triste nessa história, é muito doloroso amar uma pessoa que não nos ama, e eu acho que ele merece viver uma história de amor. A Cintia parece tão machucada e merece seguir em frente após a traição do marido, eu estou introduzindo ela nesse livro, pq ela vai protagonizar o segundo livro da série: Presente de Divórcio: Um Novo Recomeço. As vezes o divórcio pode ser um presente, não é mesmo? Quando eu finalizar a história do Carol e do Fernando, que não pretendo estender mais, darei mais informações sobre esse novo livro para vocês.
No dia seguinte, acordo com o som suave de passos pelo corredor. O sol já está alto, indicando que dormi mais do que de costume. O cansaço do dia anterior parece ter deixado meu corpo mais pesado, e meu pé, ainda latejando, me lembra que preciso me recuperar logo. Desço as escadas com mais cautela, evitando colocar muito peso no pé. Ao chegar na cozinha, encontro Fernando tomando café, seu rosto sereno, como se estivesse perdido em pensamentos. — Bom dia — digo, tentando ignorar a dor que ainda sinto. Ele levanta os olhos e sorri levemente. — Bom dia. Dormiu bem? — Melhor do que imaginei — respondo, sentando-me à mesa. — E você? Está preparado para mais um dia na transportadora? — Sempre — ele diz com um tom divertido, embora seus olhos ainda carreguem um peso que não consigo decifrar completamente. Enquanto tomamos o café da manhã, a atmosfera está mais leve, mas não consigo ignorar a sensação de que algo está mudando, como se uma decisão estivesse pairando sobre nós, esperand
Me viro na cama e vejo o Fernando deitado com o notebook nas mãos. A luz suave do amanhecer entrava pelas frestas da janela, e, ao me virar, meus olhos se depararam com ele. Ele estava concentrado, uma expressão de paz tomava conta de seu rosto, e senti meu coração se aquecer. Era surreal vê-lo ali, comigo, construindo nossa vida juntos. — Bom dia, meu amor. — Ele diz, colocando o notebook no criado-mudo e me abraçando. O calor do corpo dele envolveu o meu, e a sensação era tão familiar e reconfortante. Fazia mais ou menos um mês que eu havia me mudado para o sítio com ele, e estávamos vivendo momentos incríveis com o nosso bem mais precioso: Pedro. Agora parecia tudo tão fútil, as brigas que tivemos, os nossos desencontros e desentendimentos quase nos levaram a acabar com a nossa família. Estávamos vivendo momentos preciosos juntos, e eu estava amando-o a cada dia mais. O Fernando havia errado comigo, e eu também não havia sido a melhor pessoa do mundo, mas nós dois estávamos ref